A primeira vez do Memory Tapes

Quem diria que a banda autora de um dos melhores discos do ano passado nunca tinha feito um show – que só aconteceu há pouco menos de um mês, no dia 16 do corrente, em Manchester, na Inglaterra, iniciando uma turnê que termina no South by Southwest (quando toca pela primeira vez nos EUA). O Memory Tapes é aquele projeto paralelo do Dayve Hawk, ex-Hail Social, que logo depois do fim da banda original virou grife oficial. E, maior surpresa, em vez das texturas e timbres eletrônicos e retrô do disco, guitarra! Muito foda.

Vida Fodona #184: Calor dos Infernos

Talking Heads – “Crosseyed and Painless”
Cut Copy – “Nobody Lost, Nobody Found”
Hail Social – “Heaven (Designer Drugs Remix)”
Ellie Goulding – “Under the Sheets”
Claudinho e Buchecha – “Rap do Salgueiro”
Adrian Champion – “Bombs Over Orchids”
Picassos Falsos – “Rio de Janeiro”
Krazy Baldhead – “Sweet Night”
Arctic Monkeys – “Potion Approaching”
Generationals – “When They Fight, They Fight”
Memory Tapes – “Bycicle”
Yeasayer – “Ambling Alp”
Repolho – “Paz na Xexênia”
Daniel Johnston – “Fake Records of Rock and Roll”
Rolling Stones – “Memo from Turner”

Simbora?

Memory Tapes x Midnight Juggernauts

Falando no Memory Tapes, eles acabaram de assinar um remix para a música nova do Midnight Juggernauts. Mas em vez de soar suave e onírico com as faixas autorais do MT, o remix joga a faixa para a pista, começando com uma batida quase latina (o tambozão de “Move Ya Body” me veio à cabeça na hora) para, só no final, descambar no delírio de microfonias psicodélicas característico. Bem bom, mas não é bem para dançar. E daí?


Midnight Juggernauts – “This New Technology (Memory Tapes Mix)

On the Run 59: Memory Tapes – Walk Me Home

Projetos paralelos do vocalista do Hail Social, Dayve Hawk, o Memory Cassette e o Weird Tapes eram tratados como artistas novos desconhecidos e não como hobbies de alguém de uma banda indie. A princípio ambos projetos incluíam toda a banda, que alimentava lendas urbanas sobre produtores que desapareceram e só deixaram aquele material, sobre a possibilidade dos discos terem sido gravados no início dos anos 80 e só encontrados agora, sobre as músicas serem um projeto paralelo de um artista de porte global, como o Daft Punk ou o Air. Brincavam com o timbre da voz de Hawk, acelerando-o levemente de forma a tornar seu tom agudo em quase feminino, mexendo até com a possibilidade do projeto ser de uma vocalista – e não de uma banda semidesconhecida.

(Vale à pena ir atrás das versões anteriores do Memory Tapes, que lançou EPs como More Tapes e The Talking Dead como Weird Tapes, e The Hiss We Missed e Rewind While Sleeping, como Memory Cassettes. O som é espaçoso, etéreo e pop demais, camadas e camadas de som se sobrepondo como se o Cocteau Twins convencesse a Madonna dos anos 80 a ser cool em vez de sexy – talvez só sobrasse ao My Bloody Valentine fazer barulho)

A brincadeira foi crescendo, o Hail Social acabou e Hawk juntou os dois projetos num só, assumindo o nome Memory Tapes, que lançou seu primeiro disco (Seek Magic, bem bom, depois falo mais dele aqui) em agosto desse ano. E eis que pinço no Bruno uma mixtape que eles fizeram para o blog Arawa usando apenas trilhas sonoras de filmes de terror (dá pra perceber a obsessão do cara com mortos? Seu primeiro EP tinha a Caroline do Poltergeist na capa). Walk Me Home é uma boa introdução para essas fitas.

Memory Tapes – Walk Me Home (MP3)