Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.

“O que está acontecendo?”

E a cobra mordeu o próprio rabo – hora de tirar mais uma semana de folga

Não lembro direito quando foi, deve ter uns três, quatro meses, no máximo, quando comecei a twittar coisas velhas do Trabalho Sujo que ainda faziam sentido depois do post original (o hábito que causou o surgimento do chamado #trabalhosujoday). E assim comecei diluindo coisas de janeiro e fevereiro entre agosto e setembro, vendo que, uma hora ou outra eu ia começar a twittar posts de meses mais próximos ao que eu estava, deixando rolar mesmo sabendo que, uma hora ou outra, a fonte ia secar.

Uma delas, nem longe disso. Você que me acompanha via Twitter já deve ter percebido a alternância – um post velho do Trabalho Sujo, um post de ontem do Link. Se por um lado os posts antigos do Sujo iam chegar ao fim, os posts do Link nem sequer começaram. Cabei de fechar a equipe com quem trabalho depois de uma série de mudanças, que começaram quando assumi a editoria do caderno, em maio. Estamos fechando nas próximas semanas o primeiro ciclo online, quando mudamos nosso site de novo para sair da fase de transição que começou quando virei editor do caderno. Junte a véspera desta mudança com os posts velhos do Sujo acabando e ambas se encontraram na mesma sexta-feira em que o próprio Twitter anunciou sua mudança de lema – em vez de perguntar “O que você está fazendo agora?” pergunta “O que está acontecendo” (como eu já havia profetizado em julho, quando o site do ano suspendeu minha conta). E como eu gosto de facilitar as coincidências, ainda reúno tudo isso ao fato de que, no próximo dia 28, o Trabalho Sujo completa quatorze anos de vida.

Que beleza, não? Véspera de aniversário do site, véspera de mudança no site do jornal, fim dos posts velhos para twittar no mesmo dia em que o Twitter muda sua pergunta. Era o que eu precisava para pedir uma semaninha de folga para me preparar para o ano que vem.

Dezembro já é praticamente 2010 e eu não vou esperar o mês inteiro para anunciar as novidades. De cara, eu e o Bruno já começamos a recepcionar o verão com a ajuda de bons bambas da nossa música, no terceiro disco com a chancela dOEsquema. Na mesma primeira semana do mês que vem temos nova localização para a Gente Bonita na última festa do ano, em que eu e o Kalatalo viramos a noite inteira discotecando. O décimo quarto aniversário do Sujo também marca o início das atualizações das edições impressas, quando este site era uma coluna de papel no Diário do Povo em Campinas. O plano é subir os quatro anos de impresso até o décimo quinto aniversário, mas sabe como são esses planos…

Além da mudança no Link, também mudo, quando voltar, o viés do Twitter. Já que não tenho mais posts velhos pra ressuscitar (ou tenho? É claro que tenho) vou sair da vida de links que exercitava até hoje e começar a entrar no papo furado do dia-a-dia do site. Claro que vou continuar linkando um monte de coisas – inclusive o Link e posts, velhos e novos, do Sujo – mas já vi que tem discos, filmes e acontecimentos que não valem mais que 140 caracteres de empolgação. E assim, meu Twitter começa a virar uma versão micro do Trabalho Sujo.

E a versão macro – esta aqui que você está lendo – também irá mudar. Provavelmente durante essa minha semana de recesso (que também aproveito para encerrar minhas listas de melhores da década e começar a colocar as listas de melhores de 2009 no jeito, além de terminar a tradução de um livro – depois eu falo mais disso), você irá ver algumas mudanças aqui e ali, nesses banners aí da direita, nos links debaixo da minha foto, nas categorias, no uso do Flickr… Enfim, mais uma revisão sazonal acontece aqui no site e você perceberá algumas mudanças drásticas – e outras nem tanto quando eu voltar a postar direito na próxima segunda-feira, dia 30.

Essa segunda eu ainda posto alguma coisa, de leve: um Vida Fodona (Soundsystem, ora pois), o Link da semana, uma ou outra novidadezinha. Se pintar algo em cima da hora, quem sabe eu tuíte. E até a sexta eu também dou notícia pois estou em duas programações diferentaças – ma non troppo – durante o fim de semana.

Certo? Já já, volto ao ritmo normal. Por enquanto, relaxem…

Quem é o verdadeiro homem da gravata florida

Muito boa a entrevista que o Jorge Ben deu ao Pedro Alexandre Sanches na Trip desse mês:

É verdade que você queria ser jogar de futebol, e não músico?
É, joguei no infanto juvenil do Flamengo. O futebol era bom, mas eu tinha que correr pra trabalhar, estudar, pagar as contas. Lá não ganhava nada, não era remunerado. Até que apareceu a música, mas era outra coisa que eu também não queria.

Ai, meu Deus, o que seria de nós?
Meu pai e minha mãe não gostavam. Naquele tempo músico era considerado um marginal, aquelas coisas. Não tinha respeito. Eu trabalhei um pouquinho de despachante, das 10h às 16h. E, nesse ínterim todo, eu já estava na alquimia.

Estudando, freqüentando grupos?
Estudando. E tinha um grupo, um grupo de adeptos maravilhosos. Eram da América do Sul, e tinha um brasileiro, professor ou reitor de faculdade, de São Paulo. Junto com um grupo de adeptos da alquimia, ele viu uma transmutação, em 1958.

De metal em ouro?
É, é. Eles viram, e falaram pra mim: “É uma arte”. Quando conversei com eles falei de São Tomás de Aquino… A igreja proíbe falar que ele foi alquimista. Proíbe, mas ele foi. O papa Silvestre deixava, isso no século 13, porque São Tomás de Aquino era um cara de família riquíssima. E ele quis ser padre, monge. Seus pais tinham preparado ele pra ser o conde de Assis, maravilhoso, ricaço. Tanto que se internou sozinho. Foram tirá-lo de lá, e ele falou: “Quero ser padre, gosto daqui”. Em pleno século 13 ele escreveu aquilo tudo, já fazia arte com alquimia. E esses caras daqui viram em 1958, deviam ser grandes na alquimia pra ser convidados pra ver. A todo lugar que tinha ourives, eu ia com outro amigo estudante ver como se fazia ouro. E a gente ficava indignado, eu conto isso numa música do disco Solta o pavão [de 1975, na faixa “Luz polarizada”]: “Coloque o seu grisol sobre a luz polarizada…”.

Nunca entendi essa letra, “coloque o seu…”?
O seu grisol sobre a luz polarizada. Grisol é um frasco de vidro inquebrável. E aquele que forja a falsa prata e o falso ouro não merece a simpatia de ninguém. A gente ficava indignado, todas essas lojas de ourives, pô, aquele ouro todo… era mais metal que ouro. Os alquimistas falavam que é preciso um ouro que não se pode falsificar, é o ouro de dentista, aquele ouro 14, ouro malhado.

Ainda existem alquimistas?
Eu conheço, na França. Na Europa ainda tem. No Brasil não, não tem.

E você já foi um alquimista?
Não, eu nunca cheguei a fazer transmutação.

Nicolas Flamel e Paracelso (personagens das canções de A Tábua de Esmeralda) eram alquimistas?
Eram, Nicolas Flamel, ele é que é meu muso. Ele e a mulher dele. Ele é “O namorado da viúva”. Ninguém queria ela – não, eles queriam, mas tinham medo, porque ela era rica e já era viúva três vezes. Flamel é do século 15. É o meu muso [cantarola], “namo-mora-rado da viúva”…

E Paracelso é “o homem da gravata florida”?
É! A história dele é maravilhosa também. Tem até hoje a casa dele na Suíça alemã. Levei o Gilberto Gil na casa do Nicolas Flamel. E, por incrível que pareça, o Gil viu uma coisa lá que eu vi, só nós dois vimos, na casa de Nicolas Flamel. Depois eu perguntei: “Gil, você viu uma coisa que eu vi?”. Ele falou: “Eu vi, você viu?”. Foi incrível.

Mas o que foi?
Vi uma coisa lá, na casa de Nicolas Flamel.

Não vai contar o quê?
Não, não. Mas vimos.

E não era sob o efeito de alguma substância?
Não, não. Vimos uma coisa lá. Nós vimos alguma coisa, mas bonita, não feia. Uma coisa bonita.

Maestro Vader

4:20

Daniel Pádua (1980-2009)

“Tecnologia é mato, o importante são as pessoas”
@dpadua

Não conheci o mineiro @dpadua pessoalmente, mas há quase dez anos acompanho e admiro seu trabalho, seja na militância de causas relacionadas à liberdade no mundo digital (dos protestos anti-Lei Azeredo ao trabalho no Metareciclagem), como na criação de dispositivos e ferramentas que inspiravam a criação coletiva e a organização 2.0, como o blogchalking (um plugin que permite localizar blogs por regiões geográficas, que foi o responsável por colocá-lo no mapa em 2002, quando pautei matéria com o criador para a falecida revista Play) e o Xemelê (linguagem baseada no protocolo XML, que facilitava a troca de informações para desenvolver um projeto coletivo, desenvolvido ainda no projeto Metáfora e adotado pelo Ministério da Cultura de Gilberto Gil). Envolvido com a criação do Blog do Planalto, ele estava afastado há dois meses do trabalho para lidar com a doença que lhe levou na quinta de noite. Mas, raízes firmes no campo fértil do mundo digital, é fácil prever que seu legado começa a entrar em ação a partir de agora e que seu nome será muito maior do que quando em vida. Valeu, rapá!

Charles Darwin: O Filme

Parece que o filme inglês Creation que conta a história de como Darwin criou sua teoria da evolução não conseguiu distribuidores nos EUA, devido à nóia com o criacionismo. Mas não deixa de ser bizarro ver o logo da Icon (do Mel Gibson) logo no início do trailer…

Jon Stewart contra a imprensa

Da mesma lista da Paste, mais uma desossada: desta vez é o Jon Stewart que desanca os apresentadores do programa de política Crossfire da CNN ao dizer que eles só fazem um mero teatrinho sobre política em vez de falar de verdade sobre o assunto – e sempre que os caras voltam pra dizer qual é o papel dele, ele responde que tem um programa num canal chamado Comedy Central. Esperem pelo menos até ele perguntar a idade do apresentador do programa.

Isso é outra coisa que nunca aconteceria no Brasil, essa república dos tapinhas nas costas.

Colbert x Bush

A Paste publicou uma lista com os melhores momentos ao vivo da TV durante a década e entre várias histórias que eu não tinha ouvido falar (afinal, a TV é a americana) estava esse discurso que Stephen Colbert deu na Casa Branca logo após a reeleição de Bush. O cara não perdoa NADA – e olhando na cara do sujeito.

Ninguém tem coragem de fazer algo que chegue aos pés disso, aqui no Brasil.

Barão Vermelho? Cazuza? Coisa de criança…

2 de fevereiro de 2010

Eis a data de estréia da sexta e última temporada de Lost. O episódio inicial, de novo, tem duas horas e a grande mudança em relação à temporada anterior é o dia de exibição, que deixa de ser nas quartas-feiras para ir ao dia anterior. É isso aí: em 2010, veremos Lost na madrugada de terça pra quarta (ou na manhã de quarta ou quarta depois de chegar do trabalho, dependendo da rotina de cada um). E eis o poster oficial da nova etapa da série.

Um dos nomes por trás da série, o criador e produtor Damon Lindelof, comentou numa coletiva durante o lançamento do DVD de Jornada nas Estrelas, na segunda passada, que o público não irá assistir nenhuma cena da nova temporada em previews, comerciais ou clipes promocionais.

“I think even a single scene from the show would basically tip what it is we’re doing this year, and what it is we’re doing this year is different than what we’ve done in other years,” (…) “That is the marketing strategy that we are trying to impose upon our masters. I can’t unequivocally say that we will be able to hold the embargo all the way up until the actual premiere, but it’s pretty cool that we’re not showing anything as late as November, so we’ll see. I think once the show actually starts, once we’re back on, then we’ll start showing people what we’re up to.”

E um spoiler de leve: parece que teremos menos Desmond nessa temporada. Pra quem gosta do “brotha”, uma pena.