Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.

Imagine a volta do Sonic Youth…

Imagine, só imagine, que alguém liga pro nosso compadre Lirra e pergunta se ele não quer vir pro Brasil no ano que vem – trazendo outro velho conhecido, o mano Shelley, pra tocar junto. E já que estamos aqui, dá um alô em outro chapa, o galalau Thurston, pra repetir o improv que fizeram sexta passada em Nova York numa escala um pouco maior em São Paulo (e já sopra pro agente dele e pra alguém que tenha editora por aqui pra armar o lançamento suas lembranças de 2023, Sonic Life: A Memoir, no Brasil). Quando? Em maio do ano que vem, quando a irmã Kim estará por aqui. O último show do Sonic Youth foi no Brasil, em 2013. Por que o reencontro dos quatro – nem precisa ser show, só a reconexão – não pode acontecer aqui? Questões pessoais são superáveis, Kim e Thurston não são Waters e Gilmour e ainda compartilham os mesmos valores e visões, algo que não só está em falta hoje em dia como está em xeque… Só imagine… Muitos acham impossível, mas para o impossível acontecer primeiro precisamos imaginá-lo…

Assista a trechos do último show do Sonic Youth abaixo:  

Um Dia Um Show Salvou Minha Vida, com Felipe S.

E nesta semana convidamos Felipe S., vocalista do Mombojó, para dividir suas lembranças sobre shows em mais uma edição de nosso podcast – e o ponto de partida de sua viagem foi o emblemático show que o Radiohead fez em São Paulo em 2009…

Ouça abaixo:  

Choque de realidade

No cartaz estava escrito que era um encontro de três artistas: Crizin da ZO, Deaf Kids e MNTH. Mas o que o público que foi ao Centro da Terra nesta última terça-feira da programação de música do ano do teatro assistiu não foi um encontro, foi o nascimento de um grupo. A química entre o vocal e a percussão de Cris Onofre e do baixo e dos efeitos de Marcelo Fiedler (que puxou um samba na guitarra uma hora), ambos do Crizin da ZO; de Douglas Leal (guitarra e percussão) e Marian Sarine (bateria, percussão e efeitos), do Death Kids; e das programações, beats e efeitos de MNTH caminhou para longe de um improviso coletivo e parecia a formação de um novo conjunto, que pode ser batizado com o título que os cinco deram para a noite: Colapso Programado. Usando as músicas do Crizin da ZO como eixo lírico e forjando células de ruído a partir do ritmo, os cinco cruzaram punk, funk e jazz numa fritação contínua, que só teve uma única pausa para fôlego e agradecimentos em quase uma hora incessante de texturas elétricas agressivas e camadas de groove compactadas entre timbres sintéticos e o couro da percussão. O encontro ainda estava sendo processado na mesa por Pedro Silva e pelo chiaschuro intenso da luz de Georgia Tolaini, o que deu um outro andar de pesadelo ao acontecimento. Encerramos o ano em grande estilo e antevendo que 2025 vai ser ainda melhor. Vamos!

Assista abaixo:  

Crizin da ZO + Deafkids + MNTH: Colapso Programado

E encerramos 2024 com o abismo no fim do túnel, ao apresentar o Colapso Programado surgido com a junção do funk apocalíptico carioca do Crizin da ZO ao noise extremo paulista dos Deafkids e o experimentalismo climático do projeto de Guarulhos MNTH, quando punk, rap, samba e drum ‘n’ bass se encontram num ponto de tensão eletrônico. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos estão à venda na bilheteria e no site do Centro da Terra.

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Dalton Trevisan (1925-2024)

Foi-se um dos últimos ícones da literatura moderna brasileira e um dos principais nomes a colocar Curitiba no mapa cultural do país – Dalton Trevisan, conhecido por seu estilo preciso, sintético e direto, nos deixou no final desta segunda-feira morreu como viveu: longe dos olhos do público e contrariando a possibilidade de festejar seu centenário em vida, despedindo-se sem velório e sem dizer do que morreu.

Bela estreia

Bem bonita a estreia autoral de Lara Castagnolli nesta segunda-feira no Centro da Terra, quando apresentou pela primeira vez o show inteiro com repertório próprio com o título que batiza seu disco de estreia, Araribá, acompanhada por uma banda formada por Tommy Coelho (violão e bateria), Pedro Abujamra (teclado e piano), Bento Sarto (guitarra e violão), Theo Ribeiro (contrabaixo) e Maria Violeta (vocais de apoio), além de contar com as participações de Mestrinho (vocais e acordeão), Morgana Moreno (flauta), Laura Santos (clarinete) e Tayná Ibanêz (vocais). Além das músicas próprias (grande parte fazendo alusões ao reino vegetal, área de formação da cantora, que estuda engenharia florestal), Lara ainda passeou por standards da música brasileira, como “Travessia” e “Força Estranha”, e fez o público cantar suas músicas ainda inéditas.

Assista abaixo:  

Lara Castagnolli: Araribá

2024 está quase no fim no Centro da Terra e a penúltima apresentação musical do ano é a estreia do trabalho solo da promissora cantora Lara Castagnolli, que, depois de apresentações intimistas ao lado do músico Mestrinho e de um espetáculo dedicado à Gal Costa, prepara-se para lançar seu primeiro trabalho solo, que batiza essa apresentação de fim de ano. No espetáculo imersivo Araribá, ela reúne aos músicos Tommy Coelho, Pedro Abujamra, Bento Sarto e Theo Ribeiro para mostrar suas primeiras composições, numa noite que também terá a participação do próprio Mestrinho e de Morgana Moreno. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos estão à venda na bilheteria e no site do Centro da Terra.

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Charli XCX ♥ Velvet Underground

Ao receber o prêmio de Hitmaker do Ano pela revista norte-americana Variety neste sábado, a inglesa Charli XCX aproveitou para celebrar a importância do primeiro disco do Velvet Underground, que ela resumiu como sendo “a definição de um hit”, mesmo tendo vendido pouco em seu tempo e hoje figurar entre uma das maiores obras de arte do século passado. Postei o vídeo de seus agradecimentos do prêmio abaixo e a tradução do trecho em que ela celebra o disco da banana logo em seguida:  

Boogarins para além do rock

Já dá pra cravar que o grupo de Ponta Grossa Hoovaranas é um dos grandes nomes que estão despontando no novo indie rock brasileiro – e isso não é uma pergunta. Depois de serem escalados no festival Cinco Bandas do site Minuto Indie no início do semestre e de terem se destacados como sendo o único consenso da noite, o trio formado pelo guitarrista Rehael Martins, o baixista Jorge Bahls e o baterista Eric Santana teve a dura tarefa de segurar a abertura do show de lançamento do disco novo dos Boogarins nessa sexta-feira no Cine Joia e fez bonitaço. Em quase uma hora de delírio instrumental e noise entre o pós-rock e o math rock, o grupo não só segurou a atenção do público como o embalou lindamente com camadas pesadas de ruído elétrico, ganhando fãs quase que instantaneamente, que correram para comprar o disco de vinil que a banda acabou de lançar pelo selo da banda Bike, que chama-se, ora, Bike Records. Showzão que consagrou um novo nome pra ficar de olho em 2025.

Depois foi a vez dos Boogarins destamparem a caixa de Pandora chamada Bacuri. Um dos grandes discos de 2024 também é o ápice da banda em dez anos de rock independente, consagrando a dinâmica de um dos grupos mais influentes do país nos últimos anos num disco irretocável, tanto no quesito psicodelia quanto na categoria pop, com canções tão memoráveis quanto delirantes. Libertá-las na mesma ordem do disco foi um exercício inédito para a banda, que tocou algumas delas – entre elas o épico “Deixa”, que fecha o disco – pela primeira vez no palco. E como jogavam com o jogo ganho – o público já tinha aprovado o show antes mesmo dos primeiros acordes -, não tiveram dificuldades de conduzir o público por sua jornada sobre amor e família que compuseram neste período pós-pandêmico, reunindo para esse evento toda a família Boogarins, tanto literal, com a presença dos pais dos dois guitarristas na plateia, e quanto lúdica, com o time todo reunido para um show histórico, Renatão no som, Hugo na luz, Alê no monitor, Rolinos nos vídeos e Chrisley no palco, além do público, filhotes embevecidos pela eletricidade melódica da banda. E por melhor que tenha sido essa primeira apresentação de seu Bacuri ao vivo, algo me diz que o disco ainda vai crescer muito mais nos palcos, ainda mais se eles mantiverem o ritual de tocar o disco na ordem (tá na hora da gente se desligar de playlists!). E sem sair pro bis emendaram uma sequência de músicas de diferentes épocas de sua carreira (“Noite Bright”, “Auchma”, “Invenção”, “Falsa folha de rosto” e “Foimal”) que provam que Dinho, Benke, Fefel e Ynaiã são o melhor grupo de rock do Brasil hoje sim e um dos melhores da história deste mesmo rock – e têm a faca e o queijo na mão para se tornar um dos grandes nomes da música brasileira sem precisar ficar preso a este gênero. E a impressão é que acabaram de começar essa nova fase de sua carreira. Voa, Buga!

Assista abaixo:  

Um documentário sobre o Led Zeppelin

O documentário Becoming Led Zeppelin está sendo prometido há uns três anos mas acaba de oficializar sua data de lançamento nos EUA, em fevereiro do ano que vem. Aparentemente é um documentário tradicional, sem cenas inéditas além das entrevistas com os integrantes originais do grupo e uma entrevista inédita em áudio com o saudoso John Bonham. Mas é importante ter a história de uma das grandes bandas dos anos 70 contada direitinho – ainda mais se der pra gente assistir em Imax (imagina o som!), como o trailer está prometendo. E é assinado pelo mesmo Bernard MacMahon que fez a série American Epic. Assista abaixo: