Nicolas Jaar olha para dentro

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Depois de lançar 2017-2019, um abalo sísmico em forma de disco, no início deste ano com o pseudônimo Against All Logic no início do ano, o produtor americano-chileno Nicolas Jaar lança mais um disco em 2020 – o primeiro disco com seu nome de batismo desde Sirens, um dos melhores discos da década, lançado em 2016. Mas Cenizas – “cinzas”, em espanhol – é um mergulho para dentro em que o produtor deixa toda a expansão rítmica de lado e nos convida para uma viagem erma e distópica, como se antevesse os dramas da atual quarentena ao nos confinar solitários em nossas casas – e nossos corpos. O próprio confinamento foi ponto de partida do disco, este voluntário, quando Jaar se isolou sem álcool, cigarros e café para parir o disco sem outros estímulos a não ser os seus próprios. O resultado é um disco denso e delicado, uma esfinge sem olhos que nos persegue pelo tato, empilhando ralas camadas de um jazz alienígena, estranhamente familiar, compostos por temas ocos e secos, mas fortes e intensos e que conversa com seu primeiro disco desde o título daquele álbum, Space Is Only Noise. Impaciente e incrédulo, é o segundo grande disco que Jaar produz no mesmo ano, exibindo sua maestria em ambos extremos de uma pista de dança futurista e sem esperanças.

Against All Logic: serviço completo

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Os dois singles (um com Lydia Lunch e outro com FKA Twigs) foram só um teaser e o produtor chileno-americano Nicolas Jaar lança o álbum 2017-2019, tirando todo o tom pop que predominava na coletânea anterior de seu projeto Against All Logic (o excelente 2012-2017) transformando-o em uma arma de combate. A melhor explicação para a mudança vem logo na primeira faixa, quando picota vocais de Beyoncé sobre uma base bate-estaca que implode o ouvinte em uma pista de dança mental, febril e agressiva, consolidando-o como um dos melhores produtores em ação atualmente.

Detalhe: os dois singles anteriores não entraram no disco.

Against All Logic pegando pesado

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Nicolas Jaar mostra duas novas faixas de seu projeto pop Against All Logic que contam com participações especialíssimas: “Alucinao” vem com vocais de FKA Twigs e “Illusions of Shameless Abundance”, com Lydia Lunch, que ele já havia mostrado num mix no meio da semana.

Duas pedradas!

On the run #160: A.L.L. @ NTS Radio

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Nicolas Jaar anunciou faixas novas de seu projeto paralelo Against All Logic (uma com Lydia Lunch e outra com FKA Twigs) para esta sexta-feira e as incluiu no set que fez para a rádio londrina NTS. E aproveito pra ressuscitar o On the Run, sessão de mixes e DJ sets do Trabalho Sujo que tava meio fora do ar.

Vida Fodona #595: Esse frio não dá

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Mesmo assim sigo firme.

Talking Heads – “The Overload”
Doors – “Cars Hiss By My Window”
Nina Becker – “Toc Toc”
Garotas Suecas – “Bucolismo”
Letuce – “Quero Trabalhar com Vidro”
Giancarlo Ruffato – “Alfredo”
Boogarins – “Despreocupar”
Cornelius – “Smoke”
Nicolas Jaar – “Keep Me There”
Music Go Music – “Warm in the Shadows”
Paulinho da Viola – “Roendo As Unhas (Victor Hugo Mafra Redit)
Cesar Camargo Mariano + Nelson Ayres – “Os Breakers”
TLC – “Waterfalls”

Os 75 melhores discos de 2018: 2) Nicolas Jaar – A.A.L (Against All Logic) – 2012-2017

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“The foundations of the world are being broken”

Nicolas Jaar de surpresa

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O produtor chileno Nicolas Jaar lança sem sobreaviso uma excelente coletânea de faixas produzidas com o codinome Against All Logic – e 2012-2017 segue a linha de seu trabalho autoral, cuja obra mais recente é o sensacional Sirens, lançado há dois anos. Aumenta o som e deixa fluir…

Vida Fodona #551: Tentando reinventar

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Duas horas de programa misturando músicas velhas e hits recém-lançados de 2017…

Jetta – “I’d Love to Change the World (Matstubs Remix)”
Spoon – “Hot Thoughts”
Felipe S – “Anedota Yanomami”
Chaz Bundick + The Mattson 2 – “Star Stuff”
Xx – “Too Good”
Arctic Monkeys – “Cornerstone”
Boogarins – “Tempo”
Flaming Lips – “Sunrise (Eyes of the Young)”
Garotas Suecas – “Bucolismo”
BaianaSystem – “Invisível”
MC Beijinho – “Me Libera Nega”
Amadou + Mariam – “Ce N’est Pas Bon (A JD Twitch edit)”
Akase – “Under the Pressure”
Nicolas Jaar – “Killing Time”
Pink Floyd – “Pigs (Three different Ones)”
Television – “Marquee Moon”
Stephen Malkmus + The Jinks – “Real Emotional Trash”
Wilco – “Impossible Germany”
Warpaint – “Heads Up”
Lô Borges – “Faça Seu Jogo”
Kiko Dinucci – “Uma Hora da Manhã”
Rakta – “Raiz Forte”
Coruja BC – “Modo F”
Flora Matos – “Quando Você Vem”
Mahmundi – “Meu Amor”

Abaixo a versão do Spotify, com menos músicas.

Os 75 Melhores Discos de 2016 – 6) Nicolas Jaar – Sirens

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“Já dissemos não, mas…”

E esse disco novo do Nicolas Jaar…

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Sirens, o segundo disco recém-lançado de Nicolas Jaar, está para a música de pista atual como o Endtroducing de DJ Shadow em 1996, estava para o hip hop da época, reparem.

É um disco tão político e sensível quanto a obra-prima de DJ Shadow, que critica o comercialismo não apenas na letra escancarada de uma única faixa (“Why Hip-Hop Sucks in ’96”, respondendo apenas “It’s the money!”) mas em toda sua extensão, sintetizada na frase que funciona como subtítulo do álbum: “Ya dijimos no pero el si esta en todo” – “Já dissemos não, mas o sim está em tudo”. Claro fruto do trabalho que veio curando durante estes últimos três anos, a começar pelo projeto Darkside (dono do sexto melhor disco de 2013) e passando pelos singles “Nymphs” (“II“, “III“, “Fight“, esta uma das melhores músicas do ano passado) e pela trilha sonora do filme armênio A Cor da Romã. Fácil fácil um dos grandes discos do ano, que melhora a cada audição.