Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.

Primeiros passos…

Uma noite incrível no Picles desta quinta-feira viu os primeiros shows de duas bandas promissoras. A noite começou com a Schlop, trabalho solo de Isabella Pontes, que tornou-se um trio quando ela juntou-se a Cadu Scalet e Ruan Yagami para mostrar suas músicas ao vivo, aproveitando para eles mesmos mostrarem as suas. Revezando-se entre os três instrumentos, o trio também aproveitou para celebrar os 470 anos de São Paulo numa versão paulistana para o triste lamento que o LCD Soundssytem fez para Nova York que tornou-se “São Paulo Eu Te Amo Mas Tá Foda Demais” na versão Schlop. Depois foi a vez do Monstro Bom liderado pela Gabi para mostrar como suas canções azedinho-doces envolvem-se no entrosamento instrumento do quarteto de Osasco. No final, eu e a Fran assumimos a pista e foi aquele descontrole que faz todo mundo se acabar na pista do Picles madrugada adentro…

#inferninhotrabalhosujo #noitestrabalhosujo #picles #trabalhosujo2024shows 9 e 10

Assista abaixo:  

E Dua Lipa tá querendo que o ano comece logo…

Dua Lipa lançou mais um detalhe de seu próximo disco, ainda sem título nem data de lançamento, ao anunciar nesta sexta-feira o lançamento do single “Training Season”, que deverá ser lançado no próximo dia 15 de fevereiro. Ela compartilhou só um trechinho, que nem parece ser o refrão, mas que conta com o baixo pronunciado típico das produções do homem Tame Impala, Kevin Parker, que está na ficha técnica deste próximo lançamento como compositor (junto com o Tobias Jesso Jr.!), baixista, baterista, guitarrista, tecladista, percussionista, produtor, programador e autor dos efeitos sonoros. Parece ser um passo à frente de “Houdini” no sentido de se distanciar de Future Nostalgia, o disco mais recente da diva inglesa, mas ainda não soa como um disco proprimanete novo… Ouça o trechinho abaixo:  

Centro da Terra: Fevereiro de 2024

Vamos começar 2024? Eis as atrações deste mês de fevereiro no Centro da Terra, quando voltamos a fazer espetáculos depois de um merecido descanso. Começamos os trabalhos na primeira segunda do mês, dia 5, com Dadá Joãozinho, MC de Niterói que despontou ano passado com seu disco de estreia Tds Bem Global, que amplia o repertório de seu disco numa apresentação inédita batizada de Global Inabitual. No dia seguinte, terça-feira, é a vez da querida Nina Maia começar a mostrar o que será seu primeiro disco solo no espetáculo Inteira, entre o pop experimental, o jazz e a MPB, acompanhada pelos músicos Valentim Frateschi e Thalin. Pulamos a semana do Carnaval por motivos óbvios e voltamos na segunda 19 com a apresentação conjunta de dois novos nomes da cena alagoana, quando João Menezes e Marina Nemésio apresentam o espetáculo Doze Metros Terra Adentro. Na terça seguinte, dia 20, recebemos o encontro de Bernardo Pacheco, Ivan Vilela, Mariana Taques e Paulinho Fluxuz que os quatro chamaram de Rastros e mistura iluminação, dança, baixo elétrico, viola de dez cordas e efeitos especiais. E a última semana de fevereiro traz, primeiro, na segunda 26, a apresentação Alumia, em que a cantora Paula Tesser mistura suas influências nativas musicais – Fortaleza e Paris, acompanhada por Zé Nigro, Samuel Fraga, Dustan Gallas e participação de Kika Carvalho, e depois, na terça, dia 27, o paulista Meno Del Picchia apresenta Mar Aberto, apresentação em que começa a mostrar seu próximo álbum, Maré Cheia, acompanhado de uma banda formada por Batataboy, Bianca Godoi e Otávio Carvalho. Os espetáculos começam sempre às 20h, pontualmente, e os ingressos já podem ser comprados através deste link.

O Pagode do Rodrigueta vai pro estúdio…

Rodrigo Campos não para! Lançou dois discos o ano passado e já embicou em 2024 vislumbrando disco novo – na verdade transformar sua roda de samba, o Pagode do Rodrigueta, numa coleção de fonogramas, que ele ainda não sabe se vira disco ou se vão ser apenas singles. O primeiro deles chega às plataformas digitais nesta sexta-feira, mas ele antecipou em primeira mão aqui pro Trabalho Sujo pra quem quiser sacar antes da hora. E para começar estes trabalhos, pinçou um clássico do Exaltasamba como faixa de abertura – e ele explica porque escolheu “Gamei”, que gravou sozinho, apenas com a participação de Thiago França: “Na adolescência eu tocava numa casa de show chamada Chopapo, em São Bernardo, dividíamos o domingo meu grupo – que se chamava Apoteose -e o grupo Katinguelê”, lembra o sambista. “Aos sábados tocava o grupo Inspirasamba, que mais tarde se tornaria o Exaltasamba. Nessa época ninguém tinha gravado ainda, lembro de esperar ônibus no ponto com o Péricles. Era a época da foto que escolhi pra capa. Poucos anos depois vi o Exalsamba gravar e virar sucesso nacional. Acho que ‘Gamei’ simboliza essa transição deles, foi um dos maiores sucessos da época. Faço assim uma homenagem ao grupo e ao adolescente que fui no início dos anos 90.”

Ouça abaixo:  

Uma obra aberta e fechada – pela última vez no palco?

Terceira vez que pude ver ao vivo o sensacional Erosão, primeiro trabalho solo da baterista Mariá Portugal, que ela gravou antes da pandemia mas que só conseguiu apresentá-lo nos palcos depois que atravessamos aquele pesadelo. Neste meio tempo, ela mudou-se para a Alemanha, o que tornou suas apresentações ainda mais esporádicas por aqui. E ela mesma já avisou que a sessão que puxou na Casa de Francisca nesta quarta-feira talvez seja a última vez que ela executa esse trabalho ao vivo por aqui. E que despedida! Numa formação bem mais enxuta daquela que ela reuniu no primeiro show, no Sesc Pompeia, em outubro de 2022, quando contou com nove músicos no palco, mas igualmente inusitada – e excelente. Ela regeu a apresentação a partir de seu instrumento, dividindo os vocais com o camarada Tó Brandileone, que cantavam sobre um instrumental em que três sopros (Maria Beraldo, Rômulo Alexis e Marina Bastos) e dois contrabaixos acústicos (mais uma vez Arthur Decloedt e Marcelo Cabral) conversavam entre si – em horas plácidos e corteses, em outras empolgados e endiabrados e a apresentação seguiu o mesmo fluxo único em que canções transformam-se em improvisos, solos e encontros instrumentais, que funcionam como pontes que intercalam um tema ao próximo. Uma obra aberta e fechada ao mesmo tempo, em que Mariá nos provoca a pensar nossa relação com o tempo e o espaço, mesmo sem fazer isso de forma racional. E aí está a magia desta apresentação, que é ao mesmo tempo densa e leve – e nesta terceira vez ela estava irrepreensível. O que me faz acreditar que ela voltará a ser visitada nos palcos sim (foi mal, Mariá…), só que talvez não tão em breve… Inclusive tomara.

#mariaportugal #casadefrancisca #trabalhosujo2024shows 8

Assista abaixo:  

Esse delírio paulistano chamado Rumo

O grupo Rumo começou suas comemorações de 50 anos de atividade nesta quarta-feira, véspera de feriado, no Sesc 24 de Maio, quando fez a primeira de duas apresentações que também aproveitaram para celebrar o aniversário de São Paulo – que foi, inclusive, o ponto de partida da noite, depois de começarem a noite com a clássica “Ah!”, puxando várias músicas do grupo que falam sobre a cidade, como “Paulista”, “Pro Bem da Cidade”, “Esboço”, “Ladeira da Memória” e uma versão foda para “Trem das Onze”, de Adoniran Barbosa). E por mais que Paulo Petit tenha dito que não tinha terminado a parte de homenagem à cidade, é inevitável que outras canções – que por mais que não abordem a cidade em si – soem nascidas nesta cidade, afinal o Rumo é uma instituição e um delírio essencialmente paulistano. E canções irresistíveis e cabeçudas como “O Apito”, “Toque o Tambor”, “Trio de Efeitos”, “Esperança Ribeiro”, “Bem Baixinho”, a tocante “Único Legado”, “Carnaval do Geraldo”, “Felicidade”, “Universo” e a deslumbrante “Falta Alguma Coisa” são a cara da megalópole sulamericana – e mesmo antigos sambas cariocas (como “Você Só… Mente” de Noel Rosa e “Cheio de Saudade” de Sylvio Caldas e Luis Barbosa) ganham posturas e sotaques característicos daqui ao serem relidos pelo grupo. Como de praxe, seus integrantes mudam de instrumentos constantemente montando formações instantâneas que vão de apenas um a nove músicos no palco – e cada um deles, Danilo Penteado, Pedro Mourão, Zecarlos Ribeiro, Gal Oppido, Akira Ueno, Paulo Tatit, Ná Ozzetti, Luiz Tatit e Geraldo Leite, ganha seu momento de brilho individual, reforçando seu aspecto de superbanda. Mas nada traduz melhor o espírito da banda quanto Ná encarnada em uma versão de “Delírio, Meu!” que teve direito a solo de vocal e dança. Foi ótimo.

#gruporumo #sesc24demaio #trabalhosujo2024shows 7

Assista abaixo:  

Inferninho Trabalho Sujo apresenta Monstro Bom e Schlop

Vamos esquentar essa semana com Inferninho Trabalho Sujo em pleno feriado! Você já sabe que depois da meia-noite eu e a Fran queimamos neurônios, quadris e solas de sapato com hits que não deixam ninguém parado – e antes disso não vai ser diferente, quando reunimos duas bandas novíssimas para apresentações especiais para esta quinta-feira no Picles. O lo-fi à brasileira do Schlop e as canções perigosas do Monstro Bom ajudam a aquecer este segundo Inferninho do ano, deixando a temperatura naquela medida que a gente conhece e gosta. A festa começa às oito da noite e quem chegar antes das nove não paga pra entrar. O Picles fica ali no coração do bairro de Pinheiros, no número 1838 da Cardeal Arcoverde e a noite promete pegar fogo! Vamos?

O Justice está de volta… e com o Tame Impala!

Os papas do maximalismo, sem lançar nada desde 2016, acabaram de anunciar seu retorno – e em grande estilo. O Justice voltou a ser falado pois surgiu como um dos nomes do cartaz do novo Coachella, mas estava guardando segredo sobre o novo álbum até esta quarta-feira, quando anunciou o lançamento do disco Hyperdrama para o próximo mês de abril ao mostrar a capa e dois singles do novo álbum, um deles com a presença do senhor Tame Impala, Kevin Parker, nos vocais. E “One Night/All Night” é uma joia, ouça abaixo:  

Os indicados às categorias de melhor artista, melhor show e artista revelação de 2023 segundo a APCA

Depois de divulgar os 50 indicados a melhor disco do ano na semana passada, o júri da comissão de música popular da Associação Paulista de Críticos de Arte (do qual faço parte ao lado de Marcelo Costa, Adriana de Barros, José Norberto Flesch e Pedro Antunes), é a vez de anunciarmos os indicados a outras três categorias da premiação, artista do ano, show do ano e artista revelação. E eles são:  

Quando Stephen Malkmus toca no Dinosaur Jr…

E esse momento? No dia 13 passado, o Dinosaur Jr passou com sua turnê que comemora os 30 anos do disco Where You Been pela cidade de Portland e um de seus cidadãos mais ilustres, nosso querido Stephen Malkmus, que traz seu Pavement para o Brasil no próximo mês de abril, que subiu ao palco do grupo para dividir a faixa “Kraked”, do melhor disco do grupo, You’re Living All Over Me, de 1987. Malkmus não deixou barato e encarnou sua versão para o guitar hero da banda, J Mascis, que só entrelaçou seu solo de guitarra com o reverente feito pelo líder do Pavement, que ainda cantou a música como se fosse um integrante oficial do Dinosaur Jr. Logo em seguida, o grupo chamou Peter Holmström. do Dandy Warhols, para dividir os vocais de “Just Like Heaven”, cover clássico do Cure que o Dino faz desde os anos 80. Assista abaixo: