Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.

Battlestar Galactica: The Disquiet Follows My Soul

Episódio fraco, provavelmente por ter sido a estréia de Ron D. Moore na direção, The Disquiet Follows My Soul fez Battlestar Galactica voltar àqueles momentos de muita falação, política e movimentação interna – seria um episódio normal caso acontecesse em temporadas anteriores, mas com apenas nove episódios para a série terminar de vez, pode ser classificado como uma senhora encheção de lingüiça. Continuamos acompanhando a decadência das autoridades de Roslin e Adama ao mesmo tempo em que descobrimos que o filho de Tyrroll não é um cylon e que o bebê de Saul e Six pode ser o primeiro de “nação cylon” (ecoando referências à nação ariana que o nazismo aspirava). Nada sobre o quinto cylon (uma bola fora do jovem Adama, mas dita sem contexto – quando ele soube que Ellen era o cylon final? – e sem desdobramento no próprio episódio), nada sobre a mitologia, sobre o cataclisma nuclear na Terra ou sobre pra onde a frota está indo. Fora isso, o segundo episódio da safra final do seriado pode ser resumido em algumas poucas cenas e em um único fato: vem um motim aí. Mas não precisava gastar tanta película para contar isso. E agora faltam só oito episódios pra tudo acabar.

Falando nisso, o Delfin que veio com uma boa teoria sobre o final de Battlestar (mas não postou… Tsc): que a série é sobre o fim da humanidade e que o tal “The Plan” dos cylons alardeado desde o primeiro episódio é simplesmente matar todo mundo. Faz sentido e é algo tão ousado quanto os movimentos já propostos pela série. Mas pode dar uma impressão de deus ex-machina (tipo “era tudo um sonho”) pro final da série que eu acho que pegaria malzaço – incluindo para a audiência dos subprodutos já agendados (o longa The Plan e a série Caprica).

So say we all.

Leitura Aleatória 248


Autumn84

1) Precisamos de um novo modelo de educação?
2) Obama reforma o site da Casa Branca trazendo-o para o século 21
3) Maconha que não é maconha
4) O legado musical da era Bush
5) 10 atrizes pornô que usam o Twitter
6) A onda agora é “slow fashion” e “luxo modesto” (que piada…)
7) Google recorre ao STF contra abertura de dados do Orkut sem autorização judicial
8) MC Joaquin Phoenix: real ou piada?
9) Guel Arraes refilma O Bem Amado, de Dias Gomes
10) Darwin fracassou?

Falando em cena folk…

Alguém se interessa por um barco-violão? Vi no Boing Boing.

Alerta #62: Rosie and Me

O Brasil sempre importou modismos estrangeiros como uma forma de buscar assunto para compor suas próprias músicas – nunca foi pré-requisito, mas o que fazia sucesso no exterior (seja na França, nos EUA, na Inglaterra, na América Latina ou na Itália) sempre encontrava eco em nosso jovem país, que sempre dava um jeito de, com o tempo, abrasileirar timbres, tempos, temas. Não é privilégio do Cansei de Ser Sexy: Carmen Miranda já cantava “Disseram Que Eu Voltei Americanizada” depois de sua temporada em Hollywood.

Nos final dos anos 50, o cool jazz era o indie rock de seu tempo e o apartamento da Nara Leão era o equivalente ao Midsummer Madness nos anos 90. Era onde uma turma que não gostava do som que tocava nos rádios e nas ruas e buscava, nos discos importados, refúgio e conforto. A sorte da turma de Nara foi a aparição de João Gilberto, que sozinho, transformou um bando de adolescentes fanáticos por jazz na primeira geração de um gênero que não existia nos anos 60, mas que tornou-se onipresente a partir dos 70: a MPB.

