Mashup

Psicodelia visual

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O episódio mais recente de Twin Peaks levou a série para perto de Júpiter, como nos lembram esses mashups que eu publiquei no meu blog no UOL.

Ainda estamos sentindo os primeiros tremores do espasmo sensorial que foi o oitavo episódio da terceira temporada de Twin Peaks – enquanto alguns tentam decifrar os códigos deixados nas entrelinhas e outros buscam o sentido metafísico em relação ao resto do seriado, muitos deixam-se levar pelo simples aspecto lúdico da exposição ao imaginário sombrio e transcendental de David Lynch e os primeiros filhotes já começam a surgir em forma de paródias, remixes e memes. Um dos melhores até agora é esse incrível mashup entre a deslumbrante cena da primeira bomba atômica ao som de “Echoes”, do Pink Floyd, na versão que o grupo tocou ao vivo em um teatro de arena nas ruínas da cidade de Pompéia, na Itália. Preciso dizer que há spoilers da série para quem não viu o episódio? Tudo bem, está dito:

Não é a primeira vez que “Echoes” se mistura a uma cena imediatamente clássica, deslumbrante e psicodélica. Os fãs do Pink Floyd devem reconhecer essa superposição genial entre a música que ocupa todo o lado B do disco Meddle e o terceiro ato do épico existencial de Stanley Kubrick, 2001 – Uma Odisséia no Espaço.

E é claro que iriam fazer o caminho de volta, recriando a cena do episódio histórico de Twin Peaks com a trilha sonora do clássico da ficção científica de Kubrick, “Réquiem para Soprano, Mezzo-Soprano, Dois Corais Mistos e Orquestra”, do compositor húngaro György Ligeti:

Já foi comentado o grau de parenteso entre as duas cenas e a trilha sonora utilizada por Lynch em sua cena original, a tensa “Threnody to The Victims of Hiroshima” do compositor polonês Krzysztof Penderecki já havia sido usada pelo próprio Kubrick em outro de seus clássicos, o filme de horror psicológico O Iluminado, de 1980. É uma composição de tirar o fôlego:

Ainda estou digerindo o episódio e devo escrever sobre seu significado em relação ao resto da série em breve.

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O mashup Princess Leia’s Stolen Death Star Plans – que postei na íntegra no meu blog no UOL – é uma obra-prima pós-moderna.

Hoje é 4 de maio, o tradicional dia que os fãs da saga Guerra nas Estrelas criaram para celebrar esta religião moderna a partir de um trocadilho infame (o quatro de maio, em inglês, chama-se “May the Fourth”, que soa como o eterno lema Jedi “May the Force be with you” – “que a Força esteja com você”) e que tal revisitar a pedra fundamental da história imaginada por George Lucas pelo ponto de vista do mais clássico disco dos Beatles? Hein?

Foi o que fez a dupla norte-americana Palette-Swap Ninja, formada pelo vocalista Dan Amrich e pelo tecladista Jude Kelley, revisitando todo o Episódio IV, o primeiro filme que George Lucas fez sobre a saga (que completa 40 anos este ano), como uma paródia construída sobre o Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, dos Beatles (que completa 50 anos também este ano). Um mashup épico e meticuloso, que pode ser baixado gratuitamente no site da dupla, mas que funciona ainda mais quando assistimos à sua versão em vídeo, Princess Leia’s Stolen Death Star Plans é uma obra-prima pós-moderna.

Fico pensando em quais discos poderiam funcionar com os próximos filmes… O Álbum Branco com o Império Contra-Ataca? Tenso!

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O designer curitibano Butcher Billy mergulhou no coração de hits do passado para voltar com livros de terror inspirados em suas letras – e o resultado é fascinante. Listei todos os livros – e suas versões em VHS – lá no meu blog no UOL.

Canções pop podem esconder significados bem mais complexos do que podem ser percebidos em uma simples audição. A letra de “Every Breath You Take” do Police pode ser sobre uma paixão obsessiva ou simplesmente sobre obsessão – no sentido mais doentio do termo. A balada “Lady in Red”, do lacrimoso Chris de Burgh, pode ser sobre um assassinato? E será que podemos levar músicas como “Maneater” (em que Daryl Hall e John Oates descrevem uma mulher “devoradora” de homens) ou “Everytime You Go Away” (“você leva uma parte de mim?”, continua Paul Young) ao pé da letra?

Tais duplos sentidos podem dar origem a teorias conspiratórias ou paranoias fundamentalistas, mas o designer curitibano Butcher Billy preferiu transformar estas interpretações literais em arte, criando uma série de mashups capas de livros de terror a partir de títulos e trechos de canções pop de todas as épocas – dos Righteous Brothers aos Arctic Monkeys, passando pelos Bee Gees, Gloria Gaynor, Depeche Mode, Joy Division, Smiths, entre outros. Se você entende um pouquinho de inglês já dá pra ter uma ideia…

Aproveitando a onda, ele também fez as versões de fitas VHS para adaptações cinematográficas dos livros que criou, transformando seus artistas em atores e letras inteiras em sinopses de cunho poético sobre filmes B dos anos 80. Mas ele mesmo avisa que os livros são muito melhores.

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Ele também transforma as ilustrações em pôsteres e camisetas através de um link em seu portfólio digital na rede social Behance, além de aceitar sugestões. Algumas músicas brasileiras seriam ótimos títulos para estas séries – quase todas do Legião Urbana, por exemplo. Você tem alguma outra sugestão?

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Só o fato de cogitarem um filme que conte os bastidores do plano real como se fosse uma mistura de Onze Homens e Um Segredo, Vingadores e Cães de Aluguel já era motivo para fazer o Adnet esmurrar a parede de inveja. Mas, pior que isso, vai existir um filme contando essa saga (que provavelmente chega à TV aberta até 2018):

Mas como o melhor do Brasil é o brasileiro, basta um mero mashup (dica do Jomar, valeu!) pra desmascarar essa farsa.

Confesso que Bemvindo Siqueira como Itamar Franco é um toque de genialidade irônica (quem lembra do Brasilino Roxo, que ele fazia na Escolinha do Professor Raimundo neste mesmo período):

https://www.youtube.com/watch?v=gSkXYGcf_3k

Mas o Agildo Ribeiro seria um Fernando Henrique mais convincente, não? Não vejo a hora de fazerem um filme desses sobre o Collor…

Outros La La Land

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O impacto do musical La La Land já pode ser sentido através de paródias, que incluem versões Muppets, Nintendo e Lynch – juntei-as no meu blog no UOL.

Mesmo que você não goste de musicais, não dá para não reconhecer o impacto que La La Land provocou nos cinemas no final do ano passado, quando não só colocou o gênero de volta em pauta como trouxe questões relacionadas a otimismo e nostalgia de volta à tona – além de chancelar o trabalho de seus protagonistas Emma Stone e Ryan Gosling rumo ao primeiro escalão da atual Hollywood. Mas a influência deste tipo de filme não é medida apenas em números de prêmios ou de bilheteria, mas também a partir do número de paródias e subprodutos criados a partir da ideia original.

Uma delas, feita pelo site Funny or Die, troca o protagonista pelo sapo Caco, dos Muppets:

Outra, feita pelo canal Cinefix, transforma o filme em um jogo do tipo “adventure”, típico dos consoles da Nintendo na virada dos anos 80 para os anos 90:

O mesmo Cinefix aproveitou-se do fato de que o filme se passa na mesma Los Angeles dos sonhos de David Lynch e recriou o musical como um dos bizarros pesadelos cinematográficos do autor de Twin Peaks e Cidade dos Sonhos:

E, em tempo, gostei bastante de La La Land. É clássico e vintage à primeira vista, mas reconecta-se à história do cinema norte-americano de forma ousada e surpreendente, mesmo que seguindo as regras deste à risca. Não duvido que ele dê início não apenas a uma nova onda de musicais mas também espalhe para os cinemas uma sensação classuda e nostálgica que já toma conta da produção para a TV recente – que conecta Mad Men a Stranger Things, The Americans e Downton Abbey.

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Raphael Bertazi prepara mais uma leva de axés bahindie que mistura Daft Punk, Ivete, Beyoncé, Clash, Franz Ferdinand, É o Tchan, Daniela Mercury e Criolo – se prepara:


Daft Punk & Companhia Do Pagode – “Robozinho Empinadinho (Bertazi ‘Axé Bahindie’ Remix)”


Beyoncé & Daniela Mercury – “O Boy Mais Belo Dos Belos (Bertazi Mashup)”


Clash & Ivete Sangalo – “Céu De London (Bertazi ‘Axé Bahindie’ Remix)”


Franz Ferdinand & É o Tchan – “Me Bota Pra Fora (Bertazi ‘Axé Bahindie’ Remix)”


Criolo & LCD Soundsystem – “SP, I Love You But You’re Bringing Me Down (Bertazi Mashup)”

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A primeira imagem divulgada da segunda temporada de Stranger Things chama os Caça-Fantasmas à ativa – falei mais sobre isso no meu blog no UOL.

Depois de muito mistério finalmente teremos mais pistas sobre a segunda temporada de Stranger Things neste domingo, quando acontece a final do campeonato de futebol americano, o famoso Super Bowl. A transmissão é conhecida pois vários comerciais de TV ganham atenção global pelo simples fato de que este jogo é um dos programas de TV mais assistidos nos EUA.

E a imagem acima, trazida em primeira mão pela Entertainment Weekly, mostra parte do elenco infantil – o Mike de Finn Wolfhard, o Dustin de Gaten Matarazzo e o Lucas de Caleb McLaughlin (Lucas) – vestidos com o uniforme dos Caça-Fantasmas em uma festa de Halloween da escola. A imagem mexe tanto com as referências aos anos 80 que ajudaram a impulsionar a fama do seriado quanto resume a primeira temporada ao transformá-los nos caçadores de fantasmas de uma pequena cidade do interior dos EUA. Mas a fantasia não é gratuita, repare ao fundo: é dia das bruxas.

O pouco que se sabe sobre a nova temporada do seriado produzido e escrito pelos irmãos Duffer é que ele terá uma cara de continuação, como se fosse a sequência de um filme, e se passará em 1984, um ano após os incidentes da primeira temporada. No elenco duas presenças mais conhecidas de outros papéis também estão entre os atores por terem feito sucesso também nos anos 80: Paul Reiser é mais conhecido como o marido da série Mad About You, sucesso nos 90, mas também atuou no filme Aliens, dirigido por James Cameron. Já Sean Astin é mais reconhecido por viver Samwise Gamgee nos filmes O Senhor dos Anéis mas também é o jovem Mikey Walsh, dos Goonies.

Sobre a história da nova safra de episódios, o produtor Shawn Levy já deu declarações falando que a nova temporada ser “maior e mais sombria”. E esta semana ele também anunciou o que pode ser um dos slogans da nova série, algo como “o Demogorgon foi destruído mas o mal não foi”.

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O produtor canadense Coins juntou instrumentais do Daft Punk com vocais dos Beastie Boys num disco de mashup daqueles… Saca só:

Não tenho como não lembrar daquele Tim Festival que trouxe as duas bandas para o Brasil pela última vez… há dez anos!

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Carlos Drummond de Andrade recitado por John Rambo.

Stranger Peanuts

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Que incrível esse mashup de Stranger Things com a turma do Charlie Brown que eu publiquei lá no meu blog no UOL – saca lá.

E se Charlie Brown vivesse sua infância nos anos 80, numa pequena cidade do interior dos Estados Unidos em que ocorrem fenômenos paranormais, experimentos do governo e uma fenda interdimensional atrai monstros de uma outra realidade? Os animadores Leigh Lahav e Oren Mendez resolveram misturar o seriado sensação Stranger Things com os personagens de Charles Schulz e o resultado é esse impagável mashup, veja só: