O mantra solar do Carabobina
A dupla Carabobina, formada pelo boogarin Raphael Vaz e pela produtora Alejandra Luciani, faz duas apresentações no Centro da Terra nas próximas semanas e batizaram suas duas sessões com o título do single cujo clipe eles lançam em primeira mão aqui no Trabalho Sujo, “Terranoite”. “Foi a primeira música sem beat que fizemos, bem diferente do que toca no nosso primeiro álbum”, explica Fefel. “Acho que nos inspiramos um pouco no disco Sung Tongs, do Animal Collective, onde tem aqueles mantras acústicos de poucos acordes e vários minutos. Usamos o cuatro venezuelano e sintetizadores pra criar uma paisagem variável. Na ideia, essa música é gigantesca e no show pode até ser isso que aconteça ao vivo.” Assista abaixo.
Raphael explica que foi justamente sua duração flexível que batizou a minitemporada. “É o momento viajão e um pouco incerto”, continua. “Como serão nossos primeiros shows em São Paulo, apresentaremos nosso primeiro disco, umas coisinhas novas inacabadas e sons que surgirem na hora”. Ele reforça que apesar de parecidos, são dois shows distintos, na terça-feira, dia 28 de junho, eles recebem as projeções analógicas de Gabriel Rolim, e na segunda-feira, dia 4 de julho, Anne Santoro faz a cenografia da apresentação.
“Gosto muito da letra, modéstia à parte, e foi assim que pensamos que ela merecia um popular e singelo ‘vídeo de letra’. Mandei pro meu amigo da Cachorro Sensível Filmes, Rodrigo Ribeyro, e não falei nada. Ele editou imagens de arquivo que fez andando por aí, e caiu como uma luva.” O próprio diretor do clipe completa: “Gosto de brincar com essa ideia da natureza como protagonista, redirecionando a câmera -ao invés de gente, bicho. Fauna, flora e água, muita água. Existe um charme nas texturas aquáticas e no comportamento dos animais que sempre me hipnotiza. Na verdade, se observar bem, os quatro elementos estão presentes no clipe. Eu acredito que tem muita coisa pra explorar dentro dessa proposta de filmar sem ser antropocêntrico. Meu estudo das imagens flerta muito com isso.” Boa parte do clipe tem imagens captadas no Parque Ecológico Ojos Indígenas, na República Dominicana. “É uma reserva natural incrível que foi privatizada e elitizada por um grupo estrangeiro. O contexto colonialista de lá é gritante”, completa Ribeyro.
Tags: carabobina