“Existir como a silhueta de uma faca roubada passada de mão em mão sempre entre os dedos certos”, repetia Natasha Felix durante a apresentação que fez no Centro da Terra ao lado do DJ Glau Tavares, evocando diferentes autores para tornar o corpo redivivo por seu poema O Primeiro Segredo Dito a Lázaro ainda mais incomodado com o fato de não ter morrido – “não levanta da tumba, morto, recalcula a rota!”. E enfileirando Sylvia Plath, um poema sobre um poema de Nicanor Parra, o único par de versos de Emily Dickinson que leu, a viagem de volta à África feita por Saidiya Hartman e como Stella do Patrocínio via a fuga (“o negro não se esquiva, escapa, desaparece”), ela foi criando um clima tenso e hipnótico ao enumerar sensações diferentes com seu mesmo timbre doce, monotônico e implacável enquanto loopava a própria voz eletronicamente pela primeira vez num palco. Enquanto Natasha experimentava a musicalidade de seus versos envolvendo-se com os versos alheios, a outra metade criadora do espetáculo Lamber as Feridas, o DJ Glau Tavares, criava um clima de opressivo que ecoava música eletrônica dos anos 80, uma versão industrial de um hip hop instrumental com toques de funk, house music e EBM – e o encontro daquelas duas narrativas ainda era temperada pela luz da dupla Retrato (Ana Zumpano e Beeau Gomez estão desenvolvendo uma senhora carreira paralela como iluminadores de show – e desta vez Ana interferiu inclusive na cenografia), que tratava claros e escuros com a distinção do ritmo dos beats e da tensão das palavras, crescendo forte, como ela mesma disse, “sempre de dentro pra fora, como um pesadelo”. Bravo!
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Enorme satisfação receber a poeta e performer Natasha Felix para uma apresentação musical que idealizou ao lado do DJ Glau Tavares batizada de ‘Lamber as Feridas, em que ela cria no palco o poema O Primeiro Segredo Dito a Lázaro, em que conta a história de alguém que se vê forçado a voltar à vida depois da morte. A obra é o fio condutor da apresentação que também traz outros poemas da autora, além de textos de Nicanor Parra, Sylvia Plath, Stella do Patrocínio e Saidiya Hartman. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos podem ser comprados na bilheteria e no site do Centro da Terra.
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Chegando no fim de outubro e já está na hora de anunciar as atrações de novembro da curadoria de música do Centro da Terra. Quem segura as segundas-feiras do mês é o inigualável Jair Naves, que aproveitou o convite para passear por diferentes facetas da sua musicalidade dentro da temporada que batizou de O Significado Se Desfaz no Som, quando faz quatro apresentações distintas, começando com um show acústico de sua eterna banda Ludovic (dia 4), passando por uma apresentação ao lado de seu parceiro musical mais longevo, Renato Ribeiro (dia 11), um show ímpar com a banda que o acompanha atualmente (dia 18) e encerrando o mês tocando ao lado do trio paraense Molho Negro (dia 25). Os shows de terça-feira começam no dia 5, quando a poeta Natasha Felix convida o DJ Glau Tavares para uma versão de seu texto O Primeiro Segredo Dito a Lázaro, que mistura com obras de Nicanor Parra, Sylvia Plath, Stella do Patrocínio e Saidiya Hartman, além de outros poemas de sua lavra no espetáculo Lamber as Feridas. Na semana seguinte, dia 12, assistiremos à estreia nos palcos de Leon Gurfein, que montou uma banda para essa primeira apresentação ao lado de Helena Cruz, Lauiz e M7i9, que batizou de Leon y Las Gatas Embarazadas. Na terceira terça-feira do mês, dia 19, a curitibana Bruna Lucchesi faz a transição entre seu disco atual, que celebra a obra de Paulo Leminsky, e seu próximo trabalho, em que navega por poemas musicais de Patti Smith e Bob Dylan num espetáculo batizado de Quem Faz Amor Faz de Tudo. As atrações musicais de novembro no teatro terminam na última terça do mês, dia 26, quando a vocalista Stephanie Borgani se reúne à cantora Marina Marchi e aos músicos Marlon Cordeiro (saxofone tenor) e Feldeman Oliveira (trombone) para mostrar suas composições numa apresentação chamada de “Mímica” e Outras Peças. Atrações inéditas e exclusivas que também fazem parte das comemorações do 29° aniversário do Trabalho Sujo, que acontece em novembro. Os espetáculos no teatro começam sempre pontualmente às 20h e os ingressos já podem ser comprados na bilheteria e no site do Centro da Terra.
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Ave Waly! Celebramos a obra deste monstro da poesia brasileira de forma intensa nesta quarta-feira, quando apresentamos o espetáculo de som e poesia Waly Salomão: Dito e Lido, em que Joca Reiners Terron, Julia de Carvalho Hansen e Natasha Felix despejaram a verborragia sensível e forte do poeta baiano sobre camadas elétricas de textura e melodia cogitadas pelo encontro das guitarras e pedais de Jadsa e Guilherme Held. Cada poeta teve seu bloco, pontuado pelas canções que eternizaram as letras de Waly apresentadas de forma desconstruída: Julia costurou quatro poemas (entre estes uma inspirada e ritmada versão de “Mãe dos Filhos Peixes”) com os versos de “Mal Secreto” para depois, ao lado de Natasha, perambular pelos versos e notas de “Vapor Barato”, logo depois da cascata de prosa poética despejada por Joca, ao ler um trecho de “Self Portrait”. Natasha emendou “Babilaque” e “Balada de um Vagabundo” para arrematar tudo com “Negra Melodia”, deixando, nas três, sua musicalidade nascer entre as palavras. Uma noite inesquecível.
Jadsa, Guilherme Held, Natasha Félix, Julia de Carvalho Hansen e Joca Reiners Terron: que felicidade reunir um time tão foda para celebrar um dos grandes nomes da cultura brasileira do século passado. Waly Salomão será celebrado nesta quarta-feira no espetáculo Waly Salomão: Dito e Lido, que acontece no Auditório do Sesc Pinheiros a partir das 20h. Nele reverenciamos a alma de suas canções (ele é mais conhecido do grande público como letrista de clássicos da nossa música como “Vapor Barato” e “Mal Secreto”, entre outros), mas caímos de boca em seus poemas, que a partir das vozes destes três poetas tão distintos – e apaixonados por Waly – ganham vida e corpo com suas interpretações ao lado das guitarras dos dois instrumentistas. A apresentação ainda conta com visuais da Carol Costa e o som fica por conta do Bernardo Pacheco. É o segundo espetáculo que dirijo ao lado da comadre Juliana Vettore, com quem criei a série Dito e Lido que, em 2022, homenageou Leonard Cohen. Os ingressos, no entanto, já estão esgotados!
Satisfação imensa celebrar, na próxima quarta-feira, dia 4 de novembro, a obra deste mestre da cultura brasileira que completaria 80 anos neste 2023. Waly Salomão é mais reconhecido pelas parcerias musicais que fez com nomes como Maria Bethânia, Jards Macalé e Gal Costa, mas no espetáculo Waly Salomão: Dito e Lido mergulhamos em sua poesia com nomes de peso: Jadsa e Guilherme Held entrecruzam suas guitarras para criar o território sonoro em que os poetas Joca Reiners Terron, Natasha Felix e Julia de Carvalho Hansen percorrem os textos deste mestre baiano. É o segundo espetáculo que concebo e dirijo ao lado da Juliana Vettore, da Capivara Cultural e uma das responsáveis pelos encontros Zapoetas, depois de celebrar a vida e obra de Leonard Cohen no ano passado. O espetáculo acontece no auditório do Sesc Pinheiros a partir das 20h e os ingressos já estão à venda neste link. Abaixo, a sinopse que fizemos para esta apresentação: