Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.
“Se isolar não é uma forma de se descobrir, é apenas uma forma conveniente de fuga”, sentencia Vítor Brauer no meio dos doze minutos de “Se Nosso Nome Fosse Um Verbo (Canibalismo como Forma de Amor)”, segunda faixa do sexto álbum da banda mineira, que lançou o disco à meia-noite desta terça-feira para inaugurar o segundo semestre de 2025 de forma apaixonada – em todos os sentidos -, justamente por não isolar-se e sim entregar-se. Batizado apenas de Amor, o disco talvez seja o trabalho mais intenso e extático da banda, que dedica quatro longas faixas à entrega ruidosa para falar sobre sentimentos em relacionamentos a dois de forma crua e extasiada. São épicos repletos de zumbido de microfonia que se abrem em crescendos instrumentais que vão ficando vigorosos e violentos à medida em que cada uma das músicas vai cedendo à própria duração, quase sempre dando um cavalo de pau musical e dramático pela metade de sua extensão, atingindo picos de explosão de uma dinâmica de guitarras imbatível na música brasileira atual e tirando o fôlego do ouvinte, quase sempre ao trazer conclusões ou revirar lembranças que vão crescendo junto com o volume das canções. É muito fácil imaginar um show em que a banda toque apenas essas quatro músicas, esticando-as ainda mais, e fazendo seu público berrar, às lágrimas, versos como “eu sei que a gente fez tudo que foi capaz” – da faixa de abertura “Vermelho (Seus Olhos Brilhando Violentamente Sob os Meus)”, que tira o chão do ouvinte quando quase desliga-se na metade da música – ou as citações à carne que Vítor faz ao final da citada “Canibalismo”. Se fizerem só isso já estarão proporcionando um dos melhores eventos ao vivo deste ano, um complemento inevitável à catarse emocional elétrica que é este Amor. Discaço.
Morris está pronto para mostrar seu próximo trabalho, Fé na Desordem, coleção de canções que está transformando em disco com o auxílio de Romulo Fróes, que o ajuda a levantar um álbum sobre como sobreviver nos dias caóticos que vivemos, como ele mostrou nesta última segunda-feira de junho no Centro da Terra. Acompanhado de Décio 7 na bateria e Paulo Kishimoto no baixo, guitarra e guitarra lapsteel, além dos belos vocais dos novatos Caio Teixeira e Joy Catharina, todos trabalhando para elevar a voz, o violão e as canções de Morris, que veio com pintura de guerra no rosto e começou a noite repassando canções de seu disco anterior, Homem Mulher Cavalo Cobra, lançado no ano da pandemia. Aquecendo esta nova formação de músicos – incluindo Juliana Perdigão, que cantou “Longe da Árvore”, que dividem naquele disco logo no início do espetáculo – com músicas já conhecidas, ele preparou a noite para seu salto no escuro, ao mostrar as canções do próximo trabalho pela primeira vez para além do círculo ligado ao novo trabalho. E provou que este repertório está pronto para vir a público, incluindo mais uma colaboração com Perdigão, que voltou ao palco outras duas vezes, tanto para tocar a nova música quanto para repetir a que fizeram na primeira parte da noite, quando o público que lotou o teatro pediu bis.
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Encerramos a programação de junho do Centro da Terra nesta terça-feira, quando recebemos mais uma vez Morris no palco do teatro, desta vez experimentando o que será seu novo disco, Fé na Desordem, que conta com direção artística de Romulo Fróes e canta sobre a aceitação do caos em que vivemos para buscar caminhos viáveis. Com uma banda formada por Paulo Kishimoto e Décio 7, ele também recebe as participações de Juliana Perdigão, Joy Catarina e Caio Teixeira, além de cantar músicas de seu disco mais recente, Homem Mulher Cavalo Cobra. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos estão à venda no site do Centro da Terra.
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A Lego sempre abre concursos em que entusiastas dos blocos de plástico da marca podem mandar seus projetos, que eventualmente tornam-se realidade. Foi o que aconteceu com esta proposta feita por um participante do concurso Build Your Nostalgia – 90s Throwback!, organizado pela empresa, que criou esse set inspirado na série Arquivo X, que recria tanto o escritório em que trabalham Fox Mulder e Dana Scully quanto uma floresta em que os agentes fazem contato com alienígenas. Diz se não é maravilhoso?
Depois de reunir sua antiga banda Shelly no palco de alguns shows, nossa querida Clairo anuncia, de surpresa, que na meia-noite desta segund pra terça, o grupo lança dois singles,”Cross Your Mind” e “Hartwell!. E pra deixar a banda na mesma vibe, ela fez todo mundo se deitar – como ela sempre faz quando pode – pra tirar polaróides que anunciam a volta do quarteto. Bem sagaz essa Clairinho…
Às vésperas de seu monumental último show, que acontece neste sábado, em sua cidade-natal, em Birmingham, na Inglaterra, os integrantes da formação clássica do Black Sabbath – Ozzy Osbourne, Tony Iommi, Geezer Butler e Bill Ward – já se reencontraram depois de anos sem estar os quatro no mesmo lugar, como vemos nessa foto tirada por Sharon, mulher de Ozzy. Aproveitando a notícia do último show, o grupo vê o ressurgimento de sua primeira fase, antes de gravar o primeiro disco e chamar-se Black Sabbath, surgir num disco chamado Earth: The Legendary Lost Tapes, lançado pela gravadora Big Bear, do produtor Jim Simpson, que descobriu a banda quando eles ainda se chamavam The Polka Tulk Blues Band e ajudou-o a mudar seu nome e a gravar num estúdio pela primeira vez, em 1969, gravações que finalmente chegam ao público depois de anos circulando apenas como gravações piratas. O disco, contudo, ainda não está em pré-venda e seu lançamento não tem nenhuma relação com os integrantes do grupo. E pra quem quiser assistir ao show, já que não dá mais pra ver pessoalmente (ingressos esgotadaços), pode pagar para ver a transmissão da histórica apresentação.
E pra encerrar o papo Glastonbury, fique aí com a convidada do show que o grupo inglês Maccabees fez no festival, quando chamou Florence Welch – do grupo Florence & The Machine – para cantar dois de seus hits, “Love You Better” e “Dog Days Are Over”, em um dos primeiros shows da volta do grupo, que voltou à ativa no ano passado mas só agora começou a fazer shows, enquanto preparam material para um possível disco novo, o primeiro em dez anos.
Se a Gracie Abrams puxou seu pop prum lado mais sério no começo do festival de Glastonbury deste ano ao cantar a mágica “Just Like Heaven” do Cure, Olivia Rodrigo falou ainda mais grosso ao tocar não apenas essa música do Cure, mas também “Friday I’m in Love”, ao encerrar o festival inglês no domingo com a presença de ninguém menos que o próprio senhor Cure, quando convocou o mago Robert Smith para dividir o palco com ela nas duas canções. Que momento! Deu até pra desculpar a Olivia por ter chamado o Ed Sheeran para dividir o palco com ela no show que ela fez no Hyde Park, em Londres, na sexta-feira anterior (e não custa lembrar que ela puxou David Byrne pro palco dia desses…).
Outro bom momento do festival de Glastonbury deste ano foi quando a banda inglesa Wolf Alice, às vésperas de lançar seu aguardado quarto álbum The Clearing, sacou nada menos que a imortal “Dreams”, do grupo Fleetwood Mac, no meio do repertório do show que fizeram no fim da tarde do domingo no festival inglês, com a vocalista Ellie Rowsell esbanjando carisma.
Durante a apresentação do grupo Kneecap no festival de Glastonbury deste ano, o MC Mo Chara perguntou se o público iria ver o show de Rod Stewart, rindo que ele “é mais velho que Israel” – o que é verdade. O cutucão não foi sobre a idade do velho mod, mas sobre o fato de que há tempos o vocalista inglês abraça opiniões políticas toscas – desde os anos 70, quando apoiava o político conservador Enoch Powell por ser contra os imigrantes que vinham para a Inglaterra, até atualmente, quando, além de ser amigo pessoal de Donald Trump, também apoia outro político de direita, Nigel Farage. Mesmo se posicionando recentemente contra Benjamin Netanyahu e ameaçando terminar a amizade com Trump caso ele continue a apoiar Israel, o velho roqueiro ainda carrega – com razão – a pecha de conservador, mas conseguiu pelo menos um bom momento em seu show no festival, quando chamou o rolling stone Ron Wood para reviver um velho hit dos Faces, banda que tinham no final dos anos 60, antes de Wood entrar nos Stones, “Stay With Me”, em sua apresentação no domingo.