Imagina você chegando em Paris e o Air está tocando “Playground Love” com o vocalista do Phoenix em pleno terminal? Mais um vídeo fodaço do Blogothèque, que filmou esse encontro – que não acontecia ao vivo há 20 anos – no terraço do aeroporto parisiense. Assista abaixo:
Que tal jantar num bistrô em Paris com a turma do Mac DeMarco e ouvi-los fazendo um som depois de uma refeição? Foi isso que a produtora de vídeos francesa La Blothèque fez ao inaugurar uma nova série, chamada Fin de Service. Depois de encarar um frango, Mac puxou cinco músicas, novas e velhas, ao lado de uma banda formada pelo tecladista Alec Meen, pelo brasileiro Pedro Martins no baixo e com Daryl Johns tocando chocalhos e bongôs. É a terceira vez que o compositor norte-americano aparece em vídeos da produtora: a primeira foi em 2018, quando saiu pelas ruas da capital francesa cantando e tocando enquanto fumava um cigarro, e depois em 2020, quando, devido à pandemia, fez uma live no canal do Blothèque. Assista abaixo:
Faz quase um mês que o Air está circulando a Europa tocando a versão ao vivo para seu disco de estreia, o perfeito Moon Safari, mas nesta quinta-feira a dupla formada por Nicolas Godin e Jean-Benoît Dunckel tocou no Olympia, clássica sala de shows de sua cidade-natal, Paris, e uma boa alma registrou a íntegra do show com sua camerinha… E que viagem que foi isso, porque além de todo o disco que está completando 25 anos, eles ainda tocaram um bis com músicas dos discos Walkie Talkie e 10,000 Hz Legend, além da hipnótica “Highschool Lover”, da trilha do filme Virgens Suicidas. S’il te plaît, viens au Brésil!
Amarante pelas ruas de Paris, filmado pelo Vincent Moon, do Blogothèque. Ficou bonito:
Vi na Babee.
Esse show no Olympia aconteceu há dois anos, mas mostra que os Arctic Monkeys já haviam entrado no auge.
Dá uma sacada no setlist:
Eis a íntegra do show do Hot Chip na versão parisiense do festival Pitchfork, que aconteceu no início do mês. Mas se você pular para quando o relógio do vídeo abaixo virar a primeira hora, verá o casal Ira Kaplan e Georgia Hubley celebrando Lou Reed em “Pale Blue Eyes”.
Demais. Dica da Taís.
Ou como diz o Julien Alcacer, autor deste Paris Euphoria abaixo, “uma Paris como você nunca viu: sem time-lapse, sem tilt-shift, sem acordeão”.
Uma certa livraria parisiense, o amor pelos livros, stop-motion e uma paixão arrebatadora nesse delicioso curta mórbido que Spike Jonze fez em 2011.
Vi na Carol, que também viu há pouco tempo.
Para a maioria das crianças e adolescentes de hoje em dia, o rato Mickey é quase um logotipo em movimento e não mais um personagem – afinal, desde os anos 80, por exemplo, só foram produzidos três desenhos com o personagem-símbolo da Disney, hoje bem mais associado aos parques temáticos da corporação do que a qualquer tipo de narrativa. Por isso mesmo que a empresa voltou a investir em desenhos animados – e o primeiro deles, Croissant de Triomphe, já está online (veja abaixo). A ressurreição de Mickey para o século 21 ficou a cargo do animador Paul Rudish, que já trabalhou no Laboratório de Dexter e nas Meninas Super-Poderosas. O novo Mickey segue a estética de quando foi criado no início do século passado (olhos pretos, bermuda vermelha, sem camisa, sapato amarelo), mas com um traço mais forte e uma animação bem veloz para os padrões Disney. Veja só:
Publicamos mais um texto do Morozov no Link – e desta vez ele fala sobre como o Facebook está matando a idéia de se perder na internet. Um trecho:
Na segunda metade do século 19, Paris passou por profundas mudanças. As reformas na arquitetura e no planejamento urbano promovidas pelo barão Haussmann no governo de Napoleão III foram particularmente importantes: a demolição de estreitas ruas medievais, o estabelecimento de praças amplas (construídas em parte para melhorar a higiene e em parte para impedir barricadas revolucionárias), a proliferação da iluminação de rua a gás e as crescentes vantagens de passar o tempo em ambientes fechados transformaram radicalmente a cidade.
A tecnologia e as mudanças sociais também tiveram seus efeitos. O tráfego de carros na rua fez de passeios contemplativos uma atividade perigosa. Galerias foram substituídas por lojas de departamentos. A racionalização da vida urbana conduziu os flâneurs ao subterrâneo, obrigando-os a se refugiar num tipo de flanar interno, cujo apogeu é o exílio autoimposto de Marcel Proust em seu quarto (situado, voilà, no bulevar Haussmann).
Algo parecido aconteceu na internet. Transcendendo sua brincalhona identidade original, a rede não é mais para passear – virou lugar de cumprir tarefas. Ninguém mais navega. A popularidade dos aplicativos – que conduzem àquilo que queremos sem que seja necessário abrir o browser, faz do flanar online algo cada vez menos provável.
O fato de uma parte tão preponderante da atividade contemporânea na rede envolver compras não ajuda em nada. Passear pelo Groupon não é tão divertido quanto caminhar por uma galeria, eletrônica ou não.
O ritmo da internet mudou. Dez anos atrás, um conceito como o tempo real, em que cada tweet e atualização de status é automaticamente indexada, atualizada e respondida, era impensável. Hoje, este é o termo do momento no Vale do Silício. Não se trata de algo surpreendente: as pessoas gostam de velocidade e eficiência.
Mas as páginas de outrora, que abriam lentamente ao som de estranhos ruídos do modem, tinham um inusitado lado poético. Ocasionalmente, a lentidão chegava a nos alertar para o fato de que estávamos sentados diante de um computador. Bem, esta tartaruga não existe mais.
Enquanto isso, o Google, ao tentar de organizar a informação do mundo, vem tornando desnecessária a visita a sites individuais assim como, gerações atrás, o catálogo da Sears tornou desnecessária a ida a lojas físicas. A atual ambição do Google é responder nossas perguntas – sobre o clima, as taxas de câmbio, o jogo de ontem – ele mesmo, sem levar a nenhum outro site. Digite a pergunta, e a resposta aparece no topo da lista de resultados.
(O impacto de atalhos deste tipo nas buscas não interessa aqui; quem imagina a busca por informações em termos tão puramente instrumentais, enxergando a internet como pouco mais do que um gigante FAQ, dificilmente criará espaços que convidem ao flanar online.)
Mas, se há um barão Haussmann na internet hoje, ele é o Facebook. Tudo aquilo que torna possível o flanar online – solidão e individualidade, anonimato e opacidade, mistério e ambivalência, curiosidade e o desejo de correr riscos – está sob o ataque desta empresa. E não estamos falando de uma empresa qualquer: com 845 milhões de usuários ativos espalhados pelo mundo, dá para dizer que aonde quer que o Facebook vá, a internet irá atrás.
É fácil culpar o modelo de negócios do Facebook (a perda do anonimato permite que ele lucre mais com os anunciantes), mas o problema é mais embaixo. O Facebook parece acreditar que os peculiares elementos que tornam possível o flanar devem ser eliminados. “Queremos que tudo seja social”, disse Sheryl Sandberg, diretora de operações do Facebook, em entrevista ao programa de TV Charlie Rose alguns meses atrás. Na prática, isso foi explicado pelo chefe dela, Mark Zuckerberg, no mesmo programa. “Preferimos ir ao cinema sozinhos ou com amigos?”, perguntou, respondendo imediatamente: “Com amigos”.
As implicações são claras: o Facebook quer construir uma internet na qual ver filmes, ouvir música, ler livros e até mesmo navegar sejam atividades desempenhadas não só abertamente como social e colaborativamente. Por meio de parcerias com empresas como Spotify e Netflix, ele cria poderosos incentivos que fariam os usuários adotarem ansiosos a tirania do “social”, a tal ponto que desempenhar qualquer uma dessas atividades sozinho seria impossível.
Ora, se Zuckerberg de fato acredita no que disse sobre cinema, há uma longa lista de filmes que eu gostaria de sugerir aos amigos dele. Por que ele não leva a turma para ver Satantango, sete horas de filme de arte branco e preto do húngaro Bela Tarr? A resposta: se fizéssemos uma pesquisa de opinião entre os amigos dele, ou um determinado grupo numeroso de pessoas, Satantango seria quase sempre derrotado por um título que pode não ser o filme preferido por todos, mas que também não vai incomodar ninguém. Eis um exemplo da tirania do social.