Vida Fodona #809: Maio tá chegando com tudo

Aproveitando o flow.

Ouça abaixo:  

O verso perdido de “Cortez the Killer”

“I floated on the water/ I ate that ocean wave/Two weeks after the slaughter/I was living in a cave/They came too late to get me/But there’s no one here to set me free/From this rocky grave/To that snowed-out ocean wave”. Tudo é uma surpresa quando falamos de Neil Young – e não foi diferente nesta quarta-feira, quando voltou a fazer shows iniciando a turnê de lançamento de mais um novo álbum, Fu##kin’Up, quando apresentou a nova formação de seu Crazy Horse – com Micah Nelson no lugar de Nils Lofgren e sempre com Ralph Molina e Billy Talbot – e aproveitou esse primeiro show para revelar um verso perdido do épico “Cortez the Killer”. A música, com quinze minutos ao vivo, trouxe o longo verso de conclusão que não coube na versão original gravada no clássico Zuma, como o próprio Young havia revelado em uma entrevista para os fãs há pouco. O show realizado no Cal Coast Credit Union Open Air Theatre em San Diego, na costa oeste dos Estados Unidos, ainda trouxe versões ao vivo para clássicos como “Cinnamon Girl”, “Don’t Cry No Tears”, “Down By The River”, “Everybody Knows This Is Nowhere”, “Powderfinger”, “Love And Only Love”, “Comes A Time”, “Heart Of Gold” e “Hey Hey, My My (Into The Black)” (assista a algumas músicas filmadas pelo público abaixo), entre outras canções. O velho canadense cruza os EUA com sua Love Earth Tour, que terá 30 datas até setembro. Por favor, venha pro Brasil!  

Vida Fodona #807: Demorei, né?

Muita coisa acontecendo.

Ouça abaixo:  

Neil Young tocando dois discos clássicos na íntegra num mesmo show

O velho Neil Young segue firme e forte, inclusive nos palcos. Em plena turnê pelos Estados Unidos, um dos maiores nomes da história do rock pousou no mitológico Roxy Theater, em Los Angeles, na quarta passada, para uma celebração dupla: era o aniversário da casa de shows, que completava 50 anos naquele 20 de setembro, que abriu justamente com uma apresentação do bardo canadense, então acompanhado pela banda Santa Monica Flyers. Desta vez ele voltou ao palco angeleno com seu clássico grupo Crazy Horse (com uma pequena mudança na formação, quando o guitarrista Nils Lofgren, que não pode comparecer, foi substituído pelo filho de Willie Nelson, Micah Nelson) e puxou não apenas um, mas dois discos clássicos tocados na íntegra: os soberbos Tonight’s the Night (de 1975) e sua estreia solo Everybody Knows This Is Nowhere (de 1969), de onde pinçou a estreia ao vivo de “Round and Round (It Won’t Be Long)”, que nunca havia sido tocada num palco. E é claro que almas heróicas estiveram presentes registrando esse momento para a posteridade, embora não tenha encontrado quem filmou o show inteiro. Seguem os vídeos que achei e o setlist dessa noite maravilhosa (e, porra, ninguém vai trazer o Neil Young pra cá de novo?):  

Os 75 melhores discos de 2020: 15) Neil Young – Homegrown

“Plant that bell and let it ring”

Vida Fodona #694: Festa-Solo (29.11.2020)

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Mais uma edição ao vivo do Vida Fodona para acompanhar a apuração da eleição – mais um Festa-Solo lá no twitch.tv/trabalhosujo nesta tarde de domingo.

Kylie Minogue – “Magic”
Konk – “Your Life”
Talk Talk – “It’s My Life”
Criolo – “Bogotá”
Bixiga 70 – “Pedra de Raio”
Metá Metá – “Corpo Vão”
Letuce – “Quero Trabalhar Com Vidro”
Boogarins – “Foimal”
Rincon Sapiência – “Crime Bárbaro”
Stevie Wonder – “All Day Sucker”
Last Poets – “It’s a Trip”
Meters – “Tippi Toes”
Cymande – “Brothers On The Slide”
Curtis Mayfield – “Superfly”
Marvin Gaye – “I Heard It Through The Grapevine”
Creedence Clearwater Revival – “I Heard It Through The Grapevine”
Amy Winehouse + Paul Weller – “I Heard It Through The Grapevine”
Slits – “I Heard It Through The Grapevine”
Yoko Ono – “Walking On Thin Ice”
Waterboys – “The Whole Of The Moon”
Velvet Underground – “Foggy Notion”
Os Cascavellettes – “O Dotadão Deve Morrer”
Raul Seixas – “A Verdade Sobre A Nostalgia”
Hüsker Dü – “Pink Turns to Blue”
Sonic Youth – “Skip Tracer”
Buzzcocks – “What Do I Get?”
Sebadoh – “Pink Moon”
Pixies – “Monkey Gone To Heaven”
Neil Young & Crazy Horse – “Powderfinger”
Legião Urbana – “Heroes”
Lulina – “Birigui”
Pavement – “Gold Soundz”
Elastica – “Connection”
Olivia Tremor Control – “Hideaway”
Big Star – “Down the Stret”
Jimi Hendrix Experience – “Still Raining, Still Dreaming”
Bob Dylan – “Just Like Tom Thumb’s Blues”
Bárbara Eugenia – “Cama”
Pink Floyd – “San Tropez”
Beck – “So Long, Marianne”
Courtney Barnett & Kurt Vile – “Over Everything”
Blur – “End Of A Century”
Billie Eilish – “All The Good Girls Go To Hell”
Angel Olsen – “Too Easy”
PJ Harvey – “The Dancer”
Paulinho da Viola – “Dança da Solidão”
Beatles – “Cry Baby Cry”

Sete minutos de “Powderfinger” elétrica

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Neil Young começa a mostrar as joias do segundo volume de sua caixa Archives e acaba de revelar essa versão elétrica com sete minutos de “Powderfinger” gravada logo que Frank “Poncho” Sampedro assumiu o posto de segundo guitarrista do Crazy Horse, após a morte do dono original do cargo, o fiel escudeiro de Young Danny Whitten, de overdose de heroína. Uma canção sobre a chegada da maturidade junto com a morte tem um peso redobrado ao ser lançada em 2020, ano em que Young tornou ainda mais aguda sua verve política, numa versão registrada em 1975, portanto três anos antes de ser apresentada ao resto do mundo no imortal Rust Never Sleeps. Que paulada!

Antes disso, ele já havia mostrado a balada country “Homefires”, gravada em 1974 em seu rancho Broken Arrow…

…e “Wonderin'”, que ele gravou na época do After the Gold Rush em 1970 (que, por sua vez, ganhará uma edição especial em dezembro, em comemoração aos seus 50 anos), mas que só lançaria em 1983, no infame Everybody’s Rockin’, numa versão rockabilly gravada ao lado do grupo vocal Shocking Pinks:

E ainda tem o vídeo mostrando a caixa por dentro:

Mata o velho! A segunda Archives sairá no próximo dia 20 e já pode ser encomendada online.

Neil Young com sangue nos olhos

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Em franca batalha contra Donald Trump, o mestre canadense Neil Young já processou o presidente norte-americano por usar suas músicas em propaganda de campanha e recentemente desplugou as redes sociais de seu site como uma forma de protesto contra o papel destas redes na destruição das democracias no mundo (mesmo que isso lhe custe 20 mil dólares). E agora ele volta a um passado recente e recria “Looking for a Leader”, que fez reclamando contra George W. Bush em 2006, mirando agora no agente laranja que infectou a Casa Branca. “Convido o presidente a tocar esta música em seu próximo discurso”, desafio Young. “Uma canção sobre os sentimentos que muitos de nós sentimos sobre os EUA hoje, que faz parte de The Times, EP que sairá em breve pela Reprise Records – meu lar desde 1968.”

Não são as únicas novidades do velho Neil. Depois de desenterrar o ótimo Overgrown, que arquivou em 1975 para ressuscitá-lo 45 anos depois, ele segue vasculhando seus arquivos e preparando discos novos com material histórico inédito. A principal notícia é o anúncio do segundo volume de sua caixa Neil Young Archives, que cobre o período entre 1973 e 1982 e que não tínhamos mais notícias desde 2014, cinco anos depois do Volume 1. Há especulações que ela contenha outros discos inteiros engavetados à época por Young, como Chrome Dreams, de 1976, e Oceanside-Countryside, de 1977. Mas não há mais nenhuma informação oficial sobre esta caixa, a não ser que será lançada no dia 6 de novembro.

No mesmo dia, Young lança também o primeiro dos dois discos ao vivo ao lado de sua banda Crazy Horse que desenterra neste ano. Return to Greendale volta ao disco de 2003 do grupo, Greendale, reunindo versões ao vivo do disco em diferentes shows da mesma turnê. Exatamente um mês depois, ele mostra Way Down in the Rust Bucket, show gravado com o grupo na casa Catalyst Club, na Califórnia, em novembro de 1990.

Não bastasse tudo isso, ele também anuncia que está trabalhando em material novo, um filme chamado The Timeless Orpheum. “É um filme de show com várias reviravoltas, contando a minha história e a sua, nossa história juntos”, escreveu em seu site.

Os 75 melhores discos de 2019: 56) Neil Young & Crazy Horse – Colorado

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“Move along ‘til I’m new again”

Neil Young faz o que sabe fazer melhor

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“Você pode dizer que eu sou um branco velho – eu sou um branco velho”, canta Neil Young logo no início da longeva “She Showed Me Love”, uma das peças centrais de seu recém-lançado Colorado, mais um disco que o velho guitarrista lança ao lado de sua eterna banda de apoio Crazy Horse. O tema do disco é a preocupação do cantor e compositor canadense com o meio ambiente, progressista como sempre, embora ele mantenha-se conservador naquilo que saiba fazer melhor: longos épicos elétricos conduzidos por guitarras sujas e resmungos com sua voz característica. Mesmo com momentos delicados – como a bela “Green is Blue”, o doce trem ao final de “Eternity”, o sussurro de “I Do” e o afago em George Harrison ao copiar “Behind That Locked Door” em sua “Rainbow of Colors” -, são os emaranhados de microfonia em longas travessias que marcam mais este disco do velho Neil, seguindo a linha dos trabalhos anteriores com o Crazy Horse, como Americana e Psychedelic Pill, de 2012. A principal mudança neste Colorado é a saída de Frank “Poncho” Sampedro, que largou a estrada para curtir a vida no Havaí, e a entrada do filho pródigo Nils Lofgren, que largou o Crazy Horse ainda no início dos anos 70 e é mais conhecido por sua carreira na E Street Band de de Bruce Springsteen. Não muda nada, mas pra que mudar?

colorado

“Think of Me”
“She Showed Me Love”
“Olden Days”
“Help Me Lose My Mind”
“Green Is Blue”
“Shut It Down”
“Milky Way”
“Eternity”
“Rainbow of Colors”
“I Do”