O King Gizzard & the Lizard Wizard fez o melhor disco de 2025?!
Quis o destino que o vigésimo sétimo disco do grupo australiano King Gizzard & the Lizard Wizard saísse na mesma semana da morte de Brian Wilson. O disco recém-lançado de um dos principais nomes da psicodelia desse século é uma homenagem consciente ao salto dado pelo líder dos Beach Boys na música pop dos anos 60 ao mesmo tempo em que culmina o trabalho de uma década e meia de um dos grupos mais prolíficos e criteriosos que se tem notícia. Se o intuito do grupo é sempre lançar um disco completamente diferente do anterior, sempre querendo superar-se em termos de qualidade e ousadia musical (o mesmo abismo que quase levou Brian Wilson para longe da gente), em Phantom Island eles chegam ao seu auge. Segundo disco que gravam com uma orquestra, eles fazem Flight b741, lançado no ano passado, parecer um rascunho se comparado ao trunfo que conseguiram neste novo disco. Contando com um maestro pianista que entrou totalmente na frequência da banda como arma secreta (o britânico Chad Kelly, que mora na Austrália desde 2021), eles levam sua obra a um patamar de excelência que converge tanto as melhores viagens do coletivo Elephant Six (do Olivia Tremor Control, Neutral Milk Hotel e Of Montreal), a precisão perfeccionista do Steely Dan em estúdio (outro fruto direto dos esforços de Brian Wilson), as melodias camerísticas do pop de Burt Bacharach, a fase Disney dos Flaming Lips, os delírios megalomaníacos do Grateful Dead e o transe barroco do Mercury Rev na virada do milênio a uma mesma partitura épica, elevando o conceito de rock clássico a um novo parâmetro. Facilmente o melhor e mais palatável disco da banda, ao mesmo tempo em que fortíssimo candidato a melhor disco do ano, Phantom Island é uma obra-prima psicodélica que ainda não foi vista nessa década. Inacreditável. Pare tudo que estiver fazendo e ouça-o agora, pelo amor de Brian Wilson!
Ouça abaixo: