Na segunda sessão de 2019 do Cine Doppelgänger, eu e a Joyce Pais, do site Cinemascope, discutiremos duas joias do cinema de baixo orçamento norte-americano, concebidas por dois autores, Russ Meyer e John Waters, cujos nomes são associados à compensação da falta de investimentos em ultraje encarnado em personalidades extravagantes. Exibiremos trechos de suas obras mais icônicas, Faster, Pussycat! Kill! Kill! (1965), e Pink Flamingos (1972), em que é possível ver o apreço dos dois diretores pelo ordinário e pela vida simplória a partir de personagens e atitudes imorais em diversos níveis. A sessão O Comum Bizarro acontece neste sábado, a partir das 14h, de graça, na Casa Guilherme de Almeida (mais informações aqui) – e as inscrições podem ser feitas aqui.
É com imensa satisfação que apresentamos, eu e a Joyce Pais do Cinemascope, a segunda temporada do Cine Doppelgänger, série de debates sobre cinema que apresentamos desde o meio de 2018 na Casa Guilherme de Almeida, em São Paulo. E a segunda temporada vem com grandes novidades – a primeira delas é que não vamos mais exibir os dois filmes na íntegra, deixando mais tempo para o debate sobre as duas películas que escolhemos para comparar diferentes aspectos de títulos conhecidos e desconhecidos do público que, aos poucos, vai sendo formado aos sábados. Por isso, a partir do dia 19 de janeiro começamos a dissecar duas produções por sábado em quatro horas de conversa, mostrando cenas dos filmes, entrevistas, comentários e ensaios sobre a dupla que escolhemos para cada sessão. E nessa segunda temporada tem de tudo: do Bandido da Luz Vermelha a Quanto Mais Quente Melhor, passando por filmes de Almodóvar, Godard, John Waters, Karim Aïnouz, Orson Welles, João Moreira Salles, Russ Meyer, Jim Jarmusch e mais. Comentamos a nova temporada no vídeo abaixo e você pode confirmar a presença na primeira edição aqui (além de confirmar presença no evento que criamos no Facebook). O melhor é que é de graça.
19 de janeiro: De Salto Alto
Dois clássicos extravagantes de épocas diferentes contam com protagonistas masculinos que, por diferentes motivos, usam roupas femininas. Como a imagem feminina mudou ao olhar masculino entre a deliciosa fuga de Tony Curtis e Jack Lemmon ao lado de Marilyn Monroe em Quanto mais quente melhor (1959), de Billy Wilder, e o universo kitsch do clássico cult de Jim Sharman, em The Rocky Horror Picture Show (1975)?
23 de fevereiro: O Comum Bizarro
Russ Meyer e John Waters são autores associados a filmes de baixo orçamento com personalidades extravagantes, mas a partir de suas obras mais icônicas, Faster, Pussycat! Kill! Kill! (1965) e Pink Flamingos (1972), é possível ver seu apreço pelo ordinário e pela vida simplória.
23 de março: Uma Pequena Sociedade
Enfoques diferentes sobre como o ambiente escolar influencia a socialização dos jovens: enquanto o francês Entre os Muros da Escola (2006), dirigido por Laurent Cantet, mostra como a sala de aula apenas reflete o que acontece fora dela, o espanhol Má Educação (2004), dirigido por Pedro Almodóvar, investiga esta influência além da questão curricular.
13 de abril: o meio é a mensagem
Dois marcos do cinema, a obra-prima que inaugura o cinema moderno, Cidadão Kane (1941), de Orson Welles, e o ápice do cinema marginal, O Bandido da Luz Vermelha (1968), de Rogério Sganzerla, contam histórias de protagonistas inspirados em personalidades reais a partir de como suas vidas foram retratadas pelas principais mídias de seu tempo.
18 de maio: Aquele Maio
Duas testemunhas diferentes do histórico maio de 1968 em Paris contam suas histórias: o documentarista brasileiro João Moreira Salles revê sua infância e família à luz daqueles acontecimentos no excelente No Intenso Agora (2017), enquanto um dos principais protagonistas daquela época, o cineasta francês Jean-Luc Godard, registra os acontecimentos em tempo real em seu Tudo Vai Bem (1972).
15 de junho: Deserto Interior
Duas jornadas para dentro de existências solitárias, o O Céu de Suely (2006), do diretor cearense Karim Aïnouz, e Homem Morto (1995), dirigido pelo norte-americano Jim Jarmusch, exprimem o sentimento de distância da realidade a partir de locais ermos do nordeste brasileiro e do faroeste dos EUA.
Lembra daquela história que o John Waters iria refilmar todo seu Pink Flamingos usando crianças para ler o roteiro do clássico trash? A revista T do New York Times descolou um trecho dessa apresentação – que mesmo com a linguagem mais branda (sem palavrões nem referências sexuais explícitas) choca e encanta de um jeito bizarro. Como eles não liberam embedar, só rola assistir no site deles.
Sem filmar desde 2004, John Waters preparou uma gracinha pro começo do ano que vem que promete: a Marianne Boesky Gallery em Nova York abrirá uma mostra sobre o trabalho do diretor que trará nada menos que uma versão infantil para o clássico trash Pink Flamingos. Considerado “o filme mais nojento de todos os tempos” (na época, hoje tranquilamente já foi ultrapassado, consciente e inconscientemente), o filme é a jóia na coroa de baixarias do travesti Divine e a nova versão será uma leitura de uma versão limpa do roteiro – sem as referências sexuais e escatológicas do texto -, o que a galeria garante que “deixa mais pervertido que o original”. Inevitavelmente veremos este vídeo online – mas que 2015 promete, isso promete!
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