Hoje tem dose tripla na Noite Trabalho Sujo – o mestre Luiz Pattoli recebe as ilustres presenças do gaúcho-carioca Marcio K., que esmerilha beats e hits de todas as épocas e do catarinense Cudo, que vai da MPB ao indie rock, com uma passada pelo folk e pela dance music. E não duvide se eu aparecer na festa de hoje – ainda sem tocar, pois estou de tipóia, mas só pra ver como anda a melhor sexta de São Paulo. E pra você que ainda não aprendeu, o caminho das pedras está no site do Alberta ou na página do evento no Facebook. E se você quiser incluir seu nome e dos seus amigos na lista de desconto, é só mandar para o email noitestrabalhosujo@gmail.com até o fim da tarde dessa sexta. A noite promete!
Só vi alguns vídeos (como esse do Marcioka aí em cima), mas o áudio do show apareceu para download, veja aqui.
Seis anos. Eu mudei, você mudou. Nosso mundo mudou, o mundo deles mudou.
Em 2004 começou lá fora, aqui só começou em 2005. Era via cabo, ou assistindo os DVDs no final. Mudança – hoje pode-se ver ao vivo, ou baixar em poucas horas. Mudou o mundo, em 2005 havia uma pessoa, outras passaram, como episódios melhores ou piores – quanta ironia que certas durações diminuíram junto com o tempo de espera, são tempos rápidos, confusos, fugazes.
E somente agora escrevendo me dei conta que Lost começou junto com os anos que a minha vida mudou. Dá para ficar brincando de paralelos – o mundo televisivo é um antes de Lost, o meu mundo também era outro antes de 2005. Ingenuidade, desconhecimento e a beleza da primeira temporada, onde tudo era descoberta de pessoas e de mundo; até a certa confusão e desagregação de tudo que aconteceu nessa última. Dá um belo paralelo também.
Também fiz minha lista de Charlie, dos Greatest Hits da vida, e a maioria deles aconteceu com Lost no ar. Personagens também apareceram e se foram. Não consegui ligar para Penny como Desmond fez, talvez em uma das sequências mais belas que já apareceram nas telas de TV – os telefones estavam sempre ocupados. Reaprendi a usar as pernas como Locke, e a olhar todos os novos passos, tem aventuras que perdemos por não podermos embarcar, mas elas funcionam, as pernas, no local correto. Pensei em uma camiseta, escrita “Eko & The Bunnymen”, com a cara do negão e coelhinhos, nunca feita. Já achei que fui Jack, querendo ser o Sawyer, mas na verdade costumava acabar como Hurley. Aviões entraram na minha vida, para ver novos amigos e mais que amigos – por sorte aqui não houve paralelo, nenhum se partiu ao meio, nem em vôos da Ocean Air.
Tivemos dias de Ben, mandando os meios às favas para conseguir os finais. Tentamos escapar de nossas ilhas. Flashbacks indicaram pistas pro futuro. Suspeitamos de Jacobs brincando com nossos destinos. Aceitamos qualquer sacrifício, como Sayid, para encontrarmos nossas Nadias, somente para ver que estávamos sendo enganados. Achamos identificações 4, 8, 15, 16, 23, 42 vezes. Ficamos apertando botões para sempre tentar adiar finais, mesmo sem saber quais seriam. Vimos monstros que demoramos a entender. Tivemos Kate na grade das nossas jaulas. Andamos pelas nossas ilhas sem rumo, tentando entender porquê estávamos ali.
E, coincidentemente (Desmond ficaria orgulhoso), Lost acaba juntamente com a vida na cidade que passei os últimos 21 anos. E que marca exatamente o final da fase da minha vida que começou lá junto com a série, em 2005. E acho que vai dar para olhar para trás e ver que, em Lost e na vida, muita coisa ruim e boa passou. E que, definitivamente, vou ver as razões de tudo isso.
Mas, claro, alguns vão dizer…Hallelujah.
Hora de vida nova. Que ela venha.
* Marcio K dá mole de não blogar mais.
Essa veio do Marcioka.
E esse Pixies pra acordar? Cortesia da Maxence Cyrin, com imagens do filme A Dama Misteriosa, de 1928. A dica é do Marcioka.
Dica do Marcioka.
Simples e prático, uma pequena obra de arte industrial. Vi no Marcioka, que agora é vizinho de Fubap e tá com um blog bem massa, vale a visita.