Soberba a apresentação de estreia que Nina Maia fez de seu recém-lançado disco Inteira no Sesc Avenida Paulista, quando trouxe uma versão de gala do formato que vem mostrando desde o início do ano: além de seu teclado teve um piano de cauda, além da viola de Thales Hashiguti, contou com a voz e o violoncelo da amiga e parceira Francisca Barreto e aproveitou ter a cozinha do grupo Os Fonsecas – Valentim Frateschi no baixo e Thalin na bateria – para trazer uma das canções deste último para o palco. Ela foi mostrando o disco lentamente, primeiro sozinha em primeiro plano acompanhada apenas de efeitos sonoros, depois tocando o teclado no centro do palco enquanto os outros músicos faziam suas entradas, deixando suas canções, que soam clássicas e modernas ao mesmo tempo, com um peso físico que no disco é filtrado por timbres eletrônicos. Com vídeos em P&B em alto contraste no telão pilotado por Danilo Sansão e com as luzes finas tocadas pela dupla Retrato (Ana Zumpano e Beeau Gomez), o show teve seu ponto alto quando Nina emendou sua épica “Salto de Fé” com “Todo Tempo do Mundo” do disco Maria Esmeralda, quando o baterusta autor da canção original soltou sua voz na frente do palco para cantar uma versão inacreditável do hit. Uma estreia de tirar o fôlego.
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Atenção que Nina Maia acaba de lançar um dos melhores discos de 2024. Inteira resume sua pesquisa musical, entre experimentos sônicos, disciplina erudita e alma brasileira, e sua autoanálise artística, mergulhando em sentimentos, incertezas e inquietações num disco conciso e enxuto, que conversa tanto com os singles que já havia lançado quanto com um espaço musical pleno e minimalista, que faz surgir em seu álbum de estreia. E o show de lançamento acontece neste domingo no Sesc Avenida Paulista e tem tudo para estar à altura do disco.
Eu sabia que ia ser bom, mas não estava preparado pra tanto. Desde a primeira vez que vi Chica – que agora assina Francisca Barreto – tocar seu violoncelo e soltar sua voz, sabia que ela tinha tudo que precisava para ser uma cantora forte e intensa, mesmo que, pessoalmente, seu jeito meio tímido e inseguro, a forma como acompanha as conversas com o olhar e a hora improvável que solta piadas inusitadas, desse uma ideia de alguém que ainda está tateando seu rumo artístico – e de alguma forma, ela ainda está, afinal acabou de fazer seu primeiro show solo da vida nesta terça-feira. Mas há uma luz, uma certeza, uma força tanto na forma como apresenta as canções, como na entrega que se joga nos instrumentos que toca que mostram que ela está segura num degrau acima, com a consciência de sua presença artística, mas ainda desacreditada de onde seu potencial pode levá-la. Nos últimos anos, ela tomou um choque de realidade que mostrou que ela está pronta para dar saltos mais ousados, ao ser descoberta pelo irlandês Demian Rice, conhecido por tocar sozinho nos palcos pelo mundo, não pestanejou a dividir os holofotes com o músico solitário. Em turnês por diferentes partes do planeta, ela ganhou confiança suficiente para topar algo que propunha a ela há tempos, mas que ela titubeava em saber se era a hora certa, mas na hora em que subiu no palco sozinha para mostrar sua faceta artística sem estar em dupla ou num grupo, o palco era dela. Começou a noite com a mesma resposta que deu ao próprio Rice quando ele a colocou para começar seus shows antes de sua entrada, entregando seu cello e voz a uma das canções mais emblemáticas de Milton Nascimento, “Ponta de Areia”. Dali em diante, ela estava em pleno voo, seja defendendo suas próprias canções ao lado de músicos com quem vem tocando há pouco tempo (como o guitarrista Victor Kroner, o violinista Thalis Hashiguti e a baterista Bianca Godoi), seja tocando cello, violão ou piano. seja dividindo canções com suas irmãs de palco Sophia Ardessore (em “Copo D’Água”) e Nina Maia (em “Gosto Meio Doce”) ou fazendo todos se arrepiar com uma versão de “Little Green” de Joni Mitchell. Mas o ápice da noite foi o final do show, quando fez uma versão inacreditável para “Teardrop” do Massive Attack com sua banda, deixando sua voz soar plena, como deve ser, num momento único de 2024 que quem viveu sabe. O bis veio com a mesma formação e com as presenças de Nina e Sophia numa versão linda e intensa para “Habana” de seu professor de cello, Yaniel Matos. Obrigado por essa noite mágica, mulher – e você pode assinar seu nome completo, mas vou estar aqui como desde o início aplaudindo e pilhando: voa Chica!
