Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.
Vi nos Fatos Fidedignos, renascido.

Monsieur Kalatalô manda notícias de Paris: foi no show de lançamento do disco do Justice na Collete, deu umas bandas com o Busy P, tomou um café com o Nicolas Godin e sua senhôura, deu um rolê de Monza com os Teenagers e saiu com o casal Johnny Depp e Vanessa Paradis pra uma festinha na casa da Charlotte Gainsbourg. Nos intervalos, white-labels passados por baixo da mesa, CD-Rs com remixes feitos na noite anterior, login e senha de FTPs cheios de MP3s de discos que ainda nem saíram – alguns sequer vão sair. O segredo é a palavra-chave “Gente Bonita”, que tem aberto cada vez mais portas à medida em que a sensação se espalha pelo Brasil e pelo mundo.
Enquanto isso, a festa segue em São Paulo com a presença inescapável do Dorival Caymmi de Paracamby no lugar de um dos DJs candangos. Fred Leal divide os CDJs com Alexandre Matias e os dois invadem o aniversário de três celebridades noturnas – Michele, Flávia e Tiago dispensam apresentações – pra espalhar aquele groove e manha perfeitos pra quem quer se dar bem em grande estilo numa véspera de feriado. A pista chacoalhada é a do Berlin, que pela primeira vez recebe uma invasão Gente Bonita e como o aniversário é alheio, não tem desconto pra ninguém: é dez reais de entrada, mas o que são dez reais perto de uma manhã de bons sonhos após uma inesquecível acabação-feliz?
A gente se vê lá.
Gente Bonita @ Berlin
E por incrível que pareça ainda um novo preview da temporada Outono/Inverno 2007 de hits
Nos CDJs: Gente Bonita Clima de Paquera Redux (Luciano Kalatalo Fred Leal e Alexandre Matias)
Quarta-feira, dia 6 de junho de 2007
22h
Local: Berlin. Rua Cônego Vicente Miguel Marino, 85. Barra Funda.
Telefone: (11) 3392-4594
Preço: R$ 10 (e infelizmente dessa vez não tem desconto! :S)
Chacoalhaê!
– “Eggy Thump” – Arty Fufkin
– “Hustler” – Simian Mobile Disco
– “Young Thongs” – The Prairie Cartel
– “Robot Disco” – Capsule
– “Ladies Room (Woodhead and Hebegebe Edit)” – Klymaxx
– “DVNO” – Justice
– “Ice Cream” – New York Pony Club
– “Brain Leech (Bugged Mind Remix)” – Alex Gopher
– “The Gossip Around the World Again” – Gossip vs. Dangerous Dan and Nicky Van She
– “Sexy Daft” – JT vs. Daft Punk
– “Office Boy (Shir Khan Remix)” – Bonde do Rolê
– “Lanchinho da Madrugad” – Bonde dos Magrinhos
– “Gravity’s Beat” – Dunproofin’
– “Pretend We’re Alala” – CSS vs. L7
– “Dude You Feel Electrical” – Shout Out Out Out Out
Dá uma sacada nesse do 10000 Spoons.
Eles vem aí, eles estão chegando, eles chegaram. Quem deu a dica foi o Ramiro, que prepara um programa do Radiola especial sobre o disco novo de um de nossos grupos favoritos – mas enquanto o novo não vem, ele aponta pra um outro, também classe A.
Palavras do Altar Boy, forwardeado pela Flávia, que aproveita pra definir esse novo electro-house-techno-rock como “maximalismo”, que é uma vibe completamente Gente Bonita, você sabe. Se não acha, se liga nesse set dos 2Many DJs ao lado dos DJs da Ed Banger… e chora.
Dodô esteve na Gente Bonita, viu com seus próprios olhos e conta como foi…
A gente faz festa pra gente dançar, né? Para gente se divertir, né?E a gente dança e se diverte quando a música é dançante e divertida, né? Timbaland é dançante e divertido, né? Jorge Ben é dançante e divertido, né? Polytechnic é dançante e divertido, né? Bullet Proof é dançante e divertido, né? Led Zeppelin é dançante e divertido, né? Né? Né? Né?
É Óbvio, né?
Então porque as pessoas têm que, para dançar e se divertir ao som de Timbaland, Jorge Ben, Polytechnic , Bullet Proof e Led Zeppelin em lugares como São Paulo, Londres, Paris, Tokyo e Nova Iorque tem que ir ao clube de hip-hop pra ouvir o Timbaland, ao clube de música brazuca pra ouvir Jorge Ben, ao clubinho indie pra ouvir ao Polytechnic, a uma balada Psy-Trance pra sacudir ao som do Bullet Proof ou para um clube de mecânicos de Harley-Davisons para curtir o Led Zeppelin?
