Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.
È vero, hanno assunto sostanze stupefacenti; travolti dal successo hanno vissuto anni scapestrati e disinibiti; in un eccesso di spacconeria hanno detto persino di essere più famosi di Gesù; si sono divertiti a lanciare messaggi misteriosi – perfino satanici stando a improbabili esegeti – assecondando voci e leggende metropolitane sulla loro vita e anche sulla presunta morte di uno di loro; certo non sono stati il migliore esempio per i giovani del tempo, ma neppure il peggiore. Tuttavia ascoltando le loro canzoni tutto questo appare lontano e insignificante. A quarant’anni dal turbolento scioglimento dei Beatles – ufficializzato il 10 aprile 1970, ma di fatto avvenuto l’anno precedente, al termine delle registrazioni di Abbey Road – restano come gioielli preziosi le loro bellissime melodie che hanno cambiato per sempre la musica leggera e continuano a regalare emozioni.
Assim começa o texto publicado no fim de semana pelo L’Osservatore Romano, o veículo oficial do Vaticano, que finalmente absolve os Beatles de seus pecados. Se isso é uma tentativa de se popularizar ante às acusações de pedofilia, acho que a santassé tá saindo tarde demais pra briga.
Demorei para falar do show do Franz e também segurei pra linkar essa entrevista que a banda deu para o Pablo sobre música digital:
A distribuição de música ilegal pela internet atinge vocês?
Alex Kapranos – Isso chegou a um ponto em que as pessoas presumem que a música é gratuita. Acho que essa atitude não é tão fácil de se alterar.
Nick McCarthy – Quando você pensa em ouvir alguma banda, a primeira coisa que te vem à mente é o torrent.
Kapranos – A Lily Allen foi destruída pela imprensa por dizer que as bandas mais novas sofrem mais com isso. Pode até haver hipocrisia no que ela falou, mas não é muita. É uma observação razoável: as pessoas estão consumindo algo pelo qual não pagaram. Muita gente tem reações ambivalentes nesse assunto, mas existe mais hipocrisia em quem ataca a Lily Allen do que nela. E não estou falando da pessoa média, que só baixa as músicas. Estou falando das pessoas que disponibilizam esse material. Elas tentam espalhar essa idéia de um mundo socialista, mas eu poderia apostar que elas vivem felizes dentro das vantagens que o capitalismo traz a elas. O debate sobre direito intelectual é muito amplo. Não acho que existe uma solução simples e direta. Não é tão fácil quanto ser dono de uma loja de doces e dizer: “estes doces são meus, se você roubá-los eu vou chamar a polícia”. É uma situação muito interessante. Tudo está mudando.Vocês enxergam uma solução?
McCarthy – Eu não vejo.
Kapranos – Você vê uma solução?Muita gente diz que a respostas é investir em outras áreas, como os shows e o merchandising. Tanto que as gravadoras têm feito novos contratos, que incluem participação nesse tipo de coisa. E também há a venda de músicas pelos jogos de videogame.
Kapranos – É verdade, tudo isso está mesmo acontecendo. Mas ainda assim não vejo uma resposta definitiva. Acho meio triste essa conversa de que os músicos só ganham dinheiro com apresentações ao vivo, porque essa situação exclui os artistas que só trabalham em estúdio. Isso vai ser muito ruim para os produtores e pode implicar na queda da qualidade de gravação. Você precisa, sim, de investimento financeiro para fazer um disco como, sei lá, o Pet Sounds. Você precisa poder pagar os músicos, os engenheiros de som. Se isso tudo acabar, vai ser muito triste. Tudo o que vai existir será gravado em um quarto, em um laptop. E, claro, ótimas idéias são realizadas dessa forma, mas vai ser triste ver o outro lado desaparecer.Vocês não gostam de fazer coisas por puro entretenimento? Tipo jogar videogames?
Kapranos – Eu não gosto de games por um motivo simples: não sou muito bom neles. Não gosto de fazer coisas nas quais não sou muito bom.
Paul Thomson – É difícil chegar ao fim dos jogos! Quase nunca dá.
Bob Hardy – Acho que o objetivo nem é esse, chegar ao fim. É só algo para ocupar o tempo. Matar tempo mesmo. Por exemplo, se você vai de Sidney para Glasgow e tem um jogo desses, o tempo passa voando. Pode ser o game mais simples de todos, não importa. Não precisa nem exigir muito de você. Tem esse debate de que os jogos musicais estão matando a música, e não acho que isso seja verdade. Os moleques não estão tocando instrumentos, são umas merdas feitas de plástico! Por outro lado, muita gente nos escreve dizendo que começou a tocar um instrumento de verdade depois de jogar um game desses.
Thomson – Eu acho esses jogos ridículos! Mas só digo isso porque não os jogo.Muita gente provavelmente chegou à música de vocês porque “Take Me Out” está no primeiro Guitar Hero.
Bob Hardy – Eu já joguei. Você vai alternando entre a linha de baixo e a de guitarra, depois pula para a melodia. Chegou uma hora que pensei: “Não, não consigo”.
Kapranos – Como compositor, acho que é uma visão fascinante sobre o modo como as pessoas que não tocam e escrevem vêem a música. As pessoas começam a notar a melodia, o baixo, a bateria. Isso me ajuda na hora de escrever, de vez em quando é bom ficar no básico e evitar as coisas espertinhas que o seu lado artístico te obriga a fazer. Você pensa: “Ok, qual é a parte boa disto aqui?”. E se você não encontrar essa parte boa, então a sua música provavelmente não é tão boa assim.
Esta versão psicodélica de Alice foi dirigida por Johnatan Miller, um dos caras do show de humor Beyond the Fringe, que convidou outros compadres do show – como o Peter Cook que faz o Chapeleiro Maluco e o Alan Bennett que faz o Rato no esquete acima – para formar o elenco da versão feita para o programa Wednesday’s Play, da BBC. A versão ainda contava com Peter Sellers como o Rei de Copas, Wilfrid Brambell (o “avô” do Paul no primeiro filme dos Beatles) como o Coelho Branco e trilha sonora de Ravi Shankar, criando, ainda em 1966 e através de canais estatais, o rumo que foi descambar na psicodelia do ano seguinte.
E por falar em Franz, eles também tão na trilha do Alice do Tim Burton… Mas a musiquinha é só OK.
“Tell Her Tonight”
Uns reclamaram do som, outros da lotação, muitos do calor – mas tudo funcionou perfeitamente na quarta passagem do Franz Ferdinand pelo Brasil, a terceira por São Paulo. A banda lançou seu disco mais recente há mais de ano e não arrisca músicas novas ao mesmo tempo em que não faz mais o show de lançamento de Tonight. O show, portanto, acaba sendo uma grande geral que a banda fez em sua carreira de três discos. O que impressiona pela quantidade industrial de hits despejados pela banda como uma máquina de dançar.
“No You Girls”
O que me leva crer que o Franz seja a melhor banda de rock da primeira década do século. Talvez não seja a mais importante: afinal só existe porque, na virada do milênio, certo filhinho de papai dono de agência de modelos conseguiu emplacar sua banda tanto entre os indies quanto na pista de dança. Mas se os Strokes acertam – cada vez menos – quando o assunto é hit, seus discos vão de mal a pior. O mesmo não pode ser dito sobre o Franz, a única banda desta geração novo rock cujas faixas memoráveis são bem mais que a metade de seus álbuns. O que torna o repertório da noite tão extenso quanto o de uma banda com décadas de carreira.
“Can’t Stop Feeling”
A diferença é o dedo na tomada – e o Franz não para um segundo no palco. Enquanto o público pulava banhado pelo próprio suor cantando quase todas as letras das músicas, a banda se entregava, chegando bem perto dos fãs, exibindo-se em seus instrumentos num jogo de sedução típico no rock. Quatro marmanjos apaixonados por milhares de pessoas gritando suas músicas, dando tudo de si para o público sequer perceber que mais de duas horas tinham se passado.
“Walk Away”
O vocalista Alex Kapranos assume-se dono da banda e percorre toda extensão do palco como um zumbi disposto a comer todos os cérebros do público ao mesmo tempo. Divide as guitarras com Nicky McCarthy, seu braço-direito, feliz em ser o segundo nos holofotes. Os dois confrontam os fãs bem de perto, chegando na boca do palco, erguendo seus instrumentos a pouco mais de um metro das mãos do público na grade querendo tocá-los. O baixista Robert Hardy, de barba, age com alguma desconfiança, acompanhando os dois guitarristas como um segurança de celebridade – quando você menos percebe, ele está acompanhando os dois de perto, sem deixar o ritmo da música cair. Que, no caso, é responsabilidade do baterista topetudo Paul Thomson, um metrônomo humano que dita todo o ritmo da noite. Ocasionalmente a cozinha é acrescida da participação dos teclados tocados por Nicky – e o Franz deixa de ser uma banda de rock para dançar e vira quase um projeto paralelo electro-kraut de alguma banda pós-punk dos anos 80.
“This Fire”
E é esse equilíbrio entre o pop mais deslavado, quase anti-rock, new wave amarelo-limão, e o rock mais experimental, perigoso, artsy. Seus genes musicais combinam enzimas de B-52’s com Pere Ubu, Devo com Jam, Wire com Buzzcocks, Fall com Ramones, além de não ter vergonha de se misturar com bandas que frequentam outros guetos musicais (como o Clash pirando em reggae e hip hop, o Gang of Four descobrindo a disco music ou PiL dissecando krautrock e música eletrônica). E mesmo que tenham aprendido tudo que sabem pela cartilha dos Beatles, rezam na bíblia do patrono David Bowie.
“Shopping for Blood”
E como eles se entregam ao público. Gotas de suor escorrem pela cara da banda para logo depois banharem suas roupas, o fôlego cansado fica evidente depois que enfileiram dois ou três hits em seqüência enquanto correm pela frente do palco. Várias dobradinhas são feitas enquanto a banda toca – os dois guitarristas duelando instrumentos, baixista e baterista se olhando na marcação de tempo, baixista e guitarrista esperando a hora certa para virar o clima da música, baterista e tecladista despindo as referências rock para deixar tudo eletrônico, Kapranos sola com a guitarra na nuca, pouco antes de subir em um dos amplificadores do palco – enquanto Nicky sobe no outro – para terem uma visão privilegiada do público.
Franz Ferdinand na bateria
Quando os quatro assumem o kit de bateria posto em frente ao palco, o show – que já estava na mão da banda – vira um momento de hipnose coletiva. A percussão, no entanto, não cai para tentativas de agradar um público teoricamente acostumado ao samba (ao menos em seus inconscientes). Em vez disso mantém-se reta e binária, linear e robótica, como se pudesse mostrar que, indo para o rock ou para a música eletrônica, o Franz Ferdinand está falando sobre a mesma coisa.
“Darts of Pleasure”
O assunto da banda é música para dançar. Guitarras para chacoalhar quadris e teclados para bater cabeça. Mesmo com o clima de histeria fanática tomando conta do público, a sensação do show era de baile, de salão lotado de meninas prontas para serem tiradas para dançar. E a conotação adolescente ficava em segundo plano a partir da faixa etária da banda – o Kapranos é mais velho que eu -, quando grande parte da massa que cantarolava riffs e hits também já tinha deixado sua adolescência há pelo menos uma década.
“Lucid Dreams”
E é em “Lucid Dreams”, não por acaso a última música da apresentação, que todos os pontos do Franz Ferdinand se encontram. A adolescência tardia, o rock’n’roll primitivo, o pós-punk transgressor, a new wave descerebral, a dance music elétrica, a disco music valvulada – tudo converge no épico de doze minutos que é o centro de Tonight, o terceiro disco dos caras, e – por que não? – de sua carreira. Nem “Take Me Out” nem “Do You Want To?” – talvez seus dois maiores hits – não têm a presença e a força da faixa que encerrou o show, uma maratona de eletricidade e ruído que, ancorada no ritmo, prova que nenhum dos contemporâneos do Franz Ferdinand – Strokes, White Stripes, Interpol, Arctic Monkeys, pode listar – é tão promissor quanto eles.
“Valeu Brasil”
A artista inglesa Su Blackwell faz arte recortando livros, esculpindo em papel com a tesoura, e fez sua pequena homenagem à Alice de Lewis Carroll. Vale olhar o resto do trabalho dela.