Mostra Prata da Casa: Silva e Madrid

, por Alexandre Matias

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E hoje o encontro da Mostra Prata da Casa promete ser classudo, quando o capixaba Silva toca no mesmo palco que a dupla paulista-curitibana Madrid: piano de cauda e violino, programações eletrônica e guitarra, letras céticas e clima de câmara. O show começa às 21h no Sesc Pompéia e os ingressos – que estavam perto de acabar – custam R$ 8. Abaixo, o texto que escrevi sobre esta noite para o projeto.

Um novo indie brasileiro

O indie brasileiro quase sempre percorreu o caminho do rock, com guitarras barulhentas, vocais inaudíveis e letras em inglês, mas esta situação vem mudando há pelo menos dez anos. Afinal, graças à facilidade de mostrar sua música para o mundo – e descobrir tantos outros artistas e gêneros – que aconteceu com a internet, obrigou os artistas destes gêneros a buscar novas formas de expressar sua tristeza para que não soassem como mera paródia de artistas estrangeiros. E um dos primeiros exercícios em busca desta nova identidade indie brasileira foi abusar da dance music – de onde vieram dois veteranos que, num terceiro momento, deixaram a pista de dança no passado para explorar uma musicalidade triste e adulta, cheia de melodia e harmonia. Marina Vello (ex-Bonde do Rolê) e Adriano Cintra (ex-Cansei de Ser Sexy) reinventaram sua musicalidade ao se encontrarem como a dupla Madrid, que apresentou-se no Prata da Casa em julho: Marina crooner e Adriano no piano de cauda, fazendo até uma versão de uma música do grupo Ladytron soar classuda. Silva, que divide o palco com o Madrid nesta mesma noite, não tem nada de veterano – embora sua postura de palco não entregue o fato de ser um artista novíssimo. Revelado na internet no final de 2011, apresentou-se no palco da choperia em maio, revezando-se entre a guitarra, o violino e as programações eletrônicas para, cantando em português, sintetizar o mesmo tipo de feeling procurado pelo Madrid – uma música que fala de relacionamentos, idas e vindas, dúvidas sentimentais e experiências de vida, que não passa nem perto dos clones de bandas de rock alternativo que eram o cerne do indie rock brasileiro no século passado.

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