O ótimo Pavements, que mistura documentário, cinebiografia, autoparódia, musical, cenas de shows, entrevistas e até uma exposição sobre aquela que é anunciada como “a maior banda de rock dos anos 90”, será responsável pela primeira música inédita do grupo em um quarto de século. Foi o que revelou o guitarrista Scott “Spiral Stairs” Kannberg ao podcast Kreative Kontrol, ao ser entrevistado ao lado do diretor Alex Ross Perry e do editor e produtor Robert Greene para falar sobre o lançamento comercial do filme, que acaba de fechar o circuito de festivais (passou inclusive pela Mostra desse ano), e deve chegar às salas de cinema dos Estados Unidos no próximo semestre. E para surpresa até mesmo dos dois envolvidos no filme, o guitarrista da banda revelou que acabara de ouvir à versão mixada da música, revelando que ela estará na trilha sonora do filme. A música parece ter surgido nos ensaios da recente turnê de reunião que o grupo fez nos últimos dois anos (passando inclusive pelo Brasil) e é a primeira música nova lançada por eles desde o EP Major Leagues, lançado em 1999. Ouça o trecho da entrevista abaixo:
Tô bem por fora da Mostra Internacional de Cinema, que começou essa semana em São Paulo, mas fiquei bem feliz com a notícia que aquele filme sobre o Pavement que eu comentei outro dia está na programação dele. Pavements, misto de cinebiografia, documentário e autoparódia encomendado pela gravadora Matador ao diretor Alex Ross Perry, que misturou referências diferentes de filmes sobre Bob Dylan, como o Dont Look Back de D.A. Pennebaker, o Eu Não Estava Lá de Todd Haynes, o Rolling Thunder Revue do Scorsese e o Renaldo and Clara do próprio Dylan. O filme conta a história da banda como se fosse uma fábula e eterniza a biografia de uma das melhores bandas de rock de todos os tempos num filme em que um dos protagonistas da série Stranger Things, Joe Keery, vive Stephen Malkmus, que também atua como ele mesmo, como os outros integrantes da banda (que também são interpretados por outros atores). O filme ainda conta com Jason Schwartzman e Tim Heidecker (como os donos da Matador, Chris Lombardi e Gerard Cosloy, respectivamente) e tem participações de Kim Gordon, Lindsey Jordan (a Snail Mail) e Sophia Regina Allison (a Soccer Mommy). E o filme vai passar em duas sessões, uma neste sábado, na Cinemateca, e outra dia 23, no Cinesesc.
Segura essa pedra: o Diiv, os heróis contemporâneos do shoegaze que acabaram de passar pelo Brasil, fizeram essa versão absurda para “Cream of Gold” do Pavement em sua recente ida aos estúdios da rádio SiriusXM, em Washington, nos EUA, e o resultado ficou foda demais. Muito bom ver que a banda de Stephen Malkmus está sendo finalmente reconhecida como uma das principais bandas de rock da história.
Aproveitando o auê ao redor da segunda volta do Pavement, a clássica gravadora indie norte-americana Matador, que acompanhou toda a fase adulta do grupo liderado por Stephen Malkmus nos anos 90, encomendou um filme sobre a banda ao diretor Alex Ross Perry. Pavements estreou pela primeira nesta semana durante o festival de Veneza, trazendo Joe Keery, que interpreta o valentão Steve Harrington no seriado Stranger Things, como o vocalista e guitarrista da banda californiana. Um pastiche irônico de biografia romantizada com documentário feito para a TV (como deveria ser, afinal, eram os anos 90), o filme teve sua primeira cena mostrada em público nessa semana, quando a revista Vanity Fair antecipou um trecho do filme em que um Malkmus fictício faz pouco da excitação dos dois donos da gravadora (Chris Lombardi e Gerard Cosloy, vividos pelo ator Jason Schwartzman e pelo comediante e músico Tim Heidecker) quando estes anunciam que sua banda será o número musical do programa humorístico Saturday Night Live. E a reação foda-se de Keery como Malkmus consegue ser mais convincente em poucos segundos do que o Dylan de Timothée Chalamet no trailer do próximo filme sobre Dylan, A Complete Unknown (e olha que eu gostei desse último!).
Fotos: Barbara Monfrinato
Fim de semana intenso graças à segunda edição do C6Fest, que mais uma vez aconteceu no parque do Ibirapuera, consertando um problema da edição anterior, quando não era possível circular entre os diferentes palcos do festival. O problema foi que, devido à reforma que está sendo feita na marquise do palco, o percurso entre os dois palcos que antes era direto agora exigia que você desse uma longa volta para chegar do outro lado do evento. E assim o festival dividiu-se entre prós e contras: uma boa escalação com gente de todo mundo mas poucos artistas brasileiros (que sempre são deixados naqueles horários ingratos); uma boa estrutura mas com pouca assistência ao público (sinalização? Área de informações? Água gratuita?) e aquele ingresso salgado que se por um lado nos faz comemorar a facilidade de chegar perto do palco, por outro nos lembra que o festival em si é uma enorme área VIP. Ainda houve problemas com a capacidade da tenda ser menor que a do palco principal, o que fez muita gente ficar de fora do set dos 2ManyDJs. Mas as apresentações compensaram esses perrengues (mesmo divididas entre palcos preto – puxando pro neo soul – e branco – puxando pro indie velho): a vocalista do Xx Romy derreteu o público com seu house sofisticado, a cantora Raye mostrou que tem a faca e o queijo na mão pra se tornar uma das próximas grandes cantoras (presença de palco, liderança nata, carisma impecável e que voz!), Jaloo e Gaby Amarantos fizeram bonito em show conjunto, Ayra Starr eletriziou o público e Paris Texas se jogou na galera, entre outras boas apresentações. Mas o filé do fim de semana pode ser sintetizado em cinco shows: Soft Cell, 2ManyDJs, Fausto Fawcett, Cat Power e Pavement.
O Pavement está vindo para o Brasil no que pode ser um dos últimos shows dessa safra de apresentações que o grupo tem feito desde 2022 (sua melhor fase ao vivo, fácil) e a gravadora Matador acaba de anunciar mais uma compilação dedicada ao grupo californiano. A caixa Cautionary Tales: Jukebox Classiques reúne os 18 compactos que a banda lançou na sua década de existência, entre 1989 e 1999, quando lançaram discos por gravadoras indies como Treble Kicker, Domino, Drag City e Big Cat, além da própria Matador. Além dos discos com suas capas originais e seus respectivos lados Bs (que incluem versões para músicas do Fall e Echo & The Bunnymen, demos, faixas ao vivo e versões alternativas), a caixa, que é limitada e só será vendida pela internet (por este link), ainda trará um encarte de 24 páginas. Veja abaixo toas as faixas incluídas na coletânea:
Cat Power canta Dylan, 2ManyDJs, Squid, Pavement, Jaloo com Gaby Amarantos, Soft Cell, Black Pumas, Jair Naves, Young Fathers, Cimafunk, Romy do XX, Raye, Pista Quente, tributo a Cassiano dirigido por Ganjaman, Ayra Star, Jihye Lee Orchestra, Charles Lloyd Quartet, Chief Adjuah, Daniel Caesar, Daniel Camargo e Pedro Martins, Fausto Fawcett, Dinner Party do Kamasi Washington, Jakob Bro Trio, Young Fathers, Paris Texas, David Morales, Valentina Luz e DJ Memê. Eis o elenco da edição de 2024 do C6fest. Leia a escalação completa abaixo: