Em pleno vôo

E o quinteto baiano Tangolo Mangos começou nessa sexta-feira, no MIS de São Paulo, uma longa turnê que passa pelo sul, sudeste e centro-oeste do Brasil em quatorze shows em menos de um mês, azeitando ainda mais o showzaço que vêm apresentando desde o começo do ano. E é impressionante como crescem no palco – as canções de seu disco de estreia, Garatujas, lançado no fim do ano passado, ganha uma energia e vitalidade que não estão no disco, elevando a mescla de rock psicodélico e música nordestina (que se cruzam naquele lugar quaaaase prog, mas sem perder o pique pop) a um patamar que mistura solos e riffs precisos, mudanças de tempo ousadas, performance corporal, muita microfonia (inclusive inusitada, quando o pedal wah-wah do vocalista Felipe Vaqueiro resolveu não desligar mais, do meio do show em diante) e uma química cada vez mais intensa entre seus integrantes, que sequer precisam se olhar para passar de uma música pra outra ou trocar o clima no meio das canções. E além das músicas do primeiro disco eles já trabalham várias músicas novas, que o público já conhece de outros shows e gravações não-oficiais. O show no MIS ainda teve a cereja de ter o som feito pela Alejandra Luciani, deixando todos os instrumentos cristalinos sem perder o volume do barulho que fazem no palco. Voa, Tangolos!

Assista abaixo:  

“¿Qué pasa, New York?”

Foto: Bob Gruen (divulgação)

Foto: Bob Gruen (divulgação)

Pouco antes da pandemia nos enclausurar em casa, pude conversar com o fotógrafo norte-americano Bob Gruen, cujas fotos que fez John Lennon em Nova York são tema de uma exposição no MIS-SP, que foi suspensa até o fim desta quarentena estranha. Amigo pessoal de John, Bob passou quase todos os anos 70 perto do beatle e o ajudou a criar uma imagem que o distanciasse do grupo que o consagrou, fazendo retratos que hoje se confundem com a própria imagem pública de John. A entrevista rendeu uma matéria para o site da revista Zum – confere lá.

Violeta de Outono surreal

VioletadeOutono

Em tempos psicodélicos, nada como voltar às raízes do gênero – e foi isso que o Museu da Imagem e do Som de São Paulo fez ao convidar o clássico grupo paulistano Violeta de Outono para seu projeto Cinematographo, em que bandas fazem a trilha sonora ao vivo para filmes exibidos na sessão. A edição que acontece neste domingo superpõe as camadas de lisergia elétrica do grupo liderado pelo guitarrista Fabio Golfetti, que completa 30 anos do lançamento de seu primeiro EP em 2016, sobre os média metragens Un Chien Andalou, o mítico filme que colocou Luis Buñuel para colaborar com Salvador Dalí, de 1928, e o Entr’acte, dirigido em 1924, por René Clair, que conta com aparições de Francis Picabia, Erik Satie, Man Ray, Marcel Duchamp, entre outros representantes do surrealismo europeu. Conversei com o Fábio por email sobre o show, que acontece neste domingo, às 16h (mais informações na página do evento no Facebook), e sobre as novidades de sua banda, que hoje é formada por ele nas guitarras e vocais, Gabriel Costa no baixo, Fernando Cardoso no órgão e piano e José Luiz Dinola na bateria (a mesma formação desde 2010).

Como surgiu a ideia de tocar sobre estes dois filmes?
Quando recebemos a proposta do MIS em participar do Cinematographo, a primeira idéia que veio na mente foi de fazer música improvisada para algum filme surrealista/fantástico. Mergulhando no nosso repertório de cinema, lembramos do Luis Buñuel e Salvador Dalí e também do Rene Clair/ Erik Satie, autores de filmes do cinema mudo.

Qual sua relação com esses dois filmes?
O Violeta de Outono é uma banda que foi formada por arquitetos e fotógrafos, duas áreas diretamente ligadas a linguagem cinematográfica. Desde o início da carreira, a banda utiliza projeções nos shows ao vivo, para complementar a temática visual e traduzir um pouco da música e letra, em imagens. Ambos os filmes da década de 1920 com elementos surrealistas/dadaístas, além de referências na nossa formação, permitem uma trilha sonora que pode explorar o abstrato e imprevisível, áreas que sempre interessaram no meu/nosso processo criativo.

Você já havia feito isso – sonorizar filmes ao vivo – com o Violeta de Outono ou em outra situação em sua carreira?
Há alguns anos atrás participamos de um festival na Cinemateca Brasileira chamado Jornada Brasileira de Cinema Silencioso, onde fizemos a trilha ao vivo para dois filmes, Garras de Oro, do colombiano P.P. Jambrina e A Conquista do Polo, do francês Méliès.

E a quantas anda o Violeta de Outono?
O Violeta de Outono está completando 30 anos desde o lançamento da primeira gravação oficial (Violeta de Outono, EP, 1986) e se prepara para a gravação de um novo álbum, que completa uma trilogia iniciada com o álbum Volume 7 de 2007.

Planejam levar em frente este formato em outras apresentações ou esta é uma oportunidade única?
A música do Violeta de Outono sempre se manteve como uma referência de música psicodélica, sensorial, e por diversas ocasiões “emprestamos” nossa música para trilhas sonoras, na TV e cinema. Não temos um plano no momento para desenvolver trilhas, mas nosso trabalho é sempre aberto para essa possibilidade, já que nossa música é descritiva.

No Sacola Alternativa

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Participo mais no final da tarde do primeiro Sacola Alternativa, evento sobre cultura independente organizado pelo Dotta e pelo Rafael da Balaclava Records, que reúne diferentes iniciativas de produção cultural feita na raça em uma feira, debates, filme, show e, claro, muita gente interessada na cena. O evento ocorre durante todo o sábado e a minha participação acontece na mesa “Indie Brasil: de onde viemos, para onde vamos” às 18h30, ao lado do Thiago Ney, do Dago Donato, do Mancha Leonel, do Diogo Valentino dos Supercordas e do Tim d’O Terno, com mediação do Mac do Scream & Yell. Tirando o show do Séculos Apaixonados, todo o evento é gratuito. Mais informações aqui.

Stanley Kubrick entre nós

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Começou hoje no MIS a exposição Stanley Kubrick, que já passou por cidades européias e norte-americanas reunindo parte considerável do acervo do maior diretor de todos os tempos. Conversei com a viúva de Stanley, Christiane Kubrick, na edição atual da Galileu.

Dentro da cabeça de Kubrick
Exposição definitiva sobre gênio autor de clássicos como 2001, O Iluminado e Dr. Fantástico chega ao Brasil

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JÚPITER E ALÉM: Stanley Kubrick em um dos cenários da obra-prima 2001 – Uma Odisseia no Espaço (1968)

O excesso de detalhismo do diretor Stanley Kubrick (1929-1999) em suas produções é tão célebre quanto suas obras-primas. Ele experimentava novidades técnicas com a mesma obsessão que se aprofundava nos temas que queria abordar. Ele fez a atriz Shelley Duvall repetir a mesma cena 127 vezes nas gravações de O Iluminado (1980), para que ela atingisse o nível de desespero que havia imaginado na atuação. Estudou combinações de lentes e câmeras para filmar cenas apenas à luz de velas em Barry Lyndon (1975).

São feitos míticos e ousadias de produção que, ao lado de filmes que sempre entram nas listas de melhores de todos os tempos, o transformaram em uma das personalidades mais complexas da história do cinema. Seu acervo póstumo é uma coleção infindável de caixas que, em 2004, foram transformadas na exposição definitiva sobre o trabalho do diretor. Chamada apenas de Stanley Kubrick, ela já passou por várias cidades europeias e chega ao Brasil a partir de 11 de outubro, ficando em cartaz até o dia 12 de janeiro do ano que vem no Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo.

A exposição foi organizada pelo alemão Hans-Peter Reichmann com o aval da viúva de Kubrick, Christiane, que conversou com GALILEU por e-mail. “Tive receio no início, mas Hans-Peter Reichmann, do Instituto de Cinema de Frankfurt, me convenceu que a enorme quantidade de material de Stanley foi guardada para um propósito”, explica a ex-atriz, que Kubrick conheceu nas gravações de Glória Feita de Sangue.

“A maior dificuldade foi decidir o que ficaria de fora”, continua a senhora Kubrick. “Seria ótimo mostrar a técnica de projeção de frente que foi usada na sequência A Aurora do Homem, em 2001 — Uma Odisseia no Espaço, em escala original, desenvolvida pelo próprio Stanley, mas isto exigiria muito espaço e dinheiro.” Além dos materiais dos filmes — que incluem o boneco-bebê usado em 2001, a maquete da sala de guerra de Dr. Fantástico e o figurino de Laranja Mecânica, entre outras joias —, a exposição ainda trará parte da pesquisa de Kubrick para filmes que não realizou, como Arian Papers, Napoleon e Artificial Intelligence. O MIS também planeja exibir os clássicos de Kubrick enquanto a exposição estiver em cartaz.

Abaixo, algumas fotos da abertura da exposição e o microvídeo que fiz quando pude ver a mostra em Paris.

 

Discutindo ficção científica no MIS

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Pra encerrar a semana de ficção científica que está rolando no MIS, a Galileu propôs uma mesa para falar sobre como as grifes Jornada nas Estrelas e Guerra nas Estrelas ajudaram a popularizar o gênero no final do século 20. Medio o bate-papo logo em seguida da exibição de um episódio da série clássica do Jornada e antes de uma maratona com os seis (isso, OS SEIS) filmes da saga do clã Skywalker na ordem e o Luís e o Ramon participam dessa conversa. Inevitável falar também do futuro das duas grifes. Vamo lá?

27/07 (sábado) – 15:30
“Como Star Wars e Star Trek reinventaram a ficção científica”
Embora sempre popular, a ficção científica era um nicho restrito a iniciados e a geeks, mas a partir do lançamento da série Jornada nas Estrelas e, dez anos depois, dos filmes Guerra nas Estrelas, este cenário começou a mudar – o cinema passou a dar mais destaque para o gênero, que conquista cada vez mais fãs e hoje é um dos principais filões da indústria do entretenimento.
Mediação: Alexandre Matias (diretor de redação da revista Galileu)
Participação: Luís Alberto Nogueira (diretor de redação da revista Monet) e Ramon Vitral (repórter do Caderno 2 do jornal O Estado de São Paulo)
Ingresso gratuito: retirar com 1h de antecedência na recepção

Under the influence

Mais uma vez participo do YouPix, o evento organizado pela revista Pix que discute e apresenta novidades da cultura digital brasileira. Medio um debate cujo título é Os Novos Influenciadores e juntam-se a mim nomes como o Bob Fernandes do Terra Magazine, o PC Siqueira do Mas Poxa Vida, o Marcelo Tripoli da iThink e o Mauricio Cid do Não Salvo. O debate rola no MIS, a partir das 21h, e tem mais informações no site do evento. Apareçam!