Phil Spector (1939-2021)

Phil Spector, produtor que ajudou a definir o som da segunda metade do século, morreu neste sábado, na cadeia. Ele inventou a produção “wall of sound”, que dava um ar grandiloquente e suntuoso para pequenas joias pop – a mais conhecida, deste período, é a imortal “Be My Baby”. Ajudou a parir clássicos como “You’ve Lost that Loving Feeling” e “River Deep, Mountain High”, além de ter produzido o último disco dos Beatles – o único a não ser produzido por George Martin -, o póstumo Let it Be. Também trabalhou com John Lennon, George Harrison, Leonard Cohen e com os Ramones. Junto de sua fama de produtor espartano, vinha junto a péssima reputação como ser humano – misógino e paranoico, ia armado para todas as gravações e apavorava músicos e intérpretes ameaçando-os de morte, além de ter torturado psicologicamente sua esposa Ronnie Spector, uma das Ronettes, que teve de fugir de casa para salvar-se, e ser acusado por dois de seus filhos de tê-los molestados quando ainda eram crianças. Sua carreira terminou a partir da morte de outra esposa, Lana Clarkson, em 2003, que finalmente o levou à cadeia em 2009, onde permaneceria preso até 2024, quando poderia sair sob condicional. Mas foi vítima do covid-19 e morreu devido a complicações após ter contraído a doença.

Al Pacino é Phil Spector num filme da HBO

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Finalmente vamos ver a tão aguardada cinebiografia de um dos maiores nomes da música moderna vivido por um dos titãs da dramaturgia cinematográfica. Phil Spector inventou o chamado “wall of sound” ao comprimir uma orquestra inteira em um canal para contrapor a estrutura básica da canção pop e, com isso, elevou seus hits a um patamar de excelência inexistente no universo do rádio de seu tempo (uma espécie de internet do meio do século passado). Com isso, reinventou o papel do produtor musical, transformando o supervisor técnico de áudio do estúdio em uma espécie de diretor da sessão de gravação, sua assinatura reverberada como uma grife. Não à toa seus hits daquele tempo reverberam até hoje – “Be My Baby”, “You’ve Lost That Loving Feeling”, “Spanish Harlem”, “Then He Kissed Me” e “Unchained Melody” são clássicos modernos que pavimentaram o caminho tanto para a ascensão dos Beatles quanto para a consolidação do modus operandi do Brill Building e da Motown.

Não bastasse tudo isso, Spector ainda é instrumental no final dos Beatles, quando produz o póstumo Let it Be (sendo o único produtor dos Beatles nos discos oficiais além de George Martin) e grava os melhores discos solo de John Lennon e George Harrison. Acha pouco? Produziu End of the Century, dos Ramones, e “River Deep Mountain High”, ápice da carreira do casal Ike e Tina Turner. O problema é que esse gênio das gravações era um psicopata ditador obcecado por armas e disposto a ir até o fim, em qualquer situação. Assim, Phil Spector, o filme, mira seu roteiro no histórico criminal do produtor, interpretado por um escandaloso Al Pacino, e em sua relação com sua advogada de defesa, vivida por Helen Mirren. Não bastasse tudo isso (além da chancela HBO), o filme ainda é dirigido e escrito pelo David Mamet, um dos autores mais teatrais de Hollywood atualmente. Eis o trailer, abaixo:

 

Al Pacino = Phil Spector

Eis a primeira imagem que apareceu do velho ator fazendo o papel principal no filme da HBO que conta a história turbulenta do primeiro produtor de música pop da história. Tina Turner, Beatles, Ramones, armas apontadas pra John Lennon e mulheres sendo surradas (tem até o papo de um caixão de ouro). Vai render uma boa sessão da tarde – é só torcer pro Phil não rir “U-ÁÁÁÁ!” que tá tranquilo…

Ascensão e queda de Phil Spector

Este documentário do diretor Vikram Jayanti tem tudo para ser antológico.

“We’ll make ‘em turn their heads every place we go”

Phil Spector, enquadrado