Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.
O “vazou” entra entre aspas porque 1) ninguém estava esperando pelo novo disco do Aphex Twin e 2) ele mesmo colocou o link pra download de Syro – seu primeiro disco desde 2001 – na internet. Mais especificamente na chamada “deep web” – e anunciou o link em seu próprio Twitter.
Pouco antes do anúncio oficial, alguns teasers foram aparecendo pelo planeta no fim de semana passado – primeiro um zepelim nos céus de Londres com o logotipo do músico:
Foto: @JidLind
Depois o mesmo logo começou a aparecer nas calçadas de Nova York:
Foto: @markedman71
A última mensagem antes do anúncio do disco foi digital, numa aparição “mística” à venda no eBay:
A história chegou ao fim quando o próprio Aphex Twin anunciou o disco novo, chamado apenas de Syro, em sua conta no Twitter. Era apenas um link que não poderia ser acessado com um navegador normal, e sim usando o navegador Tor, que entende o protocolo anônimo desta internet subterrânea, em que armas, drogas e pornografia – entre outras bizarrices bem pesadas – têm livre circulação (falamos sobre isso quando eu editava o Link em 2011). Em seguida apareceu um novo link, desta vez acessível via navegadores comuns, mas que não levava ao disco em si, apenas a uma interface semelhante àquela acessada na deep web (com a diferença que, sem a navegação anônima, torna-se mais fácil recolher dados de quem está navegando, confira com seus próprios olhos).
Se o disco é bom? Tem um jeito de descobrir… Esse link traz um disco falso se passando pelo disco novo do Aphex Twin.
Você lê uma coisa, mas sabe que ela quer dizer outra… Não era isso que o George Orwell chamava de newspeak?
Tem outros aqui.
O trio rock mais instigante de São Paulo chega ao segundo disco sonhando alto. O Terno libera com exclusividade seu novo álbum aqui pro Trabalho Sujo – ouça e veja se eles não estão indo no rumo certo. O disco, que leva apenas o nome da banda, será lançado nesta sexta, no Auditório Ibirapuera. Showzaço.
Fomos levados pelo delírio coletivo rumo a uma dimensão de prazer e alto astral – você já sabe como é uma Noite Trabalho Sujo. As fotos da Helena, ah, elas falam por si, veja só:
Deixe-se levar pelas boas vibrações de mais uma Noite Trabalho Sujo no clássico Apartamento Byob nesta sexta-feira, quando eu, Babee, Luiz e Danilo mexemos nos controles da nossa nave-mãe rumo a a outro planeta de delírios musicais – aquela saudável mistura já conhecida de dance music com indie rock, música eletrônica e música brasileira, R&B e rock clássico, soul music e hits instantâneos que inspiram flashbacks deliciosos. Nosso facho de música erguerá corpos e corações rumo àquela dimensão alto astral de suor, sorrisos e refrões cantados a plenos pulmões. E na pista de cima a dupla André Palugan e Guto Nunes ajudam nosso vôo ficar ainda mais feliz. Para garantir sua viagem mais tranquila é só mandar seu nome pro noitestrabalhosujo@gmail.com até às 20h30 da sexta-feira. Prepare-se!
Noites Trabalho Sujo: Abduzidos!
“Estamos… flutuando…”
Sexta, 15 de agosto de 2014, a partir das 23h
Com: Alexandre Matias, Babee, Luiz Pattoli e Danilo Cabral
Apartamento BYOB – R$ 30 / R$ 20 com nome na lista pelo noitestrabalhosujo@gmail.com
E esse mashup?
Se você tá por fora dessa história de Eita Giovana (que é do ano passado), olha o vídeo original:
O primeiro curso Trabalho Sujo no Espaço Cult, na Vila Madalena, começa na próxima segunda e as inscrições podem ser feitas até o domingo. No curso, reuni velhos conhecidos e nomes de peso do cenário cultural brasileiro para conversar sobre as mudanças que estão acontecendo no mercado musical nos últimos anos. Em todas as aulas, mediarei um papo sobre diferentes facetas deste cenário, dissecando ao lado de nomes que lidam diretamente com áreas codependentes como as transformações da era digital estão mudando nossa relação com a música. Mais detalhes no site do Espaço Cult, que mudou de endereço e agora fica na Rua Aspicuelta, número 99. O time reunido é de primeira: João Marcello Bôscoli, Pablo Miyazawa, Evandro Fióti, Roberta Martinelli, Airton Valadão Jr., Tulipa Ruiz, Karina Buhr, Maurício Tagliari, Carlos Eduardo Miranda, Ronaldo Evangelista, Fabiana Batistela, Marcos Boffa, Patrícia Palumbo, Lucio Ribeiro, Ricardo Alexandre e André Forastieri.
Quando conheci o Ricardo Alexandre ele já tinha abandonado a música rumo ao jornalismo. Ambos cobríamos a cena independente do interior de São Paulo no início dos anos 90 por motivos diferentes: eu havia acabado de me mudar de Brasília para Campinas e vi uma cena tão interessante quanto a que eu acompanhava na minha cidade (que na época paria Little Quail, Raimundos, Oz, DFC e Maskavo Roots) e ele, fui saber depois, fez parte da incipiente cena de Jundiaí.
Quando cheguei a Campinas comecei a descobrir as cidades próximas a partir das cenas que surgiam nestas cidades e a de Jundiaí, cinquenta quilômetros entre Campinas e São Paulo, tinha um grupo de conhecidos que montavam bandas na raça e tratavam isso com uma autoironia característica daquela década – a ponto de lançar fitas demo através de um fictício selo chamado Visite Jundiaí – A Seattle Brasileira Records, que por pouco não chamou-se Visite Jundiaí – A Seattle do Morango Records ou outra cretinice do gênero. Nomes como Burt Reynolds, Death by Visitation of God, Charlie Road, Towards the Cathedral e Astrofuckelroy formavam aquela protocena que nunca chegou a acontecer de fato, tocando esporadicamente nas minúsculas casas noturnas de cidades do interior ou nas pouquíssimas casas de show de pequeno porte que existiam em São Paulo. Uma daquelas bandas, Os Cleggs, fui descobrir depois – havia sido fundada por Ricardo Alexandre dois anos antes de conhecê-los – tanto a banda quanto Ricardo.
Mas ao visitar suas origens noventistas em seu Cheguei Bem a Tempo de Ver o Palco Desabar – 50 Causos e Memórias do Rock Brasileiro (1993-2008), Ricardo viu-se confrontado com o passado. Em sua curta estada nos Cleggs nenhum registro havia sido feito. Nenhuma foto, nenhuma música, muito menos vídeos de shows (lembrem-se que estamos falando do início dos anos 90, quando a menor máquina para fazer vídeos era um trambolho um pouco menor que um videocassete). Após sua saída, a banda compôs novas músicas, a maioria em inglês, e seu curto momento rock parecia fadado ao esquecimento.
Até que ele tomou vergonha na cara, chamou os dois integrantes da formação original (o baixista TT e o baterista Michel Sinclair) e vai fechar essa etapa de sua carreira. Na sexta que vem, dia 22, o trio volta à ativa mais de 20 anos depois da saída de Ricardo em um show em Jundiaí (veja mais detalhes no flyer abaixo). Ricardo quer fazer alguns shows, gravar umas músicas e, quem sabe, lançar um disco para, finalmente, dar cabo dessa fase em sua vida.
Vamos acompanhar pra ver se essa armação dá certo…
Prepare-se, o frio vem aí.
Hail Social – “Anna Belle”
Angel Olsen – “Dance Slow Decades”
O Terno – “O Cinza”
Boogarins – “Doce”
Velvet Underground – “Ocean”
Procol Harum – “A Whiter Shade Of Pale”
Ty Segall – “Goodbye Bread”
Lana Del Rey – “Sad Girl”
Secos e Molhados – “Amor”
João Bosco – “Cobra Criada”
Marcos Valle – “Os Ossos do Barão”
Of Montreal – “Amphibian Days”
Pavement – “We Are Underused”
Fleetwood Mac – “Walk a Thin Line”
Courtney Barnett – “Lance Jr”
Rolling Stones – “Coming Down Again”