Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.

American way-of-life 2

Essa saiu da Folha de sábado.

Crítica cinema: ‘A Casa Monstro’ remete aos anos 80

Dá pra gastar linhas e linhas para falar de “Casa Monstro” e repetir-se na obviedade. Falar do processo de animação que mistura atuação com computação gráfica, encaixar o filme na linha do tempo desta nova era de ouro da animação, dos atores hollywoodianos que participaram do filme ou do filme ser produzido por Robert Zemmeckis (“Forrest Gump”) e Steven Spielberg. Mas, mais do que isso (tá no release e todo mundo vai falar disso…), o filme que estreou esta semana é um filme de época.

Uma época quase clássica, consolidada no imaginário de uma geração inteira, tão emblemática quanto a Swinging London da década de 60, o American Way of Life dos anos 50, os Roaring 20s americanos ou o Rio de Janeiro da fase clássica da bossa nova. Esta época acontece nos Estados Unidos durante os anos 80, quando o público adolescente invade o mercado de entretenimento como seu principal alvo e consumidor.

“Casa Monstro” é uma história de terror irracional e tradicionar, sem as tentativas de explicar o medo ou as táticas de choque de terror moderno. Aponta para Freddy Krueger e “A Hora do Espanto”, embora mire numa idade mais baixa. Nada de banhos de sangue ou sustos pesados – o ar do filme é leve como “Garotos Perdidos” ou “Goonies”.

E é nestes anos 80 que o filme é localizado. Aquele da porta com três janelas, aqueles coletes com uma letra grande no peito, bonés e crianças andando de BMX. “Super Vicky”, “ET”, “Alf”, “Picardias Estudantis”, “De Volta para o Futuro”, “Porky’s”, todos John Hughes clássicos (“Curtindo a Vida Adoidado”, “Clube dos Cinco”), “Caras e Caretas” – é este o universo de “Casa Monstro”, com “Pong” no videogame, a babysitter que vira gótica (ou seria melhor “dark”?) depois que os pais do garoto saem ou o retrato clássico da festa americana do Dia das Bruxas. Até no fato de Kathleen Turner – um ícone oitentista – dublar o monstro do título há esta referência.

Divertido e fluído, o filme conta a história de um velho que espanta a criançada que se aproxima de uma casa amaldiçoada. De um pressuposto simples, “Casa Monstro” embarca numa montanha russa de emoções light – a entrada na puberdade, o primeiro amor, o amor impossível – e acerta em cheio no clichê de “filme para a família”.

Bom como eu tenho sido contigo

bob-dylan-

Essa saiu na Folha de ontem, mesqueci de linkar.

Bob Dylan recria seus “tempos modernos”

Compositor lança seu 32º disco de estúdio e encerra trilogia iniciada em 97

Sonoridade de novo CD do compositor norte-americano oscila entre o country e o rhythm’n’blues e revisita legado do século 20

Nem sempre houve cidades, carros, asfalto, publicidade, poluição, fábricas, multidões engarrafadas em rotinas vazias de sentido, crises permanentes, neuroses coletivas. É difícil lembrar que a paisagem que nos acostumamos era bem diferente nos últimos cem anos. A mudança que o século vinte proporcionou ao planeta criou um presente contínuo que faz com que nós esqueçamos de onde – a raça humana – viemos.

“Tempos Modernos”, resume Bob Dylan, 65, ao batizar seu 32º disco de estúdio com o mesmo título do clássico filme de Charles Chaplin, lançado em 1936, cinco anos antes do próprio Dylan nascer. O disco é o item de número 50 em sua discografia, entre discos ao vivo, coletâneas e reedições e é o terceiro capítulo de uma trilogia de obras-primas inaugurada com “Time Out of Mind” de 1997 e seguida de “Love & Theft”, cujo lançamento coincidiu exatamente com o dia em que aqueles aviões derrubaram o World Trade Center em Nova York. De propósito (e o que é sem querer em sua biografia?), Dylan se equivale a Chaplin na tentativa de resumir seu século de criação a partir de seu principal legado: a modernidade.

É ela quem arruma o mundo a partir das deformações demográficas criadas pela era industrial. É ela quem organiza o mundo a partir de uma estética prática, casual e confortável, e cria toda uma harmonia a partir do caos inicial. Como se pudesse voltar no tempo, Dylan recria a música contemporânea do meio do século como se fosse possível prever que, graças aos Beatles – que, uma década depois, absorveram a fragmentada música americana dos anos 40 e 50 como uma única manifestação cultural e a explodiu para o resto do planeta – , aquela seria a trilha sonora do século.

Não é exatamente rock’n’roll, pois na contemporaneidade de “Modern Times” (Columbia), o rock ainda não existe. Há apenas uma variedade de ritmos musicais, uns vindo da música country, outros do rhythm’n’blues, que fingem não se freqüentarem ou se parecerem, mas que, como veríamos mais tarde com os Beatles, e como Dylan nos apresenta em seu novo disco, é tudo farinha do mesmo saco.

Toda discografia de Dylan é uma grande tentativa de driblar o tempo, e de simultaneamente usar as próprias referências como molde para qualquer detalhe de seu futuro. Assim, começou calcado em Woody Guthrie, abraçou o rock, começou a cavocar suas origens musicais nas Basement Tapes, voltou-se para o country e daí para o gospel, o pop, o folk, o rhythm’n’blues e o rock de novo. Cercou a base de sua própria música e criou o cânone americano a partir de sua própria música – o próprio bardo americano.

Só que durante os anos 90, essa sua tentativa de contar o presente a partir de seu passado pessoal, esbarrou em alguns discos belos mas mal-resolvidos, como dois de versões de clássicos do início do século (“Good As I Been To You” e “World Gone Wrong”) e seu “MTV Unplugged”. Irregulares, eles pareciam indicar a velhice precoce de um geninho que parecia que nunca iria envelhecer.

Até que ele parou de regravar e voltou a compor, em 1997, ao iniciar este arco de três discos que é aparentemente encerra-se com “Modern Times”. De lá pra cá, retomou firme sua veia autobiógrafa e dispôs-se a contar tudo de novo: a caixa de CDs que trazia o melhor de sua pirataria (“Bootleg Series – Volumes 1-3”, de 1991) foi transformado em um projeto de resgate contínuo destas gravações não-oficiais (a série está no sétimo volume, hoje); Scorsese filmou sua primeira era de ouro (no longo e minucioso documentário “No Direction Home”) e escrevou o primeiro livro de sua autobiografia (“Crônicas – Volume 1”).

E agora, com “Modern Times”, volta a redesenhar seu século a partir de sua qualidade essencial. Para Dylan, modernidade não são publicitários baixando músicas do MySpace para remixar em comerciais de energéticos. “Moderno” foi o rádio, o arranha-céu, o chiclete, o cinema, o disco, o carro, o rock’n’roll, os Estados Unidos ou o táxi que rasga a capa. Hoje, o mundo supera cada um destes aspectos, reinventando o século vinte e um como negação do anterior. Para este, pede Dylan, arrume outro adjetivo, porque o “moderno” é seu.

Faixa a faixa

“Thunder on the Mountain”
Lento rock’n’roll clássico, que ecoa Chuck Berry, Carl Perkins e Jerry Lee Lewis. Dylan assume o piano e enfileira palavras como um pastor em plena missa. O eco da eletricidade seca preenche os vazios do instrumental minimalista, criando um som ao mesmo tempo oco e fantasmagórico, como os discos de Elvis Presley pela Sun Records. Essa sonoridade se repete por todo o álbum, por cortesia do produtor “Jack Frost”, um dos inúmeros pseudônimos do velho Bob.

“Spirit on the Water”
Jazzinho bluesy, a canção é uma baladinha de amor ponteada por uma guitarra econômica e precisa e percussão mínima. Dylan sussurra e anasala a voz ao mesmo tempo, quase querendo soar como um velho rádio.

“Rollin’ and Thumblin’”
Blues terminal, à moda de “If I Had Possession Over the Judgement Day” de Robert Johnson e de seus seguidores de Chicago, a faixa desce a ladeira quase bêbada, com cuidado para não desenvolver velocidade demais – e cair.

“When the Deal Goes Down”
Uma balada country, com slide guitar, arrastada e singela, que nem parece falar do tema que, junto com sexo, percorre o disco: a morte.

“Someday Baby”
Outro rock’n’roll revisitado, suas raízes country e rhythm’n’blues expostas sem vergonha, poderia ser lançada nos anos 40, 70 ou 90 que faria igualmente sentido.

“Working Man’s Blues #2”
A voz áspera faz a sombra pós-11 de setembro pesar na faixa mais política – não sem um toque de doçura – e mais folk do disco – não sem um toque de blues. É onde faz seus comentários mais específicos em todo “Modern Times” – critica o status quo americano, o sistema de classes, o capitalismo e outras invenções modernas. Dylan clássico.

“Beyond the Horizon”
“Além do horizonte, seja primavera ou verão”, canta quase saudoso, “o amor espera para sempre, para um e para todos”. Outra cândida balada folk, que canta o amor de forma quase juvenil.

“Nettie Moore”
Bumbo onipresente e solitário, ele atravessa a faixa marcando o tempo como se esperasse o Juízo Final. Sobre esta marcação, Bob murmura a canção mais árida do disco, único resquício de século dezenove no álbum.

“The Levee’s Gonna Break”
Rock’n’roll grave e mórbido, é um blues que ganha contornos urbanos e menos drásticos com a presença elétrica de duas guitarras insistentes. “Se continuar chovendo, o dique vai quebrar”, avisa, didático e apocalíptico, metafórico e literal.

“Ain’t Talkin’”
O clima que guitarras, piano e rabeca sintonizam no início da canção é tão parente da introdução de “Ballad of a Thin Man” quanto de Nick Cave e Tom Waits. quanto de Nick Cave e Tom Waits. Ritmo marcado por um pandeiro, a faixa cresce devagar, interminável, com o pesar de uma última faixa que parece um testamento.

Vida Fodona #049: Tempos Modernos

Uma única música brasileira e o Cure tocando Doors, a primeira do novo do Dylan e o Phil Collins andando de submarino amarelo, a nova do Rapture e o Outkast em versão countrypunk, a história do disco Rock & Roll de John Lennon e o Four Tet remixando o David Holmes, um ícone emblemático do punk-funk e o megahit subliminar “Over and Over”. Toca o play aê, agora que a festa tá animando…

– “Thunder on the Mountain” – Bob Dylan
– “Hello I Love You” – Cure
– “Moody” – ESG
– “Funga Funga” – Trio Soneca
– “Hey Ya” – Supersuckers
– “Memphis” – John Lennon & Chuck Berry
– “You Can’t Catch Me” – John Lennon
– “Taxman” – Junior Walker
– “That’s All Yellow” – CCC
– “Rain” – Beatles
– “Get Myself Into It” (Serge Santiago UK Edit) – Rapture
– “Standing in the Way of Control” – The Gossip
– “Over and Over” – Hot Chip
– “69 Police (Four Tet Remix)” – David Holmes


Chega junto.

Tempos Modernos

Depois de lançar livro, documentário e programa de rádio, o velho Bob agora é garoto-propaganda do iPod.

Rebatido

Esse saiu nessa Ilustrada de domingo:

Filmes revivem geração beat entre o culto e a redundância

Houve um tempo em que qualquer informação adicional sobre qualquer ícone da cultura alternativa (de onde fosse: da contracultura clássica, do indie rock ou dos quadrinhos para adultos) era tratada como ouro puro, principalmente aqui no Brasil, quando quase sempre consumimos estes nomes em segunda mão. Antes da vinda da internet, imagens em movimento ou trechos de entrevistas de quem fosse já era suficiente para reunir fãs em audiências ritualescas.

Passado recente, este tempo já era. Hoje, arquivos digitalizados e conexões de banda larga garantem o rápido acesso a imagens corriqueiras de nomes consagrados – aparições na TV se espalham pelo YouTube, biografias entopem as bancas de revista, sites despecam aos milhões ao simples clique no Google. Por isso, o lançamento de dois DVDs perdem o seu impacto justamente por seu maior mérito ser a presença eletrônica da santíssima trindade da geração beat: Jack Kerouac, Allen Ginsberg e William S. Burroughs.

O pacote conta com a primeira aparição em DVD do filme “Chappaqua”, de Conrad Rooks (vencedor do Leão de Prata no Festival de Veneza de 1966), e com a dupla de documentários “Kerouac: O Rei dos Beats”, de John Antonelli, e “Burroughs: Poeta do Submundo”, de Klaus Maeck.

“Chappaqua” é um dos inúmeros exemplos do cinema experimental dos anos 60 que ficaram redundantes e presos ao passado com o advento do vídeo digital – literalmente, qualquer criança de hoje realiza filmes como os daquele período (ao menos, em termos técnicos). Por trás da obra, temos o empolgado Conrad Rooks que, filho de um alto executivo da Avon nos EUA, resolve usar o cinema como terapia e contar sua história para o mundo.

Sai-se exatamente na média, colidindo todos os clichês do cinema alternativo da época com delírios enfadonhos e “mutcholocos”. O perfil autobiográfico fala de seu próprio processo de desintoxicação de drogas numa clínica européia e mostra que Rooks estava em dia com a modernidade da época – daí a presença não apenas de Ginsberg (chato, como sempre) e Burroughs (genial, como sempre), como de Ornette Coleman, de Ravi Shankare do grupo Fugs.

Como cinema, “Chappaqua” é quase uma bad trip, fundindo experimentalismo barato com idéias pueris quase à maneira dos Beatles em seu “Magical Mystery Tour”. Mas, como o filme psicodélico dos Fab Four, o de Rooks funciona quase como um documentário de uma época em que não era preciso fazer muito sentido para ser aceito. Bons tempos, de fato.

Já os documentários martelam no prego e no dedo, cada um deles. O de Kerouac é correto e bem realizado, e começa e termina com sua clássica entrevista ao apresentador Steve Allen, quando foi apresentado ao público médio americano. Cuidadoso, John Antonelli entrevista pessoas diretamente envolvidas com o autor e traça um retrato didático do papel de Kerouac na literatura americana e no pop mundial.

Mas o de William Burroughs, por mais triste que possa parecer, é pífio. Gira em torno de uma leitura feita pelo autor em 1991 (acompanhada por urros constrangedores da platéia) e uma entrevista transbordando obviedade por parte do entrevistador, com clipes de “cut-ups” inspirados na técnica inventada por Burroughs.

Opta por ser não-linear e se perde no meio do caminho, com o entrevistador Jürgen Ploog mais interessado em ver o autor repetir suas máximas (“a linguagem é um vírus”, seus conselhos a jovens autores, sua fascinação com armas, seu exílio em Tânger) do que travar alguma tentativa de diálogo com o autor. Uma pena: mesmo com momentos de brilho proporcionado pelas leituras entusiasmadas feitas pelo velho Bill, o documentário não chega nem a cutucar a curiosidade dos leigos ou a fazer os iniciados suspirarem – no máximo, de tédio.

Engraçado é que, entre os extras do filme sobre Kerouac, há um trailer de um documentário sobre Burroughs que não é o filme dirigido por Klaus Maeck. Com abordagem similar ao de Antonelli, parece mais palatável e respeitoso. Afinal, um documentário não precisa ser genial – basta ser correto para já estar no lucro.

CHAPPAQUA: ALMAS ENTORPECIDAS
Distribuição: Magnus Opus (R$ 39)

KEROUAC: O REI DOS BEATS e BURROUGHS: POETA DO SUBMUNDO
Distribuição: Magnus Opus (R$ 78,50)

Parque Sul

Senso de estética deixa qualquer coisa apresentável. Veja só esse link e tente conter a vontade de forwardeá-lo pra sua namorada ou pra mina que tu tá xavecando em vão. How cute…

Vida Fodona #048: O próprio rock’n’roll é um mashup

Hoje é só mashup, nem vou falar muito que é pra não dar tempo pra você ficar babando…

– “Slow Angel” – Kylie Minogue vs. Massive Attack
– “Rapture Riders” – Doors vs. Blondie
– “No One Takes Your Freedom” – DJ Earworm
– “Cold Sweat” – Paiting by Numbers
– “Ain’t No Other Pusherman” – Arty Fufkin
– “Frontin’ On Debra” – DJ Reset
– “I Love Bob” – C.H.A.O.S. Productions
– “Hung Up Night” – A+D
– “Damaged Miracle” – Doppleganger
– “Woman in a Land of Confusion” – RObbie Revenge
– “For Those About to Clown” – DJ Riko
– “Can’t Explain, OK?” – Whitney vs. Who
– “Girl Wants to Say Goodbye to Rock and Roll” – Christina vs. Velvet
– “Me Against the Monkey” – Team9
– “Summer Stroke” – Girl Talk
– “Tira a Camizero” – DJ Gorky
– “Led Snoppelin” – Party Ben
– “Close to No One” – ccc
– “God Only Knows Through Chemistry” – Bastard Pet Sounds

Chega junto.

Boa notícia

A coluna Toda Mídia (uma das melhores coisas da Folha, de longe – junto com o Inácio, o Angeli e o Laerte [aliás, essa trip que o Laerte entrou depois que o filho dele morreu talvez seja a maior transformação da história do quadrinho brasileiro e talvez uma das maiores mutações do pop nacional {depois eu escrevo mais sobre isso}, do mesmo naipe da clássica viagem de LSD em que Crumb criou todos seus personagens…]), do Nelson Sá, virou um blog. Aliás, demorou.

Cinco Perguntas Simples: Eduardo Ramos

1) O disco (como suporte físico) acabou?
Não acabou e não vai acabar. Frescura quem fala que vai acabar. Sempre vai ter gente comprando disco, não importa o formato. O mercado vai ficar menor para o suporte físico, mas nunca vai acabar.

2) Como a música será consumida no futuro? Quem paga a conta?
Alguém com certeza, porque mesmo com todas as evoluções das técnicas de gravação caseira – hoje dá para fazer um disco muito bom em casa –, ainda existem custos. Afinal o computador que o cara gravou o disco em casa, ele comprou, certo? Para conseguir um som excelente, você geralmente precisa equipamento físico, não apenas plugins e isso custa muito caro… Ou seja, esta pessoa tem que vender sua musica de alguma maneira.
O ponto é que hoje em dia o que realmente dá dinheiro e realmente tem uma otima performance em termos de ganhos são os shows. Então imagino todo mundo voltando aos anos 40/50, quando um disco era uma grande desculpa para colocar a banda na estrada. Artista que não tem um show fácil de levar para a estrada ou não está na estrada é um artista limitado. Já que o circuito de música ao vivo esta muito forte, as empresas estao de olho nisso. Para quem paga um milhão de reais por um festival, em algum momento eles vao pagar – já pagam fora do Brasil – 1 milhão para ter um certo numero de downloads, ou, vamos dizer, gastar 500 mil em um festival e 500 em downloads.

3) Qual a principal vantagem desta época em que estamos vivendo?
Fluxo de informação. Qualquer um acessa qualquer informação. Antes era muito complicado. Tinha que ter grana para ler revistas ou livros de fora do Brasil. Hoje tudo está linear.

4) Que artista voce só conheceu devido às facilidades da época em que estamos vivendo?
Putz…. qualquer artista pós-97 eu conheci por causa da internet. Quem escuta rádio? Ainda leio revistas, mas internet é o lance.

5) O estado da indústria da música atual já realizou algum sonho seu que seria impossível em outra época?
Com certeza. Por exemplo poder falar com artistas diretamente. Ou conseguir gravar um disco e distribuir o mesmo sem sair de casa.

Eduardo Ramos é dono da gravadora Slag.

Deixe-se Acreditar

Re:transforme

Domingo é a vez da música de graça (vocês já tão pegando o ritmo?) e hoje eu vou convidar o meu amigo Bruno Pedrosa, DJ e jornalista pernambucano que eu conheci em plena balada olindense, num pique de lenta retransformação inconsciente à base do remix, uma semana antes do carnaval desse ano. Depois fui saber de seu próprio disco, Transformer, em que ele convidava produtores de eletrônica locais pra remixar outros artistas também locais. Um pequeno manifesto da atual música pernambucana, sem o aspecto enfadonho de uma coletânea ou o cabecismo pop de algum pseudo-intelectual (nada contra os pseudo-intelectuais – eu mesmo sou um deles).

Bruno botou algumas faixas do disco no MySpace dele e a minha dica de hoje é o brilhante “Meu Esquema” retrabalhado pelo próprio Pedrosa. Coisa fina, daquelas pra você deixar no ponto no CD player pra hora H com aquela gatinha. Mas não acredite em mim – vai lá e escuta.