Vida Fodona #344: O embate entre o solzinho e o friozinho

Duas horinhas de Vida Fodona hoje, que tal?

Arnaldo Baptista – “Ciborg”
Letuce – “High Tide, Low Tide”
Radiohead – “Morning Mr. Magpie”
Tame Impala – “Elephant (Todd Rundgren Remix)”
Delicate Steve – “Two Lovers”
Spoon – “I Turn My Camera On”
Roberta Flack – “Come Together”
Brian Eno – “Needle In The Camel’s Eye”
Friends – “Home”
Guess Who – “American Woman”
Tatá Aeroplano – “Machismo às Avessas”
Giancarlo Ruffato – “Fliperama”
Odair José – “Praça Tiradentes”
Cream – “Dance the Night Away”
Bonde do Rolê – “Kanye”
A Cor do Som – “Moleque Sacana”
Roxy Music – “Love is the Drug”
Frank Ocean – “Pyramids”
Xx – “Tides”
Joakin – “Find a Way”
Poliça – “Wandering Star”
Cat Power – “3, 6, 9”
Blundetto – “I’ll Be Home Later”
Norah Jones – “Little Broken Hearts”
Damon Albarn – “Apple Carts”
Chromatics – “The Page”
Fujiya & Miyagi – “Your Silent Face”
Nina Becker + Marcelo Callado – “Nuvem”
Paul + Linda McCartney – “3 Legs”
Mahmundi – “Leve”

Bora!

Vida Fodona #329: Pego leve

Devagar…

Warpaint – “Baby”
Beatles – “Long Long Long”
Soko – “We Might Be Dead By Tomorrow”
Paul & Linda McCartney – “The Back Seat of My Car”
Norah Jones – “Happy Pills”
Spiritualized – “I Think I’m in Love”
Arnaldo Baptista – “Hoje de Manhã Eu Acordei”
Lucas Santtana – “O Deus Que Devasta Mas Também Cura”
Curumin – “Passarinho”
Bobby Womack + Lana Del Rey – “Dayglo Reflection”
Neil Cowley Trio – “Let’s Go Away for Awhile”
Lykke Li – “Youth Knows No Pain”
Grimes – “Genesis”
Chromatics – “Kill for Love”
Silva – “Imergir”
Céu – “Chegar em Mim”
Beck – “I Just Started Hating Some People Today”

Vens?

Vida Fodona #326: Vocês sabem como é que eu combato o frio…

O inferno é frio.

Booker T & The MGs – “Melting Pot”
Talking Heads – “Crosseyed And Painless”
Caetano Veloso – “It’s a Long Way”
Damon Albarn – “Apple Carts”
George Harrison – “I’d Have You Any Time”
My Bloody Valentine – “Soon”
Norah Jones – “All a Dream”
Jack White – “On and On and On”
Justice – “On’n’On”
Bird and the Bee – “Private Eyes”
Toro y Moi – “I Can Get Love”
Bread – “Guitar Man”
Washed Out – “Echoes”

Vem!

Norah Jones + Danger Mouse

Depois de um flerte aqui (os dois quase trabalharam no último disco da cantora, em 2009, mas não rolou), uma colaboração acolá (quando Norah participou do Rome que Danger Mouse gravou no ano passado), Norah Jones e Danger Mouse finalmente terminam o álbum que se dispuseram a fazer juntos – e Little Broken Hearts, que pode ser ouvido na íntegra aqui, coloca Norah em um patamar completamente diferente do que habitava, menos comercial, mais autoral, menos plástico, mais de carne e osso, num disco que já entra como candidato a melhores do ano.

Bem bom. Beeeem bom.

Vida Fodona #288: Duas horas de programação pra recapitular 2011 até aqui

Dose dupla e um balanço do semestre, antecipando duas semanas fora do ar. Volto em julho, não morram de saudades. Eu volto.

