Bortolotto mandando a real

E ele segue falando o que pensa em seu blog:

Outra coisa: o nome desse blog é “Atire no Dramaturgo”, homenagem ao clássico livro “Atire no pianista” do grande David Goodis e vai continuar assim. Foda-se quem não consegue entender isso.

Muito carola entrou nesse blog reclamando que não agradeci à Deus por minha recuperação. Vamos deixar uma coisa bem clara. Sou católico, fui seminarista por cinco anos, acredito em Deus do jeito mais simples possível. Sou grato à Ele por ter me ajudado a sobreviver, mas não vou transformar esse blog num veículo de propagação evangélica. Meu lance com Deus eu acerto com Ele e com mais ninguém. Ou voces se esqueceram do segundo mandamento? Não usar o santo nome de Deus em vão. Rezem suas orações, exibam sua fé com essa gritaria sem propósito que só perturba o merecido sono de Deus, mas não venham me encher o saco com a carolice hipócrita de voces. Que eu saiba, Deus não nomeou nenhum de voces pra puxar a minha orelha.

Falo isso porque depois do incidente, caiu muito paraquedista nesse blog, gente que não faz a menor idéia pra quem estão escrevendo e tentando se comunicar. Gente que nunca leu um texto meu, nunca viu uma peça minha e entra aqui pra falar besteira, dar conselhos e lições de moral. Já deu no saco, falou? Vão ler algum livro do paulo coelho e me deixem em paz. Voces já viveram muito tempo sem saber da minha existência. Continuem me ignorando. Nós não temos nada a ver um com o outro.

Feliz ano novo, Bortolotto


Foto: Fernanda Serra Azul, no Balangandans

Boa notícia, Bortolotto já retomou o blog:

Muita gente me pergunta quais são meus sentimentos em relação aos caras que dispararam 4 tiros em mim. Eu queria mesmo era querer que esses filhos das putas se fodessem, mas eu sinceramente não consigo pensar nisso. Não consigo cultivar sentimentos de ódio ou vingança. Não consigo nem pensar nisso. E não é bom mocismo não. É natural. Eu só quero me recuperar logo, ficar sem essa dor filho da puta no braço, voltar a mexer os dedos com desenvoltura (os da mão esquerda estão atrofiados) e voltar a escrever que é o q mais me faz falta. Afinal é muito ironico, né? Levo tres tiros ( o cara disparou 4, mas só acertou tres, o quarto pegou de raspão) e eu tô aqui me fodendo por causa do braço quebrado. Se tivessem sido só os tiros, já tinha corrido na São Silvestre ontem. Um bom começo de ano pra todos vcs. Tô ouvindo Stones com a minha irmã e agora vou tomar aquele banho de tres horas com uma mão só. Reinaldo Moraes veio me visitar e acabou de sair daqui. Queria agradecer a imensa solidariedade dos amigos que fazem até rodizio pra ficar aqui comigo. Não tinha noção. Não tinha mesmo. Os amigos me emocionam.

Sintonizando as boas vibrações do ano que se anuncia.

Boas vibrações para Mario Bortolotto, via Laerte

Por falar em mestre:

E além da ressonância mórfica positiva, Laerte ainda avisa:

Sexta-feira, agora, dia 11/12, programou-se um leilão de arte em solidariedade e ajuda ao Mário Bortolotto.
Pra quem não sabe, Mário Bortolotto, autor, diretor e ator teatral, foi baleado no sábado à noite, durante um assalto.
Também ficou ferido o desenhista Carcarah, que passa bem.
Mário está melhor, mas seu estado é muito complicado.
Eu estarei lá e, junto com outros artistas, como meu filho Rafael, Angeli, Grampá, Mutarelli, Fábio Moon, Gabriel Bá, Cobiaco, faremos um painel que será rifado.
Sexta, dia 11, à noite, no Espaço Parlapatões, na Praça Roosevelt.

“Já a mulher, nunca admite”

Do Mario Bortolotto:

Tava ouvindo um carcereiro de um presídio feminino. Ele soltou essa:

“Já trabalhei dez anos em presídio masculino e cinco em presídio feminino. Vou dizer: prefiro cuidar de 100 homens extremamente perigosos do que cuidar de uma mulher só. É que os homens em geral, por mais truculentos que sejam, quando você chama ele na responsa, o cara acaba admitindo o erro, abaixa a cabeça e fala “Sim, senhor”. Já a mulher nunca admite. A mulher tem estágios. No primeiro ela chora. Quando não funciona, ela passa pro segundo que é discutir com você. Quando também não funciona, ela vai pro terceiro estágio que é o de ficar agressiva. Quando nenhum deles funciona, ela então apela pro quarto estágio que é o da auto-mutilação. Ela se corta, bate a cabeça contra a parede, o escambau. Mas ela nunca admite que tá errada”.

Eu sei que muitas mulheres vão achar essa colocação machista. Eu particularmente, até acho um pouco controversa. Mas por experiência própria, acho que faz sentido sim, (eu já testemunhei esses quatro estágios – e não foi só uma vez não) embora conheça algumas mulheres que sabem admitir quando erraram, e conheço alguns homens que nunca admitem. Mas no momento que o carcereiro falava, eu vi os homens assentindo com a cabeça. E até algumas mulheres também. Qualquer semelhança com a vida aqui fora deve ser mera coincidência, né?