Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.

Surf music mutante

O público que foi ao Centro da Terra no último dia do primeiro semestre de 2025 pode ter sentido que estava em um episódio de Além da Imaginação, ao entrar num universo paralelo proposto pelo encontro das guitarras de Rainer T. Pappon e Murillo Mathias com o baixo de Renato Muniz e a bateria de Carlos Camasi. A surf music proposta pelo grupo Ippon cria um universo em que o astral praiano do gênero musical sintoniza menos na cultura californiana e mais num rock mais cabeçudo da virada dos anos 70 para os 80, quando as duas guitarras solavam juntas, variando apenas na escala – uma escola que junta bandas tão diferentes quanto Thin Lizzy, Iron Maiden e a fase mais pop do King Crimson, com Adrian Belew. E o grupo emendou mais de uma hora desses estranhos mas mágicos entrelaçamentos de melodias sobre bases que, mesmo que soem como levadas puras de grupos como Ventures, Surfaris ou Bel-Airs, habitam o mesmo universo mutante setentista que mescla hard rock inglês e rock progressivo como se a psicodelia britânica dos anos 60 não tivesse se dividido nestas duas principais correntes. E o melhor é que eles fazem isso como toda banda deveria atuar no palco: se divertindo à beça, sorrisos estatelados nos rostos. O disco de estreia do quarteto paulistano sai ainda este mês…

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Ippon: A prévia do Ippon

Uma banda de surf paulistana, nascida à luz do pós-punk, mostra seu próximo álbum pela primeira vez ao vivo no palco do Centro da Terra, no início de nossa programação de julho. A apresentação, batizada de A Prévia do Ippon, traz o grupo formado por Rainer T. Pappon (guitarra), Murillo Mathias (guitarra), Carlos Camasi (bateria) e Renato Muniz (baixo), mostrando seu homônimo disco de estreia, que será lançado ainda este semestre. Rock instrumental praiano com ecos e dark wave e new wave, o grupo traz referências de artistas como Thin Lizzy, New Model Army, Killing Joke, King Crimson e Frank Zappa que misturam-se à linha básica e solar da surf music. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos estão à venda no site do Centro da Terra.

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Carlos Gomes (1981-2025)

Que notícia triste esta da morte de Carlos Gomes Oliveira. Um dos principais agitadores da cena cultural pernambucana, o pesquisador, poeta, músico e jornalista manteve por anos a heróica revista Outros Críticos, que em pouco tempo tornou-se referência para quem acompanha música no Brasil, instigando discussões e o olhar crítico sobre o tema. Escreveu livros como Exôdo” (2016, de poesias, vencedor do Prêmio Pernambuco de Literatura) Canções Iluminadas de Sol (2018, ensaio em que compara o tropicalismo ao mangue beat), Canções Não (2019, lançado junto com o disco de mesmo nome), Nunca é Triste um Corpo que Fala Eu Te Amo (2023, de poemas) e Dagunda (seu título mais recente, de 2024, infantil). Agitador cultural, sempre fazia eventos e criava situações para reunir pessoas ao redor de seus lançamentos, seja seus livros ou as edições de sua revista, agregando nomes ligados à cultura em diferentes cidades do país. Vítima de um câncer que já enfrentava há algum tempo, faleceu nesta segunda, deixando um legado que certamente fará seu nome ser lembrado pelas próximas gerações.

Kanye West no Brasil!

O próprio Kanye West confirmou que vai fazer show em São Paulo, no dia 29 de novemmbro deste ano. Não falou onde vai ser, quanto vai ser, quando começam a vender os ingressos, nada. Só deixou o link pra um site pra quem quiser saber mais novidades se inscrever por lá.

Sei lá, viu…

Ponto pra Clairo

Reluzentes as duas músicas que Clairo lançou ao reativar sua banda Shelly. Como ela contou mais cedo, tanto ”Cross Your Mind” quanto “Hartwell”, foram compostas à época que os quatro se juntaram, durante o primeiro ano do inverno mental que foi a pandemia. Clairo juntou-se com seus velhos amigos de segundo grau (Claud, Josh Mehling e Noa Getzug) e juntos gravaram dois singles, que voltaram à tona devido ao momentum que ela vem vivendo desde que lançou o ótimo Charm, no ano passado. A queridinha indie ressuscitou o grupo, primeiro chamando-os para aparecer em alguns shows e assim fazendo seu público descobrir as duas músicas que lançaram em 2020, “Steeeam” e “Natural”. As músicas novas seguem o clima pop solar com timbres sintéticos das primeiras canções, mas com uma produção menos lo-fi e uma qualidade pop característica da nova fase de Clairo. Ao mesmo tempo em que mata a síndrome de abstinência por novas músicas, ela abre duas possíveis frentes futuras: talvez lançar mais músicas (um álbum?) com o Shelly ou fazer uma versão deluxe de Charm, que todos seus fãs esperam ansiosamente, mesmo que ela nunca tenha falado nada sobre isso. Isso sem contar a possibilidade de ela lançar seu quarto álbum… Só vem.

Ouça abaixo:  

Catarse emocional elétrica

“Se isolar não é uma forma de se descobrir, é apenas uma forma conveniente de fuga”, sentencia Vítor Brauer no meio dos doze minutos de “Se Nosso Nome Fosse Um Verbo (Canibalismo como Forma de Amor)”, segunda faixa do sexto álbum da banda mineira, que lançou o disco à meia-noite desta terça-feira para inaugurar o segundo semestre de 2025 de forma apaixonada – em todos os sentidos -, justamente por não isolar-se e sim entregar-se. Batizado apenas de Amor, o disco talvez seja o trabalho mais intenso e extático da banda, que dedica quatro longas faixas à entrega ruidosa para falar sobre sentimentos em relacionamentos a dois de forma crua e extasiada. São épicos repletos de zumbido de microfonia que se abrem em crescendos instrumentais que vão ficando vigorosos e violentos à medida em que cada uma das músicas vai cedendo à própria duração, quase sempre dando um cavalo de pau musical e dramático pela metade de sua extensão, atingindo picos de explosão de uma dinâmica de guitarras imbatível na música brasileira atual e tirando o fôlego do ouvinte, quase sempre ao trazer conclusões ou revirar lembranças que vão crescendo junto com o volume das canções. É muito fácil imaginar um show em que a banda toque apenas essas quatro músicas, esticando-as ainda mais, e fazendo seu público berrar, às lágrimas, versos como “eu sei que a gente fez tudo que foi capaz” – da faixa de abertura “Vermelho (Seus Olhos Brilhando Violentamente Sob os Meus)”, que tira o chão do ouvinte quando quase desliga-se na metade da música – ou as citações à carne que Vítor faz ao final da citada “Canibalismo”. Se fizerem só isso já estarão proporcionando um dos melhores eventos ao vivo deste ano, um complemento inevitável à catarse emocional elétrica que é este Amor. Discaço.

Ouça abaixo:  

Salto de Fé

Morris está pronto para mostrar seu próximo trabalho, Fé na Desordem, coleção de canções que está transformando em disco com o auxílio de Romulo Fróes, que o ajuda a levantar um álbum sobre como sobreviver nos dias caóticos que vivemos, como ele mostrou nesta última segunda-feira de junho no Centro da Terra. Acompanhado de Décio 7 na bateria e Paulo Kishimoto no baixo, guitarra e guitarra lapsteel, além dos belos vocais dos novatos Caio Teixeira e Joy Catharina, todos trabalhando para elevar a voz, o violão e as canções de Morris, que veio com pintura de guerra no rosto e começou a noite repassando canções de seu disco anterior, Homem Mulher Cavalo Cobra, lançado no ano da pandemia. Aquecendo esta nova formação de músicos – incluindo Juliana Perdigão, que cantou “Longe da Árvore”, que dividem naquele disco logo no início do espetáculo – com músicas já conhecidas, ele preparou a noite para seu salto no escuro, ao mostrar as canções do próximo trabalho pela primeira vez para além do círculo ligado ao novo trabalho. E provou que este repertório está pronto para vir a público, incluindo mais uma colaboração com Perdigão, que voltou ao palco outras duas vezes, tanto para tocar a nova música quanto para repetir a que fizeram na primeira parte da noite, quando o público que lotou o teatro pediu bis.

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Morris: Abertura dos Trabalhos Fé na Desordem

Encerramos a programação de junho do Centro da Terra nesta terça-feira, quando recebemos mais uma vez Morris no palco do teatro, desta vez experimentando o que será seu novo disco, Fé na Desordem, que conta com direção artística de Romulo Fróes e canta sobre a aceitação do caos em que vivemos para buscar caminhos viáveis. Com uma banda formada por Paulo Kishimoto e Décio 7, ele também recebe as participações de Juliana Perdigão, Joy Catarina e Caio Teixeira, além de cantar músicas de seu disco mais recente, Homem Mulher Cavalo Cobra. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos estão à venda no site do Centro da Terra.

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Arquivo X em Lego?! Quero!

A Lego sempre abre concursos em que entusiastas dos blocos de plástico da marca podem mandar seus projetos, que eventualmente tornam-se realidade. Foi o que aconteceu com esta proposta feita por um participante do concurso Build Your Nostalgia – 90s Throwback!, organizado pela empresa, que criou esse set inspirado na série Arquivo X, que recria tanto o escritório em que trabalham Fox Mulder e Dana Scully quanto uma floresta em que os agentes fazem contato com alienígenas. Diz se não é maravilhoso?

Veja detalhes abaixo:  

Clairo manda avisar que o Shelly voltou!

Depois de reunir sua antiga banda Shelly no palco de alguns shows, nossa querida Clairo anuncia, de surpresa, que na meia-noite desta segund pra terça, o grupo lança dois singles,”Cross Your Mind” e “Hartwell!. E pra deixar a banda na mesma vibe, ela fez todo mundo se deitar – como ela sempre faz quando pode – pra tirar polaróides que anunciam a volta do quarteto. Bem sagaz essa Clairinho…