Paulo Freire não pode ver o que estamos vendo hoje, mas as anteviu:
“Eu morreria feliz se eu visse o Brasil cheio, em seu tempo histórico, de marchas. Marcha dos que não tem escolas, marcha dos reprovados, marcha dos que querem amar e não podem, marcha dos que se recusam a uma obediência servil, marcha dos que se rebelam, marcha dos que querem ser e estão proibidos de ser… (…) As marchas são andarilhagens históricas pelo mundo; e os Sem Terras constituem pra mim hoje uma das expressões mais fortes da vida política e da vida cívica desse país. Por isso mesmo é que se fala contra eles, e até gente que se pensou progressista. Que fala contra os Sem Terras como se eles fossem uns desabusados, como se fossem uns destruidores da ordem. Não, pelo contrário, o que eles estão é, mais uma vez, provando certas afirmações teóricas de analistas políticos de que é preciso mesmo brigar para que se obtenha um mínimo de transformação. O meu desejo e o meu sonho, como eu disse antes, é que outras marchas se instalem neste país, por exemplo a marcha pela decência, a marcha pela superação da sem-vergonhice que se democratizou terrivelmente neste país. Quer dizer…, eu acho que essas marchas nos afirmam como gente, como sociedade querendo democratizar-se.”
Dica da Jeanne (valeu!).
“Everything’s gonna be alright…”
A foto é da Vice.
Uma aula rápida sobre pare-de-reclamar-e-faça-alguma-coisa, que dá para ser comprada em forma de poster direto com seus criadores.
• Offline por cinco dias • A revolução no Egito depende necessariamente da internet • A nova Ifigênia • Personal Nerd: Banho de Loja • Vida Digital: Mike Krieger, fundador do Instagram• Servidor •
Citar é fácil
Poetry is for everyone
“Cut-ups are for everyone. Anybody can make cut-ups. It is experimental in the sense of being something to do. Right here write now. Not something to talk and argue about. Greek philoso- phers assumed logically that an object twice as heavy as another object would fall twice as fast. It did not occur to them to push the two objects off the table and see how they fall. Cut the words and see how they fall. Shakespeare Rimbaud live in their words. Cut the word lines and you will hear their voices. Cut-ups often come through as code messages with special meaning for the cutter. Table tapping? Perhaps. Certainly an improvement on the usual deplorable performance of contacted poets through a medium. Rimbaud announces himself, to be followed by some excruciatingly bad poetry. Cut Rimbaud’s words and you are as- sured of good poetry at least if not personal appearance. All writing is in fact cut-ups. A collage of words read heard overheard. What else? Use of scissors renders the process explicit and subject to extension and variation. Clear classical prose can be composed entirely of rearranged cut-ups. Cutting and rear- ranging a page of written words introduces a new dimension into writing enabling the writer to turn images in cinematic variation. Images shift sense under the scissors smell images to sound sight to sound sound to kinesthetic. This is where Rimbaud was going with his color of vowels. And his “systematic derangement of the senses.” The place of mescaline hallucination: seeing colors tasting sounds smelling forms. The cut-ups can be applied to other fields than writing. Dr Neumann in his Theory of Games and Economic Behavior intro- duces the cut-up method of random action into game and military strategy: assume that the worst has happened and act accordingly. If your strategy is at some point determined . . . by random factor your opponent will gain no advantage from knowing your strategy since he cannot predict the move. The cut-up method could be used to advantage in processing scientific data. How many dis- coveries have been made by accident? We cannot produce ac- cidents to order. The cut-ups could add new dimension to films. Cut gambling scene in with a thousand gambling scenes all times and places. Cut back. Cut streets of the world. Cut and rearrange the word and image in films. There is no reason to accept a second-rate product when you can have the best. And the best is there for all. “Poetry is for everyone” . . . ”
O significado extra-terrestre de estar alto
Quando esse quinto “corpo-cérebro” é ativado, configurações planas Euclidianas explodem multi-dimensionalmente. Mudança gestalt, nos termos de McLuhan, do ESPAÇO VISUAL linear para um todo-penetrante ESPAÇO SENSÓRIO. Uma excitação hedonística ocorre, uma surpresa extasiante, um desprendimento dos mecanismos compulsivos dos primeiros quatro circuitos. Eu acionei esses circuitos com maconha e Tantra.
Esse quinto cérebro começou a aparecer cerca de 4.000 anos atrás nas primeiras civilizações que mantiveram uma “classe de lazer” e tem aumentado estatisticamente nos séculos mais recentes (mesmo antes da Revolução das Drogas), um fato demonstrado pelas artes hedonísticas da Índia, China, Roma e outras sociedades influentes. Mais recentemente, Ornstein e sua escola demonstraram com eletroencefalogramas que este circuito representa o primeiro salto do linear lóbulo esquerdo para o analógico lóbulo direito.
A abertura e impressão desses circuito tem sido a preocupação dos “técnicos do oculto” — xamãs tântricos e hatha yogis. Enquanto a quinta realidade-túnel pode ser atingida por privação sensorial, isolamento social, estresse psicológico ou choque brutal (táticas de terror cerimonial praticadas por gurus patifes tais como Don Juan Matus ou Aleister Crowley), tem sido mais tradicionalmente atingida pela aristocracia educada das sociedades de lazer que resolveram os quatro problemas de sobrevivência terrestres.
Cerca de 20.000 anos atrás, o quinto neurotransmissor específico foi descoberto por xamãs na área do Mar Cáspio na Ásia e rapidamente se espalhou por outros magos através da Eurásia e África. É, claro, a cannabis. Erva. Mamãe Maria Joana.
Não é acidental o fato de que o pothead geralmente refere-se a seu estado neural como “alto”, ou “fora do espaço”. A transcendência das orientações planetárias gravitacionais, digitais, lineares, ou Aristotélicas, ou Euclidianas, ou Newtonianas (circuitos I-IV) é, numa perspectiva evolucionária, parte de nossa preparação neurológica para a inevitável migração de nosso planeta natal, hoje em seus primórdios. Esta é a razão pela qual tantos potheads são freaks de Jornada nas Estrelas e adeptos da ficção científica. (Berkeley, California, certamente a Capital da Cannabis dos EUA, tem um Posto de Troca da Federação na Avenida dos Telégrafos, onde o abonado pode facilmente gastar US$500 ou mais num único dia, comprando contos, revistas, bugigangas em geral).
O significado extraterrestre de estar “alto” é confirmado pelo astronautas; 85% daqueles que já entraram na queda livre da gravidade zero descrevem “experiências místicas” de êxtase típicas do circuito neurossomático. “Nenhuma foto pode mostrar quão bela a Terra parecia,” delira o Capitão Ed Mitchell, descrevendo sua Iluminação em queda livre. Ele soa como qualquer yogi ou pothead bem sucedido. Nenhuma câmara pode mostrar essas experiências, já que elas ocorrem dentro do sistema nervoso.
“Queda livre, no momento evolucionário correto, aciona a mutação neurossomática, crê Leary. A princípio essa mutação foi alcançada “artificialmente” por treinamento yogico ou xamânico ou pelo estimulante do quinto circuito, a cannabis. Surfar, esquiar, mergulhar e a nova cultura sexual (massagem sensual, vibradores, arte Tântrica importada, etc.) evoluíram ao mesmo tempo como parte de uma conquista hedonista da gravidade. O estado “ligado” é sempre descrito como “flutuante”, ou na metáfora Zen, “um pé acima do chão.”
Workers of the world, relax!
Leisure is the new currency and your credit has no limit. Relaxation, in its purest form, is an essential component of human creativity. It is the yin to society’s infoglut yang. Wake to the dawning of the age of leisure! Machines have made the need to work obsolete. To continue on is folly. Grab a chair, sit back, and claim what is rightfully yours. Leisure. There is no substitute. You have nothing to lose but your slavery to the opiate of busyness – and the world of leisure to gain!
Wu-Ming não vale um lampião
Arte sem experimentação não é arte. Aliás, um pessoal que gostava muito de exilar experimentalistas era o politburo soviético. Diziam que arte complexa demais visava confundir o proletariado, afastá-lo do caminho para o paraíso comunista. Socializar arte, convenhamos, é ridículo. É um dos poucos territórios onde o que vale ainda é a individualidade. Quanto a achar que artistas não devem se expor à mídia, causa apreensão. Artistas são das poucas pessoas que ainda tem o que dizer em talk shows. E nem todos.
The Heart of Darkness – Joseph Conrad
“I came upon him, and, if he had not heard me coming, I would have fallen over him too, but he got up in time. He rose, unsteady, long, pale, indistinct, like a vapor exhaled by the earth, and swayed slightly, misty and silent before me; while at my back the fires loomed between the trees, and the murmur of many voices issued from the forest. I had cut him off cleverly; but when actually confronting him I seemed to come to my senses, I saw the danger in its right proportion. It was by no means over yet. Suppose he began to shout? Though he could hardly stand, there was still plenty of vigor in his voice. `Go away– hide yourself,’ he said, in that profound tone. It was very awful. I glanced back. We were within thirty yards from the nearest fire. A black figure stood up, strode on long black legs, waving long black arms, across the glow. It had horns–antelope horns, I think– on its head. Some sorcerer, some witch-man, no doubt: it looked fiend-like enough. `Do you know what you are doing?’ I whispered. `Perfectly,’ he answered, raising his voice for that single word: it sounded to me far off and yet loud, like a hail through a speaking-trumpet. `If he makes a row we are lost,’ I thought to myself. This clearly was not a case for fisticuffs, even apart from the very natural aversion I had to beat that Shadow–this wandering and tormented thing. `You will be lost,’ I said–‘utterly lost.’ One gets sometimes such a flash of inspiration, you know. I did say the right thing, though indeed he could not have been more irretrievably lost than he was at this very moment, when the foundations of our intimacy were being laid–to endure– to endure–even to the end–even beyond.
McDonald’s recebe um trote e constrange clientes cegos
A rede de lanchonetes McDonald’s sofreu um dos trotes mais silenciosos da história. No último final de semana, um cliente cego que escolhia sua refeição na filial de um shopping da zona sul carioca fez um escândalo dizendo que nunca tinha visto tamanho desrespeito e começou a agredir verbalmente os atendentes. Apenas depois de ter sido acalmado pelo gerente da lanchonete, o deficiente visual explicou que estava revoltado porque o menu em braile exposto na loja continha vários palavrões e insultos.
Espantado com a denúncia, o responsável pela filial enviou o menu para a sede da empresa em São Paulo, onde constatou-se que realmente todo o texto padrão havia sido modificado e que o mesmo continha várias palavras de baixo calão. Imediatamente a direção da empresa providenciou o recolhimento de todos os menus em braile expostos em seus 1200 pontos de venda no país.
“Certamente isto foi uma brincadeira de mal gosto de algum funcionário da empresa que “traduz” e imprime os nossos menus em braile. Já estamos apurando o fato e processaremos os responsáveis”, declarou Ronaldo Ferreira, gerente de relações públicas do McDonald’s. Ninguém soube enumerar quantos clientes cegos teriam lido os insultos, mas o número não deve ser pequeno, pois os menus ficaram expostos durante um período de quase 2 meses. O prejuízo decorrente do recolhimento, destruição e impressão de novos menus ficou em torno de 15 mil Reais.
Dr. Livingstone, I prosume
We are not currently in Toffler’s third wave; we are still in transition between the second and third waves, and that is why the implications of the transformation are not immediately obvious.
Just as knowledge is replacing material and manpower as the fulcrum of the new economy, the old roles of producer and consumer are blurring. In the case of Windows 95, which anyone with a disk drive can duplicate as well as GM made Cadillacs, those roles have lost much meaning. The Tofflers have come up with a word that describes the blurred role we all play: prosumer.
As prosumers we have a new set of responsibilities, to educate ourselves. We are no longer a passive market upon which industry dumps consumer goods but a part of the process, pulling toward us the information and services that we design from our own imagination.
It is a version of capitalism that colonial economics (“There’s a sucker born every minute”) never envisaged. In the third wave, the prosumer is always right.