Mostra Prata da Casa: Rodrigo Caçapa e Dona Cila do Coco

, por Alexandre Matias

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A penúltima noite da Mostra Prata da Casa reúne duas forças da cena pernambucana – uma ancestral, com a magnética Dona Cila do Coco transformando tudo numa grande ciranda, e a outra mordeníssima, com o sereno Rodrigo Caçapa reinventando a viola. Os shows começam às 21h deste sábado, no Sesc Pompéia, e os ingressos custam R$ 8. Abaixo, o texto que escrevi sobre esta noite para o catálogo da Mostra.

Todo o Pernambuco

Depois do Rio, de São Paulo e de Salvador, talvez Recife já possa ser considerada a quarta força artística do Brasil, principalmente após o big bang chamado mangue beat que Chico Science detonou no início da década de 1990. Há vinte anos, a vida cultural da capital pernambucana era restrita a arremedos e cópias do que era produzido no resto do país e a auto-estima do estado praticamente não existia. Foi preciso que uma turma de amigos resolvesse conectar a cidade ao resto do mundo através da eletricidade, do hip hop e do rock, usando como base a vasta tradição secular de uma das regiões mais antigas do Brasil. Foi o choque entre o moderno e o arcaico, lição aprendida com o tropicalismo, que colocou Nação Zumbi, Mundo Livre S/A e o Pernambuco de volta ao mapa da música brasileira e, principalmente, recuperou o amor próprio do estado que, aos poucos, contagiou todo o nordeste e chegou até Belém. Dos nomes que surgiram após este primeiro grande evento, dois são contemporâneos dos anos 90 embora só tenham lançado seus discos no século atual. Dona Cila do Coco foi uma das primeiras artistas de raiz resgatas por Chico Science e incendiou o público da choperia com sua cantiga apaixonante cercada de uma banda que era puro ritmo, fazendo desabrochar rodas de dança pela platéia. Já Rodrigo Caçapa, saiu da mesa de produção para lançar seu ótimo primeiro álbum solo (Elefantes na Rua Nova) no ano passado, em que mergulha no universo das violas e percussão para, no palco do Prata da Casa, modernizar toda uma tradição sem precisar de música eletrônica, letras em inglês ou misturar gêneros musicais. Com quatro violeiros e três percussionistas, recriou um Pernambuco tradicional bem parecido com o cantado por Dona Cila e os dois juntem unem quase um século de história pernambucana e shows acústicos poderossímos.

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