Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.

Nona parada – Porto Alegre

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Ponto final, Porto Alegre. E o papo acontece no pequeno Elo Perdido, daqui a meia hora, comigo, com o Ferla, o Edu Santos da Ipanema FM e o DJ Primo. E ainda tem uma jam com uma galera local – Piá, Lika, Nitro D, etc.

Onde: Elo Perdido Rua João Alfredo, 533 – Cidade Baixa. Horário: 20h00

Bora lá? Pra encerrar, vai…

“It’s close to midnight…”

Sample machine

E falando em Daft Punk, clica aqui nesse link (que o Hector forwardeou), pra ver o Stevie Wonder debulhando geral.

Treze 03

Coluninha nova no Rraurl…

1) “You Are the Music (Playgroup Remix)” – M Craft
O australiano Martin Craft (não confundir com o MSTRKRFT!) já havia composto uma pequena obra-prima oitentista, mas essa mão de verniz electro besuntada por Trevor Jackson (cadê o segundo disco do Playgroup?) deixa a deliciosa “You Are the Music” com ares de neo-Depeche Mode, algo impensável, mas executado à perfeição.

2) “Girls (Geht’s Noch? Edit)” – Prodigy
A primeira música do disco quase-solo de Liam Howlett é devidamente passada pelo picotador de papéis – o resultado são microloops que se rebatem entre si como se um fliperama 2D fosse uma pista de dança.

3) “Message Coco Mix” – Maquinado
Lucio Maia tirou as músicas que devem compor o disco de sua banda-solo (que a Trama lança ainda neste semestre) do MySpace e em seu lugar colocou um mashup de “Coco Dub”, da Nação Zumbi ainda fase Chico Science, com “The Message”, do Grandmaster Flash and the Furious Five. O resultado balança, chapa e bate forte – tudo ao mesmo tempo.

4) “Terminal Velocity (Blamma! Blamma! Remix) – Maximo Park
Mais um caso de um remix que dá sobrevida à canção – nesse caso uma vida, porque “Our Velocity” original do Maximo Park é daquelas musiquinhas de se colocar em seriado adolescente querendo um mínimo de glamour rock. Com a dupla inglesa, a música é devidamente microeditada e reconstruída, e os vocais de Paul Smith emitem poucas palavras inteligíveis e utilizados com um instrumento musical que suspira, engole e arfa. E de um rockinho sem graça, a música torna-se um electro épico, com pitch indo pro psy 😛

5) “Uptown” – Pleasure
O norueguês Fred Ball colocou seu Pleasure de volta à ativa como se fosse um filhote nova-iorquino do segundo disco do Daft Punk. É electro safra original, DNA de Arthur Baker em algum lugar da certidão de nascimento, glamour neon como se não existisse dia – e a noite, sempre uma festa, fosse regra.

6) “Ice Cream (Thee Bang Gang Deejays remix)” – New Young Pony Club
Aqui a palavra-chave é “reconstrução”. Se a música originalmente tem um ritmo grudento e uma guitarra que espeta o tímpano, depois da releitura, teve um trecho de seu refrão destroçado e transformado em loop e seu beat vertido pro electro clássico e a mesma guitarra que antes só marcava o tempo torna-se um ruído persistente ao fundo.

7) “Rock’n’Lol” – Acid Jacks
Eles citam George Michael e Sting como influências, mas o riscado aqui é uma versão mais robótica do bom e velho big beat. É quase uma profecia do Devo acontecendo em frente aos nossos ouvidos – uma banda de rock qualquer estagnada num refrão que limita-se a repetir “freedom of choice”, que empilha riffs e uma batida quadrada, até que torna-se eletrônico.

8) “Champagne Girl” – The Zuckakis Mondeyano Project
As referências citadas misturam artes plásticas com pós-modernidade, mas musicalmente estamos no território da Sugar Hill Records. Picaretagem? Qual é o problema? Siga o flow desses gringos enclausurados na Islândia e cante com a gente: “Chapagne, marmalade, caviar, crême brulée”!

9) “Chop Suey” – Busy P
Bum-chacalaca-bum! Chacalaca-bum! Bum-chacalaca-bum! Busy P é o alter-ego de Pedro Winter, também conhecido como o empresário do Daft Punk e dono da gravadora Ed Banger Records, a casa do Justice (os franceses que transformaram “Never Be Alone” do Simian em “We Are Your Friends”). O beat sinistro que é cantado logo no início da música leva o chamado French touch pro meio do baile funk – e quem não dança, segura a criança!

10) “Died in Your Arms (Drop the Lime Remix)” – Cutting Crew
Sim, a música é aquela farofona que tocava nas propagandas dos cigarros Hollywood, mas devidamente reeditada pelo senhor Luca Venezia, o produtor nova-iorquino de breakcore que também atende pela alcunha de Drop the Lime. Beats rebatidos entre os ouvidos como bordoadas eletrônicas, só resta identificar aquela guitarrinha característica e o refrão dramático (e brega): “I just died in your arms tonight…”

11) “Pogo (Radio Edit)” – Digitalism
Mais um tijolo na construção do império Kitsuné, “Pogo” é a primeira música do novo disco do Digitalism e, ao mesmo tempo, o primeiro passo da banda alemã para fora do circuito da eletrônica. A faixa, como o nome indica, vai pro lado do rock – mas nada muito agressivo. Longe disso, seu riff constante parece perfeito para atrair fãs de Bloc Party, TV on the Radio ou Modest Mouse perdidos na pista de dança.

12) “Club Action (Chris Bagraider’s Sailing to Baltimore Edit)” – Yo Majesty
Mais um grupo que aponta pra era de ouro do hip hop, as meninas do Yo Majesty fazem reverência tanto à velha escola (tem muito Sequence no jeito de cantar delas) quanto ao meio dos anos 80 (também tem cheiro de Salt’n’Pepa na mistura), mas a reedição feita por Chris Bagraider joga a elemental Enya na mistura (em seu hit mais clichê) e o resultado é surpreendente!

13) “A Day in the Life” – Captain
Cover da última música do clássico Sgt. Pepper’s, dos Beatles, que comemora quarenta anos no próximo mês de junho, “A Day in the Life” foi revisitada pelo grupo londrino Captain em um tributo organizado pela revista Mojo. Mais que uma reverência a um dos ápices de ousadia sonora dos Beatles ou uma reinvenção mutcholoca, a banda optou por um tratamento soft rock, posicionando a faixa no cânone que dá origem aos Flaming Lips e ao Mercury Rev.

It’s gold, Jerry! GOLD”

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Duca!

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Retrô é pouco. Os compadres Rodrigo Lariú e Gabriel Thomaz se reuniram para resgatar do limbo (sim, ele existe!) as saudosas fitas cassetes e no próximo dia primeiro de maio lançam uma fita (isso mesmo – LANÇAM UMA FITA) chamada Fim de Século. A idéia partiu do Gabriel, que compilou a fita a partir de várias demos de bandas brasileiras daquele tempo distante antes do MP3 e do CD-R. Então a fitinha é cheia de pérolas daquela época como Acabou La Tequila, Doiseumimdoisema, Gangrena Gasosa, Squonks, Eddie, Disk Putas, Graforréia Xilarmônica, Oz (o Pixies de Brasila, com Marcelo Bighead [hoje conhecido como Nego Moçambique] no baixo e vocal), Pato Fu quando era bom e outros que eu não lembro o nome agora. A tiragem da fita é limitada, mas as músicas vão estar para download no site da gravadora do Rodrigo, o Midsummer Madness.

McCartney III

Nova do Paul, saída do disco que ele vai lançar pela Starbucks no meio do ano, Memory Almost Full. Grande título, pra variar.

Oitava parada – São Paulo

Tá quase no fim: a penúltima rola hoje aqui na Babilônia, e tem show do Maquinado, a banda do Lucio Maia (da Nação) e discotecagens do Camilo Rocha e do Rodrigo Nuts. Na mesa, eu converso com Lucio, Camilo e Rodrigo. Na faixa, malandragem.

Onde: Clash – Rua Barra Funda, 969 – Barra Funda. Horário: 20h00

Simba!

This is ska!

E preciso lembrar que os Skatalites estão a caminho? Não vá dar o mole que muito neguinho deu com o Lee Perry…

Back to the Future

Opa, agora desde a semana passada bato cartão aqui na Marginal Tietê, na edição do Link, o caderno de informática do Estadão. Por motivos óbvios, a seção “Frilas: Folha de S. Paulo” entra em fase de suspensão criogênica e se ganhar atualizações é por matérias das antigas que por algum motivo quis ressuscitar. E Link é um pacote – além do caderno no Estado (que sai sempre às segundas, ele ainda tem uma versão às quintas no Jornal da Tarde e uma versão em rádio no domingo, na Eldorado, às 21h, mas que depois é picotado em notinhas curtas espalhadas pela programação e que também pode ser ouvido no site do caderno). Na estréia, testei o Joost, um assunto sobre o qual venho falando desde o começo do ano.

Joost quer fundir TV e internet. Tem bala?

Programa de vídeos online abre sua fase de testes para meros mortais

“TV em qualquer lugar, a qualquer hora.” Este é o slogan do Joost, que começa oficialmente a caminhar a trilha que transforma o hype em um sucesso neste mês de abril. O software, desenvolvido pelos suecos Niklas Zennström e Janus Friis (a mesma dupla que criou o Kazaa e o Skype), aos poucos deixa de ser uma aposta quente entre os novos nomes para 2007 para ter seu batismo de fogo.

O programa ainda se encontra em fase de testes e não anunciou sua data oficial de lançamento, mas, desde a semana passada, quem já havia se cadastrado no site www.joost.com para participar dessa fase beta recebeu um email que dá acesso ao download do programa. Se você tem interesse em participar também, faça seu pedido agora.

Antes restrito a anunciantes, jornalistas e programadores escolhidos a dedo, o Joost agora passa a aceitar “meros mortais” em sua rede de relacionamentos. E quem já está lá dentro pode convidar conhecidos para entrar na brincadeira. O número de convites é proporcional ao tempo de uso do programa.

Ou seja, o Joost começa a investir na expansão da comunidade, o que será fundamental para o negócio dar certo. Porque, apesar de se vender como a televisão do futuro, o programa é parente direto de redes sociais online como Orkut e MySpace. E filho da lógica das redes P2P (“peer-to-peer”), que deu origem ao Napster e instaurou a atual crise no modelo econômico inventado pela indústria de entretenimento no século 20.

Desde fevereiro deste ano, o Joost (cuja pronúncia original é “iúst”) tem gerado muita expectativa como o próximo capítulo na fusão entre a TV e a internet. 2006 foi o ano do YouTube; 2007 promete ser o ano do Joost. Será?

Para responder (ou pelo menos tentar responder) a essa pergunta, é importante entender as diferenças entre os dois.

A primeira delas é que, ao contrário do YouTube, o Joost não permite que os usuários uploadem seus próprios conteúdos. Isso pode afastar pessoas que curtem justamente colocar seus vídeos para mostrá-los ao mundo. Mas protege o Joost de uma avalanche de produções caseiras e conteúdo de baixa qualidade e evita exposição a infrações de direito autoral.

Mas a diferença mais significativa é que o YouTube é um site da web (www), acessado via um navegador tradicional (Internet Explorer, Firefox, etc). Já o Joost é um programa que usa a internet para criar sua própria rede, como o MSN, o Skype ou vários jogos online.
Essa rede é formada justamente pelos usuários do programa, que compartilham suas bandas de conexão à internet. Quanto mais pessoas estiverem assistindo a determinado programa, melhor a qualidade e a velocidade da transmissão.

Mesmo sem ainda ter um grande número de usuários (a empresa não revela o número atual), no teste realizado pelo Link nesta semana a qualidade do vídeo, exibido em tela cheia, foi boa, com pequenos tropeços de “buffering” (aquelas irritantes pausas na transmissão em “streaming”).

No Joost, os conteúdos dos diferentes canais (leia texto ao lado) podem ser acessados de forma não-linear. Basta escolher o canal e o programa e começar a assistir, interrompendo-o e voltando a assistir sempre que quiser.

Outro diferencial é uma série de recursos interativos como uma sala de chat para cada canal e programa, na qual as pessoas podem conversar ou deixar comentários. Também é possível avaliar o programa e convidar outras pessoas a assisti-lo.

Ainda não está claro o modelo de negócio do Joost. Por enquanto, há anúncios de 1 segundo antes de alguns vídeos, que têm duração variada. A fase beta é gratuita e ainda não há informação se o serviço será cobrado no futuro.

Essa característica interativa, que aproxima a TV online da TV digital, foi fortalecida pelo Joost na semana passada com a contratação do programador norte-americano Dan Brickley. Ele é o criador de uma linguagem chamada FOAF, que permite a identificação automática de perfis em redes sociais.

Neste primeiro contato, tive a impressão de que o Joost tem condições de ter um papel importante na fusão entre a internet e a TV. Mas daí para a TV do futuro ainda falta muito.

Começa agora, para a indústria do audiovisual (que inclui emissoras de TV, produtoras de vídeo e estúdios de cinema), uma fase semelhante à que começou em 1999 para o mercado da música, com o lançamento do Napster e seus clones. O principal aspecto dessa nova fase é mais cultural do que tecnológico.

Com telas espalhadas por todos os lados (celular, outdoors, elevadores, DVDs portáteis e telas de bolso) já sabemos que a televisão estática na sala de estar aos poucos torna-se um artefato do passado. Mas isso é só o começo.

Próximo desafio: criar uma grade mais consistente

O principal problema do Joost é sua fraca programação. Depois de resolverem os principais problemas técnicos (a versão beta anterior, a 0.9, apresentava problemas de conexão, resolvidos na atual, 0.92), a empresa transfere o foco para sua programação.

Semana passada, durante o evento MIPTV 2007, que aconteceu em Cannes, na França, o canal anunciou parceria com produtores de conteúdo como Alliance Atlantis, IndieFlix, Shorts International, All3Media, Wall to Wall e September Films, além de apresentar o primeiro canal latino-americano no sistema, o Brazilian Music Channel, parceria da produtora Elo com a gravadora Trama.

Apesar de lançado na semana passada, este canal não pôde ser assistido até o fechamento da edição por problemas técnicos.

Além desses, outros canais que estão no Joost são o MuchMusic canadense, o GameStar (sobre videogames), o Fifth Gear (carros), alguns canais alternativos da MTV e o canal do Guinness, o livro dos recordes.

São pouco mais de 30 canais, com conteúdo ainda restrito. Mas como ainda é fase de testes, é de se supor que isso seja resolvido. Senão, o problema é deles.