Sozinho e bem.
Legião Urbana – “Petroleo do Futuro”
Fellini – “Árvore da Vida”
France Gall – “N’ecoute Pas Les Idoles”
Ultramagnetic MCs – “Critical Beatdown”
Fujiya & Miyagi – “Your Silent Face”
Stereolab – “Les Yper Sound”
Neu – “Neuschnee”
Gorky’s Zygotic Mynci – “Kevin Ayers”
Beat Happening – “Foggy Eyes”
Doiseu Mimdoisema – “Epilético”
Modern Lovers – “Astral Plane”
Doors – “When The Music’s Over”
Mutantes – “Quem Tem Medo de Brincar de Amor?”
Ros Sereysothea – “Chnam Oun Dop-Pram Muy”
Cascavelletes – “O Dotadão Deve Morrer”
Little Quail and The Mad Birds – “Essa Menina”
Beatles – “Leave My Kitten Alone”
O fim do Sonic Youth parece ter liberado seus integrantes do ruído e da microfonia – pelo menos foi isso que deu para entender a partir dos primeiros trabalhos que dois de seus fundadores lançaram. Demolished Thoughts, o segundo disco solo de Thurston Moore, lançado em 2011, era quase todo composto ao violão e a produção do Beck enfatizava o lado bucólico e solitário das canções. O de Lee Ranaldo, Between the Times and the Tides, também segundo disco, lançado no ano passado, também tinha maior foco em canções quase sessentistas de tão perfeitinhas. Mas os shows dos dois guitarristas no Brasil mostrou que o que eles gostam mesmo é de barulho. Thurston, em abril do ano passado, trouxe uma banda de apoio que meses depois se tornaria o Chelsea Light Moving, uma banda elétrica o suficiente para não ter nada a ver com o disco que a reuniu. Agora é a vez de Lee Ranaldo, que se apresenta no Brasil em quatro datas – duas no formato rock e a banda The Dust, e duas no formato arte, ao lado da esposa Leah Singer.
Na tradição do Sonic Youth, Lee Ranaldo era o cientista maluco, o desbravador das fronteiras da eletricidade sonora, enquanto Thurston era o maníaco do punk rock, o autor de “Teen Age Riot”. E por mais que seu disco mais recente soasse domesticado e pop, quando ele o trouxe para o palco da choperia do Sesc Pompéia, abria espaços entre refrões, introduções e letras para espasmos sonoros descontrolados e eufóricos, sendo acompanhado por músicos na mesmíssima sintonia de sua antiga banda – um deles, o mestre baterista Steve Shelley, eterno baterista do SY. O guitarrista Alan Licht ia da microfonia e ao discreto apoio ao líder da banda, enquanto o baixista Tim Luntzel criava contrapontos musicais impensáveis na formação do Sonic Youth, com um dedo no jazz e outro no rock clássico. Mas por mais que brilhassem como músicos, o holofote caía sempre em Lee Ranaldo.
Muito à vontade, ele não apelou para o populismo de tentar falar em português e assumiu que seu público entendia o inglês que falava – e não parava de falar. A cada nova música, conversava com a platéia explicando a origem da música (“Xtina as I Knew Her” era sobre sua colega adolescente mais promissora, uma pessoa que ninguém nunca mais sobre dela; “Shouts” foi composta a partir do movimento Occupy Wall Street, etc.) e todos reagiam como se estivessem assistindo a um velho conhecido contar o que fez da vida o tempo todo que esteve fora. Além das músicas do disco do ano passado, emendou algumas que ainda não existem em disco, como “Lecce”, “Keyhole”, “Fire Island (Phases)” e “Last Night on Earth”.
E matou a vontade do público brasileiro de ouvir suas faixas no Sonic Youth mesmo sem tocar nenhuma música da banda há mais de ano em seus shows. Na sexta-feira foi de “Genetic” e no sábado foi de “Karen Revisited (Karenology)”. No mesmo sábado ainda brincou com o público, anunciando “Teen Age Riot” antes de rir dizendo que era uma piada. E além do Sonic Youth, discorreu por outras versões, ao lembrar que, quando tinha apenas as músicas do primeiro álbum, gostava de tocar músicas que o influenciou – e para não perder a oportunidade, tocou “She Cracked” dos Modern Lovers na sexta-feira e outras três – “Everybody’s Been Burned” dos Byrds, “Thank You for Sending Me an Angel” dos Talking Heads e “Revolution Blues” do Neil Young – no sábado.
Ao final dos dois shows, correu para falar com os fãs. No primeiro dia, estava conversando com um amigo quando Lee Ranaldo, seguido de Steve Shelley, saiu correndo dos bastidores para o público, perguntando “cadê as pessoas?”. Conversou, tirou fotos e autografou discos – demorou tanto tempo que, no sábado, a casa de shows achou melhor organizar o encontro do lado de fora. E, mais uma vez, cruzei com ele quando estava saindo, ele fazendo a mesma pergunta (“cadê as pessoas?”) com os olhos esbugalhados e ar impaciente. Era ainda o mesmo cientista louco que tornou o Sonic Youth uma das bandas mais importantes de sua geração.
Agora é a vez de seus shows performáticos. Vamos ver o que acontece.
Fiz uns vídeos aí embaixo, saca só:
E tava tão bom que eu só gravei a introdução lá…
Memory Tapes – “Green Knight”
Daft Punk – “Technologic”
Human Beinz – “Nobody But Me (Pilooski Remix / Loulou Rouge Edit)”
Bloody Beetroots + Robyn – “Cobrasnake”
MGMT – “Siberian Breaks (Ed Banger All Stars Remix)”
Gorillaz – “Empire Ants (Miami Horror Remix)”
Starfucker – “Born”
Edward Shape & The Magnetic Zeros – “Janglin’ (RAC Remix)”
Yo La Tengo – “Astral Plane”
Good Shoes – “The Way My Heart Beats”
Metronomy – “She Wants”
Mitzi – “All I Heard”
Streets – “Trust Me”
Sounds – “Better Off Dead”
Iggy Pop tocando Johnattan Richman: