Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.
Todo mundo sabe que mashup com hip hop é meio que o bê-a-bá do gênero – e se o rapper do vocal for o Jay Z (o primeiro a entrar pesado nessa brincadeira, graças ao Dangermouse e seu Grey Album), a faixa fica ainda mais didática. Mas o canadense Ha! Yes misturou a já clássica “Encore” com o remix que os Twelves fizeram pros Black Kids e o resultado ficou longe do trivial.
Ha! Yes – “Not Gunna Encore“
E por falar em remix à brasileira, vocês sabem que é sempre bom ficar de olho em quem os Twelves tão remixando, né… O Two Door Cinema Club só lançou seu disco de estréia (Tourist Information, ouça que vale) no início desse ano, embora essa “Something Good Can Work” já tivesse aberto a coletânea da Kitsuné do ano passado. Não duvide se você ouvir falar bastante desses caras no decorrer do ano.
Two Door Cinema Club – “Something Good Can Work (Twelves Remix)“
Nós gostamos da festa, a festa gostou de nós e agora somos atração mensal nas quartas-feiras da Funhouse. Mais uma vez as duplas Undog e 2Horsemen comandam a noite que, além da Gente Bonita, ainda recebe a discotecagem da Mirian Carol. O astral você conhece: dance music pra quem esqueceu que o dia seguinte é quinta-feira – mas como a semana é santa, já dá pra terminá-la em ritmo de feriado. Na discotecagem, damos a última geral nos hits da temporada primavera 2009/verão 2010, mas já antecipamos um pouco do que virá no outono/inverno da GB. Apareça!
Gente Bonita @ W4rp!
Último desfile dos hits da temporada Primavera 2009/Verão 2010
DJs residentes: 2Horsemen & Undog
DJs convidados: Luciano Kalatalo & Alexandre Matias (Gente Bonita Clima de Paquera) e Míriam Carol
23h
Quarta-feira, 31 de março de 2010
Local: Funhouse – Rua Bela Cintra, 567 – Consolação – São Paulo, SP
(11) 3259-3793 / 3151-4530
Preço: R$ 10 ou R$7 (pelo email W4RParty@gmail.com)
Ravengar ruge em Fortaleza. É tudo teatro? Foda-se.
Abujamra, você se considera um homem de frases feitas?
O que quer dizer frases feitas? Por exemplo, se eu falo “ser ou não ser, eis a questão”. É uma frase feita? Ou é uma das melhores a que a gente pode falar numa conversa, em vez de perguntar “como você vai?”. O que é melhor: você ter as grandes frases dos grandes autores ou falar da mesmice que a gente fala todo dia? O que é melhor: você descobrir frases onde a sua vida está incluída ou você ficar falando “ih… o preço do tomate aumentou”. O que é melhor? Vou dizer uma frase que define isso. Tudo o que foi bem escrito ou dito é meu. Eu posso usar o que eu quiser. Frase feita é uma agressão na pergunta. Essa foi uma pergunta agressiva. Eu uso frases feitas no meu espetáculo? Eu não sei! Se usei frases feitas é porque eu precisava usar. Não sei o que significa uma frase feita. O que é uma frase feita para você?Frases decoradas…
Uma frase decorada? Eu sei muito texto de Shakespeare, do Tennessee Williams, do Fernando Pessoa. Eu sei decorado esses textos, que são bem melhores do que eu falo, na verdade… E bem melhor do que a fala de qualquer jornalista babaca.Mas você não acha que o Abujamra se repete quando diz não conseguir completar um minuto de coisas boas feitas por ele na televisão? O Abujamra seria um fingidor ou um repetidor?
Sei lá. Eu dirigi muito tempo televisão. Dirigi demais. O que você tem de bom na televisão? Alguns segundos: só! Alguns segundos. A televisão está virgem. Ela tem que ser descoberta. Tem que acreditar na comunicação de massa. Tentar melhorar as pessoas. Mas a televisão quer piorar as pessoas sempre.E o teatro tenta melhorar as pessoas?
O teatro? Não sei. Faço isso só há 58 anos. Eu acho melhor do que britar pedras na rua, né não? Então eu prefiro fazer teatro. Não sei se isso é uma frase feita. Televisão é uma coisa, teatro é outra coisa, cinema é outra coisa. Eu sou ator de teatro, televisão, de cinema, de michê. Não sei se a palavra michê existe em Fortaleza!Na hora de uma entrevista, você é um ator também?
