Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.
Terminei de ler o quadrinho original – o que me lembra de falar dele, do próprio Mark Millar (de novo?) e dos melhores filmes de 2008.
Teaser do documentário Brasil Heavy Metal, que eu vi no Pattoli. Só não entendi o que o Paulo Ricardo e o Roger tão fazendo aí no meio, mas tudo bem.
1) Pornô 3D?
2) Strokes começam a trabalhar no novo disco
3) Molly Rigwald grávida de gêmeos
4) Ziggy Stardust no Coachella 2009?
5) 7 podcasts para designers
6) Chris Rock fala sobre seu documentário chamado Cabelo Bom
7) Inglaterra muda classificação da maconha
8) Wikipedia começa a sair do texto
9) Sinais da “crise”: Mad deixa de ser mensal
10) Paul McCartney vai casar de novo (só entende quem namora…)
Terron quem linkou. Show deles em São Paulo essa semana – quem vai? E o Nogueira manda avisar que fecharam mais um show no Brasil, desta vez, no Recife.
Dica do João Brasil.
Inevitável que o revival dos anos 80 saísse das bandas da trilha sonora da Sessão da Tarde e do Globo de Ouro para avançar para outros territórios – e 2008 viu o cenário pop revisitar seu apreço pelo continente negro, com todo aquela culpa pós-colonialista disfarçado de pena (seja em filmes, discos-tributo, gêneros musicais redescobertos ou na ascensão de Nollywood para o olho mundial). Revisitando os mesmos anos 80 habitados pelo “We Are the World”, pela world music do Sting, Paul Simon e Peter Gabriel e pelo Live Aid, essa (nova) pilhagem ocorreu mais no plano das idéias do que na vida real, embora juju music, highlife, kwaito e afrobeat ainda sejam o mesmo tipo de som (“música africana”) para a maioria das pessoas (como se a África fosse um só país… Alou Sarah Palin!), que também não se importam com o que acontece por lá. Um dos expoentes desta nova tendência, o grupo nova-iorquino Vampire Weekend seria só mais uma bandinha indie nova-iorquina tentando soar inglesa se não fosse essa queda pela música do Congo, daquela vaibe praieira que deu ao Caribe a essência de sua musicalidade e ritmo (a influência espanhola veio por cima, como cobertura e, em alguns casos, recheio). O hit “The Kids Don’t Stand a Chance” (pô, Bruno, achei o remix bonzão) funcionaria em qualquer época, mas tem tanto de apelo popular quanto não tem de criatividade ou originalidade. Se lançado nos anos 90, o disco homônimo de estréia do grupo cairia na vala comum da terceira onda do ska – mas provavelmente com um prefixo “alt.” na frente, pois eles não jogam pelo pop descarado, optando pelo indiesmo. Mas no meio da pasmaceira há uma pérola. “Cape Cod Kwassa Kwassa” é toda certinha: do suíngue à economia dos instrumentos, do baixo recolhido aos vibrafones, do riff curto e preciso aos acordes que desenham uma linha de baixo, da percussão que fica atravessada no refrão aos “uuuuuuuuuu” que o vocalista Ezra Koenig puxa lá pelo final. “Parece tão inatural/Peter Gabriel também”, canta a canção, auto-referente. Mas é o Peter Gabriel que parece tão não-natural ou o sentimento da música que soa tanto inatural quanto Peter Gabriel, transformando o ex-vocalista do Genesis num adjetivo. Aposto na segunda opcão, que torna a faixa ainda mais eficaz – e preciosa. Esqueça o resto do disco, você só precisa desses três minutos e meio.
“Essa lição você tem que aprender: você só ganha o que você merece”, diz a voz em português no início do tão aguardado terceiro disco do Portishead, anunciando uma desoladora paisagem sonora: ribombo de percussão, cordas sintéticas, ruídos de guitarra – tudo cessa quando entra a voz de Beth Gibbons, dramática e chorosa. A atmosfera pós-punk, o ritmo tenso, a temperatura fria e a voz épica confirmam que estamos tanto em 2008 quanto no meio de um disco do Portishead. Mas onde estão as canções? Por mais que as texturas e camadas de som superpostas pela base instrumental da banda seja afiadíssima, a melodia se desfaz entre grunhidos elétricos, teclados “colocados”, ecos e efeitos barulhentos. Fora a belíssima “The Rip” (que lá pela metade perde toda sua beleza rumo a um arranjo minimalista e industrial sem vontade), todo o resto do disco subiria algumas posições caso fosse uma digressão instrumental, uma sinfonia de ambiências que teria parentesco tanto na música eletrônica erudita quanto no hip hop sem MC ou no pop com aspirações à seriedade. Mas sem a voz da banda para defender dramas e tragédias como se chorar fosse sinônimo de cantar e canções estruturadas tradicionalmente (estrofe, refrão, estrofe, etc.), o novo do Portishead soa como um tiro no escuro: plasticamente é lindo, mas tanto quem atira quanto quem ouviu o disparo não conseguem saber se algo foi atingido.
32) Portishead – Third
Portishead – “The Rip“
Enquanto não lança disco novo, Zach Condon seguem sua vasta produção de EPs. E agora juntou dois deles para aproveitar que o nome do Beirut ainda está em voga e não deixar quem não é fãzaço da banda (acredite, eles existem) esquecer. March Of The Zapotech junta o EP de mesmo nome com outro chamado Holland. O primeiro transfere sua verve cancioneira do leste europeu para o México, mais precisamente para a cidade de Oaxaca, onde Condon passou uma temporada – com metais chorosos e de veia fúnebre, o disco tem certo parentesco improvável com o clima de luto do clássico psicodélico indie In the Aeroplane Over the Sea, do Neutral Milk Hotel. O outro EP, Holland, dá outra virada de 180º e nos leva para o universo do Realpeople, pseudônimo que Zach usava antes de fundar o Beirut e que flertava com a música eletrônica lo-fi. Aí embaixo, um petisco de cada EP.