1° de maio de 1969 – Bob Dylan é o convidado na estreia do programa de Johnny Cash
2 de maio de 1989 – Os Stone Roses lançam seu primeiro disco
3 de maio de 1958 – Rock causa tumulto em Boston
4 de maio de 2000 – Metallica processa os próprios fãs
5 de maio de 1946 – Nasce Beth Carvalho
6 de maio de 1965 – Keith Richards compõe “Satisfaction” num sonho
7 de maio de 1992 – John Frusciante sai dos Red Hot Chili Peppers
8 de maio de 1911 – Nasce Robert Johnson
9 de maio de 1942 – Nasce Nei Lopes
10 de maio de 1994 – O Weezer lança seu primeiro álbum
11 de maio de 1981 – Morre Bob Marley
12 de maio de 1967 – Jimi Hendrix lança Are You Experienced?
13 de maio de 1938 – Louis Armstrong imortaliza “When the Saints Go Marching In”
14 de maio de 2016 – Beyoncé emplaca todos os singles de seu Lemonade entre os mais vendidos
15 de maio de 1986 – O Run DMC lança o primeiro grande álbum de rap
16 de maio de 1966 – Bob Dylan lança Blonde on Blonde e os Beach Boys lançam Pet Sounds
17 de maio de 1887 – Nasce João da Baiana
18 de maio de 1980 – Ian Curtis comete suicídio
19 de maio de 1945 – Nasce Pete Townshend
20 de maio de 1954 – Bill Haley & His Comets lançam o hino “Rock Around the Clock”
21 de maio de 1970 – Marvin Gaye lança What’s Going On
22 de maio de 1967 – Os Monkees lançam o primeiro disco em que compõem e tocam tudo
23 de maio de 1966 – Os Doors estreiam no Whiskey a Go Go
24 de maio de 1941 – Nasce Bob Dylan
25 de maio de 1996 – Brad Nowell, do Sublime, é encontrado morto
26 de maio de 1926 – Nasce Miles Davis
27 de maio de 1957 – Buddy Holly lança seu primeiro hit, “That’ll Be The Day”
28 de maio de 1957 – Nasce John Fogerty, do Creedence Clearwater Revival
29 de maio de 1984 – Tina Turner dá a volta por cima com Private Dancer
30 de maio de 1990 – Midnight Oil protesta no coração financeiro de Nova York
• Tablets: é irreversível • Nova lei de direitos autorais: retrocesso • Zuckerberg assume erros, o fim do Napster, Chrome supera IE e WoW no Brasil •
• Software de bolso • Seu telefone pode virar qualquer coisa • Personal Nerd: Aplicativos de celular • A construção de um mercado milionário • Jogo social para gamer • O ano 10 – 2ª parte • Google Chrome OS, Idec, PSP… • Você sabe o que o WikiLeaks tem a ver com o Napster? • Vida Digital: Natália Viana, do Wikileaks
Na minha coluna no Caderno 2 desta semana, falo novamente sobre o filme do Facebook, não sobre ele propriamente, e sim sobre uma mensagem que está embutida em seus minutos…
O MP3 e ‘A Rede Social’
O dilema digital para as massas
A Rede Social, novo filme de David Fincher (o mesmo diretor de Clube da Luta e Zodíaco), conta a história de como o site Facebook foi criado – e entra em seu terceiro fim de semana de exibição nos EUA correndo o risco de manter-se como líder das bilheterias desde sua estreia. O resultado pode surpreender quem crê que, para ter um bom desempenho comercial na telona, basta adaptar uma história em quadrinhos, enchê-la de efeitos especiais e exibi-la em 3D.
A Rede Social não tem nada disso: dispõe-se a contar como um gênio antissocial inventou uma ferramenta de socialização digital que tornou-se o maior site do mundo. Denso, frio e devagar quase parando, o filme é o oposto do que se espera de um sucesso hollywoodiano, mas o nome dos envolvidos ajuda a entender o porquê do sucesso – além de Fincher, o filme é escrito pelo mesmo Aaron Sorkin da série West Wing e protagonizado pelos novos galãs Jesse Eisenberg e Andrew Garfield (que fará o novo Homem-Aranha), além do cantor pop Justin Timberlake.
E Justin é o assunto da coluna de hoje. Nem preciso entrar nos méritos de sua atuação (que é boa, mesmo que ele venha da música e não do cinema), mas sim no personagem vivido pelo popstar em A Rede Social. Ele faz as vezes de Sean Parker, cofundador do Napster, o software de compartilhamento de arquivos online que virou a indústria musical – e, em seguida, a do entretenimento como um todo – do avesso.
Em certa passagem do filme, que só estreia no Brasil em dezembro, ele conversa com o personagem de Eisenberg (que vive o criador do Facebook, Mark Zuckerberg) sobre o potencial da rede social criada por ele. E, no meio do papo, cita que, embora todos envolvidos no Napster tenham sido processados e que o software tenha causado a fúria da indústria fonográfica, ele sim, mudou a forma como consumimos música. E pergunta, ironicamente, se alguém ainda entra em lojas de discos para comprar CD.
A ironia se desdobra ao lembrarmos que Justin é um dos principais vendedores de disco da mesma indústria que foi estilhaçada pelo MP3, formato de arquivo que o Napster estabeleceu como padrão para a música no início do século 21. Mas não deixa de ser importante que este tema venha a ser uma das principais questões discutidas – entre outras, bem mais severas – em um dos filmes que, certamente, será um dos mais vistos em 2010. E, como o próprio Mark após o papo com Sean, pode fazer o grande público pensar um tanto sobre este assunto.
Me perguntaram e eu respondi.
• Música social • Brasil pode ter sua própria ‘lei Sarkozy’ • ‘Pirataria’ cresce como causa • Provedores de acesso também reagem contra o projeto de lei • Cada vez mais sozinhos ou mais conectados?• Há 30 anos, walkman fazia a música andar • ‘O universo musical é mais rico hoje que antes da web’ • Há 10 anos, Napster tornava a web social • The Sims 3: Eles precisam de você para viver, se relacionar – e até se vestir • Clássico dos games de boxe volta em versão de tirar o fôlego – mesmo! • Twittermania! • Vida Digital: Matheus Souza (Apenas o Fim) •
Todos de fone de ouvido em festa silenciosa na Virada Cultural de 2008 (foto: Mônica Bento/AE – 26/04/2008)
Nunca se fez tanta música quanto hoje. As possibilidades abertas a quem não tinha recursos ou técnica para fazer música permitiram que gerações inteiras finalmente pudessem produzir sua própria trilha sonora.
Seja criando música nova, remixando hits do passado ou regravando velhas canções, pessoas de diferentes faixas etárias se descobriram artistas e puderam finalmente reconhecer-se como músicos, independentemente de profissionais ou amadores. Mais: com a internet, essa produção passou a ser ouvida por gente que não tinha outros canais senão o rádio, o show e a loja de discos para descobrir e curtir música nova.
Ao mesmo tempo, nunca se ouviu tanta música quanto atualmente. A mesma rede que permitiu que músicos finalmente tivessem acesso direto a seu público fez que cada vez mais pessoas ouvissem cada vez mais música.
Hábitos como garimpar raridades, gravar fitas cassetes (ou CD-R) com músicas escolhidas a dedo e até mesmo manter uma coleção de discos foram acelerados pela rede de tal forma que praticamente foram reinventados.
Em vez de prateleiras, falamos em gigabytes; disco raro é aquele que nunca saiu da casa – ou da cabeça – de seu autor.
Assim, aos poucos, um termo técnico que designa a forma de adquirir um arquivo digital da rede tornou-se praticamente sinônimo de música nesta década: o download. Graças à popularização do MP3, iniciada há exatos dez anos, baixar música virou uma atividade rotineira e um hábito típico de nossos tempos.
Mas esse monte de gente produzindo e ouvindo música não está isolada em seus computadores ou em seus fones de ouvido, mesmo porque isso não é novidade – o marco zero deste isolamento musical, a invenção do walkman, completa trinta anos este mês.
E o mesmo ponto de partida para a música digital como a conhecemos hoje – a criação do Napster, o primeiro software de compartilhamento de arquivos sonoros digitais – também deu origem a uma nova forma de se ouvir música.
Se o rádio, a loja de disco e a gravadora aos poucos se tornam obsoletos, a internet oferece opções que vêm sendo abraçadas por milhões de pessoas, que estão descobrindo músicas que nunca ouviram e mostrando-as umas às outras.
O download ilegal ainda é um problema no que tange os direitos autorais e várias iniciativas têm insistido em punir uma prática que já é corriqueira.
Numa época em que ouvir música torna-se uma atividade cada vez mais social, resta achar uma solução que recompense quem produz mas que não puna quem ouve.
***
Há 10 anos, Napster tornava a web social
Shawn Fenning só queria ouvir as músicas que seus amigos guardavam em seus PCs – e também permitir que eles ouvissem as suas. Entediado com a faculdade que fazia, começou a escrever um software que permitisse essa troca de arquivos em janeiro de 1999. Ele tinha acabado de completar 18 anos e, poucos meses depois, no início daquele junho, há dez anos, terminou o programa, que batizou com seu próprio apelido (“Napster” quer dizer algo como “dorminhoco”). Distribuiu para uns amigos e, como quem não quer nada, mudou a história da música – ao mesmo tempo em que resgatou um dos cernes da rede – seu aspecto social.
Voltando mais no tempo, quando o criador da World Wide Web, Tim Berners-Lee, tornou público seu projeto, o fez postando uma mensagem num fórum de notícias, no dia 6 de agosto de 1991. Nela, anunciava que “estamos muito interessados em espalhar a web para outras áreas (…). Colaboradores são bem-vindos!”
Sem querer, Shawn Fenning repercutiu a mensagem do criador da web para o planeta. E se no início dos anos 90 a rede apareceu como uma forma de facilitar a troca de dados e informações, no final da década esta troca seria acelerada graças à popularização do MP3.
Mas trocar músicas era só o começo. Logo o mundo compreendeu que a música poderia funcionar longe do disco, coisa que a indústria fonográfica não quis entender – o que a levou a processar seus próprios clientes e abrir espaço para a Apple, uma empresa sem tradição no mercado de música, tornar-se líder em comercialização de música digital.
Fenning não inventou apenas um software. Com o Napster, ele sublinhou que a rede não é compostas de máquinas que se conectam a grandes servidores – mas também de computadores que podem se conectar entre si sem precisar passar por um computador central. E que esses computadores são pilotados por seres humanos que querem conhecer não só mais músicas, mas outros seres humanos. Não é exagero: ao liberar a possibilidade das pessoas trocarem MP3 entre si, o Napster foi o embrião daquilo a que chamamos de “rede social” – que, na verdade, é uma metáfora para a própria web.
Afinal, a internet é social. E Fenning nos lembrou disso há dez anos, quando resgatou um verbo que estava um tanto em desuso e que tem sido vilanizado pelos motivos errados: compartilhar.