Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.

Thiago Petit x Lady Gaga

O Thiago Petit foi entrevistado em vídeo pela Dani – e está lançando seu primeiro disco agora. Ele me arrumou uma cópia, mas ainda não ouvi. E não foi por falta de recomendações – e sim de tempo.

Maquinado novo

Quem também está com disco novo na área é o Lucio Maia, da Nação Zumbi, que mais uma vez assume a persona do Maquinado – desta vez incorporando pesado o Jorge Ben – para lançar seu segundo disco, Mundialmente Anônimo.

OViolão: Curumin – “Solidão Gasolina”

Hoje é dia do Curumin, despindo sua “Solidão Gasolina” aos pedaços e acordes soltos, vocais e cordas trastejadas pelo jeito que a mão corre pelo braço. Além do instrumento, sua voz cuida da percussão e até sola. Ele é o máximo – vacila quem não sabe.


Curumin – “Solidão Gasolina

O ano do Emicida

E não dá pra falar em música brasileira atual sem citar o Emicida. Leandro Roque de Oliveira já não é novidade faz tempo, mas só consegui ver um show do cara no mês passado, dentro da noite que o Rômulo e as meninas da Alavanca tão fazendo ali no CB, nas quintas-feiras. Venho acompanhando a ascensão do cara há um tempinho (até já tinha pautado a Ana para fazer um Vida Digital com ele) e é interessante perceber como ele é a síntese da mudança de ares que aconteceu na década passada com o hip hop brasileiro, ao mesmo tempo em que também é um reflexo do que também aconteceu com a MPB.

No lugar da marra e da cara de mau dos Racionais MCs e seus contemporâneos gangsta, surge um rapper quase sambista, quase malandro, quase manhoso, cantando sobre pobreza, miséria e violência sem separá-las da rotina, da felicidade e da família. Sem o pesar arrastado de beats de funk, ele prefere ancorar-se no samba e resume uma evolução que aconteceu no rap nacional. E mais especificamente no que diz respeito ao MC – e é possível ouvir enfileirados na voz de Leandro nomes tão diferentes quanto Sabotage, Marcelo D2, De Leve, Max B.O., Kamau, Marechal, Rappin’ Hood e todos aqueles que orbitaram entre o Instituto e o Quinto Andar, a Trama e o festival Indie Hip Hop, entre mixtapes e MP3s.

Ao mesmo tempo é estúpido mantê-lo apenas sob o rótulo do hip hop. Suas referências não são tão universais quanto as de seus compadres do microfone e das picapes – ele prefere samplear referências brasileiras e citar Cartola, enchentes em São Paulo e a novela das oito em vez de repetir a mesma ladainha de gangues e guerra urbana do rap do século passado. Como aconteceu antes com Sabotage, ele regula o equilíbrio entre o sambista, o rapper e o cronista com exatidão, assumindo o papel de trovador que nenhum outro cantor ou músico brasileiro atual – presos demais às egotrips, a conceitos abstratos e à correria para pagar as contas para assumir esse papel – se dispõe.

E ele também é bom de conversa: rendeu um ótimo papo com o PAS, uma boa matéria sobre samba com o Werneck e uma boa entrevista feita pela Stefanie, além do perfil feito pela Ana pro Link. Sai clicando e vai lendo – se você não o conhece ainda, está passando da hora.

Jay Z x Black Kids

Todo mundo sabe que mashup com hip hop é meio que o bê-a-bá do gênero – e se o rapper do vocal for o Jay Z (o primeiro a entrar pesado nessa brincadeira, graças ao Dangermouse e seu Grey Album), a faixa fica ainda mais didática. Mas o canadense Ha! Yes misturou a já clássica “Encore” com o remix que os Twelves fizeram pros Black Kids e o resultado ficou longe do trivial.


Ha! Yes – “Not Gunna Encore

4:20

Two Door Cinema Club x Twelves

E por falar em remix à brasileira, vocês sabem que é sempre bom ficar de olho em quem os Twelves tão remixando, né… O Two Door Cinema Club só lançou seu disco de estréia (Tourist Information, ouça que vale) no início desse ano, embora essa “Something Good Can Work” já tivesse aberto a coletânea da Kitsuné do ano passado. Não duvide se você ouvir falar bastante desses caras no decorrer do ano.


Two Door Cinema Club – “Something Good Can Work (Twelves Remix)

As 100 melhores músicas de 2009: 12) Washed Out – “I Feel it All Around”

Gente Bonita de novo na W4rp!

Nós gostamos da festa, a festa gostou de nós e agora somos atração mensal nas quartas-feiras da Funhouse. Mais uma vez as duplas Undog e 2Horsemen comandam a noite que, além da Gente Bonita, ainda recebe a discotecagem da Mirian Carol. O astral você conhece: dance music pra quem esqueceu que o dia seguinte é quinta-feira – mas como a semana é santa, já dá pra terminá-la em ritmo de feriado. Na discotecagem, damos a última geral nos hits da temporada primavera 2009/verão 2010, mas já antecipamos um pouco do que virá no outono/inverno da GB. Apareça!

Gente Bonita @ W4rp!
Último desfile dos hits da temporada Primavera 2009/Verão 2010
DJs residentes: 2Horsemen & Undog
DJs convidados: Luciano Kalatalo & Alexandre Matias (Gente Bonita Clima de Paquera) e Míriam Carol
23h
Quarta-feira, 31 de março de 2010
Local: Funhouse – Rua Bela Cintra, 567 – Consolação – São Paulo, SP
(11) 3259-3793 / 3151-4530
Preço: R$ 10 ou R$7 (pelo email W4RParty@gmail.com)

Abujamra: “Eu agora só vou responder assim: vão tomar no cu!”

