Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.
A imersão começou. Com a primeira apresentação do Kartas em sua temporada 4A no Centro da Terra, a dupla carioca formada pela poeta Marcela Mara e pelo baterista Zozio, que desta vez vem acompanhada do tecladista Guilherme Paz e da baixista Karin Santa Rosa, fez o público entrar em um universo de texto e música que abraça tanto o improviso quanto a poesia falada, resvalando no free jazz, no canto livre, no noise, em sons da natureza e no ambient enquanto projetavam imagens no fundo do palco, lentamente hipnotizando os presentes rumo a um túnel de som e sentido que ainda contou com a guitarra frenética de Marcos Campello (que por vezes tocava trompete), o teclado frito de Negro Leo, o discurso dedo na cara de Siddhartha Animaina e o trompete de Talita de Jesus, convidados que entraram em momentos distintos da apresentação e, aos poucos, povoaram o palco ao mesmo tempo para um final de transe extático. Uma noite de tirar o fôlego que é só o começo de um mês de viagens ainda mais intensas.
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Começamos o segundo semestre de 2025 no Centro da Terra mergulhando no universo multidisciplinar dos cariocas Kartas, que completam dez anos em atividade fundindo ruído e texto na temporada 4A, que toma conta do teatro em todas as segundas-feiras de julho. Formado pela dupla Marcela Mara e Zozio, o Kartas vem acompanhado de Guilherme Paz e Karin Santa Rosa, que engrossam o caldo sonoro e textual das apresentações que, a cada nova semana, recebem diferentes convidados. As atividades começam neste dia 7, quando incluem Negro Leo (na vitrola e teclado), Marcos Campello (no trompete e guitarra), Siddhartha Animaina (na voz e eletrônicos) e Talita de Jesus (no trompete) na formação. Na próxima segunda, dia 14, é a vez de receber Paola Ribeiro (na voz e berimbau), Cacá Amaral (bateria), Paula Rebellato (no tambor, voz, pedais e teclado), Eldra (no trompete), Gustavo Torres (fazendo uma instalação sonora), além de receber os performers Herik Reis Kohl, Pedro Gutman e Nova Buttler. A terceira segunda, dia 22, tem como convidados TudoLiga NadaFunciona AKA Pacola (teclado, vitrola, monotribe e efeitos), Bernardo Pacheco (processamentos sonoros) e Bruno Trchmnn (rabeca), e na última segunda do mês, dia 28, os Kartas recebem Romulo Alexis (trompete), Bernardo Pacheco (processamento sonoro e guitarra), Rômulo França (saxofone alto), Clóvis Cosmo (flauta transversal), Rayra Pereira (eletrônicos), além das performances dos SVSTVS. Os espetáculos começam pontualmente às 20h e os ingressos já estão à venda no site do Centro da Terra.
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Enquanto as pistas pareciam mostrar que Clairo subiria no palco do show que Sabrina Carpenter fez neste fim de semana, no Hyde Park da capital inglesa, a sensação pop preferiu chamar alguém da velha guarda pra dividir a noite. E para honrar uma tradição que ela acalenta em seus shows (quando canta um hit dance dos anos 70 ou 80 a cada nova apresentação, indo de “It’s Raining Men” a “Mamma Mia”, passando por “Material Girl”, “Come On Eileen”, “Super Freak” e “Lady Marmalade”), ela convidou para o palco neste domingo ninguém menos que Simon Le Bon e John Taylor, do Duran Duran, para uma versão à altura para o clássico “Hungry Like the Wolf”. Mandou bem!
Outra banda inglesa que despediu-se neste fim de semana com bem menos alarde foi o Gang of Four. Arautos da primeira hora do pós-punk, eles redesenharam a paisagem do final dos anos 70 na Inglaterra – e logo depois no mundo todo – ao acrescentarem elementos como funk e maoísmo ao clima apocalíptico do punk inglês, abrindo um novo panorama musical para os anos 80. O grupo encerrou suas atividades nos anos 80 (apesar de discos lançados com o nome do grupo pela dupla de frente, o vocalista Jon King e o guitarrista Andy Gill) e voltou com a formação original em 2004, que seguiu até 2012 (o grupo veio pela primeira vez ao Brasil um ano antes, quando fui curador do Festival da Cultura Inglesa), quando King e Gill se desentenderam. Mesmo a contragosto de King, Gill seguiu com a banda com outros integrantes até sua morte no início de 2020. King e o baterista original Hugo Burnham se juntaram à baixista Sara Lee (que já tinha tocado na banda, ainda nos anos 80) a o guitarrista David Pajo (do Slint) para uma turnê com o nome do grupo em 2022, até anunciar, no início deste ano, a turnê Long Goodbye, com Gail Greenwood (que era do Belly e tocou no L7) no baixo e Teo Leo (líder do Teo Leo & The Pharmacists, que tinha uma dupla com Aimee Mann) na guitarra. A turnê chegou ao fim neste sábado, quando o grupo fez sua última apresentação em Amsterdã, na Holanda. Assista a alguns trechos abaixo:
Mas não importa. Pode juntar todas as bandas que tocaram antes e todas as bandas de todos os integrantes que também tocaram nas longas horas antes do último show da formação clássica do Black Sabbath que todas se encolhem perto da criação musical proposta pelo grupo no final dos anos 60, quando eram uma banda psicodélica bad vibe que resolveu tocar mais alto e soar mais pesada. E por menor que tenha sido a apresentação final do grupo – que, pela saúde de Ozzy Osbourne, só contou com quatro músicas -, ele agigantou-se como a epicidade que a noite pedia: assistimos à despedida de um titã mitológico que criou o universo habitado nas mentes de todos que acompanharam o evento Back to the Beginning em qualquer nível de profundidade. Ao tocar pela última vez juntos “War Pigs”,“Iron Man”, “N.I.B.” e “Paranoid” (separei vídeos das quatro logo abaixo), Tony Iommi, Geezer Butler, Bill Ward e Ozzy – que, como em seu show solo que apresentou antes do último show do Sabbath, não fez feio, apesar de suas limitações físicas -, mostraram porque, mais do que os pais da matéria, eles são o maior nome da história do heavy metal e seus cinco primeiros discos – Black Sabbath e Paranoid (ambos de 1970), Master of Reality (1971), Vol. 4 (1972) e Sabbath Bloody Sabbath (1973) – são o pentateuco da Bíblia do som pesado, obrigatórios e didáticos para qualquer um que se aventure nesta seara. E apesar da melancolia inevitável de uma despedida, foi bonito ver o mundo curvar-se à majestade de um quarteto que, se não fosse a música, passaria anônimo para a posteridade, sem marcar tanto a vida de todos – até de quem nem sabe o que é a banda. Obrigado, Black Sabbath!
