Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.
Eis um nome à altura do título “monstro do rock“: ele comemorou a morte de Brian Epstein com um soco no ar e grunhindo “I got them”, é um dos principais responsáveis pela separação dos Beatles (e tem uma música do grupo – “You Never Give Me Your Money” – feita em sua “homenagem”) e era dono do catálogo dos Stones inteiro antes de Sticky Fingers (sim, “Satisfaction”, Let it Bleed, “Gimme Shelter”, “Jumping Jack Flash” – tudo ia pro bolso dele). O vídeo acima é uma pequena amostra do impacto do sujeito da história do rock – é a apresentação do personagem Ron DeCline, vivido por John Belushi no filme All You Need is Cash, paródia que o ex-Monty Python Eric Idle e o compositor Neil Innes fizeram dos Beatles – se rebatizando de Rutles. Mas a fama do sujeito não era muito diferente dessa paródia, não…
Um passo em falso e…
Cheguei em casa depois do show do Tommy Guerrero no Espaço +Soma, me estiquei na minha poltrona para assistir um filme no pay-per-view (o deliciosamente tosco Death Race – Jason Stantham e Roger Corman, como pode dar errado?) e ia me preparar para programar os tweets pra essa segunda-feira quando me deparei com isto:
Logo em seguida, um tweet do Inagaki me botava na seguinte companhia:
Eu, a miss Twitter, a editora do blog do programa de treinamento em jornalismo diário da Folha e a dona de um site que se chamava Sexto Sexo. Nunca tinha ouvido falar da última, acompanho e retwitto a segunda e pautei uma matéria com a primeira. Em comum, além do apreço pela nova ferramenta, – vejam só – o fato de usar o Twitter para divulgar links espalhados pela internet. Eis que, entre os termos de uso do Twitter, deparo-me com o seguinte item:
Ou seja: eu não posso divulgar links? Se eles não conseguem checar se os links que envio encurtados são para um mesmo site ou para vários, problema deles. Mesmo se conseguirem, vão ver que, além dos links pro próprio O Esquema e para o Link, envio links de sites de amigos e conhecidos, além dos, sei lá, 40% de links aleatórios que colho no próprio Twitter. Se o sistema de reconhecimento de spam deles vê isso como propaganda, é bom eles se arrumarem logo.
Porque eles ainda não perceberam que o Twitter não é sobre “o que você está fazendo” e sim sobre “o que está acontecendo agora”. Eis a pergunta que deveria estar na home do site, banindo de vez tweets inúteis sobre hábitos alimentares, pitis infantilóides ou #QualquerMerda. Ao perguntar – e ele pergunta, mesmo sem saber – o que está acontecendo agora, o Twitter amplia o contexto de tempo-real para além do ao vivo, daquilo que realmente está acontecendo neste exato momento e o transforma em um período mais fluido e mais extenso que o instantâneo “agora”, podendo se estender para uma hora ou até quase uma semana, dependendo do impacto do assunto. A ferramenta nos apresenta a um novo agora, menos urgente e amplo o suficiente para incluir opiniões conflitantes, gritos de guerra, comemorações e lamentos, gols e atentados, artigos, fotorrespostas, entrevistas, gifs animados e posts curtos. O que é mais quente e exige mais atenção, necessariamente vai estar mais evidente, mais tudo aquilo que não for, por exemplo, a morte de Michael Jackson, vai continuar circulando, independente do fato mais importante. Não é como a TV que precisa ficar insistindo no tema enquanto há audiência ou um site que precisa esmiuçar diferentes pontos de vista de um assunto principal. Há a corrente principal, mas também uma série de afluentes que não param de correr.
Aparentemente, o problema foi com o uso do Tweetlater, um sistema de atualização programada de posts do Twitter que nós quatro usávamos. O próprio sistema avisou que contas que usavam o serviço foram suspensas. Mas, por outro lado, ainda consigo acompanhar quem eu seguia – só não consigo postar. O que significa que minha conta ainda existe e, após o ocorrido, mandei uma mensagem ao serviço explicando o que havia ocorrido. Conversando com a Twittess, concluímos que o serviço foi entendido como algo da mesma natureza do script que surrupia seguidores.
Me desculpa, mas eu não vou ficar na frente do computador twittando o tempo todo, não. Muito menos falando da minha vida, se eu tou na fila do banco, com fome ou sem vontade de trabalhar. Nada contra quem faz isso (quer dizer, dependendo do grau de minúcia, tudo contra), mas eu não quero usar o Twitter como a câmera do meu big brother pessoal – e sim como um RSS filtrado, um Delicious com suingue. Do mesmo jeito que não passo o dia inteiro postando coisas no Trabalho Sujo (posto coisas pela manhã que vão entrar no ar no decorrer do dia), deixo o Twitter programado para twittar links que acho interessante serem lidos. Quero compartilhar o conhecimento de links encontrados aleatoreamente, sejam artigos em revistas científicas, PDFs com centenas de páginas, vídeos bizarros, posts egomaníacos (como este) ou matérias de jornal. Ele agilizou a forma como passo informação pelo Trabalho Sujo e agora passa por esses ajustes, que podem comprometer seu próprio funcionamento. Porque hoje foi eu, amanhã pode ser você e podemos optar pelo Facebook como alternativa ao Twitter (eles mudaram a sua interface, né?) ou pelo aguardado Google Wave ou por quem aproveitar a derrapada do serviço. Preferir o concorrente não é uma regra da realidade digital, mas por aqui as coisas caminham em passos muito mais rápidos do que no mundo análogo: lembram-se quando o Hotmail apareceu no meio da década passada? Lembram-se que só depois que ele foi comprado pela Microsoft que o povo começou a migrar para o Yahoo!Mail no final dos anos 90? E depois para o Gmail, em 2004/2005?
Eis o desafio dos caras: inventaram uma nova forma de comunicação, que ainda não se sustenta economicamente, e estão se equilibrando como se caminhassem numa corda bamba – qualquer ajuste fora de hora pode fazer toda credibilidade do sistema ir pro saco. Agradeço o #FREE_@trabalhosujo que apareceu logo em seguida ao anúncio, mas, ora bolas, se o Twitter não me quiser, o problema não é meu.
Updeite: parece que eles já perceberam a cagada e se explicaram em seu próprio blog:
Vamos ver se até amanhã cedo isso já está resolvido. Afinal, seis horas é o meu conceito de agora, segundo o Twitter.
E para deixar marcado essa data, eis uma decisão: Twitter só entre terça e sexta-feira. A partir de hoje, a segunda torna-se um dia do fim de semana – pelo menos para o microblog.
Novo updeite: Tudo resolvido, amanhã o Leitura Aleatória volta ao ritmo dos dias úteis – lembrando que, a partir de hoje, segunda é dia inútil.
Outra homenagem brasileira ao ícone pop vem de Belo Horizonte Pouso Alegre. O mineiro Zé, que também atende por Psilosamples, explica:
Michael Jackson morreu e naquela noite eu tive um sonho, sonhei que eu estava em cima de uma bicicleta com o E.T na cestinha, acordei triste por ter sido só uma porcaria de sonho.No café da manhã eu tive uma revelação: é fácil críticar, mas não é fácil tirar uma foto com o E.T Liguei o computador, travou, reiniciei e me diverti com o artista mais legal que o E.T ja deu as mãos.
E assim mistura uma eletrônica preguiçosa e caseira com samples de gritinhos de Michael, tamborim, cuíca e a base de “Billie Jean”. Ficou fera.
Você já deve ter visto o Wilco e o Fleet Foxes cantando “I Shall Be Released”, mas não custa voltar ao tema.
Vale conferir também o texto que acompanha esse vídeo. Bonzão.
Desta vez com Dr. Seuss. Uma espécie de Monteiro Lobato/Vila Sésamo dos anos 50 dos americanos, Theodor Seuss Geisel, mais conhecido pela alcunha de doutor Seuss (pronuncia-se “suss”), escreveu livros infantis e criou personagens que entraram de tal forma no subconsciente americano ao ponto de ainda serem adaptados para o cinema em grande escala na última década (tanto o Grinch de Jim Carrey, o Gato de Mike Myers e a animação do Horton são adaptações de sua obra). Quando ouvi o disco de homenagem do ToTom ao Dylan, lembrei deste projeto Dylan Hears a Who, cujo autor se autobatizara de Mocking Dylan (“tirando um barato de Dylan”, numa tradução livre), lançado em 2007, que foi desativado a pedido dos detentores dos direitos autorais do próprio doutor. Felizmente, eis a internet e tanto o torrent com as seis músicas é facilmente encontrado online quanto os próprios MP3, espalhados em blogs. Este abaixo eu tirei do Obscure Sound, que ainda tem outras duas músicas por lá. E a fórmula é simples: e se Dylan regravasse as canções do Dr. Seuss? Como o humor de Seuss é cheio de trocadilhos e listas, não fica muito distante da própria obra do bardo americano. Se liga: