Mostra Prata da Casa: Kika e Tibério Azul

, por Alexandre Matias

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Pernambuco e São Paulo se encontram hoje no palco da choperia do Sesc Pompéia na terceira noite da Mostra Prata de Casa – e o encontro é bem macio. De um lado, a lírica doce e jamaicana musicalidade de Kika; do outro, o canto tranquilo e sossegado de Tibério Azul. Será que os dois tocam juntos no final, como aconteceu nas noites anteriores? O show começa às 21h e os ingressos custam R$ 8,00. Abaixo, o texto que escrevi para o catálogo da Mostra. Kika até descolou um remix dub que o Victor Rice fez para “Sai da Frente”, de seu excelente disco de estréia, ouça abaixo:

Pop sobre tudo

Enquanto África e Pernambuco temperam duas noites diferentes da Mostra Prata da Casa deste ano, uma terceira apresentação dupla reúne dois extremos destes dois universos para mostrar que eles têm mais em comum do que aparentam. Tanto Kika quanto Tibério Azul se apresentaram no final do ano e ambos navegam por mares psicodélicos sem deixar-se levar pelo delírio rítmico ou pelo transe instrumental. Ambos levantam a bandeira da música pop para tocar no rádio, sem deixar para trás características específicas dos universos de onde vieram. A cantora e compositora Kika está bem próxima do centro afropaulistano e gravou seu excelente disco Pra Viagem no mesmo estúdio Traquitana que viu o nascimento da banda Bixiga 70. Já Tiberio Azul pertence à safra de artistas que veio de Pernambuco logo após o fim do mangue beat e depois de passar por diferentes bandas, lançou seu primeiro disco solo no ano passado. Em comum, são dois artistas doces e sinceros, que cantam macio e tranquilamente, com um pé no pop radiofônico e outro num ar hippie sem a conotação pejorativa do termo. Tiberio reforça sua veia nordestina ao subir no palco ao lado de um acordeonista, invocando até Alceu Valença – um dos poucos pernambucanos tradicionais a não ser festejado pela geração de Chico Science – em seu repertório de pérolas que desnudam a fragilidade do macho brasileiro. Kika, presa até as canelas no lodaçal jamaicano do dub mas sem perder o sol de vista, passeia sorridente por canções singelas e aparentemente frágeis, mas que escondem uma visão feminina incisiva e moderna. Dois shows que pareciam apenas corretos e que ganharam novas dimensões principalmente devido à presença magnética de compositores em ascensão..

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