Este sábado foi o histórico dia em que o Black Sabbath fez seu último show, realizado em Birmingham, sua cidade-natal na Inglaterra, transformando o evento Back to the Beginning numa grande festa de despedida que deu a dimensão da importância da banda ao reunir quase todas as principais bandas de heavy metal da história que ainda estão na ativa, além de vários ídolos do metal que são fãs do Black Sabbath para celebrar o adeus do grupo. E como uma parte importante desta noite, o próprio Ozzy Osbourne – disparado o integrante da banda mais debilitado fisicamente – aproveitou para fazer sua última aparição solo, que contou com o épico “O Fortuna”, da cantata Carmina Burana, de Carl Orff, como trilha sonora para sua subida no palco (erguido por um elevador que já o trouxe sentado em seu trono), para cantar um show de meia hora composto por “I Don’t Know”, “Mr. Crowley”, “Suicide Solution”, “Mama, I’m Coming Home” e “Crazy Train” (veja o show na íntegra abaixo), que ainda teve direito a discurso emocionado e ser surpreendido, nos bastidores, pelo namorado de sua filha, Kelly, o tecladista do Slipknot Sid Wilson, pedindo-a em casamento em frente aos pais. Que dia histórico!
A dupla eletrônica Soulwax, formada pelos irmãos holandeses Stephen e David Dewaele (que também atendem como 2ManyDJs quando estão discotecando), parece estar preparando sua volta. Ao publicar vídeos em suas redes sociais mostrando a frase “All systems are lying” (todos os sistemas estão mentindo) em caixa alta, incluindo também a mesma frase em seus perfis online, eles também linkaram para sua newsletter para quem quiser saber de informações em primeira mão, e parecem antecipar um disco de inéditas, o primeiro desde Essential, de 2018. A dupla voltou a fazer shows no ano passado, retomando a formação com três bateristas que estrearam há quase dez anos, quando incluíram o brasileiro Iggor Cavalera na formação. A turnê recente não conta com Iggor, e eles mudaram um elemento considerável em suas apresentações, ao abandonar as roupas brancas para adotar um figurino todo preto e deixar o clima ainda mais denso e sombrio do que nos shows anteriores. Nessa nova safra ao vivo, mostraram várias músicas novas mas não chegaram a lançar nada em disco – ainda. Confira a íntegra de um desses shows (em janeiro do ano passado, em Berlim), abaixo:
Este sábado entra para a história como o dia do último show do Black Sabbath, que transformou sua despedida num dos maiores festivais de heavy metal de todos os tempos em sua cidade-natal, Birmingham, na Inglaterra. Aproveitando a oportunidade, o Centro Lego de Descobertas instalado na cidade resolveu homenagear estes ilustres cidadãos propondo uma versão Lego da banda, que só pecou por transformar o canhoto Tony Iommi em guitarrista destro. Infelizmente não está à venda, mas se estivesse tenho certeza que muita gente compraria…
Quem frequentava a noite de São Paulo na década passada lembra das sextas quentes promovidos pelas Noites Trabalho Sujo, que fazia ao lado dos comparsas Babee, Luiz Pattoli e Danilo Cabral. A festa, que começou em 2011 e atravessou a década esquentando pistas à medida em que acompanhava a noite de São Paulo, começou no saudoso Alberta #3, seguiu na também saudosa Trackers (quando Babee preferiu pendurar o pendrive e parou de discotecar) e seguiu no Tokyo até que a pandemia obrigou os três a encerrar a festa e desde o período pandêmico que eles não tocaram mais juntos por conta de mudanças em suas respectivas vidas. Mas quis o destino que Luiz, Danilo e Matias se reencontrassem para matar saudades da pista que faziam e nesta sexta-feira, dia 4 de julho, os três voltam a esquentar a mesma pista que viu a festa nascer, há quase 15 anos, no clássico porão da Avenida São Luiz, que agora pertence ao Katarina Bar, no mesmo endereço do Alberta #3. A festa inevitavelmente vai para os rumos da nostalgia da década passada, mas os três trarão arsenal contemporâneo para retomar a vibe da festa semanal. Não sabemos se vamos fazer mais festas – e, se fizermos, se será mensal, semestral, anual… – além dessa, então garanta sua presença pagando a metade do valor se comprar com antecedência. E há boatos que Babee pode aparecer…
No dia da volta do Oasis, o Blur dá sua cutucada e lança nas plataformas de streaming dos EUA a íntegra do show que fizeram no estádio de Wembley, na Inglaterra, que marcou a segunda grande volta da banda de britpop aos palcos. Agora faz isso direito e libera pro resto do mundo, seu Damon!