Houve um tempo em que ter uma banda e viver de música eram atividades quase marginais, quando conhecer música era uma atividade para iniciados pois discos eram difíceis de serem encontrados e escolhas estéticas criavam conjuntos musicais que não estavam interessadas em fazer sucesso comercial. Esse é o espectro do documentário Guitar Days – An Unlikely Story Of Brazilian Music, que começa a se materializar a partir dessa semana, com os três shows de volta do Killing Chainsaw em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte. A volta do mítico grupo piracicabano, pedra fundamental para um mercado independente que hoje movimenta milhares de pessoas em todo o país, está diretamente ligada ao filme idealizado por Caio Augusto, que passou a entrevistar dezenas de bandas, produtores, donos de selo e jornalistas, para contar a história de uma cena que começou no início dos anos 90 e colhe frutos até hoje. Fui um dos entrevistados do filme, que ainda não tem data de lançamento, e também chamado para discotecar no show do Killing Chainsaw desta quarta, no Z Carniceria, que terá abertura dos Twinpine(s) (tocando com o Zé dos Pin Ups) e dos Mickey Junkies (mais informações aqui). O Killing também toca sábado em BH ao lado do Secod Come, do Valv, do Câmera e do Lava Divers (mais informações aqui) e no Rio dia 30 ao lado dos Cigarrettes e do Second Come (mais infos aqui). Conversei com o Caio por email sobre o documentário e a cena que ele se dispôs a conhecer melhor.
Como surgiu a ideia de documentar este recorte da produção musical brasileira?
A ideia original era fazer um curta sobre a ocupação do espaço público pelo músico independente. Em algum momento em março do ano passado, um grupo de amigos divulgou um show de rua que seria realizado na Praça Roosevelt. A tarefa não parecia nada fácil, naquela semana eles trocaram de lugar uma porção de vezes. Problemas com autorizações e a polícia militar. Na noite anterior ao evento, conseguiram a autorização. O show não aconteceu porque choveu. Aquilo me chamou a atenção e os procurei pra saber quais eram as dificuldades de se tocar hoje em dia.
Digo hoje em dia porque também tive banda, que se chamava Kaddish, mas nem chegou a gravar nada e sabia, por experiência própria, que a vida nos anos 90 não era nada fácil, achei que ali tinha uma boa história e esse paralelo temporal poderia ser feito.
Durante as pré-entrevistas, onde os próprios entrevistados sugeriam os próximos a ser entrevistados, percebi que as histórias não eram tão somente sobre a conjuntura do cenário alternativo-independente, contava-se uma história longa, desde o início dos anos 90, como se houvesse a necessidade de cobrir um espaço nessa linha de tempo que eu, como entrevistador, talvez precisaria ser informado por não ser um tema óbvio.
A partir deste momento, entendi que um pedaço incrivelmente relevante da história da música brasileira me chamava para ser registrado, a história das bandas alternativas-independentes que cantavam em inglês e utilizavam a voz como mais um elemento musical, e não como protagonista da canção. Eram as guitar bands.
Como você chegou ao denominador comum em relação a cantar em inglês no Brasil?
Dissonância, vocais embutidos e letras em inglês foram denominadores comuns para estas bandas que, a partir do início dos anos 90, decidiram romper com rock dos anos 80 e assumir suas influências que vinham de fora. Mas isso tinha um preço.
Quando se fala em “artista”, sobretudo no mundo da música, comumente pensa-se em badalação, fama, grana e afins. Inclusive, não é nenhum exagero dizer que o jovem que procura a vida artística, hoje em dia, ambiciona essa vida de celebridade que lhe é vendida, em vez da divulgação e promoção da sua produção artística. Os envolvidos neste cenário alternativo-independente abandonam qualquer possibilidade de se tornar um “artista” da maneira como lhes tem sido apresentado, pela simples escolha do idioma inglês como canal de expressão. Pelo menos, é o que tem se provado até então.