O sucesso da bossa nova fez com que outro modismo americano passasse despercebido por aqui e suas referências e necessidades fossem assimiladas de outra forma, sendo ignorado no Brasil em seu tempo. Antes da Beatlemania varrer o mundo no começo dos anos 60, a folk music estava se tornando um dos principais novos gêneros no início daquela década (ao lado da californiana surf music e daquele gospel tão macio e novo que chamavam de soul). Mas como o Brasil tornou-se obcecado com a bossa nova pouco antes dos tanques mineiros chegarem a Brasília, em 64, este gênero acabou suprindo o refúgio no violão e em valores nacionais defendidos, nos EUA, pela nova tribo folk, que habitava o Greenwich Village, em Nova York. No Brasil, todo o vínculo que a folk music representava nos EUA tanto com a questão dos direitos civis quanto com os valores de um país tentando encontrar a própria identidade podem ser resumidos em duas rupturas de fundadores da bossa nova: quando Carlos Lyra se junta ao grupo de teatro Arena e quando Nara Leão chama Zé Kéti e João do Vale para o palco do espetáculo Opinião. Esses dois artistas podem ser considerados os principais responsáveis por nos isolar de uma geração inteira de artistas americanos, como Kingston Trio, Joan Baez, Weavers, Odetta, Peter Paul & Mary, Phil Ochs, John Denver, Pete Seeger e Bob Dylan. E sorte nossa: imagine se, nos anos 60, o discurso folk americano fosse adaptado para o Brasil – ia soar forçado e alienante, como se a jovem guarda tivesse alguma pretensão política. Felizmente, não foi o caso.

Isso explica principalmente o revival folk que estamos atravessando atualmente. Todos esses artistas – e o cânone que eles geraram – têm sido revisitados e descobertos nos últimos anos e aos poucos estão sendo apropriados por diferentes gerações, criando essa cena folk que até o final de 2007 era só uma vontade, mas depois de 2008 – e dos shows do Dylan, Will Oldham, Conor Oberst e Bill Calaham no Brasil, da festa Folk This Town, dos discos de Mallu Magalhães e a ascensão do Vanguart – tornou-se fato. E, aos poucos, surgem artistas comprovando isso.

Um destes é a dupla Rosie and Me, de Curitiba. Quem me deu o toque sobre eles foi o Vinícius, mas eles já estão chamando atenção no exterior antes mesmo de surgir no radar da cena independente brasileira. Não é difícil entender porquê – canções compostas por melodias singelas e refrões irresistíveis são emolduradas por arranjos discretos e leves, funcionando como veículo para o jogo entre as vozes de Roseanne Machado – doce e de textura levemente áspera – e Alex Sousa – de timbre grave e informal. “No começo éramos só eu e o Alex”, lembra Rosie. “Na época ele morava no Rio e eu em Curitiba. Eu costumava gravar as bases das músicas no meu computador e depois ele sincronizava e complementava os arranjos no computador dele, tudo a distância. Foi um impulso disponibilizar as faixas na internet, era tão lo-fi que o Rosie and Me era mais entre a gente. Em uns dois meses o número de ouvintes aumentou inesperadamente. Foi quando decidimos convidar alguns amigos e formar a banda”.

“Nosso primeiro show foi em novembro do ano passado no Wonka Bar em Curitiba”, continua Alex. “Fomos convidados para abrir o show de lançamento dos nossos amigos do Je Rêve de Toi. Foi de última hora e, apesar do nervosismo, foi divertido tocar pra uma casa cheia e receptiva. Era estranho ver gente que sequer conhecíamos cantando algumas das nossas músicas. Na formação tínhamos a Rô no vocal e violão, eu no vocal e synth, o Guilherme no baixo e o Tiago na bateria. Estes são os membros oficiais da banda. Convidamos um amigo, o Fião, para nos ajudar com mais um violão”. Foi o único show da banda, que ainda mandou covers de Metronomy e The Knife.


Rosie and Me – “Heartbeats” (The Knife)


Rosie and Me – “Heartbreaker” (Metronomy)

Alex segue falando da repercussão online que a banda teve mesmo antes de começar pra valer. “No começo estávamos bastante empolgados com o Last.fm e criamos um perfil pra banda com uma ou duas músicas. De repente o número de ouvintes aumentou e alguns comentários positivos foram nos encorajando a criar mais músicas e enviar para o site. De forma alguma esperávamos ter ouvintes em países como Polônia e Alemanha antes mesmo dos nossos amigos daqui ouvirem as músicas. Uma guria chegou a enviar uma de nossas músicas para uma rádio polonesa e nos avisar quando a música foi ao ar. Lembro da Rô me ligando desesperada para avisar quando tocaram ‘Folkie Song’. Demoramos a criar um perfil no MySpace e só o fizemos depois de alguns pedidos de alguns ouvintes do last.fm que queriam nos ajudar a divulgar a banda”.

A banda sem querer faz parte de uma nova safra de bandas curitibanas que, como convém quase sempre à capital paranaense, quase nunca se movimenta como uma cena, e sim como várias ações coletivas que se movimentam em paralelo: “Várias bandas, de diversos estilos tem surgido e apresentado um trabalho muito bom. Temos gente como o próprio Je Rêve de Toi, Delta Cockers, Copacabana Club, Bo$$ in Drama, Sabonetes, Stella Viva”, Alex enumera. “Sem dúvida há outras bandas que como nós tem produzido alguma coisa às escondidas também”.

“Temos hoje cerca de 13 músicas gravadas, das quais 9 estão disponíveis para download no Last.fm“, continua Roseanne. “Duas são covers acidentais que o Alex acabou postando em um período que estive fora. ‘I Lost You, But I Found Country Music’ é do Ballboy e significa bastante pra ele. ‘You’re Laughing At Me’ de Irving Berlin foi gravada com instrumentos ‘emprestados’ de uma banda de jazz do Seneca High em Wisconsin. Até o momento não temos qualquer show marcado. Pretendemos finalizar e lançar um EP ainda no primeiro semestre deste ano. Mas a experiência de tocar ao vivo foi muito boa. Acho que não recusaremos caso suja uma nova oportunidade”.

As mesmas perguntas: Rosie and Me

O que levou vocês a fazerem música?
Rosie:
Foi a influência musical que nos aproximou quando nos conhecemos, além do gosto parecido pra lo-fi/folk/country tunes nossas histórias também tinham muitos pontos em comum. Podemos passar horas nos divertindo com um violão, gaita e teclado sem percebermos.

Qual foi a primeira música que vocês tocaram juntos?
Alex:
A primeira foi “Folkie Song”. Ela ficou conhecida como “Folkie Song #2” porque apesar de ser a primeira a surgir, foi a segunda a ser gravada.

Como foi a primeira apresentação como Rosie and Me?
Rosie:
A estréia foi no Wonka Bar com o Je Rêve de Toi e Delta Cockers. Lembro da casa cheia e do quanto estavamos nervosos no início. Abrimos o set com “The Big Fight” e arriscamos um cover do Metronomy. A reação do público foi ótima, estávamos realmente nos divertindo com tudo aquilo.

De quem vocês queriam abrir um show? E quem vocês gostariam que abrisse um show de vocês?
Rosie:
Putz. Dá pra sonhar bastante com essa coisa de abrirmos shows pra alguém. Acho que Stars, Wilco, Weepies pra nós dois seria algo incrível. Acho que para abrir um show nosso convidariamos o Pylas. Projeto de um grande amigo nosso.

Com que banda/artista brasileiro você dividiria um disco?
Rosie:
O Pylas. Sem dúvidas.


Rosie and Me – “You’re Laughing At Me (Irving Berling Cover)


Rosie and Me – “Youre Laughing At Me (Irving Berling Cover)”

Introdução a Jacques Brel

O Lucas fez uma compilação reunindo vários artistas celebrando as composições de Jacques Brel, um dos poucos belgas de renome internacional. A lista de fãs do sujeito inclui nomes como Nina Simone, Beirut, Divine Comedy, Sinatra, Kurt Cobain e, claro, David Bowie. Só faltou bolar um nome e uma capinha personalizada – de resto, a coletânea é ótima. O aperitivo que deixo aí embaixo é com a Nara Leão.


Nara Leão – “La Colombe

“How?”

Yoko segue faturando em cima da fama do marido morto – desta vez, botou o Lennon pra falar em laptops diretamente da tumba, graças à reconstrução digital de trechos de gravações com ele.