Ravengar ruge em Fortaleza. É tudo teatro? Foda-se.

Abujamra, você se considera um homem de frases feitas?
O que quer dizer frases feitas? Por exemplo, se eu falo “ser ou não ser, eis a questão”. É uma frase feita? Ou é uma das melhores a que a gente pode falar numa conversa, em vez de perguntar “como você vai?”. O que é melhor: você ter as grandes frases dos grandes autores ou falar da mesmice que a gente fala todo dia? O que é melhor: você descobrir frases onde a sua vida está incluída ou você ficar falando “ih… o preço do tomate aumentou”. O que é melhor? Vou dizer uma frase que define isso. Tudo o que foi bem escrito ou dito é meu. Eu posso usar o que eu quiser. Frase feita é uma agressão na pergunta. Essa foi uma pergunta agressiva. Eu uso frases feitas no meu espetáculo? Eu não sei! Se usei frases feitas é porque eu precisava usar. Não sei o que significa uma frase feita. O que é uma frase feita para você?

Frases decoradas…
Uma frase decorada? Eu sei muito texto de Shakespeare, do Tennessee Williams, do Fernando Pessoa. Eu sei decorado esses textos, que são bem melhores do que eu falo, na verdade… E bem melhor do que a fala de qualquer jornalista babaca.

Mas você não acha que o Abujamra se repete quando diz não conseguir completar um minuto de coisas boas feitas por ele na televisão? O Abujamra seria um fingidor ou um repetidor?
Sei lá. Eu dirigi muito tempo televisão. Dirigi demais. O que você tem de bom na televisão? Alguns segundos: só! Alguns segundos. A televisão está virgem. Ela tem que ser descoberta. Tem que acreditar na comunicação de massa. Tentar melhorar as pessoas. Mas a televisão quer piorar as pessoas sempre.

E o teatro tenta melhorar as pessoas?
O teatro? Não sei. Faço isso só há 58 anos. Eu acho melhor do que britar pedras na rua, né não? Então eu prefiro fazer teatro. Não sei se isso é uma frase feita. Televisão é uma coisa, teatro é outra coisa, cinema é outra coisa. Eu sou ator de teatro, televisão, de cinema, de michê. Não sei se a palavra michê existe em Fortaleza!

Na hora de uma entrevista, você é um ator também?
Vai tomar no teu cu, antes que eu me esqueça. Eu sei lá se eu sou ator ou se eu não sou. Se eu sou isso ou se eu sou aquilo. Você acha o que você quiser que eu não dou a mínima importância. Fale o que você quiser. Ele finge! Ele não finge! Eu sei lá o que eu sou. Sei lá. Tenho 77 anos de idade, eu sei lá o que eu vou fazer depois. Tem horas que eu trabalho, tem horas que eu não trabalho. Eu sou um fudido privilegiado, que pensa em fazer o Rei Lear, mas não faz. Sou um fodido privilegiado, porque de repente me chamam para fazer um trabalho. Vocês são insuportáveis. E ainda me perguntam as coisas que me perguntam há 50 anos. As mesmas coisas. Eu queria que vocês caminhassem no incerto, como pede Pascal. Tudo bem, vocês nunca leram Pascal, mas saiam aí nas ruas e sintam-se mais inseguros. Agora vocês chegarem para mim e perguntar essas coisas que vocês me perguntam. Eu se fosse chefe de vocês colocava vocês na rua. Tem que ser outra coisa. É outro conceito. Tem que mudar. Pegar essas informações da internet e usar. Tem que fazer isso. Eu estou agredindo muito vocês. Eu espero que essa agressão mereça uma atenção, para quando vocês forem falar com outras pessoas, não façam perguntas vulgares e ridículas como essas que vocês estão fazendo para mim. Estou sendo chato?

Não!
Não é possível que eu não esteja chato! Vocês vieram aqui mesmo para apanhar. São masoquistas, é isso?

Qual seria uma boa pergunta para fazer para você?
A que vocês descobrissem.

O que foi que o senhor sonhou esta noite?
Sonho não deve passar de uma noite, meu amigo. Sonho não me interessa. Não quero que ninguém sonhe na minha frente. Sonho não deve passar de uma noite e acabou! Não tem importância. Ninguém tem que sonhar. Sonho só dá esperança, e a esperança já fodeu com a América Latina inteira.

Você não tem mais esperanças?
Nenhuma. Eu quero que a esperança vá tomar no olho do cu dela. Não tem mais nenhuma.

Acabou em 68?
Principalmente. Acho que nem tinha já naquela hora. Tchau! Vocês podem ir embora. Vão! Eu ainda não comi esse meu café. Vocês ainda me fazem comer frio. Olha a crueldade.

A entrevista está chata?
Uma das piores que eu já dei na minha vida. O que essa menina faz? (Aponta para a Natasha. Ela responde: eu sou aprendiz de jornalismo). Belos professores você tem. Ouça mais a mim do que eles. Falem, seus viados.

Quando você percebeu que estava velho?
Eu devia ter uns 15 anos. Eu sou um velho. Eu lia demais. Eu ficava lendo, lendo. Por isso envelheci. Eu sei lá quando eu era velho. Velho é quando começa a baixar o pau. Sei lá, um dia eu sentei nas bolas e percebi que estava velho. Eu sei lá quando a gente fica velho. Eu levo a minha vida. Faço as minhas coisas. Agüento uma porção de gente. Acabou a entrevista?

Acha pouco? A entrevista inteira tá no site dO Povo.