Por que se tornar um artista sem exigir o “pacote de benefícios” que a função costumava lhe conferir? Nunca houve, realmente, nenhuma pretensão? As respostas para estas perguntas têm ligação direta com aquilo que o documentário também pretende apresentar: o rock pode ter sofrido com sua autoestima, mas nunca perdeu a atitude. Quem acha que perdeu, está olhando para o lugar errado. O fato do mercado não se interessar por rock – em 2015 não houve um música de rock sequer nas top 100 das rádios brasileiras -, não extirpa da personalidade do rock a sua característica essencial. Enquanto as câmeras apontam para um lugar, atrás delas o bicho tá pegando.
Se sua banda canta em português, não importa qual sua intenção no show business, você tem chance.
É óbvio que para toda regra há uma exceção. E essa exceção, até agora, foi o Cansei de Ser Sexy. Agora, se você perguntar “por que eles estouraram?”, nem mesmo Carlos Eduardo Miranda, o primeiro a assinar com a banda através da Trama, sabe te responder. Adriano Cintra, compositor e multi-instrumentista do Cansei, tem uma boa resposta pra isso, “não foi meritocracia nenhuma, foi como ganhar na mega-sena”.
Qual a sua relação com estas bandas? Como conheceu esta cena?
No início dos anos 90, também tive uma banda que compunha em inglês. Não era uma guitar band, era uma banda de pós-punk com influências de Cure, Siouxsie, Joy Division e afins. Em São Paulo, o costume era oferecer noites de pós-punk/gótico às sextas, guitar aos sábados, e punk/hardcore aos domingos. Raramente me encontrava com essa galera, apesar de ter assistido aos shows de Pin Ups, Killing Chainsaw, Mickey Junkies e Garage Fuzz nessa época.
Havia um misto de curiosidade e admiração por estas bandas. Lembro quando vi pela primeira vez o disco homônimo do Killing, o da capa do Akira – feito pelo jornalista Alex Antunes -, e pensei: “Cara, as portas se abriram. Vai rolar gravar um disco!” Mas assim como o Sol Segabinaze do Stellar lamenta no teaser do doc, é difícil rolar.
A minha relação com eles foi como a de muitos, de quem estava por perto naquele momento, mas não eram meu círculo de amizade e nem curtíamos o rolê juntos. Ao contrário dos meus amigos que me acompanham na produção do documentário. O Magoo Felix sempre esteve nos mesmos lugares dessa galera toda, da mesma forma que o Maurício Palhano esteve com a galera de Belo Horizonte. Acredito que esse distanciamento me habilitou a tratar do assunto com imparcialidade necessária para um documentário, tanto na captação das experiências dos entrevistados, quanto na descrição dos fatos.
Foi um documentário dificil de ser realizado?
Tem sido. O primeiro desafio a ser compreendido e equacionado é a obtenção e alocação de recursos para um projeto que não tem apelo comercial. É um trabalho sobre um cenário musical que, apesar de prolífico e de alcance nacional, ainda se trata como nicho, comercialmente. Ainda assim, pudemos observar durante a realização do documentário, que existe uma intenção objetiva de seus envolvidos – casas, mídia especializada e músicos – em assumir sua importância dentro do rock brasileiro e se profissionalizar. Por conta disso, nossa primeira tentativa de captação de recursos foi através de crowdfunding. Avaliamos que esta forma coletiva de financiamento seria uma possibilidade real para escoar nossas recompensas através desta ampla network em construção, auxiliaria no processo de divulgação inicial, com a possibilidade de entregar ao fã de música recompensas relevantes relacionadas ao tema. Preparamos uma coletânea de músicas inéditas em parceria com a Midsummer Madness, exibições de corte-não finalizado, DVD com extras e shows especiais em SP, BH e RJ, mesclando bandas noventistas com a nova safra e promovendo o retorno do Killing Chainsaw. Paralelamente, lançamos uma campanha chamada “Pacoteira Guitar Days”, onde dezenas de artistas, selos e bandas independentes de diversos estilos colaboraram com camisetas, CDs, vinis e uma série de outros itens bacanas para estimular a venda dos apoios. Ainda assim, o crowdfunding não trouxe o retorno esperado e preferimos interromper o processo em tempo para que os shows pudessem ocorrer sem problemas para os fãs interessados. A Pacoteira será sorteada entra aqueles que comprarem os ingressos para estes shows.