Vai tomar no teu cu, antes que eu me esqueça. Eu sei lá se eu sou ator ou se eu não sou. Se eu sou isso ou se eu sou aquilo. Você acha o que você quiser que eu não dou a mínima importância. Fale o que você quiser. Ele finge! Ele não finge! Eu sei lá o que eu sou. Sei lá. Tenho 77 anos de idade, eu sei lá o que eu vou fazer depois. Tem horas que eu trabalho, tem horas que eu não trabalho. Eu sou um fudido privilegiado, que pensa em fazer o Rei Lear, mas não faz. Sou um fodido privilegiado, porque de repente me chamam para fazer um trabalho. Vocês são insuportáveis. E ainda me perguntam as coisas que me perguntam há 50 anos. As mesmas coisas. Eu queria que vocês caminhassem no incerto, como pede Pascal. Tudo bem, vocês nunca leram Pascal, mas saiam aí nas ruas e sintam-se mais inseguros. Agora vocês chegarem para mim e perguntar essas coisas que vocês me perguntam. Eu se fosse chefe de vocês colocava vocês na rua. Tem que ser outra coisa. É outro conceito. Tem que mudar. Pegar essas informações da internet e usar. Tem que fazer isso. Eu estou agredindo muito vocês. Eu espero que essa agressão mereça uma atenção, para quando vocês forem falar com outras pessoas, não façam perguntas vulgares e ridículas como essas que vocês estão fazendo para mim. Estou sendo chato?Não!
Não é possível que eu não esteja chato! Vocês vieram aqui mesmo para apanhar. São masoquistas, é isso?Qual seria uma boa pergunta para fazer para você?
A que vocês descobrissem.O que foi que o senhor sonhou esta noite?
Sonho não deve passar de uma noite, meu amigo. Sonho não me interessa. Não quero que ninguém sonhe na minha frente. Sonho não deve passar de uma noite e acabou! Não tem importância. Ninguém tem que sonhar. Sonho só dá esperança, e a esperança já fodeu com a América Latina inteira.Você não tem mais esperanças?
Nenhuma. Eu quero que a esperança vá tomar no olho do cu dela. Não tem mais nenhuma.Acabou em 68?
Principalmente. Acho que nem tinha já naquela hora. Tchau! Vocês podem ir embora. Vão! Eu ainda não comi esse meu café. Vocês ainda me fazem comer frio. Olha a crueldade.A entrevista está chata?
Uma das piores que eu já dei na minha vida. O que essa menina faz? (Aponta para a Natasha. Ela responde: eu sou aprendiz de jornalismo). Belos professores você tem. Ouça mais a mim do que eles. Falem, seus viados.Quando você percebeu que estava velho?
Eu devia ter uns 15 anos. Eu sou um velho. Eu lia demais. Eu ficava lendo, lendo. Por isso envelheci. Eu sei lá quando eu era velho. Velho é quando começa a baixar o pau. Sei lá, um dia eu sentei nas bolas e percebi que estava velho. Eu sei lá quando a gente fica velho. Eu levo a minha vida. Faço as minhas coisas. Agüento uma porção de gente. Acabou a entrevista?
Acha pouco? A entrevista inteira tá no site dO Povo.
Péricles passou seu verniz pós-disco e extraiu os elementos New Order da deliciosa “Sometimes” e, se não fosse o vocal, seu remix podia muito bem passar por uma faixa do Chromeo. E vocês sabem como eu adoro Chromeo, portanto..
Miami Horror – “Sometimes (Bo$$ in Drama Remix)“
E esse sol forte misturado com a cara de chuva que está fazendo aí fora combina bem com o clima desta “Mas é o Fim” que o Marcelo Frota – o Momo – gravou pra gente. Triste e espacial, árida e polar, ela combina com o clima de fim de verão desse nossOViolão.
Momo – “Mas É O Fim“
Lembram do Relespública?
Poizé. E o Bruno mandou esse vídeo mostrando o que aconteceu com o Fábio Elias, vocalista, guitarrista e fundador da banda:
Parece até estranho dizer isso, mas o Relespública foi uma das primeiras bandas a mostrar que Curitiba tinha uma cena musical própria, há quase vinte anos. A banda encarnava o espírito mod numa época em que “brechó” e “rock gaúcho” eram termos antagônicos e, ainda adolescentes, faziam shows memoráveis em que quebravam tudo – e isso numa época em que gravar disco era considerado um luxo. O próprio primeiro CD do Reles saiu mais de cinco anos depois da formação original da banda, numa formação diferente da clássica (que não durou muito tempo). Seu núcleo central (Fabio, Ricardo e Emanuel) continha a química explosiva que transformam bandas de garagem em bandas de rock, mas dá para entender as pressões que levaram Fabio tomar um rumo tão drástico.
James Murphy alugou uma mansão em Los Angeles para enfurnar seu time durante as gravações do terceiro álbum e, de vez em quando, dava uma câmera na mão de alguém para subir um videozinho no YouTube…