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Imenso prazer em realizar a primeira apresentação autoral de uma artista que vai crescer muito! A violoncelista Francisca Barreto faz seu primeiro solo nesta terça-feira, no Centro da Terra, acompanhada por Victor Kroner (guitarra, violão e sintetizador), Thalis Hashiguti (violino e viola) e Nina Maia (piano e voz), quando passeia por composições próprias e alheias num espetáculo que batizou de Bico de Proa. Ela mesma explica o porquê do título: “Em uma viagem de dois meses em um veleiro, pude reviver memórias da minha infância, que ainda estão muito próximas de mim”, conta no texto de apresentação desta noite. “Trago comigo a cidade onde nasci e moro, São Paulo, centro, caótica e barulhenta, e o lugar onde cresci, Guaraú; entre o rio, o mangue e o mar, passei a infância cantando músicas brasileiras, ouvindo passarinho, vendo animais silvestres e descansando os olhos na paisagem verde da mata.” Além do cello, ela ainda toca violão e percussão, além de passear por canções latinas, brasileiras, norte-americana e composições instrumentais. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos já estão esgotados.
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Yann Dardenne, Otto Dardenne, Thales Castanheira e Martin Simonovich ainda não sabem se sua atual banda é formada só pelos quatro ou se terá mais integrantes nem sequer qual é o nome deste novo projeto, mas usando o epíteto Protoloops – e contando com uma ajudinha dos amigos – colocaram em pé uma transformação musical que vêm acalentando desde antes da pandemia, quando começaram a desconstruir o projeto anterior que tinham – a banda psicodélica Goldenloki – em algo que soasse brasileiro, eletrônico e dançante, mas sem perder o gostinho lisérgico que é característico de quando tocam juntos. E assim apresentaram o espetáculo inédito Protoloops nesta terça-feira no Centro da Terra, mostrando poucas faixas já fechadas, que flertam com a bossa nova internacionalista de Sergio Mendes e Marcos Valle, com os experimentos político-eletrônicos do Stereolab e uma dance music de fim de século que abraça tanto a lounge music como o drum’n’bass. E a partir dessa vibe boa, reuniram outros amigos – como o videoartista Danilêra, que trouxe TVs e mais TVs para o palco do teatro, trazendo um clima retrô VHS para a noite, a dupla ténica Retrato (Beeau Gomez no som e Ana Zumpano na luz), as vozes de NIna Maia e Marina Reis, o violão de Felipe Vaqueiro e os synths Valentim Frateschi, todos comparsas de vida e com links diretos com seu próprio selo, o Selóki Records, enquanto revezavam-se entre instrumentos elétricos, acústicos e eletrônicos, forjando uma nova sonoridade à medida em se sentiam mais à vontade no palco. Uma noite astral.