Ainda sobre problemas, um dos maiores ao realizar esse documentário foi decidir quando parar de buscar os personagens a serem entrevistados. O Guitar Days não tem a pretensão de indicar quem são as bandas mais relevantes do país, sobretudo se falarmos sobre a cena atual. Mas é inegável que Pin Ups, Second Come, Killing Chainsaw, Mickey Junkies, Garage Fuzz, Low Dream, brincando de deus, PELVs e The Cigarettes, foram sim os pioneiros da música indie nacional. Foram os primeiros a gravar discos e CDs, os primeiros a desenvolver uma linha rudimentar de distribuição de fitas demo, os primeiros a lançar uma plataforma online – brincando de deus tinha site na web em, pasme, 1993! – e os primeiros a criar uma rede de colaboração e cooperação entre bandas. A partir daí, o guarda-chuva se abriu. Querer definir a relevância das bandas independentes a partir deste ponto seria, no mínimo, irresponsável. Com bandas do mainstream isso é simples e óbvio, há uma lista ali de quem vendeu mais discos. Mas e para quem vende discos para um público ultra-segmentado? Por isso, a partir dali, a escolha das bandas para o registro do documentário obedeceu um critério objetivo. Dentre os temas abordados na narrativa, buscamos bandas que têm experiência para falar sobre tais assuntos e foram, também, mencionadas nas pré-entrevistas.
Um exemplo. Em Belo Horizonte, tínhamos na lista os excelentes Valv e Vellocet de BH, e Soap Blisters de Contagem. Três guitar bands de expressão na região, sendo que uma delas foi uma das primeiras bandas nacionais a participar do South By Southwest, o Valv. E eles contaram como foi essa experiência nos EUA.
Recebo mensagens cobrando a participação de bandas de todas as partes do Brasil, como se tivesse havido uma eleição ou seleção de bandas para o documentário. O doc não trata de quem é o mais importante, trata de assuntos importantes relacionados ao cenário alternativo-independente cantado em inglês e a forma como bandas experienciaram aquilo.
Mas como trabalho pouco é bobagem, pra quê simplificar se a gente pode complicar, não é? Hoje, temos um longa-metragem para finalizar, um CD para prensar e três shows para produzir. Se não é a participação dos parceiros Rodrigo Lariú – do selo Midsummer Madness – fazendo o meio-de-campo na produção da coletânea; o Rodrigo Carneiro – dos Mickey Junkies – ajudando enormemente em tecer alguns contatos fundamentais para as entrevistas; o Maurício Mauk – do Second Come – fazendo a ponte com a galera no Rio de Janeiro; nosso anjo da guarda mineiro, a Fernanda Azevedo – que era da produtora Motor Music – na linha de frente do show em BH; a Mariângela Cavalho – do Supernova – dando total suporte na nossa divulgação, posso lhe assegurar que nós aqui já tínhamos arrancado todos os nossos cabelos, unhas e etc.
Como você vai financiar o resto do filme? Há uma previsão de lançamento?
Ainda estamos avaliando alternativas para o financiamento do filme. A intenção é esgotar as possibilidades de finalizar o documentário de forma autossustentável, e os shows são uma das ferramentas de apoio para o financiamento. Veja bem, não sou contra a utilização de leis de incentivo. Acredito que o governo tem a obrigação de fomentar a produção cultural no país. Ainda assim, é uma busca pessoal tentar alternativas ao financiamento público. O Guitar Days é sobre isso, também. Sobre ser independente. Criar caminhos para que o audiovisual autoral possa se retroalimentar é, além de uma luta pela sobrevivência, uma declaração de independência. Sobretudo com a iminência de tempos difíceis por aqui. Sobre o lançamento, ainda não há previsão. Além do financiamento, durante este processo de levantamento de recursos percebemos que ainda havia algo que precisava ser contado. Por conta disso ainda faremos algumas captações pontuais, mas muito importantes para o refinamento da história.
Fale sobre a relação do documentário com o último show dos Pin Ups e a volta do Killing Chainsaw?
Quando fiz a pré-entrevista com o Zé Antonio, ainda em maio de 2015, ele já havia me dito que estavam conversando com o Sesc para fechar o último show da banda em São Paulo. Não teve dedo nosso ali, ao contrário do Killing Chainsaw.
Ao entrevistar o Rodrigo Guedes em Londrina, e Gozo, Pedrinho e Gérson em Piracicaba, percebemos que havia ali uma vontade latente em tocar juntos mais uma vez. E não era “voltar a tocar”, Guedes nunca deixou de tocar. Apesar do tempo lhe atribuir mais responsabilidades, ele é o “singer-songwriter” do Grenade. O pessoal de Pira se reúne eventualmente para tocar, com menos frequência, uma vez que o baterista Pedro Rosas mora hoje em São José dos Campos.
Eu, como fã de música e de performances ao vivo, sempre quis ver o Killing tocar mais uma vez. E acredito que eles também. Antes das entrevistas contei para eles tudo aquilo que tinha ouvido nas entrevistas anteriores. Como as bandas e jornalistas viam o Killing Chainsaw e como essa admiração não mudou de tamanho dos anos 90 para cá. Admito que fui à entrevista de Piracicaba já com segundas intenções, mas não aumentei uma palavra sequer daquilo que tinha ouvido. O Killing Chainsaw tinha uma vigorosidade nos palcos, que os entrevistados lembravam com brilho nos olhos. A semente havia sido plantada. Colheremos agora nesta quarta, no Z Carniceira em São Paulo, no sábado na Autêntica em BH, e dia 30 no Saloon 79, no Rio de Janeiro.
Quem você vê como os principais herdeiros daquela época?
A internet te oferece um universo de músicas e bandas, hoje, de forma totalmente horizontal e democrática. O oposto dos anos 90, quando você tinha que sair de casa, ir aos shows, copiar demos, vasculhar zines para ouvir coisa nova. Também não há o elemento da ruptura, que caracterizou aquela época, nos dias de hoje; mas sem dúvida alguma podemos ver bandas que foram influenciadas ou que transitam pelos caminhos criados por aquelas bandas. Pessoalmente, gosto de bandas mais soturnas, como os piracicabanos – tem coisa naquela água lá! – do Travelling Wave, mas não acho que eles seriam herdeiros por causa de uma sonoridade contemporaneamente distópica. Na minha opinião, os mineiros do Lava Divers e os gaúchos do Loomer, agregam as especificidades da época: guitarra distorcida, vocal embutido, volume alto, 4 pessoas que vivem a banda, correria, networking e muita disposição. Tenho convicção de que, se a música que o Lava Divers gravou para o Guitar Days, “Hash and Weed”, for lançada na gringa, vira hit. Aliás, essa coletânea do Guitar Days tá uma coisa linda!
O que mais lhe impressionou ao produzir o documentário?
Os artistas, sem dúvida alguma. O que conheci foi um número de talentosos artistas brasileiros que são tão artistas quanto My Bloody Valentine ou Sonic Youth. A diferença aí, é que estes artistas independentes não podem se dedicar a sua arte em seu tempo integral, porque precisam se dedicar a outras atividades para custear a sua atividade artística que, como sabemos, não é autossustentável. Não há dúvidas ao afirmar que essa foi a melhor parte ao realizar este documentário. A sensação ao sair das entrevistas era de perplexidade por estes artistas não terem recebido o devido reconhecimento por aquilo que produziram até então. Foi um privilégio ouvir as histórias dessas pessoas. Não por acaso, foram mais de 70 horas de conversas registradas.
Como foi seu contato com o Mauricio Palhano e o Magoo Félix, que estão ajudando no documentário?