Radiohead – “Staircase”
Washed Out – “Amor Fati”
Cansei de Ser Sexy + Bobby Gillespie – “Hits Me Like a Rock”
Marcelo Camelo + Hurtmold – “Acostumar”
Domenico Lancelotti – “Cine Privê”
Céu + Tulipa + Gui Amabis + Curumin – “Sal e Amor”
Mr. Little Jeans – “The Suburbs”
Metronomy – “The Look”
Vetiver – “Can’t You Tell”
Circo Motel – “Sunshine”
Mopho – “Dani Rabiscou”
Danger Mouse + Danielle Lupi + Norah Jones – “Black”
Destroyer – “Kaputt”
Dorgas – “Loxhanxha”
Junior Boys – “Banana Ripple”
Is Tropical – “The Greeks”
Foster the People – “Color the Walls (Don’t Stop)”
Criolo – “Lionman”
Weeknd – “What You Need”
Chet Faker – “No Diggity”
Toro y Moi – “New Beat”
Architecture in Helsinki – “That Beep”
Beth Ditto + Simian Mobile Disco – “Open Heart Surgery”
Banda Uó – “O Gosto Amargo do Perfume”
Leandro Correa – “One More Avassalador”
Cut Copy – “Take Me Over”
Beastie Boys – “Multilateral Nuclear Disarmament”
Tom Vek – “World of Doubt”
Bonifrate – “Cantiga da Fumaça”

Come with me.

E o Rome do Danger Mouse?

Brian Burton está criando um novo tipo de artista para o século 21: um que você pode confiar. Nenhum de seus contemporâneos mantém a média de acerto por tentativa que ele, basicamente por desdobrar-se em projetos completamente diferentes e cercar-se só de gente boa. Vale recapitular rapidão? Grey Album, segundos discos do Gorillaz e do Rapture, Modern Guilt do Beck, “Crazy”, Cee-lo e o Gnarls Barkley, disco com o Sparklehorse, o James Mercer do Shins (o genial Broken Bells) e MF Doom e os dois últimos discos do Black Keys. Nem o Radiohead, a Britney Spears ou o Daft Punk têm essa média. Rome, seu novo projeto, inspirado em trilhas sonoras de filmes italianos e composto ao lado de Danielle Luppi (com participações do Jack White e a Norah Jones) é mais um exemplar dessa safra, saca só.


Danger Mouse + Danielle Luppi – “Theme from Rome (MP3)

Danger Mouse ataca de novo

A nova empreitada de um dos artistas mais importantes de hoje em dia conta com a participação da Norah Jones, do Jack White e do músico italiano Daniele Luppi. Rome, o nome do projeto, é inspirado nas trilhas sonoras clássicas de Ennio Morricone e do cinema italiano como um todo. O disco pode ser ouvido na íntegra no site da NPR. Dica do Bruno.

Preguiça de Grammy

A marginal Tietê no horizonte foi um programa mais interessante

Não costumo ver o Grammy: acho chato e sem graça, como qualquer premiação de qualquer indústria. “E o prêmio de melhor radiologista do ano vai para…”. Poizé, bem nessas. Mas, depois de todo alarido sobre a edição deste ano (fãs do Arcade Fire em puro delírio Double Rainbow, que porra), me deparei com a reprise da premiação ontem à noite e, de vacilo, assisti. E nem precisava ter visto para saber que era uma premiação da indústria chata e sem graça como sempre. Lady Gaga agradecendo Whitney Houston? Cee-Lo Bornay com o hit da autocensura, Muppets e a mulher do Coldplay querendo abrir uma carreira de cantora? Norah Jones é um remédio pra dormir? E a Rihanna com o Eminem (zero química, música insuportável)? Katy Perry é tipo Hole disfarçado de pop. Mick Jagger soulman depois de velho? Nem Bob Dylan depois da tosse conseguiu segurar cantando sua própria “Maggie’s Farm” com os Avett Brothers e os Mumford & Sons (estes, vale frisar, fizeram bonito em seu momento). Não é nem que tudo estivesse errado – e esse era o problema -, tudo estava certo DEMAIS.