Maior satisfação ao realizar, nesta terça-feira, o primeiro passo de uma nova jornada, ainda sem nome definido. O espetáculo Protoloops é o primeiro passo de uma nova fase dos músicos que antes faziam parte da Goldenloki, que desfez-se antes da pandemia e agora ressurge em nova formação. Otto Dardenne, Yann Dardenne e Thales Castanheira reuniram-se a Martin Simonovich para criar este novo projeto, que em sua primeira aparição pública contará com várias participações especiais, como as cantoras Nina Maia e Marina Reis (da banda Pluma), Felipe Vaqueiro e Valentim Frateschi, além de ter projeções feitas pelo Danilera e a dupla Retrato (Beeau Gomez e Ana Zumpano) cuidando da parte técnica de luz e som. A noite promete! O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos estão à venda na bilheteria e no site do Centro da Terra.
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Bem bonita a apresentação que Nina Maia fez no Bona nesta quarta-feira, para celebrar o lançamento de seu novo single, “Amargo”, que chegou ao público nesta quinta. Apresentando o mesmo espetáculo Inteira que mostrou há dois meses no Centro da Terra, ela dividiu sua apresentação em duas partes. Na primeira, cantando sozinha acompanhada apenas de bases pré-gravadas, ela soltou a voz em canções densas e complexas, deixando o lado mais intenso e palatável para quando trouxe os músicos que convidou ao palco – e desta vez, além de Valentim Frateschi no baixo e Thalin na bateria (além dela mesma no teclado), ela contou com o violinista Thales Hashiguti, que deu uma nova dimensão à apresentação. Segura de si e de suas próprias (novas) canções, ela não teve dificuldades em deslizar nas bases instrumentais e mostrar a força de sua voz grave e seu domínio cênico cada vez mais firme.
(Foto: Leon Rehman/divulgação)
Burilando seu primeiro disco desde o ano passado, a cantora e compositora Nina Maia dá mais um passo nessa jornada ao lançar o single “Amargo” nesta quinta-feira, antecipando o clipe com as imagens que fez quando estive em Majorca, na Espanha, onde a música foi gravada, em primeira mão para o Trabalho Sujo. A faixa consagra sua parceria com a amiga e violoncelista Francisca Barreto ao mesmo tempo que aponta os rumos para este primeiro disco, que será produzido ao lado de Yann Dardenne. “‘Amargo’ reafirma minha faceta de compositora, em que trato da possibilidade de criar uma canção que orbite em volta de um sentimento específico, uma sensação específica, e fazer isso seja, de alguma forma, direta e ao mesmo tempo aberta à interpretação”, me explicou Nina num áudio, “nesse sentido ela é muito próxima desse lugar de investigação sobre mim mesma e de todas essas situações e sentimentos que vão aparecendo na vida. Ela é um pouco o pé no chão, uma base minha que existe, a da canção.” Ela apresenta-se nesta quarta-feira, no Bona, quando mostra mais músicas deste futuro trabalho (mais informações aqui).
Maravilhosa a apresentação que Nina Maia fez nesta terça-feira no Centro da Terra. Mostrando parte do repertório que estará em seu disco de estreia, que ainda está sendo gravado, ela mostrou-se intensa e delicada na mesma medida, indo da introspecção à explosão sonora sempre com sua bela voz como fio condutor. Com poucas pausas e interação mínima com o público, ela suspendeu a expectativa dos presentes ao alternar momentos sutis e sensíveis – seja somente ao piano, cantando sobre bases eletrônicas pré-gravadas ou em dupla com sua eterna parceira Chica Barreto – com outros mais expansivos, que levam sua musicalidade rumo ao jazz e à MPB com a cozinha formada pelo baixo de Valentim Frateschi e a percussão de Thalin com acréscimos do cello de Chica e do violão de Yann Dardenne na última música da noite, “Amargo”, que será seu próximo single. A luz da dupla Retrato (Ana Zumpano e Beau Gomez) também ajudou o clima de introspecção e expansão entre luzes e sombras — e um espelho no palco.Cheia de si e com plena confiança da firmeza de sua voz e composições, ela está pronta para acontecer. E isso que foi só primeiro show do ano.
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