Força e leveza

Começamos as comemorações de um ano de Inferninho Trabalho Sujo nesta sexta-feira ao reunir duas jovens deusas do rock que estão começando a mostrar seus trabalhos e colocar as garras de fora. A carioca Janine apresentou-se pela primeira vez fora de sua cidade com um convidado na segunda guitarra Marco Antônio Benvegnú, o homem por trás do codinome Irmão Victor, e mostrou que sensibilidade e peso podem caminhar lado a lado e mesmo que sua aparência frágil parecesse indicar ao contrário. Além de Marco, ela contava com sua banda habitual (Bauer Marín no baixo e Arthur Xavier na bateria) e alternava seus vocais entre um microfone e um gancho de telefone, que distorcia sua voz, fazendo uma apresentação concisa e na mosca.

Depois de Janine foi a vez de Luiza Pereira (ex-vocalista da banda Inky) mostrar toda a força de seu novo projeto solo, Madre. Formando um trio ao lado da baixista Theo Charbel e do baterista Gentil Nascimento, ela aumentou consideravelmente o volume e transformou seu trio em uma usina noise que ia pro extremo oposto da leveza de sua voz, rugindo eletricidade como se sempre tivesse feito isso da vida. E só quando passou da meia-noite – e quando comecei mais uma pista daquelas com a comadre Francesca Ribeiro – que alguém veio me cumprimentar pela escolha de duas bandas pouco convencionais para comemorar o dia do rock – e eu nem me lembrava que tinha isso! Mas quando o assunto é comemoração, aguarde que a próxima edição do Inferninho, dia 25, será épica e histórica! Aguarde e confie.

Assista abaixo:  

Inferninho Trabalho Sujo apresenta Madre e Janine

O primeiro Inferninho Trabalho Sujo do semestre também marca o início das comemorações de um ano da festa no Picles! E nessa sexta-feira, 12 de julho, tenho o prazer de receber duas deusas do rock em um encontro que promete: primeiro, direto do Rio de Janeiro, temos a elétrica Janine e, daqui de São Paulo, a intensa Madre, que farão duas apresentações irmãs e intensas, acendendo o fogo que vai queimar a noite toda. E depois das apresentações ao vivo, eu e Fran mais uma vez tomamos conta da pista incendiando a noite com hits que não deixam ninguém parado! O Picles fica no número 1838 da Cardeal Arcoverde, no coração de Pinheiros, os shows começam a partir das 22h e a noite vai até alta madrugada! Queima!

Quinta desnorteante

Uma sexta em plena quinta-feira! Essa foi a vibe do último Inferninho Trabalho Sujo do semestre, que contou com duas atrações musicais desnorteantes, cada uma à sua maneira. A noite começou com o quarteto indie-prog-jazz Cianoceronte, ainda mais azeitados do que da última vez que os vi ao vivo, justamente quando estrearam o novo baterista Demian Verano. Com o novo integrante completamente sincronizado com os outros três (a tecladista e vocalista Eduarda Abreu, o baixista Victor Alves e o guitarrista Bruno Giovanolli), a banda nem precisa trocar olhares para acompanhar as trocas de andamento e tempo que seu som quase todo instrumental propõe, numa apresentação que ainda contou com a participação do saxofonista Gabriel Gadelha. Showzão.

Depois foi a vez da dupla Desi & Dino fazer sua estreia oficial, segundo os próprios. Juntos, Desirée Marantes e Dinho Almeida reuniram eletrônicos e pedais para, cada um com seu instrumento, puxar vibes espaciais e oníricas: Dinho com a guitarra cheio de efeitos e o vocal completamente à solta e Desi com seu violino hipnótico, empilhando camadas de drone com melodias improvisadas. Os dois colocaram a plateia do Picles – que, mais uma vez, reunia boa parte da cena independente cheia de curiosidade – em um transe bem específico, por poucos minutos que abriam portais nas cabeças dos presentes. Puro delírio. Depois pude receber de volta a querida Francesca de volta à nossa pistinha e foi uma noite daquelas, quem foi sabe. E te prepara porque o julho do Inferninho Trabalho Sujo, comemorando um ano na ativa, vai pegar fogo! Aguarde e confie.

Assista abaixo:  

Inferninho Trabalho Sujo apresenta Cianoceronte e Desi & Dino

O último Inferninho Trabalho Sujo do mês de junho acontece excepcionalmente numa quinta-feira, mas com o mesmo fogo da sexta. A noite começa temperada pela psicodelia indie-prog do grupo Cianoceronte, que mistura rock clássico com música brasileira e está produzindo seu primeiro álbum. Depois deles é a vez da dupla Desi & Dino, formada pela violinista e produtora gaúcha Desirée Marantes ao lado de seu compadre goiano Dinho Almeida, dos Boogarins, que conduz a noite numa viagem daquelas. Depois recebo de volta a querida Francesca Ribeiro, que nos presenteia com o calor de quem acabou de voltar de sua primeira turnê internacional para inflamar ainda mais as temperaturas madrugada adentro. Quem conhece sabe… O Picles fica no número 1838 da Cardeal Arcoverde e a primeira banda entra às dez da noite, por isso chega cedo pra sentir todo o calor dessa noite junina…

Uma noite peculiar no Picles

Quando reuni a sofrência pernambucana ao dance desconstruído paulistano no último Inferninho Trabalho Sujo de maio sabia que, por mais díspares que fossem as experiências ao vivo dos novos discos do Tagore e do Lauiz, havia um ponto em comum nessa formação. Algo que misturava uma sensibilidade fora do comum à necessidade de explorar novos caminhos sonoros atrairia públicos distintos (inclusive no quesito etário), mas prontos para aceitarem-se mutuamente. Dito e feito. Tagore começou a noite celebrando lembranças de sua juventude no início dos anos 90, mostrando principalmente as novas canções do disco Barra de Jangada, feito em homenagem a duas figuras importantes em sua formação que o deixaram recentemente: seu pai, o artista plástico Fernando Suassuna e o guitarrista Paulo Rafael, que tocou no Ave Sangria e acompanhou boa parte da carreira de Alceu Valença. Acompanhado de uma banda formada pelo guitarrista Arthur Dossa, o baixista e principal parceiro musical João Cavalcanti e pelo baterista Arquétipo Rafa, Tagore não só passou o disco recém-lançado como visitou pérolas de seu repertório como a já clássica “Movido a Vapor” e a bela “Olho Dela”, tocada num bis improvisado, como convidou o vocalista do Mombojó, Felipe S, para dividir os vocais do maior hit do mestre Alceu Valença, “Morena Tropicana”. Que vibe boa.

Depois foi a vez de Lauiz mostrar – a caráter, vestido de caubói – o repertório de seu disco lançado nessa sexta, Perigo Imediato. Cantando canções irônicas que perdem o cinismo ao serem desconstruídas num formato indie dance, o produtor dividiu-se entre piadas sem graça (como de praxe), vocais com vocoder e um keytar enquanto seu dupla, o DJ Marquinhos Botas-de-Ferro, disparava bases e tocava guitarra, sempre mantendo a seriedade que contrapunha à autodepreciação promovida pelo vocalista. Com timbres sintéticos que soam simultaneamente cafonas e modernos, os dois mantiveram o público sempre animado, mesmo quando zoavam da própria postura no palco. O show só pecou por ser curto e durou apenas meia hora. Mas o foi o suficiente para deixar o Picles em ponto de bala para que eu e Bamboloki, que estava completando seu primeiro aniversário como DJ, fizéssemos um dos nossos melhores sets, misturando Kasino e Siouxsie & The Banshees, Yo La Tengo e Arrigo Barnabé, Gang of Four e Jonata Doll e os Garotos Solventes. Quem foi sabe.

Assista abaixo:  

Inferninho Trabalho Sujo apresenta Lauiz e Tagore

Temos que dar um jeito nesse frio polar que só entristece a vida das pessoas – e esse jeito chama-se Inferninho Trabalho Sujo, que acendemos em mais uma sexta-feira no Picles, a última antes do mês de junho e uma fogueira de boas vibrações. A começar pelos shows, que materializam não só um, mas dois lançamentos quentinhos que acabaram de sair do forno. Quem abre a noite é o produtor Lauiz, mostrando pela primeira vez ao vivo seu recém-lançado Perigo Imediato, que vem acompanhado do grande Tagore, este lançando seu belo Barra de Jangada. E depois dos shows assumo a pista ao lado da minha intrépida parceira de alucinações musicais coletivas Bamboloki, ambos disposotos a esquentar por dentro os corpos que se entregarem à nossa discotecagem. O Picles fica no número 1838 da rua Cardeal Arcoverde e a noite começa a esquentar a partir das dez. Venham!

Ava só precisa dela mesma

Ava Rocha incendiou o Inferninho Trabalho Sujo nessa sexta-feira ao subir sozinha no palco do Picles em quase duas horas de apresentação. Ela começou só com a voz, puxando pessoas para o palco para participar de seu ritual enquanto emulava percussão e pedia palmas do público e logo foi cercada por outras pessoas – amigos, conhecidos ou não – que transformaram a apresentação solitária numa celebração coletiva, que por vezes virava puro delírio (como quando o baixista Klaus Sena subiu na batera e puxou “Joana Dark”) por outras tornava-se introspecção pura (como quando ela pegou a guitarra e fez todos cantarem seus hits como “Você Não Vai Passar” e “Transeunte Coração”). Perto do fim, ela chamou seu tecladista Vini Furquim para passar algumas músicas de seu disco mais recente Néktar, fechando uma noite histórica. E depois eu e Fran encerramos o inferno astral desta última com a discotecagem mais bizarra que fizemos nos últimos tempos. Tudo estranho, mas deu tudo certo.

Assista abaixo:  

Inferninho Trabalho Sujo apresenta Tiny Bear e Grisa

De novo às sextas, abrimos o mês de maio no Inferninho Trabalho Sujo com duas bandas conduzidas por produtoras – Tiny Bear e Grisa – que encontram um ponto de conexão musical nessa primeira sexta do mês no palco do Picles. Depois quem me acompanha madrugada adentro desta vez é a arquiteta do caos Bamboloki, que me ajuda a atravessar da sexta pro sábado entre o êxtase e a esquisitice. Vamo que a noite promete!

Tudo de novo com Rafael Castro

E a véspera de feriado me fez cair no Picles como público e não administrador de clima, mas era um motivo mais que nobre: Rafael Castro tocaria seu SEGUNDO show depois de um hiato de quase uma década sem lançar discos. Felizmente seu vigésimo disco, Vaidosos Demais, o colocou de volta aos trilhos da música, por isso cada novo passo desse monstro sagrado deve ser saudado, mesmo que ele tenha repetido exatamente o mesmo show que fez no Inferninho Trabalho Sujo ao celebrar sua Paixão de Castro na Sexta-feira Santa – só que com novas piadas. E daí? Vamos celebrar que Rafael está de volta aos palcos, tocando, cantando e contando piadas em frente a seu público, algo que nunca poderia ter deixado de acontecer. E mais uma vez subiram ao palco os convidados Vanessa Bumagny e André Mourão, que dividem faixas com ele no disco, além de chamar a figurinista Luiza Mira para acompanhá-lo nos vocais do irresistível krautnóia “Fiscal de Foda”. Sempre um prazer!

Assista abaixo:  

O impossível aconteceu!

Como o Juka gosta de dizer: mais uma vez o impossível aconteceu! DiMelo no Picles! Tinha gente saindo pelo ladrão para assistir ao imorrível em pleno Inferninho Trabalho Sujo, ao ser acompanhado por uma banda formada pelo coletivo Jazz no Limoeiro que ainda trouxe o mestre trombonista Bocato de lambuja. Um poço de simpatia, o aniversariante da semana esbaldou-se no meio da multidão e deixou a noite no grau pra que eu e a Fran seguíssemos incendiando hormônios pela madrugada de quinta-feira…

Assista a um trecho aqui.

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