O Magoo Felix é amigo de bairro. Nos conhecemos desde os 16 anos quando ele só ouvia Anjos dos Becos. A bateria que ele usou nos primeiros 6 anos de Twinpine(s) era a minha. Magoo era um dos entrevistados para o curta-metragem sobre a ocupação do espaço público. Foi ele quem me costurou os contatos do Zé Antonio do Pin Ups e Rodrigo Carneiro dos Mickey Junkies. E foi logo após estas entrevistas que decidi ampliar o escopo de atuação. Eu o chamei, dizendo que seria uma produção de guerrilha e não poderia pagar um real sequer, ele aceitou na hora. Magoo é um trabalhador incansável! O Maurício Palhano foi meu parceiro de Academia de Cinema. Ele não gosta muito de tocar no assunto, mas é baterista da banda shoegaze mineira Multisofá. Através dele, desenrolamos as entrevistas de Minas e Rio de Janeiro e algumas outras em São Paulo. Além dos contatos com os entrevistados, Magoo e Maurício seguiram atuando em diversas frentes da produção, como obtenção de locais para gravação, busca de material de cobertura, artes gráficas, e também durante as gravações, auxiliando na captação de áudio e também participando das entrevistas. Isso sem falar na correria da produção dos shows, que é todo um trabalho à parte.
Culpa do Facebook, que agora tem uma página em homenagem ao clássico festival campineiro. Um resumo bem 3 x 4 na matéria abaixo, da EPTV.
Traduzindo: foi o início do rock alternativo no Brasil de fato, quando o movimento paralelo às gravadoras e rádios começou a se tornar nacional a partir de um festival realizado fora de uma grande capital. O Junta foi imaginado pelo Marcelão, que na época tocava com o Waterball, e executado pela dupla Sérgio Vanalli e Thiago Mello, que editavam o fanzine Broken Strings. O festival teve duas edições, ambas na Unicamp: na primeira, em 93, mais guitar e hardcore, a principal revelação foi os Raimundos, mas a banda de Brasília já estava no radar do jornalismo musical brasileiro há alguns meses e o show no Juntatribo (marcado em cima da hora) foi quase que a explosão de uma banda relógio. A principal atração da primeira edição foi reunir a primeiríssima geração daquele novo rock independente brasileiro (que cantava em inglês e existia basicamente entre o Rio e São Paulo) num mesmo evento: Mickey Junkies, Killing Chainsaw, Pin Ups, Second Come, Safari Hamburgers e Low Dream (a outra representante de Brasília). Os Raimundos funcionaram quase como um brinde para o festival. Assisti à maioria dos shows sem nenhum distanciamento crítico: era apenas estudante da Unicamp e a realização de um festival daqueles, feito na raça por pessoas que eu conhecia pessoalmente, era exatamente o que eu esperava da vida na universidade.
No ano seguinte, já estava trabalhando em jornal (no Diário do Povo) e ajudei a pensar a edição especial que cobriria a segunda edição do evento, que já ampliou seu leque musical e cuja principal atração era um grupo de rap novíssimo do Rio de Janeiro, um certo Planet Hemp. A edição de 94 foi marcada pela desorganização em alta escala, uma vez que a popularidade posterior do primeiro Junta trouxe dezenas de carros cheios de malucos da capital e de todo o interior de São Paulo para o festival. Já no primeiro dia, o palco desabou. O que transformou o segundo dia em uma maratona que começou ao meio-dia e terminou às cinco da manhã do dia seguinte, algumas horas antes dos shows do último dia começarem.
Foi um festival importante pra muita gente, que passou a aprender o que era rock alternativo, cultura independente e a lógica do faça-você-mesmo na prática e que cultivou sementes que brotariam no decorrer da década e que até hoje estão aí. E isso num tempo sem internet, sem MP3, sem blog, sem rede social, sem podcast, sem YouTube. Era tudo na base da carta, do xerox, do VHS, da fita cassete e do flyer. Parece que se passaram uns cinquenta anos.