E se dá vontade de um Stevie Wonder? Uma pilha de Nação Zumbi? Uma saudade de The Cure? O que a gente faz? Passa 15 minutos em cada clube numa noite? Gasta essa grana toda?
Porque quanto mais cosmopolita a cidade, mais provincianos são seus hábitos de diversão? Porque isso de não poder Psy-trance com indie, Jorge Ben com Led Zeppelin? Se é óbvio que isso tudo é dançante, divertido e você sai a noite pra… dançar e se divertir?
Porque o cosmopolitismo é uma guerra. De um lado, estímulos midiáticos pra se comportar assim. Do outro, semioticidades dizendo que o bacana é se comportar assado. Perdido, feito cego no tiroteio, está o nosso pobre Private Óbvio.
Sábado desses fui do RJ que, por causa do mar, é provinciano e por isso com hábitos de diversão cosmopolitas, onde o mais fácil é você encontrar festas que tocam de PJ Harvey a Nina Simone, até São Paulo, zona de guerra, ver como o Matias, Alexandre Matias, que dispensaria ser linkado aqui se apenas paulistanos estivessem lendo este post, estava se saindo com essa missão: O Resgate do Soldado Óbvio.
A São Paulo para o 1o evento de Lançamento de livro – o DJ Pessoal – e tocar em…
Sua festa, Gente Bonita em Clima de Paquera, atraíu, de ínicio, patricinhas de verdade. Elas estavam atrás de Gente Bonita e do Clima de Paquera. Algumas, assustadas com o despojamento do clube e dos frequentadores da festa como ela de fato é, nunca mais voltaram. Outras, seduzidas pelo canto da sereia, tornaram-se habitués.
O Canto da Sereia, o grito de “James Ryan! James Ryan!” do Matias são os mashups. Cristina Aguilera cantando sobre base de Sonic Youth. Britney Spears sobre a base dos Beastie Boys. Remix do Maximo Park. Tudo misturado.
Tudo misturado.
Toquei a primeira hora: Jackson 5, Pixies, Justin Timberlake e Artic Monkeys. E pela primeira vez vi em São Paulo, na pista, pessoas peladas. Nada de roupa de indie, nada de roupa de mano, nada de roupa de patricinha. Todo mundo nu. Procurando diversão e dança. O óbvio estava lá, seguro. E a fila dobrava o quarteirão.
Duas da manhã pedi um drink que era um mashup de Screwdriver com Frozen Margarita. Nessa hora, na pista, estava todo mundo, misturado, dançando um drink, uma batida de Nelly Furtado com Michael Jackson e, se não me engano, uma dose de Amarulla.
No banheiro unissex, um mashup de homens e mulheres.
Um grupo de pernambucanos massa comemorava o aniversário de uma amiga querida. Diversão: o óbvio. O técnico de som paulistano se oferecia pra ajudar com a desinstalação do meu computador. Profissionalismo: o óbvio. Matias, natural de Brasilia, perguntava se eu estou bem, à vontade, coisa e tal. Educação: o óbvio. Eu respondia em carioquês. Mashup de sotaques. Em São Paulo, o óbvio do óbvio.
O Mashup é uma arma para a guerra paulistana. E hoje, finalmente influenciadas pela linha editorial do Gente Bonita, são vários os DJs e clubes pela cidade que se juntaram à causa. Morte aos cães infiés que esqueceram o soldado Óbvio no meio do fogo cercado do faça isso e nunca fique pelado, mantenha a distância daquilo e vista um cachecol. Ao tentar acabar com uma atitude de comportamento paulistano, Matias e compania criaram algo ainda mais paulistano. Talvez a coisa mais paulistana que eu tenha visto desde os anos 00.
Este texto é um mashup. Vocês, claro, notaram. Óbvio. Por causa do mar. À vontade, coisa e tal. Imaginem quando os DJs começarem a fazer mashup de Caetano com M – Kraft, de Clementina com Bjork? No banheiro unissex, sotaques, clima de paquera, uma pilha de Nação Zumbi, uma saudade de The Cure, e hoje, finalmente, dançando Marguerita. Nu, carioquês e de cachecol. “Nina!”, “Nina!”, seduzida pelo canto
Se você pede um drink novo e nota que ela
Fogo
Música
Noite
pra… dançar e se divertir? Ao tentar acabar
Notaram.