O grande momento da noite foi a apresentação de Justin Bieber e Usher, a própria indústria lustrando suas engrenagens e colocando dois jovens talentos do showbusiness pra exibir seus dance moves. É o momento Off the Wall/Thriller de Justin Bieber sendo preparado a fogo brando, mas se o moleque tem carisma o suficiente para sobreviver à sua falta de talento (Bieber é, basicamente, ensaio, ensaio e ensaio), ele devia não assumir o paralelo tão evidente com Michael Jackson, imitando vários de seus trejeitos no palco. Tudo bem que Michael ajudou a inventar este gênero, afinal toda coreografia teen pós-Take That é descendente direta do livro escrito por Michael, Prince e Madonna nos anos 80, mas é só ver Usher (ou lembrar de outro Justin – Timberlake), para lembrar que não é preciso citar o rei do pop para reverenciá-lo. Bieber ainda serviu de escada pro Jaden Smith, o filho do Will, brilhar. Enquanto preparam a maturação de Bieber, que aos poucos, er, “engrossa” a voz, esquentam a chegada desse mini Will Smith, que é um geninho do showbusiness. Sério, quando chegar a vez dele, aí sim temos um candidato ao trono de MJ em ação.

E entre estes medalhões e sumidades, um monte de prêmios sem graça pra artistas sem graça que só dizem respeito ao mercado norte-americano. Nesse sentido, o grande vencedor da noite não foi o Arcade Fire e sim o tal Lady Antebellum (quem?) e a dualidade entre artistas tão diferentes (quem porra é esse tal de Arcade Fire?, perguntam-se ouvintes por todos os EUA) mostra o verdadeiro tom da premiação. Desculpem-me os fãs, mas Arcade Fire é tão mingau de música quanto o Lady Antebellum ou qualquer outra cantora country desconhecida que subiu para receber seus prêmios. Não é à toa que ganhou o prêmio de álbum do ano.

Não me impressiona, porém, o fato de a decadente indústria da música recorrer ao indie rock para tentar preservar alguns de seus valores, muitos celebrados na festa de domingo. Na verdade, estão mordendo a própria língua. Afinal, o rock alternativo só começou a existir enquanto gênero e indústria depois que as grandes gravadoras se voltaram para um formato mais palatável e massificado para a música que merecia ser vendida, deixando para trás referências como autoria, arranjo, letras, personalidade e sensibilidade (qualidades que tiveram que fugir para um mercado menos competitivo para sobreviver). Começou com a disco music, teve o auge com Michael Jackson e Madonna nos anos 80, colidiu com o grunge (motivo da existência de nulidades como Nickelback e Creed) e depois misturou tudo com o caldo do hip hop.

No topo do pop, a música é cada vez menos personalizada e mais genérica, reduzindo-se a um meio-termo entre o ringtone, o jingle e o grito de torcida. Basta um refrão insistente com uma frase idiota repetida mil vezes sobre uma batida reta e coberta de efeitos especiais e, pronto, eis um hit, um popstar, um fenômeno, uma carreira, uma discografia. “Baby Baby”, de Justin Bieber, é o melhor exemplo do fundo do poço autoral em que se encontra a indústria musical. Então o jeito é apelar pros indies, para não ter que prever um futuro em que os principais hits da semana serão “ÔÔÔÔÔÔ”, o nome de um refrigerante repetido mil vezes e a regravação daquela música que já foi regravada tantas vezes que você nem mais lembra de quem era.

E, no meio da reprise do Grammy, lembrei que perdi o programa ao vivo porque estava na estrada, voltando da praia. Me pareceu um programa mais interessante – a Carvalho Pinto de noite, aquele monte de pedágios, a marginal surgindo no horizonte – e não tive dúvida: mudei de canal pra assistir o Land of the Dead, que também estava passando na TV. Show de horror por show de horror…