Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.

Mutantes, 1972

Imagina o que era um show dos Mutantes em 1972? Peguei desse blog o seguinte relato:

O verão de 1972 em Salvador foi um dos mais efervescentes que se tem noticia. Em plena ditadura militar as coisas aconteciam num universo paralelo e a malucada sabia onde encontrar diversão e alternativas para o ambiente cinzento do Brasil da era Garrastazu Médici.

Andando pelas ruas do centro da cidade, cartazes colados nas paredes anunciavam um show dos Mutantes para o dia 28 de fevereiro daquele ano na Concha Acústica do Teatro Castro Alves e eles chamavam a atenção não apenas pelo colorido das letras, mas pela atração anunciada e pelo aviso que dizia: “1000 watts de puro som”. O burburinho daquela apresentação correu rápido naquele final do verão do underground.

Nesta altura dos acontecimentos, Rita Lee já tinha caído fora do grupo depois da gravação do LP Mutantes & Seus Cometas no País dos Baurets e de se separar de Arnaldo Baptista. Sem ela, o grupo mantinha a sua formação clássica com o próprio Arnaldo nos teclados e no vocal, seu irmão Sérgio Dias na guitarra e vocais, Liminha no baixo e Dinho na bateria..

O show estava marcado para as 21 horas e as arquibancadas da Concha já estavam completamente lotadas com mais de uma hora para o seu início. As encostas da Concha ali pelos fundos das Sacramentinas estavam repletas de invasores que pularam o muro do colégio e para lá se dirigiram.

Uma incrível ansiedade pairava no ar. As luzes da platéia se apagam, as luzes do palco se acendem e quando os Mutantes surgem o público vibra e fica de pé. Arnaldo com uma camisa de listras horizontais pretas e brancas se dirige ao teclado e fala ao microfone um sonoro “boa noite”. Dinho inicia uma marcação inacreditável, os vocais puxam “uláriii…uláriiii”… e a banda vai atrás. “Top top”. Pronto, o rock´n´roll baixou de com força na terra da magia e ninguém mais ficou parado. Os hits se alternavam e aqueles anunciados 1000 watts de puro som se confirmavam a cada segundo. Tudo perfeitamente equalizado – instrumental e vozes, e o carisma da banda impressionava todos os presentes.

O repertório selecionado a dedo não deixava a peteca cair. “Balada do Louco”, “Minha Menina”, “2001”, “Dunne Buggy”, “Não Vá Se Perder Por Aí”, “It’s Very Nice Pra Chuchu”, “Batmacumba”, “Panis et Circenses”, “Beijo Exagerado” e chegava ao ponto de ebulição com “Ando Meio Desligado”, “Posso Perder Minha Mulher Minha Mãe Desde Que Eu Tenha o Rock and Roll” sendo que esta era emendada com um medley de rockões antigos: “Blue Suede Shoes”, “Jailhouse Rock”, “Rua Augusta”, “Banho de lua”, “Johnny B. Goode”. Durante o show eles também inseriam covers: coisas dos Beatles, Stones, “You’re So Vain” de Carly Simon, “Listen To The Music” do Doobie Brothers, “Angel” de Hendrix. A banda não escondia a emoção pela calorosa recepção que recebia e alguns mais afoitos e doidões não hesitavam em pular de cabeça naquela rasa piscininha da Concha que separava o público do palco.

Dava para perceber que os caras da banda estavam completamente chapados e Arnaldo era o que dava mais bandeira. E já perto do final da apresentação quando eles tocavam “Meu Refrigerador Não Funciona”, ele começou a balançar violentamente a torre de teclados, moogs, mellotrons que se equilibravam numa base de um órgão Hammond. Os roadies corriam para segurar e Arnaldo, então, parecia se acalmar.

O show já tinha passado das três (!) horas de duração quando os Mutantes, depois de vários bis e voltas sucessivas ao palco, anunciaram a última música. O publico dançava e a banda dava tudo de si. E aí o Arnaldo num solo alucinado novamente começa a balançar a torre de teclados e desta vez nem deu tempo dos roadies se aproximarem. Tudo se espatifou no chão e o ruído provocado por isto se encaixava no som.

Arnaldo apanha uma vassoura largada ali por algum servente, a levanta e dá “voltas olímpicas” em torno do palco. Corre em direção ao equipamento que ele tinha derrubado e pisa e pula sem parar sobre eles. Os Mutantes continuavam mandando ver, os roadies também dançavam no palco, a platéia urrava de emoção. O show acaba. As luzes se apagam.

Poucos meses depois, a notícia: Arnaldo deixava os Mutantes por problemas de “saúde”. E, ali sim, a banda perdia sua força musical principal. Talvez seja precipitado afirmar isso, mas, certamente, aquela apresentação dos Mutantes em 28 de fevereiro de 1972, em plena Concha Acústica do Teatro Castro Alves tenha sido a mais memorável da carreira deles. Para mim, pelo menos, foi o melhor show que vi em minha vida. Uma espécie de iniciação ao que significa presenciar um verdadeiro concerto de rock´n´roll. E olhe que eu já assisti muito show bacana.

4:20

Nova do Arctic Monkeys

“Crying Lightning”, que eles mostraram no Big Day Out, mês passado na Austrália, tem um quê de Last Shadow Puppets, mas não foi ainda que Alex Turner achou o equilíbrio entre seu método de composição nas duas bandas – ele erra mais que acerta nos Monkeys e quase sempre manda bem nos Puppets. Essa música nova é um bom meio termo, mas precisa maturar – não sei se o método de composição ou a própria música em si. Dica do Tiago, valeu!

Carmen Miranda, 100 anos

Há cem anos, a portuguesa mais famosa do mundo estreava no planeta. Carmen Miranda é, fácil, o primeiro ícone pop com aval brasileiro, mesmo não tendo nascido em nosso país. Antes dela, nosso país só era conhecido no resto do mundo graças a “Tico-Tico no Fubá” e “Aquarela do Brasil”. Carmen abriu, no facão, um picada que em alguns anos se tornaria a bela trilha de onde a bossa nova se revelaria ao mundo e que, pouco a pouco, foi se tornando uma ampla rodovia, com espaço para brasileiros de toda espécie, do Guinga ao Bonde do Rolê. Sem o primeiro passo de Carmen, talvez ainda estivéssemos presos aqui dentro e o mundo ainda nos confundisse com qualquer paiseco de terceiro mundo. No vídeo acima, que eu peguei na Daniela Thompson (quanto tempo, Daniela!), ela se apresenta pela primeira vez com seu traje de baiana, esse acessório esquizofrênico e exuberante, que inspiraria tanto os paragolés de Hélio Oiticica quanto os modelitos pós-new wave de Luísa Lovefoxxx.

Falando nisso…

Tá rolando o seguinte abaixo assinado de consumidores adultos de guloseimas em relação à suspensão do Michael Phelps:

To: Kellogg’s Corporation
Whereas…

1) Kellogg’s is a major manufacturer of cereal and junk food products including but not limited to Frosted Flakes, Pop Tarts, Cheez-Its, Froot Loops, Keebler’s Cookies, Rice Krispies, Eggo Frozen Waffles, Famous Amos Cookies and many other products known to be a part of the diet of many marijuana using Americans

2) The Kellogg’s has profited for decades on the food tastes of marijuana using Americans with the munchies. In fact, we believe that most people over the age of twelve would not eat Kellogg’s products were they not wicked high.

3)That Kellogg’s has decided to end their relationship with Olympic Swimmer Michael Phelps after pictures of him surfaced doing exactly what most Kellogg’s customers do right before enjoying a bowl of Rice Krispies mixed with Keebler Cookies with an Eggo on top.

4) That this action by Kellogg’s, while legal, is totally bogus.

5) That Kellogg’s is a big fat hypocrite, just like our parents when they found our stash under our mattress and took it and then later they sat in the living room and listened the Dark Side Of The Moon over and over and danced and laughed and I swear we smelled something.
John Harvey.

6) That a quick Wikipedia search shows the founder of Kellogg’s – john Harvey Kellogg – was a total frickin’ weirdo who believe in putting children’s genitals in a cage to keep them from playing with themselves and also believed in yogurt enemas.

7) That seriously, just Google John Harvey Kellogg. Dude was freaky.

8) That the thing about yogurt enemas makes us want to hurl when we look at that box of Kellogg’s Yogos we have in the pantry.

9) That Michael Phelps should totally drop YOU dudes for your obsession with bran and fiber and masturbation and butts and stuff. You drop HIM? Dude won eight gold medals and probably didn’t stick a single one in his butt or tie it in tourniquet around his naughty bits. Dude was just trying to relax. Seriously Kellogg’s, WTF?

Given all these facts and the total disregard for your customer base and that thing with the yogurt, we the undersigned plan to BOYCOTT your products.

And we’re serious.

Even though the Pop Tarts thing will be HARD.

Sincerely,

The Undersigned

"Você não vem dormir?"

Xkcd, sempre foda.

"DÁ CARRIM, NÃO, MÁ"

João e a reverberação

Saiu na capa da Folha, na TV Cultura, no Estadão, no blog do Nassif, no Piratebay… Enfim, os primeiros registros da história da bossa nova já estão rendendo assunto para a web e além – resta saber se alguém vai se dispor a lançar isso de uma forma decente ou se vamos só esperar o assunto esfriar e ninguém mais tocar no tema?

Leitura Aleatória 252


riffsyphon1024

1) “Não confunda indústria dos jornais com mídia”
2) 9 hábitos cerebrais que você não sabia que existiam
3) 5 soldados reais que fazem o Rambo parecer uma moça
4) Twitter em 1937
5) Joaquin Phoenix insiste que o lance dele com hip hop é sério (tá bom)
6) Dick Cheney diz que governo de Obama põe EUA em perigo
7) Suspenso o músico que piscou para Barack Obama
8) O dia em que o São Paulo foi rebaixado
9) Hayden Panettiere diz que não está saindo de Heroes (hmmm…)
10) Obama quer impor teto para bônus de executivos em Wall Street

"Yes We Cannabis"


Barack Obama falando sobre a descriminalização da maconha em 2004

Será que o Obama abraça essa?