O Dragão de Guizado
O trompetista e produtor Guilherme Mendonça – que a maioria de nós conhece por Guizado – segue o fluxo de seu disco mais recente, O Voo do Dragão, lançado digitalmente do início do ano e que agora se materializa em CD. “A saga continua!” ,comemora, “Ainda vem clipe pela frente, vinil, remixes e tudo mais.” O lançamento do CD serviu como gancho para uma série de novos shows no final deste semestre, o próximo deles no Teatro Cacilda Becker, ali na Lapa, no dia 21 de novembro.
A temática oriental do disco – que vai da arte ao nome das músicas – é menos instrumental e mais mental: “Ela parte de um plano mais metafisico, filosófico do que musical”, explica. “Na parte musical continuamos basicamente apoiados na tríade do jazz, do rock e da musica eletrônica, O nome O Voo do Dragão simboliza uma retomada de consciência, uma experiência pessoal na qual me encontro de rever antigos valores e velhos hábitos, uma transformação pessoal. De tempos em tempos o Dragão troca sua pele e se renova, e é assim que me sinto. com mais de vinte anos de carreira e se tudo der certo, terei vinte ou mais pela frente. Com isso me sinto mais maduro e numa linha ascendente de performance musical e criatividade. É um disco em que posso sentir essa superação se refletindo na minha música, do meu jeito de compor e de tocar.”
Ele explica como sua música funciona ao vivo: “As músicas são todas bem estruturadas com temas, riffs de guitarra, pastes definidas, melodias e harmonias bem estabelecidas, porém não de uma totalmente fechada, justamente para que possamos nos shows tocarmos de forma mais solta e inesperada, porém respeitando a forma de cada música… Isso pra nós é algo estimulante, pois nunca sabemios exatamente como uma música pode acabar, mas tambem não nos perdemos em meio ao caos pois temos a compreensão clara das estruturas de cada música. A banda atual é formada por Allen Alencar, excelente guitarrista de Aracaju, que criou os arranjos de guitarrra do disco que norteiam todos os arranjos junto ao meu trompete. Na bateria tem o Thiago Babalu, tambem de Aracaju, e que veio da cena do hardcore, um baterista sólido e criativo, responsável por momentos de intensa massa sonora e peso. No baixo optei por usar um baixo de sintetizador, tocado pelo Thiago Duar, que esta familiarizado com a linguagem da musica eletrônica, com o hip-hop e a bassmusic, linhas simples e de frequencias realmente graves. E nos sintetizadores temos o Caetano Malta, que trabalhas mais nas frequencias medias e agudas, dobrando vozes comigo, reforçano a harmonia e cirando drones e texturas.”
Ele fica feliz de passar por esse processo de transformação e lançar seu Dragão num 2015 tão intenso para música brasileira: “Muitos disco bons foram lançados nesse ano. Gostei muito do disco do Cidadão instigado, Fortaleza, banda que sou fã não é de hoje. E do Rio de Janeiro tenho visto aparecer muita coisa interessante como essa turma do Negro Léo, Ava Rocha, Chinese Cooking Poets e o disco recém lançado do baixista Ricardo Dias Gomes. Fora isso recentemente fui a um show da banda Cão, um projeto do Maurício Ianês que não conhecia e gostei bastante.”
Mas embora não tenha encerrado o ciclo do Dragão, ele já está pensando no quarto álbum: “Esse é um ótimo momento para compor, com o Dragão ja no ar, eu posso me dedicar mais novas pequisas e novas ideias para um disco futuro.”
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