Márcio Souza (1946-2024)

Morreu nesta segunda o grande Márcio Souza, o maior intelectual amazonense, que atuou tanto como autor (escreveu livros que deveriam ser literatura obrigatória para entender o Brasil da segunda metade do século 20, como Mad Maria, Galvez – O Imperador do Acre , A Caligrafia de Deus, Operação Silêncio, O Fim do Terceiro Mundo, Amazônia Indígena e meu favorito A Ordem do Dia, em que ele mistura extraterrestres com a política brasileira, combustão espontânea e poltergeist com a KGB, o SNI e a CIA, antevendo, em forma de diário, a confusão entre realidade e fantasia do jornalismo sensacionalista que hoje pauta a política irracional de direita), dramaturgo (escreveu as peças As Folias do Látex, A Paixão de Ajuricaba e Carnaval Rabelais), cineasta (filmou A Selva) e gestor cultural (foi presidente do Conselho Municipal de Política Cultural em Manaus, presidente da Funarte e diretor da Biblioteca Nacional). Estudou Ciências Sociais na USP e atuou como jornalista, escrevendo contos e críticas para publicações como Senhor, Status, Folha de S. Paulo e A Crítica. Foi professor assistente na Universidade de Berkeley e residente nas universidades de Stanford, Austin e Dartmouth, além de atuar como diretor da Biblioteca Pública do Amazonas, cargo que ocupava até sua morte. Um dos grandes nomes da cultura brasileira, foi escritor popular nos anos 70 e 80, reconhecido internacionalmente, mas infelizmente ofuscado pela passagem do tempo. O resgate de sua obra e de seu legado torna-se mandatório, principalmente à luz de sua morte repentina. Uma perda e tanto.