O Inferno de Danton

, por Alexandre Matias

Se a onipresença de Selton Mello incomoda, imagina se você é o irmão menos famoso dele. Eis a história – e a sina – de O Inferno de Danton, do casal gaúcho Vinícius Perez, que escreveu, e Niege Borges, que ilustrou.

Na apresentação da história, Vinícius justifica que a escolha de seu tema não veio da tripudiação:

Danton não é o saco de pancada de uma piadinha sádica. Pelo menos não só isso. Ele é o representante do irmão do meio, o fantasma de uma humilhação na quinta-série, o paladino daquele sentimento constante de inadequação que fica sempre por perto tentando te sabotar. É até bom que isso se perca e que alguns entendam como um bullying (palavra do público essa, eu não ousaria fazer isso com vocês) com o ator: só quer dizer que as passagens quase autobiográficas do autor não são percebidas. O lado ruim são os medos consequentes disso: magoar o Danton Mello de verdade e ser processado pelo Danton Mello de verdade. Não exatamente nessa ordem: ser processado tira mais o sono (o autor se preocupa mais com a sua situação monetária do que com os sentimentos de terceiros, mas ainda assim se preocupa com os sentimentos de terceiros).

Deus, eu tô escrevendo uma carta de desculpas pro Danton (e como é vergonhoso escrever sobre si em terceira pessoa).

A íntegra da história, que ainda tem participações especiais de Cleo Pires, Gerald Thomas, Fernando Meirelles e Lima Duarte, você lê aqui.