Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.
Mais uma bela apresentação que o quarteto D’Águas faz no Centro da Terra, reunindo composições de seus quatro autores – Renato Gama, Alldrey Eloise, Izzy Gordon e Tita Reis. A temporada A Luta é Florescer encerra-se na próxima segunda-feira e promete ser especial.
Posso assistir mil vezes ao show que Juçara Marçal armou para transmutar para o palco seu projeto fonográfico Delta Estácio Blues que nunca vou cansar. A energia concentrada pelo quarteto formado por Juçara, Marcelo Cabral, Alana Ananias e Kiko Dinucci acerta o ouvinte sem dó numa convulsão meticulosa entre o samba, o pós-punk, o noise e a música eletrônica, neste que talvez seja o grande momento da música ao vivo no Brasil hoje. Quatro indivíduos que mal conversam com quem os assistem – só Juçara fala – mas que acertam todos os sentidos do público com a contundência que só a música pode fazer (aquele papo do Bob que dizia que “quando acerta não dói”). E não foi diferente neste sábado no Sesc Belenzinho – que bordoada boa!
Em mais uma incursão pelo meio impresso, colaboro com uma edição especial da Rolling Stone Brasil que chega às bancas nesta semana celebrando os 40 anos do rock brasileiro dos anos 80, editada pelo compadre Pablo Miyazawa. Além de voltar ao verão de 1982, quando tudo começou no Rio de Janeiro, conversando com Evandro Mesquita, Perfeito Fortuna, Leoni, João Barone e Leo Jaime sobre o período em que o Circo Voador foi criado, a Rádio Fluminense tornou-se a primeira rádio rock do Brasil e o filme Menino do Rio espalhava a novidade carioca para o resto do Brasil, também fiz uma lista com os 80 discos mais importantes daquele período, dissecando-os um a um – além de reunir os principais hits do período em uma playlist feita para a revista. Parte do conteúdo já está online, como a reportagem sobre o verão de 1982 e a resenha sobre o primeiro disco da Blitz, mas a maioria dos textos só dá pra ler na versão impressa.
O grande disco de 2021, Delta Estácio Blues, não encerra-se nas onze faixas que o compõe e sua autora Juçara Marçal expande-o a partir desta quinta-feira, quando revela EPDEB, que ela antecipa a capa em primeira mão para o Trabalho Sujo. Seguindo a lógica visual do primeiro, a capa também parte de fotos de Aline Belfort com intervenções de Manuela Eichner, e o disco conta com quatro faixas que foram compostas e gravadas nas mesmas sessões de seu segundo disco solo, mas que ficaram de fora por ir além da narrativa pensada para o álbum. “Todas elas foram concebidas no mesmo processo, mas na hora da escolha de repertório, sentimos que eram faixas que, de alguma forma, já contavam uma outra história”, me explica a própria Juçara. “É claro que é muito subjetivo isso que estou falando. Funciona muito assim pra mim: o repertório, assim como a da ordem das músicas, é um jeito de contar uma história. E as decisões do que entra e do que sai é um processo de escuta muito dedicado e delicado.”
As quatro faixas incluem “Um Choro”, composta em parceria com Jadsa (que também toca guitarra na canção), que é “uma composição dela que encaixou direto na base que a gente mandou”, como lembra Ju; “Odumbiodé” que tem música de Kiko Dinucci e letra de Juçara e Rodrigo Campos; “Criei um Pé de Ipê”, minha favorita, composta por Alzira E sobre a base que ela e Kiko mandaram e “Não Reparem” parceria de Juçara com Clima – ele fez a letra, ela a música. E se você achava que Delta Estácio Blues era demais, se prepara…
Lindaço o show que o Sessa fez nesta terça-feira no Centro da Terra, preparando terreno para seu segundo disco, Estrela Acesa, que será lançado em dez dias. A princípio ele faria a apresentação apenas com seu violão, mas em cima da hora convidou Ciça Góis e Laura Rosenbaum, que o acompanharam em sua recente turnê pelo hemisfério norte, para subir ao seu lado no palco do teatro do Sumaré, deixando tudo ainda mais mágico.
Às vésperas de lançar seu segundo álbum solo, o cantor e compositor paulistano Sessa faz a transição entre seu disco de estreia Grandeza e o novo álbum, Estrela Acesa, que será lançado no fim deste mês, em mais uma apresentação no Centro da Terra. Desta vez ele sobe no palco do teatro do Sumaré sozinho com seu violão e antecipa as canções do novo disco no espetáculo Entre Álbuns, em que inevitavelmente também toca músicas do álbum anterior. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos já estão esgotados.
Lindo o show que o coletivo D’Águas fez nesta segunda-feira no Centro da Terra. Formado pela união das carreiras solo de Renato Gama, Izzy Gordon, Alldry Eloise e Tita Reis, o grupo ainda conta com a direção do baixista e produtor Ronaldo Gama, que convidou Lucas Rocha Freitas e Leo Carvalho para fechar este espetáculo, que ainda teve a participação do artista plástico João do Belmonte.
Às vésperas de lançar seu terceiro álbum, Zera, bati um papo com a dupla de shoegaze fluminense Gorduratrans em mais uma edição do meu programa sobre música brasileira. Felipe Aguiar (guitarra e voz) e Luiz Felipe Marinho (bateria e voz) já vinham passando por transformações antes mesmo da pandemia, que foram acentuadas por este momento péssimo que atravessamos nos últimos dois anos, e conversamos justamente sobre como esse período reforçou o caminho que tomaram antes mesmo de 2020.
As segundas-feiras de junho no Centro da Terra ficam a cargo do coletivo D’Águas, quatro artistas que se reuniram para valorizar os próprios repertórios ao mesmo tempo em que passeiam por diferentes recortes da cultura contemporânea, como o jazz, o samba e o afrofuturismo. Izzy Gordon, Alldry Eloise, Tita Reis e Renato Gama reúnem-se ao produtor e arranjador Ronaldo Gama (que colaborou com os trabalhos solo de todos os envolvidos) para quatro noites em que celebram a própria obra e musicam poetas como Neide Almeida, Débora Garcia e Sérgio Vaz. Os ingressos podem ser comprados aqui.