Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.
A primeira novidade da terceira temporada do CliMatias é um programa para discutir, mais que jornalismo e música, seus protagonistas. Ainda não defini se o programa é semanal ou quinzenal, mas começamos com um longo papo com o mano Ricardo Alexandre, o jundiaiense mais prolífico do nosso jornalismo, que já editou o Zap no Estadão, o site da Som Livre, a finada Usina do Som, a última fase da Bizz, a Época São Paulo, a Trip, sem contar seus livros e documentários. Atualmente apostando suas fichas num podcast recém-lançado, aproveitei essa deixa para ouvi-lo contando sobre sua carreira e mostrando o caminho das pedras – se é que existe um – para quem quiser trilhar por esse rumo.
Nem bem nos atualizou com uma série de lançamentos ao vivo que está sendo lançada neste ano – além de finalmente agendar a data do segundo volume de sua caixa Archives -, Neil Young acaba de anunciar que seis de seus clássicos discos piratas serão lançados oficialmente pelo seu próprio selo, Shakey Pictures Records. A série Official Bootlegs começa a ser lançada no início de 2021 e ele abre os trabalhos com um registro de uma apresentação solo que fez no clube nova-iorquino The Bottom Line, no Village nova-iorquino, às duas da madrugada do dia 16 de maio de 1974. A apresentação, que será oficializada com o título The Bottom Line — Citizen Cane Jr. Blues, trouxe pela primeira vez ao vivo músicas que Neil Young lançaria dois meses depois, com a chegada de On the Beach às lojas. Além de músicas inéditas e versões para standards do folk como “Greensleeves” e “Roll Another Number”, traz versões tocantes para clássicos pessoais como “Helpless” e “Dance, Dance, Dance”. Como é um disco pirata, ele já pode ser ouvido online, embora sua versão oficial tenha uma qualidade fonográfica que faz jus às expectativas do autor.
Abaixo, a ordem das músicas desta apresentação – e Young ainda não revelou quais são os outros títulos desta sua nova série…
“Citizen Cane Jr. Blues”
“Long May You Run”
“Greensleeves”
“Ambulance Blues”
“Helpless”
“Revolution Blues”
“On The Beach”
“Roll Another Number”
“Motion Pictures”
“Pardon My Heart”
“Dance, Dance, Dance”
Acompanho o trabalho da Renata Simões bem antes de nos tornarmos amigos e sempre fui fã de sua curiosidade cara-de-pau, que descobre histórias nos intervalos das gravações, puxa personagens improváveis para assuntos pouco óbvios ou simplesmente aponta pessoas que estão fazendo diferença, sempre experimentando linguagem, tom e abordagem num meio tão engessado como a televisão. Do Vídeo-Show ao Urbano, passando por seu documentário e agora as reportagens no Metrópolis, ela mistura jornalismo, entretenimento e crônica de um jeito em que tanto ela, o espectador e o entrevistado se sintam bem à vontade. E como ela é comadre, o papo nunca termina…
Angel Olsen tocando quatro músicas dela na varanda de sua nova casa, em Asheville, na Carolina do Norte, nos EUA. Precisa de mais algo?
“Whole New Mess”
“Iota”
“What It Is (What It Is)”
“Waving, Smiling”
Johnny Nash, que morreu nesta terça-feira, viu o reggae nascer quando se mudou dos Estados Unidos para a Jamaica em 1965 e descobriu uma banda local promissora chamada The Wailers liderada por um cantor e compositor carismático chamado Bob Marley. Tentou fazer sucesso como um intérprete de rocksteady local, mas logo estava incorporando a nova sonoridade que surgia na ilha caribenha à medida que Marley misturava o mento e o ska locais com a soul music que chegava pelas ondas do rádio dos Estados Unidos. Nash logo começou a compor suas canções, tornou-se o primeiro não-jamaicano a gravar reggae em Kingston e, após uns pequenos hits na Inglaterra, ganhou o planeta com o hit avassalador “I Can See Clearly Now”, um dos grandes hinos fundadores do gênero e o primeiro single de reggae a vender mais de um milhão de discos, lançado no mesmo 1972 que Bob Marley derrubava tudo com seu álbum Catch a Fire.
https://youtu.be/NkwJ-g0iJ6w
De timbre doce e sinuoso, ele foi um nobre coadjuvante no início da história do gênero e um dos responsáveis por tornar Bob Marley mais conhecido – e a ter seu primeiro contato assinado com uma gravadora. Nash chegou a emplacar mais hits através dos anos 70, entre eles versões reggae para canções de Sam Cooke. Mas desde os anos 80 não conseguiu levar sua carreira adiante, embora seu papel histórico seja claro como a forma que ele conseguia ver em seu grande hit.
Mais uma vez eu e Pablo Miyazawa questionamos a forma como valorizamos a cultura a partir do momento em que a usamos para nos rotular – seja em tribos, em estilos de vida, em estilos artísticos, preferências e gostos pessoais. Estas tags se misturam à imagem que queremos que as pessoas tenham sobre a gente ao mesmo tempo em que moldamos nossa própria personalidade a partir desta criação, que é quase um escudo. E o Altos Massa dessa quinzena fala sobre como transformamos substantivos próprios em adjetivos para nossa conveniência emocional – e como podemos sair disso.
O fundador do Velvet Underground, John Cale, começou o ano preparando-se para lançar seu primeiro disco desde 2016 – até conversamos sobre isso quando ele passou pelo Brasil em março -, mas a pandemia teve de fazê-lo adiar o disco que indefinidamente. Mas isso não o estagnou e ele preparou algo específico para esse período de quarentena: ” então me ocorreu que eu tenho algo para o momento, uma música que eu terminei recentemente…”, explicou em um comunicado. “Com o mundo saindo de sua órbita, eu queria parar a guinada e desfrutar de um período em que podemos tomar nosso tempo e respirar nosso caminho de volta para um mundo mais calmo”, encerra, apresentando seu novo single, “Lazy Day”.
E o viral do ano começou a ganhar outras versões, incluindo do próprio autor da música que o inspirou, Mick Fleetwood…
https://youtu.be/cGBA088ypJ0
E ele está longe de ser o único…
Make Democracy Fun Again. #FleetwoodMac#VOTE #Iowa pic.twitter.com/HKkP4R8DJc
— Rob Sand (@RobSandIA) October 5, 2020
PROTECT YOUR HEAD! So theres a whole challenge going on with the viral #FleetwoodMac skateboarding video, but in each of them we keep seeing that theyre missing the most important safety item…#Dogfacechallenge #Dreams #bikesafety @fleetwoodmac @StevieNicks @MickFleetwood pic.twitter.com/Fy9jhi03WC
— Southlake DPS (@SouthlakeDPS) October 5, 2020
Porter is out chasing his #dreams today. #FleetwoodMac pic.twitter.com/gzZSyIyx7G
— Kalamazoo Growlers (@KzooGrowlers) October 5, 2020
Fall vibe 🎃🍁🍂 #420doggface208 #FleetwoodMac pic.twitter.com/KnhG1fAiYb
— ▼ Kiel James Patrick (@KJP) October 3, 2020
https://twitter.com/ThePest89/status/1312854390194212866
Outros tantos virão… Duvida? Agora que apareceu o primeiro famoso…
Mais uma perda triste deste ano funesto: agora foi a vez do guitarrista Eddie Van Halen, que vinha lutando contra um câncer na garganta há pelo menos cinco anos. O virtuose holandês, que fundou o principal grupo de hard rock dos anos 80 ao lado do seu irmão, o baterista Alex, também reinventou o conceito de guitar hero transformando a técnica em uma espécie de superpoder, desprendendo a guitarra do blues e jogando para um território sônico completamente novo, hiperbólico e lúdico ao mesmo tempo em que preciso e detalhista, influenciando praticamente todos os guitarristas de hard rock e heavy metal que começaram depois dele. Um gênio do pop, também sabia equilibrar a seriedade de sua técnica com o escracho de sua presença de palco, transformando-se numa figura onipresente na década em que dominaram o planeta, nos anos 80, e mudando os rumos do showbusiness. Não é pouca coisa…
Dois dos filmes mais bem-sucedidos do ano passado – Bacurau e Parasita – reforçaram uma tendência cinematográfica recente de questionar o sistema a partir da realização que ele é composto por pessoas. São filmes como Nós, Sobre Facas e Segredos, Coringa, entre vários outros, que parecem despertar uma consciência das classes oprimidas ao mesmo tempo em que revêem o papel dos ricos nessa história. No Cine Ensaio desta semana, eu e André Graciotti nos aprofundamos nessa tendência recente para também lembrar a forma dúbia que milionários foram retratados na história do cinema.