O Dragão do Bonifrate vem aí!

, por Alexandre Matias

Outro dia Bonifrate me escreveu dizendo que estava prestes a lançar o que ele achava que era seu melhor disco. Há tempos longe dos grandes centros, Pedro leva uma vida pacata em sua Parati, tocando a vida com os filhos longe do caos da cidade grande, e isso lhe fez ter uma perspectiva diferente, inclusive como compositor. E para anunciar Dragão Volante, seu sexto álbum numa carreira solo que começou quando ele ainda era a força-motriz dos saudosos Supercordas, ele antecipa em primeira mão para o Trabalho Sujo o single “Corisco (Parte 3)”, que será lançado nesta quinta e abre os trabalhos do disco que vai ser lançado no início do próximo mês. “’Corisco (Parte 3)’ foi uma das primeiras canções que escrevi depois de lançar o último álbum Corisco, em 2021, e mesmo antes disso, os versos como ‘olha pro rio, viaja no tempo’ já vinham me perseguindo com aquela melodia”, ele me explica, dizendo que a canção foi escrita durante o período de trevas da pandemia. “Aquele momento catastrófico da política brasileira que talvez tragam essa obscuridade pra alguns aspectos dos versos”, ele continua. “Mas morando na roça e podendo trabalhar de casa, também pudemos curtir as crianças, as matas, os pássaros e os rios ao redor e uma canção pode ser otimista olhando para cima do fundo do poço. Talvez esse seja o recado.” Ele reforça que a nova canção tem elementos dos primeiros estágios da Cate Le Bon, uma estrofe meio Jovem Guarda e um refrão meio Grandaddy. “Na real são dezenas, talvez centenas de referências que a gente injeta numa produção musical, muitas vezes sem nem perceber”, completa. “Acho que é uma gravação bonita em seus artifícios de estúdio, mas também é uma canção que dá pra tocar no violão, uma canção bem inteira.”

Ele vê o novo disco como uma continuação conceitual do anterior, embora em outra praia sonora. “Sinto que tem menos arestas que o anterior, que os sons são mais aconchegantes, e isso se deve em parte ao conjunto das canções e em outra parte a uma evolução da captação sonora, mais pelo desenvolvimento das técnicas caseiras do que por incremento de equipamentos”, explica, reforçando que o disco é fruto de uma longa parceria que mantém com o amigo e produtor Diogo Santander, outro supercorda. “Felizes com as mixagens finais e buscando um terceiro olhar na finalização, entregamos a master para a nossa amiga Alejandra Luciani, grande gênia da engenharia sonora e das canções em seu duo Carabobina”. Tirando as vozes, o disco foi todo gravado em casa, “no olho do redemoinho da vida, do trabalho, das crianças, da família, que compartilho com a companheira Thalita, com apoio da mãe Indalecia, nas dobras temporais que encontro para produzir música no meio disso tudo”, divaga. “Sem glamour, sem dinheiro, sem frescura, apenas com a vontade invencível e inexplicável de lançar mais um álbum de canções.”

“O vídeo eu editei em umas poucas semanas a partir da ideia de apresentação dos versos, nesse chroma-key vintage de software pirata, sobre vídeos diversos que eu fiz com o telefone nos últimos anos, meio como um álbum familiar animado com texturas e paisagens”, conclui. E, como sempre, é bom demais. Veja a capa e o clipe do primeiro single abaixo:

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