Um tributo ao vivo – e na Austrália – a Horses da Patti Smith

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Há um mês, a gravadora indie australiana Milk Recordings celebrou o quadragésimo aniversário de Horses, o mítico disco da Patti Smith que inaugura a segunda metade da história do rock, que começa com o punk. O foco do show, que aconteceu no Melbourne Town Hall em sessão dupla, era a nossa querida Courtney Barnett, principal estrela do selo, mas também enfileirou apresentações de outros nomes do catálogo deles, como Jen Cloher, Adalita e Gareth Liddiard, todos acompanhados da mesma banda, formada por Dan Luscombe na guitarra, Ben Bourke no baixo, Stevie Hesketh nos teclados e Jen Sholakis na bateria. A gravação do show finalmente apareceu em grande estilo online e vale cada minuto assistido – as apresentações de Adalina, os mais de dez minutos de Gareth Liddiard em “Birdland” ou Courtneyzinha mandando ver em “Break it Up” são especialmente tocantes:

Quem quiser assistir a algumas apresentações isoladas, elas vêm a seguir:


Gareth Liddiard – “Birdland”


Courtney Barnett – “Redondo Beach”


Adalita – “Free Money”


Jen Cloher – “Land”

Patti Smith lê Fernando Pessoa

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Patti Smith está vivendo um 2015 e tanto: além de excursionar com a íntegra de seu Horses que completa 40 anos, ela está prestes a lançar o livro M Train, que funciona como uma continuação para seu celebrado livro de memórias Só Garotos (que vai virar série). Ela passou por Portugal no final de setembro e, a convite da Casa Fernando Pessoa, visitou a biblioteca particular do autor e também recitou trechos em inglês do gigantesco poema Saudação a Walt Whitman, que Pessoa assinou como Álvaro de Campos.

Esses são os trechos lidos em inglês por Patti Smith em sua versão original:

“Sei que cantar-te assim não é cantar-te — mas que importa?
Sei que é cantar tudo, mas cantar tudo é cantar-te,
Sei que é cantar-me a mim — mas cantar-me a mim é cantar-te a ti
Sei que dizer que não posso cantar é cantar-te, Walt, ainda…

(…)

Para cantar-te
Para saudar-te
Era preciso escrever aquele poema supremo,
Onde, mais que em todos os outros poemas supremos,
Vivesse, numa síntese completa feita de uma análise sem esquecimentos,
Todo o Universo de coisas, de vidas e de almas,
Todo o Universo de homens, mulheres, crianças,
Todo o Universo de gestos, de actos, de emoções, de pensamentos,
Todo o Universo das coisas que a humanidade faz,
Das coisas que acontecem à humanidade —
Profissões, leis, regimentos, medicinas, o Destino,
Escrito a entrecruzamentos, a intersecções constantes
No papel dinâmico dos Acontecimentos,
No papirus rápido das combinações sociais,
No palimpsesto das emoções renovadas constantemente.

(…)

Para saudar-te
Para saudar-te como se deve saudar-te
Preciso tornar os meus versos corcel,
Preciso tornar os meus versos comboio,
Preciso tornar os meus versos seta,
Preciso tornar os versos pressa,
Preciso tornar os versos nas coisas do mundo
Tudo cantavas, e em ti cantava tudo —
Tolerância magnífica e prostituída
A das tuas sensações de pernas abertas
Para os detalhes e os contornos do sistema do universo.”

O vídeo foi divulgado no início da semana passada pela própria Casa Fernando Pessoa. E por que raios ninguém traz o show dessa mulher pro Brasil?

Courtney Barnett e a íntegra de Horses, da Patti Smith, ao vivo

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E por falar em Patti Smith, quem também resolveu aproveitar os quarenta anos da obra-prima que inaugurou o punk como o conhecemos foi o Melbourne Festival, que reuniu um supergrupo de músicos australianos para tocar a íntegra do disco de estréia da senhora Smith ao vivo. A querida Courtney Barnett encabeça um quarteto que ainda conta com a cantora Jen Cloher, Adalita do Magic Dirty e o vocalista dos Drones Gareth Liddiard. O show acontece no próximo dia 18 e a procura foi tanta que eles abriram uma nova sessão, mais cedo, para quem quiser garantir o evento. Os ingressos estão à venda no site do festival, se alguém estiver por aquelas bandas nessa época.

O seriado da Patti Smith

Só Garotos, o livro de memórias da papisa do punk nova-iorquino Patti Smith, vai ser adaptado para a televisão. Falei disso lá no meu blog no UOL.

Patti Smith vai tocar Horses ao vivo na íntegra quando o disco fizer 40 anos

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Mais um daqueles shows que prometem: Patti Smith já avisou que, no ano que vem, fará alguns shows tocando seu primeiro disco Horses na íntegra. Lançado em 1975 Horses pode ser considerado o marco zero da era punk, pois foi o primeiro registro de uma cena barulhenta que começou a se apresentar num muquifo nova-iorquino chamado CBGB’s e que deu ao mundo bandas como Talking Heads, Television, Ramones e Blondie, entre outras – gente que foi influenciar, na Inglaterra, o nascimento de bandas como Sex Pistols, Clash, Buzzcocks e outras tantas.

Patti contou a notícia à Rolling Stone, quando lembrou que o disco havia sido programado para ser lançado no dia 20 de outubro de 1975, data que marcaria o 121º aniversário do poeta francês Arthur Rimbaud, um dos ídolos de Patti, ao lado de Jim Morrison e Lou Reed. “Algo aconteceu por causa da crise do petróleo – eles não tinham vinil suficiente – e o disco teve de ser adiado e eu fiquei bem chateada. Até que o (fundador da gravadora Arista) me disse que ‘era uma pena, o disco só poderia sair no dia 10 de novembro, não há nada que possamos fazer.’ E então eu ri e disse: ‘bem, esse é o aniversário da morte de Rimbaud’. Ainda era mágico”, disse a cantora e compositora ao site da revista.

Mais do que importante, Horses é um disco perfeito: tem o despojo do punk sem abrir mão de uma musicalidade clássica e Patti realmente encarna esse híbrido de Rimbaud e Jim Morrison andrógino que era a cara do rock nos anos 70, perdido entre o glam e o início do punk, ciente de sua rebeldia e de sua decadência. É o passaporte dela para entrar na história – e não apenas na do rock. E se você ainda não ouviu…

Vida Fodona #443: Mais uma mutação

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Demorei mas tô aqui.

Chocolate da Bahia – “Ele Güenta”
Nação Zumbi – “Defeito Perfeito”
War on Drugs – “Under the Pressure”
Spoon – “Outlier”
Pillow Talk – “The Real Thing”
Ratatat – “Crips”
Roxy Music – “Avalon (Lindstrøm & Prins Thomas Version)”
Stee Downes – “Asunder”
Patti Smith – “Everybody Wants To Rule The World”
Isley Brothers – “Love The One You’re With”
Say Lou Lou – “Instant Crush”
Banda do Mar – “Muitos Chocolates”
Silver Jews – “People”

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Clássico é clássico: Neil Young + Patti Smith

Duas lendas vivas da história do rock, Neil Young e Patti Smith recém enveredaram pelas páginas de papel, aproveitando o estrelato para contar suas próprias memórias e na Book Expo America deste ano a poetisa foi chamada para conversar com o velho cacique do folk canadense, num encontro memorável, abaixo:

Só a parte em que ela arranca de Neil que ele voltou a tocar com o Crazy Horse porque sentiu saudade da banda ao escrever o livro já vale a entrevista toda.

First Aid Kit ♥ Patti Smith

Vocês lembram das irmãs suecas Johanna e Klara Söderberg, que começaram a frequentar nosso imaginário em uma versão tocante de uma das melhores músicas do Fleet Foxes, não? Pois as duas tiveram a oportunidade, no Polar Music Prize que aconteceu em agosto, de cantar “Dancing Barefoot”, da Patti Smith, PARA a Patti Smith. E ela, da platéia, não conteve a emoção:

Quem mostrou foi a Babee.

Achtung Baby Covered

E por falar na revista Q, vocês viram o tributo que ela fez ao Achtung Baby? Felizmente o disco de 91 vem sendo cada vez mais celebrado como sendo o grande disco do U2, deixando clássicos anteriores como Joshua Tree ou Unforgettable Fire na poeira messiânica do passado. No disco-tributo, que acompanha a edição de dezembro, a revista reuniu nomes como Patti Smith, Jack White, Killers, Depeche Mode, Garbage e Nine Inch Nails, entre outros, para celebrar o primeiro disco europeu do grupo irlandês. O resultado, infelizmente, paira entre a pasmaceira e o horror. Os vídeos (e meus comentários) para cada uma das músicas do tributo seguem abaixo, como eu vi no Scream & Yell.

 

Patti Smith canta “Rolling in the Deep”

E por falar em Adele, boa essa dica da Frá.

“Rolling in the Deep”, aliás, a música que eu mais ouvi na rua na Inglaterra, disparado.