Agora já pode contar: vamos comemorar um ano de Inferninho Trabalho Sujo em grande estilo na semana que vem, trazendo ninguém menos que os grandes Boogarins, que armam mais um ritual de cura e libertação na próxima quinta, dia 25, no palco da noite que incinera corações e quadris com a fina flor da melhor música produzida no Brasil hoje, epicentro do caos em Pinheiros que também está fazendo aniversário — seis anos de Picles! E depois dos goianos, eu e Fran assumimos mais uma vez a madrugada, desfilando hits e fazendo todo mundo dançar. Os ingressos já estão à venda! Viva o Inferninho Trabalho Sujo e viva o Picles — e essa é só a primeira novidade deste primeiro aniversário. Outras virão! Queima!
Começamos as comemorações de um ano de Inferninho Trabalho Sujo nesta sexta-feira ao reunir duas jovens deusas do rock que estão começando a mostrar seus trabalhos e colocar as garras de fora. A carioca Janine apresentou-se pela primeira vez fora de sua cidade com um convidado na segunda guitarra Marco Antônio Benvegnú, o homem por trás do codinome Irmão Victor, e mostrou que sensibilidade e peso podem caminhar lado a lado e mesmo que sua aparência frágil parecesse indicar ao contrário. Além de Marco, ela contava com sua banda habitual (Bauer Marín no baixo e Arthur Xavier na bateria) e alternava seus vocais entre um microfone e um gancho de telefone, que distorcia sua voz, fazendo uma apresentação concisa e na mosca.
Depois de Janine foi a vez de Luiza Pereira (ex-vocalista da banda Inky) mostrar toda a força de seu novo projeto solo, Madre. Formando um trio ao lado da baixista Theo Charbel e do baterista Gentil Nascimento, ela aumentou consideravelmente o volume e transformou seu trio em uma usina noise que ia pro extremo oposto da leveza de sua voz, rugindo eletricidade como se sempre tivesse feito isso da vida. E só quando passou da meia-noite – e quando comecei mais uma pista daquelas com a comadre Francesca Ribeiro – que alguém veio me cumprimentar pela escolha de duas bandas pouco convencionais para comemorar o dia do rock – e eu nem me lembrava que tinha isso! Mas quando o assunto é comemoração, aguarde que a próxima edição do Inferninho, dia 25, será épica e histórica! Aguarde e confie.
O primeiro Inferninho Trabalho Sujo do semestre também marca o início das comemorações de um ano da festa no Picles! E nessa sexta-feira, 12 de julho, tenho o prazer de receber duas deusas do rock em um encontro que promete: primeiro, direto do Rio de Janeiro, temos a elétrica Janine e, daqui de São Paulo, a intensa Madre, que farão duas apresentações irmãs e intensas, acendendo o fogo que vai queimar a noite toda. E depois das apresentações ao vivo, eu e Fran mais uma vez tomamos conta da pista incendiando a noite com hits que não deixam ninguém parado! O Picles fica no número 1838 da Cardeal Arcoverde, no coração de Pinheiros, os shows começam a partir das 22h e a noite vai até alta madrugada! Queima!
Uma sexta em plena quinta-feira! Essa foi a vibe do último Inferninho Trabalho Sujo do semestre, que contou com duas atrações musicais desnorteantes, cada uma à sua maneira. A noite começou com o quarteto indie-prog-jazz Cianoceronte, ainda mais azeitados do que da última vez que os vi ao vivo, justamente quando estrearam o novo baterista Demian Verano. Com o novo integrante completamente sincronizado com os outros três (a tecladista e vocalista Eduarda Abreu, o baixista Victor Alves e o guitarrista Bruno Giovanolli), a banda nem precisa trocar olhares para acompanhar as trocas de andamento e tempo que seu som quase todo instrumental propõe, numa apresentação que ainda contou com a participação do saxofonista Gabriel Gadelha. Showzão.
Depois foi a vez da dupla Desi & Dino fazer sua estreia oficial, segundo os próprios. Juntos, Desirée Marantes e Dinho Almeida reuniram eletrônicos e pedais para, cada um com seu instrumento, puxar vibes espaciais e oníricas: Dinho com a guitarra cheio de efeitos e o vocal completamente à solta e Desi com seu violino hipnótico, empilhando camadas de drone com melodias improvisadas. Os dois colocaram a plateia do Picles – que, mais uma vez, reunia boa parte da cena independente cheia de curiosidade – em um transe bem específico, por poucos minutos que abriam portais nas cabeças dos presentes. Puro delírio. Depois pude receber de volta a querida Francesca de volta à nossa pistinha e foi uma noite daquelas, quem foi sabe. E te prepara porque o julho do Inferninho Trabalho Sujo, comemorando um ano na ativa, vai pegar fogo! Aguarde e confie.
O último Inferninho Trabalho Sujo do mês de junho acontece excepcionalmente numa quinta-feira, mas com o mesmo fogo da sexta. A noite começa temperada pela psicodelia indie-prog do grupo Cianoceronte, que mistura rock clássico com música brasileira e está produzindo seu primeiro álbum. Depois deles é a vez da dupla Desi & Dino, formada pela violinista e produtora gaúcha Desirée Marantes ao lado de seu compadre goiano Dinho Almeida, dos Boogarins, que conduz a noite numa viagem daquelas. Depois recebo de volta a querida Francesca Ribeiro, que nos presenteia com o calor de quem acabou de voltar de sua primeira turnê internacional para inflamar ainda mais as temperaturas madrugada adentro. Quem conhece sabe… O Picles fica no número 1838 da Cardeal Arcoverde e a primeira banda entra às dez da noite, por isso chega cedo pra sentir todo o calor dessa noite junina…
Quando reuni a sofrência pernambucana ao dance desconstruído paulistano no último Inferninho Trabalho Sujo de maio sabia que, por mais díspares que fossem as experiências ao vivo dos novos discos do Tagore e do Lauiz, havia um ponto em comum nessa formação. Algo que misturava uma sensibilidade fora do comum à necessidade de explorar novos caminhos sonoros atrairia públicos distintos (inclusive no quesito etário), mas prontos para aceitarem-se mutuamente. Dito e feito. Tagore começou a noite celebrando lembranças de sua juventude no início dos anos 90, mostrando principalmente as novas canções do disco Barra de Jangada, feito em homenagem a duas figuras importantes em sua formação que o deixaram recentemente: seu pai, o artista plástico Fernando Suassuna e o guitarrista Paulo Rafael, que tocou no Ave Sangria e acompanhou boa parte da carreira de Alceu Valença. Acompanhado de uma banda formada pelo guitarrista Arthur Dossa, o baixista e principal parceiro musical João Cavalcanti e pelo baterista Arquétipo Rafa, Tagore não só passou o disco recém-lançado como visitou pérolas de seu repertório como a já clássica “Movido a Vapor” e a bela “Olho Dela”, tocada num bis improvisado, como convidou o vocalista do Mombojó, Felipe S, para dividir os vocais do maior hit do mestre Alceu Valença, “Morena Tropicana”. Que vibe boa.
Depois foi a vez de Lauiz mostrar – a caráter, vestido de caubói – o repertório de seu disco lançado nessa sexta, Perigo Imediato. Cantando canções irônicas que perdem o cinismo ao serem desconstruídas num formato indie dance, o produtor dividiu-se entre piadas sem graça (como de praxe), vocais com vocoder e um keytar enquanto seu dupla, o DJ Marquinhos Botas-de-Ferro, disparava bases e tocava guitarra, sempre mantendo a seriedade que contrapunha à autodepreciação promovida pelo vocalista. Com timbres sintéticos que soam simultaneamente cafonas e modernos, os dois mantiveram o público sempre animado, mesmo quando zoavam da própria postura no palco. O show só pecou por ser curto e durou apenas meia hora. Mas o foi o suficiente para deixar o Picles em ponto de bala para que eu e Bamboloki, que estava completando seu primeiro aniversário como DJ, fizéssemos um dos nossos melhores sets, misturando Kasino e Siouxsie & The Banshees, Yo La Tengo e Arrigo Barnabé, Gang of Four e Jonata Doll e os Garotos Solventes. Quem foi sabe.
Temos que dar um jeito nesse frio polar que só entristece a vida das pessoas – e esse jeito chama-se Inferninho Trabalho Sujo, que acendemos em mais uma sexta-feira no Picles, a última antes do mês de junho e uma fogueira de boas vibrações. A começar pelos shows, que materializam não só um, mas dois lançamentos quentinhos que acabaram de sair do forno. Quem abre a noite é o produtor Lauiz, mostrando pela primeira vez ao vivo seu recém-lançado Perigo Imediato, que vem acompanhado do grande Tagore, este lançando seu belo Barra de Jangada. E depois dos shows assumo a pista ao lado da minha intrépida parceira de alucinações musicais coletivas Bamboloki, ambos disposotos a esquentar por dentro os corpos que se entregarem à nossa discotecagem. O Picles fica no número 1838 da rua Cardeal Arcoverde e a noite começa a esquentar a partir das dez. Venham!
Ava Rocha incendiou o Inferninho Trabalho Sujo nessa sexta-feira ao subir sozinha no palco do Picles em quase duas horas de apresentação. Ela começou só com a voz, puxando pessoas para o palco para participar de seu ritual enquanto emulava percussão e pedia palmas do público e logo foi cercada por outras pessoas – amigos, conhecidos ou não – que transformaram a apresentação solitária numa celebração coletiva, que por vezes virava puro delírio (como quando o baixista Klaus Sena subiu na batera e puxou “Joana Dark”) por outras tornava-se introspecção pura (como quando ela pegou a guitarra e fez todos cantarem seus hits como “Você Não Vai Passar” e “Transeunte Coração”). Perto do fim, ela chamou seu tecladista Vini Furquim para passar algumas músicas de seu disco mais recente Néktar, fechando uma noite histórica. E depois eu e Fran encerramos o inferno astral desta última com a discotecagem mais bizarra que fizemos nos últimos tempos. Tudo estranho, mas deu tudo certo.
De novo às sextas, abrimos o mês de maio no Inferninho Trabalho Sujo com duas bandas conduzidas por produtoras – Tiny Bear e Grisa – que encontram um ponto de conexão musical nessa primeira sexta do mês no palco do Picles. Depois quem me acompanha madrugada adentro desta vez é a arquiteta do caos Bamboloki, que me ajuda a atravessar da sexta pro sábado entre o êxtase e a esquisitice. Vamo que a noite promete!
E a véspera de feriado me fez cair no Picles como público e não administrador de clima, mas era um motivo mais que nobre: Rafael Castro tocaria seu SEGUNDO show depois de um hiato de quase uma década sem lançar discos. Felizmente seu vigésimo disco, Vaidosos Demais, o colocou de volta aos trilhos da música, por isso cada novo passo desse monstro sagrado deve ser saudado, mesmo que ele tenha repetido exatamente o mesmo show que fez no Inferninho Trabalho Sujo ao celebrar sua Paixão de Castro na Sexta-feira Santa – só que com novas piadas. E daí? Vamos celebrar que Rafael está de volta aos palcos, tocando, cantando e contando piadas em frente a seu público, algo que nunca poderia ter deixado de acontecer. E mais uma vez subiram ao palco os convidados Vanessa Bumagny e André Mourão, que dividem faixas com ele no disco, além de chamar a figurinista Luiza Mira para acompanhá-lo nos vocais do irresistível krautnóia “Fiscal de Foda”. Sempre um prazer!