Fico imaginando o velho John resmungando ao cogitarem seu nome para uma propaganda dessas, se estivesse vivo…

Os 50 melhores discos de 2008: 33) Girl Talk – Feed the Animals

Se o mashup é o gênero musical que melhor reflete a década (remixada, esquizofrênica, rock e dance ao mesmo tempo, infame e divertida), Girl Talk é o espelho que os 2ManyDJs haviam imaginado no ano 2000. Mas se o Night Ripper tinha sido um dos discos cruciais para entender 2006, neste ano Gregg Gills simplesmente fez um upgrade básico, sem propor nada propriamente novo. A impressionante montanha russa de samples ainda causa espanto e delírio ao mesmo tempo em que é impossível acompanhá-la de forma racional – esqueça quem está cantando o que, deixe-se levar pelo convite de ouvir boa parte da produção pop do final do século 20 num flashback no liquificador, que não tritura as diferentes partes dos singles usados transformando-os em uma maçaroca de som – e sim os derrete com gosto e pulso firme, deixando todos os temperos usados facilmente reconhecível. Feed the Animals ainda se deu ao luxo de desafiar abertamente os detentores dos direitos autorais usados – se o primeiro disco teve uma prensagem mínima e foi mais distribuído em formas não tradicionais de divulgação oficial (como sites de compartilhamento e redes P2P), o Girl Talk em 2008 tinha endereço virtual para ser encontrado e quem quisesse ainda podia pagar por sua obra, como o Radiohead havia cogitado em 2007. Mas mesmo repetindo a própria fórmula, Gills ainda conseguiu fazer um discaço – tão bom quanto importante. Agora é torcer para ele se reinventar – porque ele sabe que essa é a regra.

33) Girl Talk – Feed the Animals

Girl Talk – “Give Me a Beat

Link Eldorado – 25 de janeiro de 2009

O programa de hoje dá uma geral na Campus Party 2009, fala das primeiras decisões de Barack Obama na área digital, mapas online e da situação dos blogueiros políticos na China. No som temos Nick Cave com Kylie Minogue, Lily Allen tocando Clash, Hot Chip tocando Joy Division, Michael Feinstein tocando Cole Porter, Quincy Jones e Stepháne Grappelli. O Link Eldorado vai ao ar todo domingo, às 21h, na rádio Eldorado de São Paulo.

4:20

Killers – “The World We Live In”

Fmaj7 xx3210
C/E 032010

Fmaj7 G C/E Fmaj7
This is the world that we live in, I feel myself get tired.
Fmaj7 G
This is the world that we live in.

Cm Cm Cm Cm

Cm Cm Am Am Ab
Well maybe I was mistaken, I heard a rumour that you quit this day and age.
Ab C C
Well maybe I was mistaken.
F (G) Am (Bb) C C
Bless your body, bless your soul, pray for peace and self-control.
Cm Cm Am Am Ab
I gotta believe it’s worth it, without a victory I’m so sanctified and free.
Ab C C
Well maybe I’m just mistaken.
Am Bb C C Am Bb C C
Lesson learned and the wheels keep turning.

F G C/E F
This is the world that we live in, I can’t take blame for two.
F G C/E F
This is the world that we live in, and maybe we’ll make it through – aaah.

Cm Cm Am Am
Ab Ab C C

F (G) Am (Bb) C C
Bless your body, bless your soul, reel me in and cut my throat.
F (G) Am (Bb) C C
Underneath the waterfall, baby we’re still in this – woah, yeah!

F G C/E F
This is the world that we live in, I feel myself get tired.
F G
This is the world that we live in.

Eb Cm Bb F
I had a dream that I was falling (down).
Ab Ab C C Am
There’s no next time alone.
Bb C C
A storm wastes its water on me.
Am Bb C C
But my heart, was free.

F G C/E F
I guess it’s the world that we live in, it’s not too late for that.
F G C/E F
This is the world that we live in, I know we can’t go back.
F G C/E F
This is the world that we live in, I still want something real.
F G C/E F
This is the world that we live in, I know that, we can heal,
F G C/E F F G C/E F
Over time (This is the world that we live in.)

F G C/E F F G C/E F
(This is the world that we live in.)
F G C/E F