Quando Dua Lipa lançou seu clássico instantâneo das pistas, em 2020, foi atropelada, como todos nós, pela pandemia e o que poderia ser um colosso dançante para entrar no imaginário coletivo tornou-se um disco escapista para aquele ano pesadelo em que mergulhamos a partir daquele fatídico março. Sem a possibilidade de fazer shows, ela em vez de optar por lives, propôs uma versão remota do programa Tiny Desk, da emissora pública norte-americana NPR, como um clipe em movimento do que poderiam ser suas apresentações ao vivo, transformando sua edição do programa em um acontecimento online que fez parte do planeta se acabar de dançar mesmo recluso socialmente. A expectativa para o sucessor de Future Nostalgia aumentou quando o homem Tame Impala logo Kevin Parker apareceu na ficha técnica, mas infelizmente Radical Optimism, lançado no início do ano, soa como assistir pela rede de segurança uma trapezista que achávamos que estava voando, com boas músicas mas nada nem remotamente parecido com o assombro dance que foi o disco de quatro anos atrás, quase como uma versão de si mesma gerada por inteligência artificial – funciona, mas parece que não tem alma. E isso foi endossado quando ela voltou ao programa que bateu recorde de audiência em sua aparição em 2020: a nova edição do programa traz versões que parecem soar chochas comparadas às músicas originais, que no entanto só revelam sua fragilidade musical, tornando o programa tão esquecível quanto o anterior fora memorável. Uma pena.
Outro monstro sagrado que acaba de gravar um Tiny Desk Concert foi o grupo norte-americano de new wave Devo. Paladinos da de-evolução, o grupo norte-americano dos irmãos Mark e Bob Mothersbaugh e de Gerald Casale divertiu-se no estúdio de gravação da emissora NPR e escolheu um repertório não apenas alheio aos hits de sempre, como focado em músicas menos lembradas de seus discos clássicos, em versões fidelíssimas. Abriram a apresentação com uma tradicional música folk do início do século 20 que o grupo havia gravado no filme Human Highway, que Neil Young dirigiu em 1982 e depois passaram por “Blockhead”, do disco de 1979 Duty Now for the Future, e por “Praying Hands” “Come Back Jonee”, ambas do disco de estreia do grupo Q: Are We Not Men? A: We Are Devo! de 1978. A banda está afiadíssima e os vocais de Mark estão perfeitos!
Milton Nascimento aposentou-se dos palcos – mas felizmente só dos palcos! E não bastasse ter lançado músicas com Esperanza Spalding (que antecipam um álbum em dupla que contará com Lianne La Havas, Maria Gadú, Tim Bernardes e Lula Galvão), ele acaba de estrelar um Tiny Desk, a apresentação ao vivo intimista em estúdio produzida pela emissora norte-americana NPR, ao lado da contrabaixista e cantora norte-americana para divulgar seu disco novo que será lançado nessa sexta-feira, fazendo uma apresentação deslumbrante com um repertório que inclui clássicos como “Cais”, “Outubro”, “Saci (de Guinga e Paulo César Pinheiro)” e “When You Dream” (de Wayne Shorter e Edgy Lee) e ainda contou com participações especiais da própria Gadú e do violonista Guinga, . Ninguém segura esse Milton!
Nesta segunda-feira, David Bowie completaria 77 anos se estivesse vivo e entre as várias celebrações a um dos papas da cultura pop contemporânea, o grupo Wilco acaba de revelar a versão que fez ao vivo para o primeiro hit do ícone inglês, “Space Oddity”. A versão é a primeira faixa revelada da coletânea Live On Mountain Stage: Outlaws and Outliers, que reúne apresentações ao vivo de diferentes artistas que passaram pelo programa Mountain Stage da emissora de rádio pública norte-americana NPR. O grupo optou por uma versão acústica da canção existencialista que Bowie lançou quando o homem pousou na Lua, em 1969, com Jeff Tweedy sussurrando a letra original enquanto a banda constrói, delicadamente, o arranjo original. A coletânea será lançada no dia 19 de abril (que já está em pré-venda) e reúne outros artistas norte-americanos como Jason Isbell, Indigo Girls, Steve Earle, Lucinda Williams, entre outros. Ouça a versão do Wilco para “Space Oddity” abaixo:
Dona de um dos melhores discos pop de 2023 (seu Guts é o disco que os anos 90 precisavam ouvir na época), Olivia Rodrigo dedicou sua participação no Tiny Desk Concert da emissora norte-americana NPR ao álbum, cantando “Love is Embarrassing”, “Lacy” e “Making the Bed”, além de uma das minhas músicas favoritas do ano que está chegando ao fim, “Vampire”.
Feliz 2023! E o primeiro Tiny Desk Concert do ano é com o melhor projeto paralelo do Radiohead. assista abaixo:
2020 seria o ano em que a vocalista do Paramore, Hayley Williams, engataria sua carreira solo, ao lançar o ótimo Petals for Armor logo no começo do ano. Mas com a pandemia, ela ficou limitada a fazer versões em sua conta no Instagram e, finalmente, fez a primeira apresentação ao vivo de seu disco com banda nesta apresentação para o Tiny Desk Concerts da emissora norte-americana NPR. Três músicas, tudo redondinho, uma hora ela retoma essa história direito…
“Pure Love”
“Taken”
“Dead Horse”
A musa inglesa Dua Lipa faz seu primeiro show com banda desde o início da pandemia em mais um Tiny Desk Concert gravado em casa – e imagina esse show se pudéssemos ter um 2020 sem pandemia… Que arraso.
“Levitating”
“Pretty Please”
“Love Again”
“Don’t Start Now”
Com a quarentena, a emissora pública norte-americana NPR passou a buscar clássicos em seu arquivo, como esse show do nosso trio favorito Yo La Tengo em 2013, tocando três músicas no estúdio do Tiny Desk Concert.
“Is That Enough”
“Tears Are In Your Eyes”
“Ohm”
Mas que a bateria da Georgia faz falta, ah faz…