Terça passada aconteceu mais uma premiação da Associação Paulista dos Críticos de Arte (desta vez transmitida online, dá pra conferir aqui) e esta semana a comissão de música popular da APCA, da qual faço parte ao lado de Adriana de Barros (TV Cultura), Bruno Capelas (Programa de Indie), Camilo Rocha (Bate Estaca), Cleber Facchi (Música Instantânea), Felipe Machado (Istoé), Guilherme Werneck (Meio e Ladrilho Hidráulico), José Norberto Flesch (Canal do Flesch), Marcelo Costa (Scream & Yell), Pedro Antunes (Estadão e Tem um Gato na Minha Vitrola) e Pérola Mathias (Poro Aberto), escolheu os 25 melhores discos do primeiro semestre deste ano. Uma boa e ampla seleção que não contou com alguns dos meus discos favoritos do ano (afinal, é uma democracia, todos têm voto), mas acaba sendo uma boa amostra do que foi lançado neste início de 2024. E pra você, qual ficou faltando?
(Foto: Rui Mendes/Divulgação)
Lendária banda do ABC paulista, a Nomade Orquestra prepara-se para um lançamento de mais um álbum ao começar a mostrar seu Terceiro Mundo a partir desta sexta-feira, quando lançam o single “Peixeira Amolada & Quebra Queixo” pela gravadora nova-iorquina Nublu Records e o antecipam em primeira mão aqui no Trabalho Sujo. A banda traz novidades na formação e além de Guilherme Nakata, Ruy Rascassi, Marcos Mauricio, Beto Malfatti, Marco Stoppa, Bio Bonato, Luiz Galvão e Victor Fão, o grupo agora conta com o percussionista Raphael Coelho e a saxofonista Ana Eliza Colomar, que entram na big band dispostos a explorar sonoridades não-ocidentais que são sempre postas sob o rótulo terceiro-mundista, temática do disco. A primeira música do novo disco tem ênfase na música brasileira ao ser conduzida por um violão, estética sonora pouco explorada pelo grupo. Ouça abaixo:
Agora sim o C6Fest disse a que veio. Depois de um primeiro dia irregular (pouco público, atrações que não empolgaram tanto e pouca circulação entre o público de diferentes palcos, o que não valorizava a ótima estrutura do evento), o festival feito pelo time que criou o Free Jazz e o Tim Festival em outras aeons mostrou não só que está disposto a entrar de vez no mapa cultural de São Paulo como superou quaisquer outros festivais realizados por aqui desde os tempos do saudoso Planeta Terra. A utilização dos espaços do Parque Ibirapuera e um elenco ousado e pouco trivial transformou o festival em uma experiência única, que talvez só pecasse pela falta de sinalização entre o Auditório do parque e a área comum em que se localizavam outros dois palcos, maior distância a ser percorrida pelo público – ou será que monitores humanos usando lâmpadas e megafones para apontar o caminho são mais eficazes do que placas bem posicionadas?
Depois de já ter anunciado Kraftwerk (pela primeira vez no Brasil sem um de seus fundadores, Florian Schneider, que morreu em 2020), Weyes Blood e Tim Bernardes tocando Gal Costa em sua escalação, o festival C6Fest, produzido pela Dueto de Monique Gardenberg que fazia o Free Jazz e o Tim Festival, acaba de anunciar sua formação completa. O evento acontece no Vivo Rio, no Rio de Janeiro, entre os dias 18 e 20 de maio, e no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, entre os dias 19 e 21 do mesmo mês e traz, na escalação final, nomes novíssimos como Arlo Parks, Black Country New Road, Samara Joy e Dry Cleaning, grandes nomes da última década como War on Drugs. Christine and the Queens, The Comet is Coming e Jon Batiste e veteranos como Underworld e Juan Atkins, entre várias outras atrações. No time brasileiro, há um tributo a Zuza Homem de Mello (que foi curador do Free Jazz e do Tim Festival) com a Orquestra Ouro Negro, Fabiana Cozza e Monica Salmaso, Russo Passapusso com a Nômade Orquestra, Caetano Veloso e uma homenagem musical ao ano de 1973 com Kiko Dinucci, Juçara Marçal, Arnaldo Antunes, Tulipa Ruiz, Linn da Quebrada, Giovani Cidreira e Jadsa. Os ingressos começam a ser vendidos a partir do próximo dia 5 e separei mais informações sobre horários e preços abaixo.
Um pouco mais introspectivo…
Stephen Malkmus – “Love the Door”
Def – “Paraquedas (Boddah)”
Clash – “One More Time”
Tatá Aeroplano – “Deixa Voar”
Kamasi Washington – “Truth”
Bruno Schiavo – “Lambada”
Tommy James & The Shondells – “Crimson & Clover”
Fernê – “Consolação”
Deerhunter – “Heatherwood”
Nomade Orquestra + Juçara Marçal – “Poeta Penso”
Clairo + Danielle Haim – “Bags”
Boogarins – “João 3 Filhos”
Unknown Mortal Orchestra – “Secret Xtians”
Laura Lavieri – “Desastre Solar”/”Radical”
Ariana Grande – “Thank U, Next”
Raspando o tacho do ano.
Tulipa Ruiz + João Donato + Edgar – “Manjericão”
Fountains D.C. – “Big”
Tame Impala – “Patience”
Georgia – “About Work The Dancefloor”
Chromatics – “You’re No Good”
Ariana Grande – “NASA”
Stephen Malkmus – “Forget Your Place”
Caroline Polachek – “So Hot Youre Hurting My Feelings”
Clairo – “Bags”
Caribou – “You and I”
James Blake + Rosalía – “Barefoot In The Park”
Luiza Brina + César Lacerda – “De Cara”
MGMT – “In the Afternoon”
Yumi Zouma – “Right Track / Wrong Man”
Brockhampton – “Sugar”
Lil Nas X + Billy Ray Cyrus – “Old Town Road”
Sharon Van Etten – “Seventeen”
Luedji Luna + Attooxxa + Omulu – “Tô Te Querendo”
Charli XCX + Christine and the Queens – “Gone”
Mura Masa + Slowthai – “Deal Wiv It”
Lizzo – Juice
Francisco El Hombre – “Chão Teto Parede (Pegando Fogo)”
Dua Lipa – “Don’t Start Now”
Little Simz – “Boss”
Nill – “Mulher do Futuro Só Compra Online”
Michael Kiwanuka – “Hero”
The Comet is Coming + Kate Tempest – “Blood Of The Past”
Nomade Orquestra + Juçara Marçal – “Poeta Penso”
Depois de lançar o primeiro disco com vocais, Vox Populi, no meio do ano, a banda instrumental Nomade Orquestra agora faz o jogo de volta – e relê as mesmas músicas que compôs ao lado de Russo Passapusso, Juçara Marçal, Siba e Edgar sem os vocais. Vox Machina chega às plataformas digitais nesta sexta-feira e o grupo antecipou em primeira mão a faixa “Pinga Fogo”, que trazia Juçara na primeira versão do disco.
“O Vox Machina é o fechamento do primeiro volume da série Vox Populi / Vox Machina. Se no primeiro disco, através dos encontros com Russo, Juçara, Siba e Edgar, tínhamos a voz do povo, chegamos no desdobramento com a voz da máquina, uma imersão e um redescobrimento de nosso modus operandi revelados em oito faixas instrumentais”, explica o baixista Ruy Rascassi. “Foi desafiador chegarmos a esse resultado, pois desde o começo da concepção do Vox Populi com os cantores já estávamos certos que dali precisaria nascer um lado B, e foi aí que descobrimos um novo método de composição, onde fizemos versões instrumentais de nós mesmos”, ri. O grupo mostra seu novo disco domingo agora, dia 27, no Sesc Dom Pedro (mais informações aqui).
Eis os 25 melhores discos brasileiros do primeiro semestre de 2019 de acordo com o júri de música popular da Associação Paulista de Críticos de Arte, do qual faço parte.
Alessandra Leão – Macumbas e Catimbós
Ave Sangria – Vendavais
BaianaSystem – O futuro não demora
Black Alien – Abaixo de Zero: Hello Hell
Boogarins – Sombrou dúvida
China – Manual de Sobrevivência Para Dias Mortos
Clima – La Commedia é Finita
Djonga – Ladrão
Dona Onete – Rebujo
Douglas Germano – Escumalha
Fafá de Belém – Humana
Hamilton de Holanda – Harmonize
Jair Naves – Rente
Jards Macalé – Besta Fera
Jorge Mautner – Não Há Abismo Em Que o Brasil Caiba
Larissa Luz – Trovão
Nômade Orquestra – Vox Populi
O Terno – Atrás / Além
Odair José – Hibernar na Casa das Moças Ouvindo Rádio
Pitty – Matriz
Rakta – Falha Comum
Tássia Reis – Próspera
Thiago Pethit – Mal dos Trópicos
Tiago Iorc – Reconstrução
Yma – Par de Olhos
Além de mim, votaram Marcelo Costa (Scream & Yell), José Norberto Flesch (Destak) e Lucas Brêda (Folha de São Paulo).
Mais um programa do solto
Clash – “The Card Cheat”
Nill – “Stay High”
Can – “Future Days”
Jupiter Apple – “Welcome to the Shade”
Massive Attack – “One Love”
Supercordas – “3000 Folhas”
Of Montreal – “Touched Something’s Hollow”
Frank Zappa + The Mothers of Invention – “What’s the Ugliest Part of Your Body (Reprise)?”
Rush – “Red Barchetta”
Ava Rocha – “Doce é o Amor”
Percy ‘Thrills’ Thrillington – “Long Haired Lady”
Nomade Orquestra + Juçara Marçal – “Eró Iroko”
BaianaSystem + Antonio Carlos & Jocafi + Edgar + BNegão – “Salve”
Black Alien – “Jamais Serão”
A big band do ABC Nomade Orquestra está prestes a lançar seu terceiro disco e Vox Populi, cuja capa é antecipada em primeira mão aqui para o Trabalho Sujo, é primeiro disco com vocais – e conta com um time estelar: Siba, Edgar, Juçara Marçal e Russo Passapusso, cada um com duas canções. Abaixo, o primeiro teaser que o grupo disponibilizou do trabalho, mostrando a participação do pernambucano Siba.
“A seleção dos vocalistas foi um mix de afinidade, apreciação e aproximação com os quatro nomes escolhidos”, me explica o baixista do grupo, Ruy Rascassi. “É um recorte interessante da música contemporânea brasileira, com duas figuras em ascensão como o Russo Passapusso e Edgar e outras duas, Juçara Marçal e o Siba, com legados e histórias importantes com as raízes da música brasileira.”
Ele lembra como conheceram e chamaram os convidados. “O Edgar tem uma história com a banda desde 2016, onde fazia as performances junto com o multiartista Renan Soares. O Russo foi uma conexão muito louca: uma vez ele viu um show nosso em São Paulo, ficamos em contato, até q em 2017 fizemos um show juntos e rolou a química. Já a conexão da Juçara e do Siba veio a partir do Vox Populi, fiz o convite aos dois que sem hesitar aceitaram entrar nessa viagem com a gente.”